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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou. Rm 8:29-30
Ao privilégio de serem conhecidos de antemão, Deus acrescenta aos eleitos o de serem predestinados. É triste notar que muitos ao invés de glorificar a Deus por terem sido predestinados, procuram não apenas negar este fato bíblico como o combatem como uma heresia ou ensino diabólico. Talvez isso se dê pelo fato de que não compreenderem a doutrina, como crida historicamente pela igreja.

A palavra predestinar, em seu sentido mais simples, significa destinar de antemão. Teologicamente falando, refere-se ao propósito divino de levar seus eleitos à fé e preservá-los fiéis até à volta do Senhor. O termo proorizo significa, literalmente, “predeterminar, decidir de antemão, preordenar, designar de antemão” (Strong) e ocorre, além da passagem acima em At 4:28; 1Co 2:7; Ef 1:5 e Ef 1:11. Nestas passagens refere-se a um decreto eterno de Deus e que diz respeito ao Seu povo.

Notemos, reverentemente, que quem predestina é Deus. Devemos ser cuidadosos e não atribuir alguma coisa que Deus faz como sendo criação do Diabo, apenas porque não compreendemos ou nos parece contrário ao senso comum. Para os que creem no ensino bíblico da predestinação, saber ser ela um decreto de Deus inspira louvor e segurança, pois não apenas para esta vida, mas especialmente para a futura, “todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8:28).

Olhemos mais um vez para o texto e vejamos que os predestinados são os mesmos que foram conhecidos de antemão. Isto torna impossível a tese de que os conhecidos de antemão são todas as pessoas de todos os tempos, pois se assim fosse, todas as pessoas de todos os tempos seriam predestinadas e infalivelmente salvas. A menos que se avilte o propósito divino, reduzindo-o a mera intenção, destituída de poder para realizar-se. Como tal pensamento é indigno de Deus, ficamos com a verdade de que a predestinação diz respeito àqueles que Deus escolheu graciosa e soberanamente na eternidade passada.

Resta-nos ainda observar a finalidade da predestinação. Alguns se apressam a rejeitá-la, dizendo que um Deus de amor não predestinaria ninguém para o inferno. Porém, o termo predestinar diz respeito aos eleitos, pois indica o propósito de Deus de assegurar a chegada deles à glória. As expressões “para serem conformes à imagem de Seu Filho” (Rm 8:29), “desde a eternidade para nossa glória” (1Co 2:7) e “para adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo” (Ef 1:5) só podem dizer respeito aos escolhidos de Deus. Portanto, a condenação dos incrédulos pode levar a outros questionamentos, (todos respondíveis), mas não é uma objeção à doutrina da predestinação, pois a mesma não diz respeito a eles.

Disso conclui-se que a doutrina da predestinação é primeiramente bíblica e que não se pode negá-la e manter a integridade das Escrituras. Mas também que não é uma doutrina amarga, a qual devemos aceitar mas que podemos não gostar. Devemos amar a doutrina da predestinação, pois ela está de “acordo com o seu bom propósito que ele estabeleceu em Cristo” (Ef 1:9), pela qual “nos salvou e nos chamou com uma santa vocação, não em virtude das nossas obras, mas por causa da sua própria determinação e graça” (2Tm 1:9).

domingo, 27 de fevereiro de 2011
Terceiro Mandamento

"Não tomarás o nome do SENHOR teu Deus em vão; porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão" (Êx 20:7, ACF).

Nos proíbe aqui abusar de seu santo e sagrado Nome nos juramentos para confirmar coisas vãs ou mentiras, pois os juramentos não devem servir-nos para prazer ou deleite, senão para uma justa necessidade quando se trata de manter a glória do Senhor ou quando é necessário afirmar algo que serve para edificação.

E proíbe terminantemente que maculemos no mínimo seu santo e sagrado Nome; ao contrário, devemos tomar este Nome com reverência e com toda dignidade, segundo o exige sua santidade, trate-se de um juramento que nós pronunciemos, ou de qualquer coisa que nos propomos perante Ele. E já que o principal uso que devemos realizar deste Nome é invocá-lo, aprendemos que classe de invocação é a que aqui nos ordena. Finalmente, anuncia neste mandamento um castigo, com o fim que aqueles que profanem com injúrias e outras blasfêmias a santidade de seu Nome, não acreditem que poderão escapar de sua vingança.

Quarto Mandamento

"Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o SENHOR o dia do sábado, e o santificou" (Êx 20:8-11, ACF).

Vemos que promulgou este mandamento por três motivos: Primeiro, porque o Senhor quis, por meio do repouso do sétimo dia, dar a entender ao povo de Israel o repouso espiritual no qual devem os fiéis abandonar suas próprias obras para que o Senhor opere neles. Em segundo lugar, quis que existisse um dia ordenado para reunir-se, para escutar sua Lei e tomar parte em seu culto. Em terceiro lugar, quis que aos servos e a os que vivem sob o domínio de outro lhes fosse concedido um dia de repouso para poder descansar de seu trabalho. Mas isto é uma consequência, antes que uma razão principal.

Em quanto ao primeiro motivo, não há dúvida alguma de que cessou com Cristo: pois Ele é a Verdade com cuja presença desaparecem todas as figuras, e é o Corpo com cuja vinda se esvaecem todas as sombras. Pelo qual são Paulo afirma que o sábado era "a sombra do porvir". Do resto, declara a mesma verdade quando, no capítulo 6 da carta aos Romanos, nos ensina que fomos sepultados com Cristo, a fim de que por sua morte morramos à corrupção de nossa carne. E isso não se efetua num só dia, senão ao longo de toda nossa vida até que, mortos inteiramente a nós mesmos, sejamos transbordados da vida de Deus. portanto deve estar muito longe do cristão a observação supersticiosa dos dias.

Mas como os dois últimos motivos não podem contar-se entre as sombras antigas senão que se referem por igual a todas as épocas, apesar de ter sido ab-rogado o sábado, ainda tem vigência entre nós o que escolhamos alguns dias para escutar a Palavra de Deus, para romper o pão místico na Ceia e para orar publicamente. Pois somos tão fracos que é impossível reunir tais assembleias todos os dias. Também é necessário que os servos e os operários possam repor-se de seu trabalho.

Por isso foi abolido o dia observado pelos judeus —o qual era útil para desarraigar a superstição—, e se destinou a esta prática um outro dia —o qual era necessário para manter e conservar a ordem e a paz na Igreja. Se, pois, aos judeus se deu a verdade em figura, a nós se nos revela esta mesma verdade sem nenhuma sombra: Primeiramente, para que consideremos toda nossa vida um "sábado", quer dizer, repouso contínuo de nossas obras, para que o Senhor opere em nós por meio de seu Espírito. Em segundo lugar, para que mantenhamos a ordem legítima da Igreja, com o fim de escutar a Palavra de Deus, receber os Sacramentos e orar publicamente. Em terceiro lugar, para que não oprimamos desumanamente com o trabalho aos que nos estão sujeitos.

João Calvino
Breve Instrução Cristã
sábado, 26 de fevereiro de 2011
O computador nos torna fantasticamente mais capazes de calcular e analisar, mas ele não nos ajuda a refletir. Temos os instrumentos que nos possibilitam ver desde as nebulosas até o nêutron—tudo, exceto nós mesmos. Aumentamos imensamente a capacidade de nossa visão, mas não de nosso discernimento. Para isso temos o mesmo equipamento que os profetas do século VIII. Potencialmente o mesmo, mas na verdade muito mais deficiente, pois, enquanto nos esforçávamos tanto para aumentar nosso autoconhecimento e nossa autopercepção, permitíamos que outros aspectos se atrofiassem. Construímos para nós mesmos poderosas estações de transmissão, mas, como aparelhos receptores, somos patéticos.

John V. Taylor
In: O Deus mediador
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Primeiramente, peço desculpas pelo off-topic. Não costumo utilizar este espaço para comunicados pessoais, prometo que não se tornará um hábito.

No ano passado, havia marcado uma viagem a trabalho a Brasília, ocasião em que pretendia conhecer alguns irmãos e se possível rever outros que tive o prazer de conhecer há alguns anos. Mas como a viagem era para participar de uma reunião num dos ministérios do governo, e ela foi adiada, acabei por não conseguir meu intento. Mas a vontade continuou.

Se Deus quiser, estarei em Brasília no mês que vem, precisamente do dia 17 a 22 de março. Irei com minha esposa e sem compromisso profissional. Irei a passeio, com a finalidade de descansar das atividades normais e me encontrar com os irmãos da capital.

