Popular Posts

Blogger templates

Blogger news

Blogroll

About

Blog Archive

Tecnologia do Blogger.

Seguidores

Pesquisar

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Até aqui nos ajudou o SENHOR 1Sm 7:12

Meu último texto neste ano de 2010 é para dizer um "muito obrigado!".

Primeiramente e acima de tudo a Deus, nosso Senhor, que em Sua soberana providência nos abençoou de uma maneira que não imaginava que seríamos abençoados. Ao longo de meus anos, tenho aprendido o quanto o Senhor é bom, e neste ano que termina, embora tenha sido conturbado, o Senhor mostrou-se especialmente gracioso para comigo. Graças a Ele por tudo!

Também quero agradecer àqueles que durante este ano foram instrumentos de bênçãos de Deus em minha vida. Aos meus confrades do  4 presbiterianos e 1 pentescostal 5 Calvinistas especialmente, pois souberam me suportar e foram simplesmente cristãos para comigo. Foi muito gratificante fazer parte desse projeto e queira o Senhor que continuemos juntos ano que vem, oxalá até a volta dEle.

Aos visitantes e comentaristas deste blog, assíduos ou eventuais, muito obrigado pelo feedback. Gostaria de citar o nome de muitos que me veem à mente, mas com certeza seria injusto com alguém. Mas vocês não imaginam o quanto é bom interagir com vocês, que fizeram deste blog mais que uma tribuna, uma mesa de debates, às vezes com vozes mais exaltadas, outras num clima mais suave, mas sempre prazerosa para mim. Até mesmo os anônimos, que relutam em declinar seus nomes aqui (alguns o fazem em outros blogs, o que me deixa intrigado), tiveram seus momentos aqui, alguns até bons, por sinal.

Em 2011 estaremos juntos novamente, se o Senhor assim o quiser. Quem sabe não será nesse ano o dia de Sua gloriosa vinda? Se assim for, então interagiremos com um tipo de conexão bem melhor que banda larga, fibra ótica ou o que seja, pois estaremos à mesa do Senhor, com todos os que foram remidos pelo Seu sangue.

Ao Deus eterno, seja toda honra e toda a glória, para todo o sempre. Amém!
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Se a eleição é verdade, então como Deus pode chamar a Si mesmo de amor quando a maioria de Sua criação será separada dEle por toda eternidade?

A primeira coisa a se fazer quando lidar com essa pergunta é entender os conceitos de maneira correta desde o começo; Quando a maioria das pessoas ouve a frase “Deus é amor”, elas pensam que significa “Deus me ama”. Na realidade, esta é uma declaração que está fundamentada na ontologia (a natureza) do próprio caráter de Deus. Se Deus é amor, então Ele sempre tem sido eternamente amor; e esse amor não pode ser meramente atribuído à existência de seres humanos. De outra forma, João teria baseado na humanidade o conceito do amor de Deus. Pelo contrário, o Apóstolo João diz: “Deus é amor”. Deus ama a Si mesmo, e ele sempre amou a Si mesmo. Todas as suas ações refletem um amor e um compromisso com Seu próprio nome, sua própria glória, sua própria fama, etc. Isso se relaciona à doutrina da divina simplicidade, em que mesmo a ira de Deus é amor, porque ela não inclui concessões quanto a Ele. Quando Deus está irado, ele está preservando e amando Seu próprio nome, Sua própria glória, ao punir aqueles que a desrespeitam.


Adam Parker

In: "Deus é amor" e a eleição
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Não é, também, em segundo lugar, a fé do demônio, embora ela vá muito além da dos pagãos. O demônio crê não somente que há um Deus poderoso e sábio, gracioso no recompensar e justo no punir, mas também crê que Jesus é o Filho de Deus, o Cristo, o Salvador do mundo. Encontramo-lo, de fato, declarando, em termos categóricos: “Bem sei quem és: tu és o Santo de Deus” (Lc 4.34). Nem podemos duvidar de que o infeliz espírito creia em todas as palavras que saíram dos lábios do Santo e mais em quaisquer outras que foram escritas pelos homens santos do passado, acerca de dois dos quais ele fora compelido àquele glorioso testemunho: “Estes homens são servos do Altíssimo, que vos mostram o caminho da Salvação”. Não é demais, pois, que o grande inimigo de Deus e dos homens creia e, crendo, estremeça, – que Deus se manifestou em carne; que “submeterá todos os inimigos debaixo dos pés”; e que “toda Escritura foi dada por inspiração de Deus”. Até aí vai a fé do demônio.