Como será um empreendimento com sérias restrições orçamentárias, espero receber dicas e informações de como aproveitar bem esse tempo, sem gastar mais do que o necessário. Também gostaria de saber como encontrar os cristãos de Brasília e se possível cultuar juntos. Podem fazer contato comentando esta nota ou pelo email clovis5solas @gmail.com (sem espaço antes do @).
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Tu perdoarás aquele pecado onde comecei,
o qual é meu pecado, embora já tenha sido cometido antes?
Tu perdoarás aqueles pecados que tornei a cometer
e ainda cometo, embora eu ainda os lamente?
Quando o tiveres feito, tu não o terás concluído,
pois eu tenho mais.

Tu perdoarás aquele pecado pelo qual induzi
outros a pecar? E fiz de meu pecado a porta deles?
Tu perdoarás aquele pecado do qual me esquivei
por um ano ou dois, mas acabei por nele chafurdar?
Quando o tiveres feito, tu não o terás concluído,
pois eu tenho mais.

Eu peco por temer que, quando tiver extraído
minha última gota de vida, eu venha a perecer na praia;
jura por ti mesmo que em minha morte teu Filho
brilhará como brilha agora e brilhou outrora;
e, tendo-o feito, tu o terás concluído,
não temo mais.

John Done

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
É provável que a sociedade em que vivemos seja o lugar mais difícil do mundo para se aprender a orar. Vivemos tão ocupados que, quando paramos para orar, fi camos pouco à vontade. Valorizamos muito a atitude de fazer, realizar coisas. Orar, porém, nada mais é do que falar com Deus. Parece futilidade, perda de tempo, pois cada músculo do nosso corpo clama: “Vá trabalhar”.

Quando não estamos trabalhando, estamos nos divertindo. A televisão, a Internet, os videogames e o telefone celular ocupam as horas de folga tanto quanto o trabalho. Quando diminuímos o ritmo, caímos na apatia. Esgotados pela correria, ficamos largados em frente da televisão ou nos isolamos com nossos fones de ouvido.

Se tentamos nos aquietar, somos atacados pelo que C. S. Lewis chamou de “o Reino da Barulheira”. Ouvimos barulho por todos os cantos. Se não fazem barulho à nossa volta, carregamos conosco nosso próprio barulho em um iPod. Até os cultos das igrejas chegam a sofrer dessa mesma agitação incansável. Há pouca chance de fi carmos em quietude na presença de Deus. Desejamos tudo a que temos direito e, com isso, as coisas precisam estar sempre acontecendo. O silêncio é algo que nos incomoda.

Um dos obstáculos mais sutis à oração é provavelmente o mais comum. Na sociedade em geral e também na igreja, valorizamos o preparo intelectual, a competência e a riqueza. Como achamos que podemos viver sem Deus, orar é considerado algo bom, mas desnecessário. O dinheiro consegue o mesmo que a oração, só que de modo mais rápido e em menos tempo. A confi ança que temos em nós mesmos e em nossas habilidades nos torna essencialmente independentes de Deus. O resultado disso é que exortar as pessoas a orar é algo que não surte muito efeito.

Paul Miller
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou. Rm 8:29-30
Todos nós, acredito, gostamos de conhecer e de sermos conhecidos. Talvez isso explique parte do sucesso das redes sociais da Internet, onde uma pessoa conhece alguém que conhece alguém, que se torna nosso conhecido, e por aí vai. Mas nada se compara a conhecer e ser conhecido de Deus. Nada como ouvir Deus dizer "eu te conheço desde sempre"!

O termo traduzido pela NVI como "conheceu de antemão" deriva de uma palavra grega (proginosko), que é formada por uma preposição que significa "antes de um certo ponto" e um verbo que significa "conhecer". Daí, conhecer de antemão.  Mas a definição etimológica da palavra não transmite o seu real sentido.  Na linguagem das Escrituras, não significa simplesmente alguma coisa da qual Deus toma ciência antes de um certo ponto, mas envolve um relacionamento favorável da parte de Deus. Conforme assinala Vine, "a presciência de Deus envolve sua graça eletiva". Podemos dizer que é um conhecimento eletivo.

Observemos agora o objeto desse conhecimento prévio de Deus. É um erro comum considerar que tal conhecimento envolve coisas ou eventos, como por exemplo a fé que alguém terá ou a aceitação de Cristo por um pecador. O texto diz "aqueles", referindo-se a pessoas. E de fato, sempre que o termo ocorre no Novo Testamento tendo Deus como referência, são pessoas e nunca coisas ou eventos os objetos desse conhecimento. Em Atos 2:23 ("este homem") e 1Pe 1:20 ("cordeiro sem mancha e sem defeito"), a pessoa conhecida de antemão é o Senhor Jesus Cristo. Nas outras, os conhecidos de antemão são "aqueles" (Rm 8:29), "o seu povo" (Rm 11:2) e os "eleitos de Deus" (1Pe 1:1-2). A fé nunca aparece na Bíblia como algo antevisto por Deus no contexto em que o preconhecimento de Deus ocorre.

Alguém poderá dizer que sendo o conhecimento de Deus de todas as coisas exaustivo, é óbvio que Ele conhece todas as pessoas. Porém, aqui temos que lembrar que o conhecimento de Deus não é mera ciência de fatos acerca de pessoas, e sim de um conhecimento relacional, que envolve uma escolha e uma decisão de ser-lhes favorável. Neste sentido, Deus não conhece a humanidade inteira, mas apenas aqueles a quem escolheu para serem recipientes da Sua graça.

Por isso que Ele pode dizer para alguns "nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!" (Mt 7:23), enquanto dá certeza a outros dizendo "o firme fundamento de Deus permanece inabalável e selado com esta inscrição: 'O Senhor conhece quem lhe pertence'" (2Tm 2:19). Outra vez diz "as minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem" (Jo 10:27). 

Tendo compreendido isto, resta-nos atentar para a advertência do apóstolo: "mas agora, conhecendo a Deus, ou melhor, sendo por ele conhecidos, como é que estão voltando àqueles mesmos princípios elementares, fracos e sem poder? Querem ser escravizados por eles outra vez?" (Gl 4:9). Saber-se conhecido por Deus nos dá a segurança que nenhum outro sistema pode oferecer. Pelo contrário, ignorar este fato pode nos levar a submeter-nos de novo a rituais sem eficácia alguma, visando fazer alguma coisa ou evitar outra para granjear o favor divino. Mas sabendo que fomos conhecidos por Ele desde a eternidade nos dá a convicção de que desde a eternidade Ele já nos é favorável.

Soli Deo Gloria

Outros artigos da série:

domingo, 20 de fevereiro de 2011
Na Lei de Deus se nos deu uma perfeitíssima regra de toda justiça, que podemos chamar com toda razão "a vontade eterna do Senhor", pois tem resumido plenamente e com clareza em duas Tábuas tudo quanto exige de nós. Na primeira Tábua nos prescreveu, em poucos mandamentos, quando é o serviço que lhe é agradável a sua Majestade. Na segunda, quais são as obrigações de caridade que temos com o próximo.

• Primeiro Mandamento

"Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim" (Êxodo 20:2-3, ACF).

A primeira parte deste mandamento é como uma introdução a toda a Lei. Pois ao afirmar que Ele é "Jeová, nosso Deus", Deus se declara como quem tem o direito de mandar e a cujo mandado se deve obediência, segundo o diz por seu profeta: "Se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o meu temor?" (Malaquias 1:6, ACF).

De igual modo lembra seus benefícios, colocando em evidência nossa ingratidão se não obedecemos a sua voz. Pois por esta mesma bondade com a qual antes "tirou" o povo judeu "da servidão do Egito", libera também a todos seus serviços do eterno Egito, quer dizer, do poder do pecado.

Sua proibição de ter "outros deuses" significa que não devemos atribuir a ninguém nada do que pertence a Deus. Agrega "diante de mim", declarando deste modo que quer ser reconhecido como Deus não só numa confissão externa, senão com toda verdade, do íntimo do coração.

Pois bem, estas coisas pertencem unicamente a Deus, e não podem transferir-se a nenhum outro sem arrebatá-las dEle; estas coisas são: que o adoremos a Ele sozinho, que nos apoiemos em Ele com toda nossa confiança e com toda nossa esperança, que reconheçamos que tudo o bom e santo provém dEle, e que lhe tributemos o louvor por toda bondade e santidade.

• Segundo Mandamento

"Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás" (Êxodo 20:4-5, ACF).

Do mesmo modo que pelo mandamento anterior declarou que era o único Deus, assim agora diz quem é que como deve ser honrado e servido.

Proíbe, pois, que lhe atribuamos "alguma semelhança", e a razão disto nos dá no capítulo 4 do Deuteronômio e no capítulo 40 de Isaias, a saber: que o Espírito não tem nenhum parecido com o corpo.

Do resto, proíbe que demos culto a nenhuma imagem. Aprendamos, pois, deste mandamento que o serviço e a honra de Deus são espirituais: pois, como é Espírito, quer ser honrado e servido em espírito e em verdade. Imediatamente agrega uma terrível ameaça, com a que declara quão gravemente resulta ofendido quebrantando este mandamento: "porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, e faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos" (Êx 20:5-6, ACF).

Que e como se disser que Ele é o único em quem devemos descansar, que não suporta que coloquemos a ninguém a seu lado. E inclusive que vingará sua Majestade e sua Glória se alguns a transferirem às imagens ou a qualquer outra coisa; e não de uma vez para sempre, senão nos pais, filhos e descendentes, quer dizer, em todos, enquanto imitem a impiedade de seus pais; do mesmo modo que manifesta sua misericórdia e doçura aos que o amam e guardam sua Lei. Em todo o qual nos declara a grandeza de sua misericórdia que a estende até mil gerações, enquanto que só assina quatro gerações para sua vingança.

João Calvino
In: Breve instrução Cristã
sábado, 19 de fevereiro de 2011
O ideal cristão mudou e inverteu tudo, de forma que, como é dito no evangelho: "Aquilo que tem muito valor entre os homens é detestável aos olhos de Deus". O ideal já não é a grandeza de um faraó ou de um imperador romano, nem a beleza de um grego ou a riqueza da Fenícia, mas a humildade, a pureza, a compaixão e o amor. O herói não é o rico, mas o mendigo Lázaro; não Maria Madalena em seus dias de beleza, mas no dia de seu arrependimento; não os que adquirem riquezas, mas os que as abandonam; não os que moram em palácios, mas os que vivem em catacumbas e cabanas; não os que dominam sobre os outros, mas os que não admitem nenhuma autoridade além da de Deus.

Leon Tolstói
In: O que é a arte?
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. 1Pe 4.10

1. “Cada um”

Pedro está se dirigindo à igreja (“aos eleitos” 1Pe 1.1) como um todo, não apenas aos oficiais. E a verdade que se sobressai nestas duas palavras é que todos nós temos dons. Pedro poderia ter dito “os que tem dom”, mas ele parte do pressuposto de que todos foram capacitados por Deus para exercerem algum dom na igreja. Nisto concorda com Paulo, que ao escrever aos romanos declara que nós temos “diferentes dons segundo a graça que nos foi dada” (Rm 12.6).

Infelizmente, a igreja tem agido de forma que alguns são ativos no culto e outros apenas expectadores. Alguns apenas ministram e outros apenas recebem. Alguns portam-se como membros do clero, diferentes dos demais, leigos. Mas não é esta a vontade de Deus. “Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação”. (1Co 14.26). O ensinamento bíblico não é o da concentração das atividades do culto em algumas pessoas, mas todos participando visando a edificação mútua.

2. “administre aos outros”

Os dons de Deus não são para ser utilizados egoísticamente. Quem canta, não canta para si. Quem ora, deve fazê-lo preferencialmente em favor dos outros. O objetivo maior de Deus nos ter provido com dons é nós os exercermos em favor de seu povo, pois “a manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso” 1Co 12.7. O cristão genuíno deseja receber cada vez mais dons espirituais, não para se apresentar como superior na igreja, mas para melhor servir ao crescimento do Corpo de Cristo: “Assim, também vós, visto que desejais dons espirituais, procurai progredir, para a edificação da igreja” (1Co 14.12)

Muitas vezes vemos crentes exercendo um ministério ou dom quando lhe é conveniente. Ouve-se dizer hoje não quero cantar ou não estou com vontade de falar. Quão diferente seria se ao invés de agradar a nós mesmos tivéssemos a compreensão de que a única razão pela qual Deus nos dotou de capacidades especiais foi de que poderíamos colocar isso a serviço dos nossos irmãos: “Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que é bom para edificação” (Rm 15.2).

3. “o dom como o recebeu”

Dom é a tradução da palavra grega charisma, que por sua vez vem de charis, graça. Dom é, portanto, algo recebido sem merecimento nenhum. Quem o tem recebeu gratuitamente. E da mesma forma que recebeu, gratuitamente, deve ministrar aos outros. Ao enviar os discípulos, cheios de dons, o Senhor ordenou-lhes dizendo “curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai” (Mt 10.8).

Mas não é o que vemos atualmente no meio do povo de Deus. Adoradores transformaram-se em artistas cristãos e cobram cachê para cantar na Igreja. Operadores de milagres exigem, às vezes disfarçadas de “campanhas de sacrifício” dinheiro em troca de sua ministração. Pastores condicionam sua ida ou permanência em uma igreja ao salário pastoral. Pregadores pregam de forma a não desagradar seus ouvintes, os ofertantes da noite. E por aí vai.

Quanta diferença de Paulo que dizia: “Nesse caso, qual é o meu galardão? É que, evangelizando, proponha, de graça, o evangelho, para não me valer do direito que ele me dá” (1Co 9.18).

Que o ministro do Evangelho tire o seu sustento do Evangelho é algo que não se discute, pois é bíblico. Mas o que é inaceitável é a ministração dos dons em troca e às vezes condicionada à uma contrapartida monetária.

4. “como bons despenseiros”

A consciência de que não somos donos dos dons, mas apenas despenseiros, mordomos, nos levará a agir com mais cuidado com as coisas que Deus colocou em nossas mãos. O despenseiro é alguém que mesmo não sendo o proprietário tem acesso aos seus recursos, para dispor deles segundo a vontade do mesmo.

Pedro nos diz para agirmos, não apenas como despenseiros, mas como bons despenseiros, deixando implícito que é possível ser um mau mordomo. E é isso que Paulo diz em 1Co 4.2: “Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um deles seja encontrado fiel”. O próprio Senhor Jesus perguntou “Quem é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor confiará os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo?” (Lc 12.42).

Em outra ocasião, ele contou uma parábola na qual um despenseiros foi achado infiel. “Disse Jesus também aos discípulos: Havia um homem rico que tinha um administrador; e este lhe foi denunciado como quem estava a defraudar os seus bens.” (Lc 16.1). É oportuno que cada um de nós nos perguntemos como estamos administrando os recursos (dons) que nosso Senhor nos confiou para ministrar aos nossos irmãos.

5. “da multiforme graça de Deus”

Os recursos que o Senhor tem confiado a nós na forma de dons e ministérios são variados. Alguns são mais enfatizados nas Escrituras e na igreja, outras passam quase despercebidos. Mas nenhum deles é dispensável, ou ficará sem recompensa. Muitos dos que na igreja pensam não ter nenhum dom na verdade apenas não reconheceram como tal aquela capacidade, natural ou espiritual, que Deus lhe deu. “E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos” (1Co 12.5-6).

Da mesma forma, muitos daqueles irmãos que na igreja são vistos como desprovidos de talentos, surpreenderão e serão surpreendidos no momento em que Senhor distribuir os galardões. Pois o homem é vezeiro em inverter valores, e aquilo que ele pensa ter pouco peso pode resultar numa recompensa muito maior que aquele ministério notável.

De qualquer modo, uma certeza podemos ter: nada que fizermos aos servos do Senhor passará despercebido ou ficará sem a recompensa. Mesmo que seja algo pequeno, como um copo de água fria: “E quem der a beber, ainda que seja um copo de água fria, a um destes pequeninos, por ser este meu discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão” (Mt 10.42).

Soli Deo Gloria
(Escrito em 2002)
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Após o polêmico tema da reencarnação, o segundo tema sugerido pelos leitores de Enfoque para abordagem na revista é a predestinação, uma doutrina cristã controvertida e de difícil compreensão e que, por seus pontos de vista conflitantes, no entendimento do pastor presbiteriano Éber Lenz César, “tem dividido as igrejas”. A proposta aqui é esclarecer e ampliar o debate, evitando qualquer animosidade entre as correntes antagônicas – a dos calvinistas e a dos arminianos – lembrando que a exposição do ponto de vista de uma não deve melindrar os defensores da outra. Portanto, muita calma!