John Wesley
In: A salvação pela fé
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
A confissão positiva tem suas origens numa antiga heresia conhecida como gnosticismo. Esta palavra vem do vocábulo grego gnosis, que significa "conhecimento". Tal heresia data do primeiro e segundo séculos da era cristã e ensinava que havia uma verdade especial, mais elevada, acessível somente aos iluminados por Deus. Os gnósticos acreditavam que na natureza humana há o princípio do dualismo, isto é, que o espírito e o corpo - duas entidades separadas - são opostos. Para eles, o pecado habitava somente na carne, tornando-a totalmente má. O corpo podia fazer tudo o que lhe agradasse, vivendo nos prazeres da carne. O espírito era totalmente bom. Assim, alguém poderia ter uma vida impura fisicamente e ao mesmo tempo ser espiritualmente puro. Judith A. Mata declara:

Na virada do século, as seitas gnósticas têm se tornado uma parte da história religiosa no nosso próprio país. O mormonismo, tornando homens em deuses, e a Ciência Cristã, com seus métodos de unidade com a Mente Divina, foram ambos estabelecidos no século passado. A mitologia do mormonismo e as "leis" da Ciência Cristã são reflexos diretos do pensamento gnóstico.

Mata acrescenta ainda:

Há seitas gnósticas na nossa sociedade hoje, e o movimento Palavra da Fé é a mais nova e disfarçada de todas as seitas gnósticas que apareceram nos últimos dois séculos.

Paulo Romeiro
In: SuperCrentes
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Fui buscado pelos que não perguntavam por mim, fui achado por aqueles que não me buscavam... Is 65:1

O fantasma de Pelágio continua a assombrar a igreja. Encontramos vestígios dele no arminianismo popular, o qual acredita que o homem tem em sua natureza poder para buscar a Deus e escolher igualmente entre o bem e o mal. Neste esquema, a graça já não é necessária de modo algum, pois ela se manifestou na cruz, quando Jesus morreu por todos os homens, cabendo a estes, de si e por si, aceitar o dom da salvação.

Menos ruidoso mas igual ou mais danoso é o semi-pelagianismo, que admite a necessidade da graça, mas nega seu caráter determinante. Admitem que a graça é necessária, mas não que é suficiente. Segundo este sistema, a graça encontra a sua eficácia no homem e não em Deus. O semi-pelagianismo encontra sua expressão no arminianismo moderno, mais culto e iluminado que o arminianismo popular, mas nem por isso menos errado, pois sutilmente solapa a Sola Gratia.

Contra pelagianos e semis-pelagianos, temos a voz de Deus via profeta Isaías. Notemos que Deus afirma dos homens que "não perguntavam por mim". Isso revela desinteresse por parte do homem natural das coisas espirituais. Deus e o estado de sua alma não faz parte das cogitações do homem. Qualquer assunto, por mais frívolo que seja, é mais importante que as coisas espirituais e santas.

Continua o Senhor dizendo que os homens "não me buscavam". Isto mostra que além de desinteresse, os homens não sentem necessidade de Deus. Vivem num vazio existencial mas não atinam que Deus seja o que precisam para dar sentido à sua existência. Correm atrás de dinheiro, prazeres, fama e tantas outras coisas, e quando a alcançam "é apenas canseira e enfado". Mas em sua cegueira não sentem que Deus é e tem o que precisam, então vão em busca de mais dessas mesmas coisas, pensando que se trata de quantidade.

É quando os homens estão nessa indiferença em relação a Deus e quando concentram seus esforços em buscar o que não lhes satisfará, que Deus diz "fui achado por aqueles que não me buscavam". Mesmo que eles não procurassem por Ele, o Senhor disse "eis-me aqui, eis-me aqui"! É Deus que vem ao encontro do homem, que desperta nele interesse e que coloca dentro dele um coração que anele por Jesus.

O pelagiano pode esperar que sua natureza o incline para o bem, isso nunca acontecerá. Arminiano pode apostar suas fichas num livre arbítrio capaz de cooperar com a graça. Mas nós diremos com Salomão: "Leva-nos após Ti" (Ct 1:4).