Predestinação fala do destino humano pré-determinado por Deus. Ou determinado de antemão, na linguagem usada pelo apóstolo Paulo em Romanos 8.29. Em termos clássicos, predestinação é definido como “o aspecto da pré-ordenação de Deus através do qual a salvação do crente é efetuada de acordo com a Sua vontade, que o chamou e o elegeu em Cristo para a vida eterna, sendo a sua aceitação voluntária da Pessoa e do sacrifício de Cristo uma conseqüência desta eleição e do trabalho do Espírito Santo, que efetiva esta eleição, tocando no coração do predestinado e abrindo-lhe os olhos para as coisas espirituais”.

A tensão por trás dessa doutrina, elaborada no século 16 pelo reformador João Calvino, é esta: por que as pessoas não recebem a mesma possibilidade de aceitar ou rejeitar a verdade do Evangelho? Por que as possibilidades histórica ou psicológica de receber a salvação não são as mesmas, e por que muitas pessoas não conseguem sequer entender o significado da pregação e por isso perecem eternamente?

De acordo com o teólogo reformado e historiador da Igreja Paul Tillich, a resposta a essa pergunta é a providência divina, e ele diz: “Providência a respeito de nosso destino eterno chama-se predestinação”. Na definição do próprio Calvino, “predestinação é o eterno decreto de Deus que determina o que vai acontecer com cada ser humano individual, pois nem todos são criados para o mesmo destino. A vida eterna é predeterminada para alguns e a perdição eterna para outros”.

Para o pastor presbiteriano e doutor em Teologia Luis Longuini Neto, Calvino se baseou na Bíblia toda, e não em pedaços dela para formular sua doutrina. “Tanto no Antigo Testamento como no Novo, a predestinação é encontrada como expressão da soberania de Deus”, ele diz.

Em sua obra clássica História do Pensamento Cristão, Tillich escreveu que “A vontade irracional de Deus é a causa da predestinação. E assim somos introduzidos ao mistério absoluto. Não podemos pedir que Deus nos preste contas”, ele enfatiza. E complementa: “O desejo de certeza da salvação foi uma razão forte para que surgisse a doutrina da predestinação, tanto em Paulo como em Agostinho, Lutero e Calvino. Eles não podiam encontrar certeza ao se sondarem a si mesmos, porque a fé é sempre fraca e mutável. Só encontraram esta certeza fora deles, na ação soberana de Deus.”

GRAÇA IRRESISTÍVEL

O pastor Longuini esclarece que o teólogo alemão reformado Karl Barth foi o primeiro na modernidade a reinterpretar Calvino, mas que, do ponto de vista teológico, a base doutrinária da predestinação é mesmo de Santo Agostinho, bispo de Hipona, na África, ainda na idade antiga (século 5): “Não podemos esquecer que Lutero e Calvino, os pais do protestantismo e ambos defensores da predestinação, eram agostinianos”.

Para o pensador Agostinho, canonizado como santo pela igreja católica, “os predestinados não podem cair. Recebem o dom da perseverança que lhes impede de perder a graça uma vez recebida”. Mas para o célebre teólogo negro, “nada disso depende de mérito do crente, uma vez que a graça será sempre irresistível desde que seja dada”.

Longuini afirma que a doutrina da predestinação terá sempre um grande peso no ministério dos presbiterianos (herdeiros do calvinismo): “Entender que o meu ministério não pertence a mim, que as ovelhas são de Cristo, é crer que tudo depende da graça de Deus e não dos nossos parcos e ínfimos esforços”. Ele revela que, segundo Calvino, os predestinados são reconhecidos pelos frutos: “Todos dão frutos de justiça e vivem para a glória de Deus”. Mas faz uma ressalva: “Certo ministério que se autoproclama apostólico tem usado a predestinação visando a glória pessoal e não a de Deus, cometendo heresias em nome desta doutrina. Minha crítica principal é que eles entendem a predestinação como um nazismo eclesiástico, pelo qual pretendem construir uma raça pura de cristãos. Isso é desculpa para a prática de um cristianismo sem compromisso, sem ética social e sem valores do reino de Deus, o que fere frontalmente a idéia calvinista”, Longuini conclui.

LIVRE-ARBÍTRIO

De acordo com o pastor metodista e escritor Wilson de Souza, que sustenta aqui a versão arminiana, também defendida pelos teólogos da Assembléia de Deus, a predestinação não exclui ninguém da obra de salvação em Cristo. “O Evangelho afirma que Deus amou o mundo, logo Ele quer que todos sejam salvos. Ele predestinou todos para serem salvos. Toda a humanidade está predestinada para a salvação”, garante o autor de Além da Morte até a Eternidade, publicado pela MK Editora. Mas, segundo Souza, tudo depende de como a pessoa predestinada recebe ou não a Palavra e o convite para ser salva: “Ser um vaso de honra ou de desonra depende da pessoa” – ele diz –, “uma vez que tudo passa pelo livre-arbítrio, o qual faz parte da imagem de Deus no homem”.

Discordando de Agostinho e dos calvinistas, que consideram a graça de Deus irresistível, ou seja, mais poderosa que qualquer resistência humana a ela, o pastor metodista afirma: “Se a graça de Deus fosse ‘irresistível’, Deus salvaria toda a humanidade, mas Ele não nos força. Ao contrário, nos valoriza e nos deixa livres para decidir nosso destino. Deus não nos vê como marionetes, mas como seres racionais responsáveis, com capacidade para aceitarmos ou não sua oferta de amor em Jesus Cristo”. Para os metodistas, segundo o pastor-escritor, a predestinação é, portanto, fruto e conseqüência da resposta de cada um ao chamado de Deus: “Ora, se houvesse predestinados ao céu e ao inferno, que Deus terrível seria este. Eu não consigo imaginar um Deus amoroso que crie pessoas para mandá-las para o inferno. Isso contradiz o caráter de Deus”, defende Souza.

Na sua concepção, a base bíblica para a predestinação é que Deus, embora ame o mundo e deseje que todos se salvem, já sabe, por sua onisciência, quem vai responder positivamente ao convite e quem não vai, teoria esta elaborada no princípio do século 17 pelo teólogo holandês Tiago Armínio, fundador da corrente arminiana.

Wilson de Souza afirma: “Se já houvesse pessoas marcadinhas para a salvação, não haveria a necessidade de se pregar o Evangelho a toda criatura. Os salvos apareceriam automaticamente e o ‘Ide’ de Jesus não faria o menor sentido. A Igreja prega para que as pessoas possam responder positivamente e serem salvas. Isso implica numa escolha. Deus fez o homem com poder de decidir, está lá em Deuteronômio 30.19. Ele colocou diante de nós a vida e a morte e nos mandou escolher”.

O pastor metodista recorre ao Novo Testamento para mostrar que Deus sempre deseja que escolhamos a vida. “Está lá em 1 Tm 2.4: ‘O qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade’. E em 2 Pe 3.9: ‘Não querendo que nenhum pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento’. Acontece que Jesus preveniu que a porta é estreita e que são poucos os que acertam com ela, ou seja, o caminho da perdição é espaçoso e acaba tragando a muitos predestinados”. Ele conclui afirmando que Jesus morreu por todos, sem exceção, “mas para se manter no caminho estreito, é preciso muita perseverança, vontade e esforço”. Souza acredita que quem consegue atravessar esta porta e chegar ao outro lado recebe, então, o selo de “predestinado”.

SOBERANIA

Para o mestre em Teologia Solano Portela, da Igreja Presbiteriana de Santo Amaro, dentre as doutrinas contidas na Bíblia, a predestinação é uma das mais difíceis: “Deus realmente determina as ações do homem? Cremos que sim. Na execução do seu plano soberano, ele determina tudo o que acontece, mas muitos têm dificuldade em aceitar este fato. Na realidade, temos apenas duas posições possíveis: ou Deus determina as ações do homem, ou Ele não determina e o homem é completamente autônomo”.

Portela acredita que evocar a onisciência de Deus não resolve o problema da predestinação, como acreditam os arminianos: “Alguns tentam contornar este problema dizendo que Deus não determina, de fato, mas como Ele conhece tudo de antemão, ‘determinaria’ ou ‘predestinaria’ as coisas que Ele sabe que irão acontecer. Ou seja, a sua determinação é dependente do Seu conhecimento prévio, de Sua onisciência. Com isso, procura-se deixar as pessoas ‘livres’. Mas será que é assim mesmo e que esta posição resolve o problema? Creio que não! Querer resolver o problema da liberdade humana ancorando a soberania de Deus e a sua predestinação na onisciência dEle traz uma solução apenas aparente, mas não real. A Confissão de Fé de Westminster, em seu Cap. III, seção 2, afirma que Deus ‘... não decreta coisa alguma por havê-la previsto como futura’. Se Ele determinasse, simplesmente porque conhece de antemão, na hora em que houvesse determinado, estas situações se tornariam fixas e imutáveis”.

Na mesma linha, o comentarista bíblico norte-americano John Piper sustenta: “Seria antibíblico atribuir a Satanás ou aos homens o poder de frustrar os planos de Deus”. E vai mais além: “Deus tem o direito, o poder e a sabedoria para fazer tudo o que deseja, tudo o que o faz feliz. Nenhum dos seus propósitos pode ser frustrado”.

Portela, por sua vez, considera impossível a defesa do livre-arbítrio pelos teólogos que vêem a onisciência de Deus como causa da predestinação: “E se os homens, de acordo com este conceito de ‘cumpridores das determinações de Deus apenas porque Ele já conhecia’, resolverem na última hora ‘mudar de idéia’? Como fica o plano de Deus? Deus também ficará mudando, à mercê das determinações do homem, e até quando?”, ele indaga.

De acordo com o teólogo paulista, “procurar escapar da imensa evidência bíblica que ensina a irrestrita soberania de Deus, o seu plano sábio e sua onipotência no cumprir tudo o que antes predeterminou, com o sofisma de que Deus realmente não determina, mas apenas conhece previamente, não traz qualquer pretensa liberdade ao homem, a não ser que se pretenda reduzir o poder de Deus”.

Predestinação, para Solano Portela, é simplesmente “um ponto específico” do plano soberano de Deus para todas as coisas: “O nosso Deus é soberano e não existe uma área sequer do universo e da nossa existência que não esteja sob esta soberania e regência, inclusive a questão da salvação de almas”, assegura.

Entre inúmeros versículos do Antigo e do Novo Testamento de que se utiliza em defesa da ampla e irrestrita soberania de Deus no destino de cada pessoa, o teólogo calvinista cita uma fala de Jesus nos evangelhos: “Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora”.

Joel Macedo
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Em minha resposta ao seu artigo "Profeta Neemias dá 'puxão de orelhas' no blogueiro Clóvis", desconsiderarei completamente às referências ao meu nome. Fazendo isso, reduzo seu texto pela metade e ganho tempo e espaço. Além disso, se Davi era uma pulga, quem sou para ser caçado por alguém que se diz bom de mira? A propósito, quando for falar de mim, me convide. Sei horrores ao meu respeito e posso lhe oferecer subsídios que nem imagina. Não confie no Diabo para isso, apesar de ser meu acusador, ele não sabe da missa a metade.

Começando pelo título, Neemias não me dá um "puxão de orelha". Na verdade, a Palavra de Deus é martelo e fogo, ela me deixa moído e queimado quando fala comigo. E relendo o livro de Neemias, como costumo fazer, não senti minhas orelhas puxadas. Senti-me envergonhado por estar tão longe do exemplo de Neemias, que em circunstâncias tão mais adversas da minha fez o que fez. Tivesse ele puxado minha orelha e teria me sentido honrado, mas fez mais que isso, então sou grato. E por levar-me a reler esse livro, sou-lhe grato também.
Puxões de orelha e quebrantamento à parte, será que Neemias contradiz a doutrina calvinista da predestinação ou substancia a teoria humanista do livre-arbítrio? Será que encontramos nesse livro que (1) Deus predestinou a humanidade inteira para a salvação e que (2) o homem pelo livre-arbítrio rejeita essa predestinação, que é seu ensino tão esdrúxulo que até adventistas o rejeitam? A resposta é não, pelo menos até que me mostre onde isso é ensinado. Além disso, não devemos usar um livro bíblico fora dos propóstos para o qual ele foi escrito. E o livro de Neemias não foi escrito, nem para ensinar a predestinação, nem para defender o livre-arbítrio.

Apesar disso, a passagem que o irmão cita (Ne 9:17-8,29), no que respeita à natureza humana está em perfeita harmonia com a doutrina calvinista. A passagem diz que os homens "recusaram ouvir-te", "não se lembraram das tuas maravilhas", "endureceram a sua cerviz", "na sua rebelião levantaram um chefe", "fizeram para si um bezerro de fundição", "cometeram grandes blasfêmias”, "se houveram soberbamente", "não deram ouvidos aos teus mandamentos", "pecaram contra os teus juízos", "obstinadamente deram de ombros", "endureceram a cerviz" e "não quiseram ouvir”. Esta é a descrição do homem separado da graça de Deus: só pode pecar e de fato peca! É a doutrina calvinista da depravação total sendo expressa em termos inequívocos. Daí inferir que Deus não os predestinou ou que eles poderiam por si mesmos serem justos diante de Deus é eisegese despropositada. E aqui acabam seus argumentos bíblicos, os demais não interessam.

Mas vou fazer uma apresentação positiva do propósito e do ensino de Neemias, antes porém, deixe-me falar de sua atitude preventiva quanto a uma eventual contra-argumentação bíblica. O irmão faz Neemias dizer "espero que não me cite Romanos 9" e "espero também que não use outros profetas bíblicos para me contradizerem". É um absurdo pensar que um autor bíblico diria uma coisa dessas. Na falta de um termo melhor, digo que isso é covardia exegética/hermenêutica, não de Neemias que não temia Sambalates e Tobias, mas seu, que teme Sola et Tota Scriptura. Mas vou tranquilizá-lo: não recorrerei a Paulo e a outros profetas, exceto Esdras, pela razão que se segue.

Originalmente, Esdras e Neemias eram um único livro, mui provavelmente escrito pelo primeiro. Assim, os dois livros apresentam uma unidade de tema e propósito e devem ser considerados em conjunto. O tema de Esdras-Neemias é a restauração realizada por Deus da comunidade de Judá como o povo fiel da aliança. E aqui vemos manifesta a absuluta soberania de Deus, inclusive no coração do homem, pois todo o processo é atribuído a Deus e não ao homem. Deus está controlando todos os acontecimentos segundo a sua vontade e o homem, pelo seu pretenso livre-arbítrio, nada faz, senão pecar.

Esdras-Neemias não relata milagres exteriores, mas Deus age no coração dos homens, ímpios e fiéis, levando-os a cumprir seu propósito. Primeiro "o Senhor despertou o coração de Ciro, rei da Pérsia, para redigir uma proclamação e divulgá-la em todo o seu reino" (Ed 1:1) para incentivar o retorno dos exilados. Depois, "pôs no coração do rei o propósito de honrar desta maneira o templo do Senhor em Jerusalém, e que, por sua bondade, levou o rei, os seus conselheiros e todos os seus altos oficiais. Como a mão do Senhor meu Deus esteve sobre mim, tomei coragem e reuni alguns líderes de Israel para me acompanharem" (Ed 7:27-28), assim "o Senhor os enchera de alegria ao mudar o coração do rei da Assíria, de maneira que ele lhes deu força para realizarem a obra de reconstrução do templo de Deus, do Deus de Israel" (Ed 6:22).

Mais adiante, Neemias executa sua missão pela ação poderosa de Deus no coração das pessoas. Ele pede "faze prosperar hoje o teu servo, e dá-lhe graça perante este homem" (Ne 1:11) pois sabia que Deus controla o coração do homem. E de fato "o rei mas deu, segundo a boa mão de Deus sobre mim" (Ne 2:8). A sua confiança era a de que "o Deus dos céus é o que nos fará prosperar" (Ne 2:20) pelo seu soberano controle. Quando finalmente o muro estava pronto, até os inimigos glorificaram a Deus "porque reconheceram que o nosso Deus fizera esta obra" (Ne 6:16). Antes os inimigos haviam dito "pois que construam! Basta que uma raposa suba lá, para que esse muro de pedras desabe!" (Ne 4:3). Esdras-Neemias confirma que "o coração do rei é como um rio controlado pelo Senhor; ele o dirige para onde quer" (Pv 21:1).

Mas o coração do povo de Deus também está sob seu controle. Após o decreto do rei, "todos aqueles cujo coração Deus despertou, dispuseram-se a ir para Jerusalém e a construir o templo do Senhor" (Ed 1:5). É certo que muitos ficaram, escolheram não ir, mas aqueles que foram despertados por Deus foram e fizeram a obra, reconhecendo que "a bondosa mão de Deus estava sobre nós" (Ed 8:18). A reforma religiosa também começou com um "então o meu Deus me pôs no coração que ajuntasse os nobres, os magistrados e o povo" (Ne 7:5).

Por isso que a oração não começa com destaque para a vontade do homem, mas com glorificação ao Deus que elege "Só tu és o Senhor. Fizeste os céus, e os mais altos céus, e tudo que neles há, a terra e tudo o que nela existe, os mares e tudo o que neles existe. Tu deste vida a todos os seres, e os exércitos dos céus te adoram. Tu és o Senhor, o Deus que escolheu Abrão, trouxe-o de Ur dos caldeus e deu-lhe o nome de Abraão" (Ne 9:1-2). Não foi pela obediência do povo, mas pela misericórdia de Deus que foram preservados, pois "quando fundiram para si um ídolo na forma de bezerro e disseram: ‘Este é o seu deus, que os tirou do Egito’, ou quando proferiram blasfêmias terríveis. Foi por tua grande compaixão que não os abandonaste no deserto" (Ne 9:17-18). "Graças, porém, à tua grande misericórdia, não os destruíste nem os abandonaste, pois és Deus bondoso e misericordioso" (Ne 9:31) e "agiste com lealdade mesmo quando fomos infiéis" (Ne 9:33) foi o reconhecimento deles e deve ser o nosso.

Concluindo, Esdras-Neemias ensinam (1) a soberania de Deus inclusive no coração de todos os homens, ímpios ou crentes, (2) a completa incapacidade do homem sem esse agir de Deus e (3) a bondade de Deus em restaurar seu povo quando peca, movido por misericórdia e compaixão, de forma que (4) toda honra e toda a glória é devida somente a Deus. Basicamente, isso é calvinismo, o mesmo calvinismo chamado de diabólico em seu artigo.

Soli Deo Gloria
domingo, 13 de fevereiro de 2011
Se este conhecimento de nós mesmos, que nos demonstra nosso nada, tem penetrado verdadeiramente em nossos corações, então nos será fácil o acesso ao verdadeiro conhecimento de Deus. Este Deus já nos abriu uma espécie de primeira porta em seu Reino, ao destruir estas duas nefandas verdades: a certeza de que não nos alcançará sua vingança, e a falsa confiança em nós mesmos. Então começamos a elevar para o céu aqueles olhos até agora fixos e cravados no chão, e suspiramos pelo Senhor, os que só descansávamos em nós mesmos.

E por outra parte, este Pai misericordioso, ainda quando nossa iniquidade merece um tratamento bem diferente, se revela então voluntariamente a nós segundo sua bondade incrível, quando precisamente estamos tão aflitos e aterrorizados. E pelos meios que Ele sabe resultam úteis a nossa debilidade, nos chama do erro ao reto caminho, da morte à vida, da ruína à salvação, do reino do diabo a Seu próprio reino. Para todos aqueles aos quais se digna conceder de novo a herança da vida celestial, estabelece o Senhor, como primeira etapa, que se sintam contristados em suas consciências, carregados pelo peso de seus pecados e estimulados a permanecer em seu temor; e por isso nos propõe, para começar, sua Lei, a qual nos exercita neste conhecimento.

João Calvino
Breve instrução cristã
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Esse descanso é para o povo de Deus graças à certeza, ou apenas graças à possibilidade? A promessa é para os crentes, e eles podem saber (embora de forma imperfeita) que são esse povo; apesar de haver a condição de superar, de permanecer em Cristo e de resistir até o fim, ainda que essa condição tenha sido totalmente prometida, ela ainda continua absolutamente certa por causa da promessa. Embora o propósito eterno de Deus não nos dê nenhum direito ao benefício, ainda assim o evento, ou o desfrutar dele, é certo graças ao decreto imutável de Deus, ao seu desejo eterno de que assim fosse, ao fato de ele ser a causa primeira e infalível que, no devido tempo, isso se realizará, ou resultará.

Richard Baxter
In: O descanso eterno dos santos
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
"... mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias" At 1:5

Sou pentecostal, o que causa certa estranheza, por me definir também como calvinista. Mas o que é um pentecostal? Pentecostal é um cristão protestante que adota crenças distintivas: crê no batismo no Espírito Santo como experiência separada da conversão e na atualidade dos dons espirituais, inclusive os referidos em 1Co 12-14. Os pentecostais divergem entre sim quanto ao falar em línguas como evidência inicial do batismo com o Espírito Santo. Uns creem que falar em línguas é a evidência física necessária do batismo no Espírito Santo, outros negam que todos que são batizados no Espírito Santo falam necessariamente em línguas.

Não sei quem se espanta mais quando digo que sou um pentecostal calvinista, se meus irmãos reformados ou se meus igualmente irmãos renovados. Boa parte deles me veem como o elo perdido entre os répteis e as aves: nem corro bem, nem voo direito e assim corro o risco de ser comido e torcem para que eu deixe de ser uma coisa ou outra. Mas, bíblica e teologicamente falando, qual a incompatibilidade entre a soteriologia calvinista e a pneumatologia pentecostal?

Batismo no Espírito Santo como sucedâneo da conversão

Acredito que muita da rejeição à doutrina da separalidade entre conversão e batismo com o Espírito Santo se deva à má compreensão de que os pentecostais creem que recebem o Espírito Santo quando falam em línguas e não quando se convertem. Se fosse assim, eu jamais poderia ser um pentecostal, pois creio que a regeneração operada pelo Espírito precede a fé. Ou seja, não apenas vejo que o Espírito Santo opera no pecador antes do batismo com o Espírito Santo, mas antes mesmo da conversão, que é a manifestação externa da regeneração.

Nós pentecostais cremos no batismo no Espírito Santo como o recebimento de poder capacitante para o serviço e adoração, não como poder salvífico. Os discípulos já haviam recebido o Espírito Santo quando Jesus ordenou a eles que ficassem em Jerusalém, até que do alto fossem revestidos de poder, e então seriam testemunhas dEle até os confins da terra.

Atualidade dos dons espirituais

Embora a doutrina da atualidade dos dons espirituais decorra naturalmente da anterior, no sentido de que todo pentecostal é contemporanista, nem todo contemporanista é pentecostal. Por isso, não preciso me estender aqui, pois muitos reformados (aliancistas e calvinistas de cinco pontos) são contemporanistas, embora não falte quem os desconsiderem como tal. De qualquer forma, este é um ponto mais comum entre pentecostais e calvinistas, de forma que praticamente não é uma doutrina distintiva dos pentecostais.

A objeção mais forte contra os pentecostais é quanto aos chamados dons revelacionais e de expressão verbal: profecia, línguas e interpretação, sendo que o dom de línguas recebe os ataques mais fortes, como reação à ênfase excessiva dada pelos pentecostais. Mas o fato é que o dom de línguas e os demais chamados de extraordinários não são colocados numa categoria à parte de outros dons, sendo que o que se afirma destes deve-se afirmar daqueles.

Pentecostalismo ou e calvinismo

Eu não apenas creio que existe compatibilidade bíblica entre o calvinismo e o pentecostalismo, como creio que existe sinergia (ops) entre as duas correntes. Não precisamos ser pentecostais ou calvinistas, ganhamos mais se formos pentecostais e calvinistas. Sonho com pentecostais na liturgia tornando-se calvinistas, e com calvinistas sendo batizados no Espírito Santo. Os que veem isso como um pesadelo precisam, antes de qualquer coisa, demonstrar a incompatibilidade entre esses dois movimentos.

Soli Deo Gloria
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Também é importante que vejamos os três atributos do senhorio formando uma unidade, não como separados uns dos outros. Deus é “simples” no sentido teológico (não é composto de partes), pelo que há um sentido em que, tendo um atributo, temos todos eles. Todos os atributos de Deus envolvem-se uns com os outros, e esse é, de maneira clara e definida, o caso da tríade do senhorio. 

O controle de Deus, conforme a Escritura, envolve autoridade, pois Deus controla até a estrutura da verdade e da justiça. Controle envolve presença, pois o poder de Deus é de tão ampla penetração que nos põe face a face com ele em toda e qualquer experiência. Autoridade envolve controle, pois as ordens de Deus pressupõem a sua plena capacidade de fazê-las cumprir. Autoridade envolve presença, pois as ordens de Deus são reveladas claramente e são instrumentos de Deus pelos quais ele age em nosso meio para abençoar e amaldiçoar. Presença envolve controle, para que nada na terra ou no céu nos mantenha distantes de Deus ou Deus de nós (Jo 10; Rm 8). Presença envolve autoridade, pois Deus nunca está presente sem a sua Palavra (cf. Dt 30.11ss.; Jo 1.1ss.; etc).

Para resumir, conhecer a Deus é conhecê-lo como Senhor, “sabei que eu sou o Senhor”. E conhecê-lo como Senhor é conhecer o seu controle, a sua autoridade e a sua presença.

John M. Frame
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Sei que está um pouco tarde para uma postagem do tipo retrospectiva, mas ainda assim gostaria de compilar os artigos mais comentados de 2010. Duas observações se fazem necessárias. A primeira é que apesar de serem de 2010, alguns dos artigos continuam rendendo comentários. Portanto, são tópicos ativos e a contagem de comentários pode, e vai se alterar. E segundo, que o número de comentários não é indicador da qualidade do artigo, mas apenas que o post ou um comentário feito a ele gerou certa polêmica. Ressalvas feitas, vamos ao ranking de comentários.

10 - A doutrina da eleição resumida (129). A eleição de Deus se baseia em Seu próprio ser. Portanto, o fato de eleger uma pessoa tem que ser compatível com todos os Seus atributos. Se baseia em Sua onisciência, de modo que podemos estar seguros de que quando Ele elegeu, o fez com pleno conhecimento de todas as possibilidades optativas... leia a íntegra.

9 - A fé é um dom de Deus (138). Uma afirmação que incomoda alguns arminianos é a de que a fé é um dom de Deus. Pois sendo a fé um dom de Deus, torna sem sentido o argumento da eleição pela fé prevista: Deus escolheria para a salvação aqueles a quem decidiu dar a fé, o que o tornaria igualmente parcial ao não dar a fé a todos. Por isso, são forçados a afirmar que a fé não é um dom de Deus, e para demonstrar isso recorrem a Efésios 2:8... leia a íntegra.

8 - Os cânones de Dort: Domingo 7 (141). Eleição [ou escolha] é o imutável propósito de Deus pelo qual ele fez o seguinte: antes da fundação do mundo, por pura graça, segundo o soberano bom propósito da sua vontade, ele escolheu em Cristo para a salvação um número definido de pessoas em particular dentre toda a raça humana, a qual caiu de sua inocência original, por sua própria falta, em pecado e ruína... leia a íntegra.

7 - Eram os adventistas arianos? (152). Os adventistas do sétimo dia, que referem-se a si mesmos como igreja verdadeira, confessam crer na doutrina da Trindade. E isto é uma verdade atual. O que boa parte dos adventistas não sabe é que nem sempre foi assim. Na maior parte de sua história, o adventismo foi anti-trinitariano... leia a íntegra.

6 - Comentários às notas hermenêuticas sobre línguas (214). Um irmão ex-pentecostal me enviou um conjunto de notas hermenêuticas sobre o falar em línguas, as quais deveriam ser "ser seriamente enfrentadas, aceitas ou então respondidas". Com algumas notas concordo, de outras discordo pelo menos parcialmente, e por isso comento aqui... leia a íntegra.

5 -Mirou na verdade, acertou na confusão (220). O programa Na Mira da Verdade tem uma proposta e formato interessantes. A proposta é responder os questionamentos enviados através do blog, sms ou telefone. Ambos, apresentador e respondente são bem comunicativos e demonstram bom preparo. Ressalte-se, porém, que é um programa adventista e por ser o tempo reservado para as respostas curto, às vezes são superficiais. Por causa disso às vezes são... leia a íntegra.

4 - O livre-arbítrio é bíblico? (236) . Num dos grupos que participo, alguém postou parte de um artigo do Pr. Ciro Sanchez Zibordi em defesa do livre-arbítrio. O que segue é meu comentário, postado no grupo e reproduzido aqui para apreciação. Não gosto de responder a argumentos de quem não está no grupo, pois não se dá a oportunidade da pessoa contra-argumentar ou até mesmo esclarecer algum ponto mal entendido de suas palavras. Mesmo assim, vou comentar o seu post e publicar em meu blog... leia a íntegra.

3 - Eu sou a lenda (265). Descobri que sou uma lenda. Na verdade não existo mais, sou uma estranha memória encarnada do passado. Eu e alguns milhões que andam por todo o mundo. Deixem que eu explique melhor... leia a íntegra.

2 - Ellen White desmente Leandro Quadros (298). Leandro Quadros tem um visão peculiar da doutrina da predestinação. Segundo afirma e reitera, toda a humanidade foi predestinada por Deus para a salvação, mas com a morte de Jesus Cristo o homem teve seu livre-arbítrio recuperado e com ele pode decidir se perder. Se leu meus artigos anteriores, você já sabe disso. O que talvez você não saiba é que Ellen White, heroína de Leandro Quadros e dos adventistas em geral, discorda de seu discípulo, sem contudo estar, ela própria, correta em sua visão... leia a íntegra

1 - Leandro Quadros: a pessoa, a atitude e as doutrinas (497). Depois de algum tempo sem postar nenhum texto sobre o debate com o Prof. Leandro Quadros, retomo o assunto, explicando como a coisa começou e onde parou. O professor Leandro respondeu num programa de televisão a um questionamento sobre predestinação. Por discordar da resposta, escrevi o artigo Mirou na verdade, acertou na confusão. O artigo foi contestado pelo professor... leia a íntegra.

Soli Deo Gloria
domingo, 6 de fevereiro de 2011
O pecado, segundo a Escritura, é tanto esta perversidade da natureza humana que é a fonte de todo vício, como os maus desejos que nascem dela, e os injustos crimes que estes originam: homicídios, furtos, adultérios e outros parecidos. Assim, pois, todos nós, pecadores desde o ventre materno, nascemos submetidos à cólera e à vingança de Deus. E quando somos já adultos, acumulamos sobre nós, cada vez mais pesadamente, o juízo de Deus. Por último, durante toda nossa vida, avançamos mais e mais rumo a morte.

Pois se não há dúvida alguma de que qualquer iniquidade é odiosa para a justiça de Deus, que podemos esperar perante Ele, nós que somos miseráveis e estamos abrumados pelo peso de tanto pecado e manchados com inúmeras impurezas, senão uma confusão certa, segundo sua justa indignação?

Este conhecimento, embora aterre o homem e o enche de desespero, é contudo necessário para que, despidos de nossa própria justiça, privados de toda confiança em nossas próprias forças, e desprovidos de qualquer esperança de vida, aprendamos, compreendendo nossa pobreza, miséria e ignomínia, a prostrar-nos ante o Senhor, reconhecendo nossa iniquidade, impotência e perdição, e possamos atribuí-lhe toda a glória pela santidade, o poder e a salvação.

João Calvino
Breve instrução cristã
sábado, 5 de fevereiro de 2011

Fonte: Voltemos ao Evangelho
Via: Púlpito Cristão
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Grande parte da obra de Deus deve passar pela pressão antes que possa haver bons resultados. (Os que servem a Deus devem prestar bastante atenção nesse ponto.) Infelizmente, poucos obreiros têm essa experiência ou parecem dispostos a experimentá-la. O que é fiel, entretanto, não só tem tal experiência como ainda a terá bem mais. Se você nunca experimentou isso, há de experimentar no futuro. Deus vai fazer com que o trabalho que você está fazendo passe pela morte. Isso não ocorre porque Deus tenha prazer na morte; pelo contrário, Ele leva a obra à morte a fim de alcançar a ressurreição.

No início de sua obra, muitos obreiros de Deus notam que inúmeras pessoas estão sendo salvas por meio de seus esforços, e sua obra parece estar prosperando e sendo abençoada. Estranhamente, porém, tal situação não dura muito tempo.

Após algum tempo, a obra começa a fracassar. Os que antes foram salvos não estão fazendo nenhum progresso hoje. Mais tarde, não apenas a obra parece ter parado, mas os próprios obreiros sentem-se frios e mortos. Quando se descobrem nessa situação difícil, com certeza desejam fazer algo, mas não podem porque parecem ter perdido o poder. Ficam realmente intrigados. Podem até começar a imaginar que cometeram algum pecado grave.

A essa altura, estão realmente temerosos e não sabem o que fazer. Podem entender que não há mais qualquer esperança, pois parece que Deus não quer abençoar nenhum aspecto da sua obra.

Mas é precisamente nesse momento que a luz virá de Deus para sondar o coração deles e, então, saberão se desde o início estiveram trabalhando para Deus ou para eles mesmos, se estiveram competindo com as pessoas ou servindo com sinceridade para a glória de Deus. Eles descobrirão para quem estiveram realmente trabalhando. Pois quando a obra está prosperando e tendo sucesso, os crentes tendem a sentir que tudo quanto estiveram fazendo foi para Deus. Somente quando a obra de alguém está sob pressão é que ele poderá discernir se sua obra tem sido para Deus ou se ele se tem misturado com a obra.

Watchman Nee
In: O poder da pressão
Recebido por email
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
É fácil discutir teologia à roda de uma mesa ou blog. Defender a soberania de Deus sobre todas as coisas, quando essas coisas são acontecimentos à nossa volta. Mas, e quando a mão poderosa que fere? E quando somos atingidos pela dor da perda de um filho, conseguimos ver nisso a glória de Deus e nos alegrar no Senhor?

O que segue é apenas uma parágrafo do relato de um pai que perdeu um bebê, ainda não nascido. É uma aula de teologia, mas sobretudo, é uma lição de como um servo do Altíssimo deve adorar a Deus mesmo quando Ele tira de nós o que mais amamos.

Minha sugestão é que você vá direto para o Retrato por Escrito e leia a íntegra do testemunho do André, que sei, fala pela Norma também.

Naturalmente, nada do que acabo de dizer descreve bem a situação de nosso filho. A principal diferença reside no fato de que ninguém lhe fez mal algum, nem pretendeu fazê-lo. Ao contrário, nosso bebê foi muito amado, e fizemos tudo o que pudemos - e que, na verdade, não foi tanto assim - para conservá-lo conosco. Foi o próprio Deus quem o levou, e ninguém mais. E isso faz toda a diferença, pois Deus, na qualidade de autor da vida, é o único que tem direitos irrestritos sobre ela. Oito meses atrás, ao redigir a página de agradecimentos de minha dissertação de mestrado sobre o diagnóstico de doenças em laranjeiras, fiz uma menção algo bem-humorada ao "Deus Trino, Autor de toda vida, humana ou cítrica". Eu nem sonhava em quão cedo as pesadas implicações desse fato se manifestariam em minha própria família. O Senhor exerceu seu direito exatamente conforme a descrição de Moisés em seu famoso salmo sobre a transitoriedade da vida humana: "Tu reduzes o homem ao pó e dizes: tornai, filhos dos homens". O versículo evoca com fidelidade a linguagem do Gênesis, na ocasião em que Deus amaldiçoou Adão: "No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás". Moisés se referia ao poder que Deus possui e exerce de fazer tornar ao pó a vida humana que Ele mesmo criara - dezenove semanas antes, no caso em questão. E aqui nosso dever é o de responder como Jó, que não perdeu um bebê no ventre, e sim dez filhos já crescidos, além de todos os seus muitos bens: "o Senhor o deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor".

Ao André e à Norma: obrigado pela lição. Só posso imaginar o quanto lhes custou nos dar. Mas isso também, é para a glória de Deus.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A declaração mais forte que é feita em Isaías 44 é esta: há apenas um único Deus e não há nenhum outro além d'Ele. Ele é o primeiro, ou seja, nenhuma divindade ou criatura existia antes d'Ele e o último, isto é, nada nem ninguém virá depois d'Ele. Por esta razão, buscar outros deuses é um engano.

Em certa medida, o que Deus diz a Israel se aplica a todos os seres humanos. Nenhum ser humano foi criado por um orixá ou um espírito guia, não somos gerados por forças impessoais ou por uma multidão de deuses. Todos nós somos criação do Deus Único, do Deus da Bíblia, de YHWH. O capítulo 44 de Isaías começa com essa lembrança: a de que fomos feitos pelo Senhor.

Mais do que isso: o Todo-Poderoso nos ajuda. Podemos confiar em suas promessas de auxílio, porque Ele é Deus, ou seja, perfeito e perfeitamente capaz de cumprir o que Ele promete. Por esta razão, os verdadeiros cristãos podem ter certeza de que as almas secas e sedentas terão dentro de si o Espírito Santo e a bênção divina.

Mas essa promessa só alcança àqueles que se identificam com esse Deus Soberano. Ele transforma sim, mas apenas a vida daqueles que dizem: "eu sou do Senhor", sou propriedade de Deus. As águas só brotam nos corações que escrevem na palma da mão que pertencem a Ele e que chegam ao ponto de não se identificarem mais com sua pátria terrena, para se declararem cidadãos do verdadeiro Israel, formado pelos filhos de Deus.

Helder Nozima
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Os cristãos aos quais o apóstolo Paulo remeteu a epísto­la aos Coríntios viviam em uma parte do mundo onde a sabedoria humana ti­nha grande reputação. Como o apóstolo observa no versículo 22 deste capítulo, "os gregos buscam sabedoria". Corinto não ficava longe de Atenas, que por muitos séculos foi a mais famosa cidade da filosofia e aprendizagem no mundo. O apóstolo lhes observa como Deus, pelo evangelho, destruiu e aniquilou a sabedoria de­les. Os gregos cultos e seus notáveis filósofos, mediante toda sua sabedoria, não conheceram a Deus, nem puderam descobrir a ver­dade acerca das coisas divinas. Mas, depois de em vão terem feito o máximo que puderam, por fim aprouve a Deus se revelar pelo evangelho que eles consideravam tolice: "Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus esco­lheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes. E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são" (1 Co 1.27,28).

O apóstolo os informa no texto por que Ele fez assim: "Para que nenhuma carne se glorie perante ele" — sobre cujas palavras po­demos fazer duas observações:

1.  O que Deus visa na disposição das coisas na questão da redenção, ou seja, para que o homem não se glorie em si mesmo, mas só em Deus; "para que nenhuma carne se glorie perante ele. Para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor" (1 Co 1.29,31).

2.Como este propósito é alcançado na obra de redenção, ou seja, pela dependência absoluta e imediata que os homens têm em Deus e nessa obra, visando ao seu benefício.

Em primeiro lugar, consideremos todo o benefício que eles pos­suem em Cristo e através dEle. Ele nos "foi feito por Deus sabe­doria, e justiça, e santificação, e redenção". Todo o benefício da criatura caída e redimida consiste nestas quatro características e não pode ser melhor distribuído do que nelas. Através de nós, Cristo é cada uma delas, e não temos nenhuma delas senão por Ele. Cristo nos foi feito por Deus sabedoria. NEle está todo o benefício e a verdadeira excelência do entendimento. A sabedo­ria era algo que os gregos admiravam, mas Cristo é a verdadeira luz do mundo; somente por Ele que a verdadeira sabedoria é concedida à mente. Através de Cristo temos justiça. E permane­cendo nEle que somos justificados, temos nossos pecados per­doados e somos recebidos como justos no favor de Deus. Atra­vés de Cristo temos santificação. Temos nEle a verdadeira exce­lência de coração como também de entendimento. Ele nos é feito justiça inerente como também imputada. E através de Cristo que temos redenção ou a verdadeira libertação de toda miséria e a concessão de toda felicidade e glória. Portanto, temos todo o nosso benefício por Cristo que é Deus.

Em segundo lugar, outra instância na qual aparece nossa depen­dência de Deus para o nosso próprio benefício, é esta, que Deus é quem nos deu Cristo, e que nós podemos ter estes benefícios através dEle, pois Ele nos "foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção".

Em terceiro lugar, é por Deus que estamos em Cristo Jesus e viemos a ter interesse nEle, e assim recebemos essas bênçãos que nos foram concedidas por Ele. Deus nos dá a fé por meio da qual aceitamos a Cristo.

Este versículo demonstra nossa dependência em relação a cada pessoa da Trindade, para o nosso próprio benefício. Somos de­pendentes de Cristo, o Filho de Deus, visto que Ele é nossa sabe­doria, justiça, santificação e redenção. Nós somos dependentes do Pai que nos deu Cristo e o fez ser estas características por nós. Nós somos dependentes do Espírito Santo, pois por meio dEle estamos em Cristo Jesus. O Espírito de Deus nos dá fé em Cristo, pelo qual o recebemos e o aceitamos.
Jonathan Edwards