Soli Deo Gloria
domingo, 26 de dezembro de 2010
Não conheço bem o que os brasileiros fazem em termos de evangelização, porém sei que vocês não são responsáveis pelos resultados da sua evangelização. Vocês são responsáveis pela mensagem e pelos métodos que usam. Esperem em Deus e em Sua graça soberana na produção dos frutos, dos resultados. Na China há um bambuzeiro que não cresce nos primeiros quatro anos, mesmo que você cuide bem dele. Contudo, quando no quinto ano  ele começa a brotar, em noventa dias fica com cinco a seis metros de altura. Você diria que esta árvore cresceu em noventa dias ou que ela cresceu potencialmente nos cinco anos? Trabalhem, esperem em Deus, lancem a semente e esperem no Senhor. Os tempos hoje são às vezes desencorajadores, mas houve tempos mais desencorajadores antes. Às vezes ficamos prevendo a ruína da Igreja, no entanto o que devemos fazer é planejar a renovação da Igreja. John Flavel, um grande puritano, disse: "Não sepultem a Igreja antes que ela esteja morta". Espero que vocês possam suportar firmes como bons soldados de Cristo, estando prontos para serem chamados de loucos por amor a Cristo. Deixem que as suas vidas falem mais alto do que dizem ou pregam. Que Deus nos ajude a sermos verdadeiros evangelistas.

Joel R. Beeke
In: A tocha dos puritanos
sábado, 25 de dezembro de 2010
A revista Manchete costumava publicar traduções semanais das colunas do jornalista Art Buchwald. Alguns anos atrás uma destas colunas foi intitulada: “Deve-se permitir, às igrejas, abrirem no dia do Natal?” Nela o autor descrevia um evento fictício no qual “um grupo de cidadãos se organizou para protestar a maneira como certas igrejas estão tentando transformar o Natal em um feriado religioso!” O porta-voz do grupo, inventado, presta então as seguintes declarações ao Art Buchwald, na suposta entrevista:

—“Bastante dinheiro, tempo e propaganda foram colocados na preparação do Natal, para deixarmos que uma pequena minoria estrague o evento usando este dia para ir à igreja. Não somos contra igrejas,” diz o personagem fictício, “mas somos terminantemente contra estas igrejas permanecerem abertas no dia dedicado ao nosso faturamento...”

Apesar da crônica deste jornalista estar carregada de humor, é triste verificarmos a aproximação da história narrada com a nossa realidade. O Natal tem sido destorcido e seu verdadeiro espírito esquecido. Suas bases e origens foram relegadas à um segundo plano.

Anos atrás a revista Time publicou um artigo mostrando a diferença de ênfases na celebração de Natal, existente entre os dias atuais e a prática de algumas décadas passadas. Diz a revista que antigamente se pensava, nesta época, no relacionamento do homem para com Deus; enquanto que agora, pensa-se em termos do relacionamento do homem para com os outros homens. O ponto focal da história de Natal foi esquecido e este fato é refletido nas decorações e “slogans” natalinos da atualidade. Que melhor exemplo para isto do que os cartões que dizem apenas: “Boas Festas!”

Em Gálatas 4:4,5 nós lemos: “Mas vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para reunir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.” Este é o propósito real do Natal. As canções, a mercantilização e mesmo o sentimentalismo fora de Cristo, que são sinônimos desta estação, tendem a obscurecer o significado real deste dia.

O Natal é mais do que um tributo à infância ou às mães; é mais do que um curto espasmo de generosidade e de bondade; é mais do que um incentivo ao comércio e ao lucro; não é meramente uma ocasião para comidas e bebidas, festas e alegrias vazias. É possível nos envolvermos tanto com o papel, os invólucros, as fitas e os cordões, que chegamos a perder o presente real.

Deus, mandando o Seu Filho para redimir aqueles que estão sob a maldição do pecado—este é o verdadeiro milagre e o verdadeiro presente de Natal!

A Bíblia nos diz que o Natal é muito mais do que um congraçamento entre os “homens de boa vontade”, pois é, na realidade, “boa vontade para com os homens” da parte de Deus. A celebração sem substância do Natal, nulifica o seu verdadeiro espírito. Freqüentemente cantamos o hino de Natal, “Cantai que o Salvador chegou!” Se esta canção está em nossos corações, a falta de esperança se transformará em alegria e o vazio será preenchido com vida. Não fará muita diferença se estivermos numa multidão ou sozinhos. A alegria do Senhor e as vozes dos seus anjos ressoarão em nossos corações. Isto é o que é o Natal.

F. Solano Portela Neto
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
As Testemunhas de Jeová, com todas as suas falsas doutrinas, orgulham-se de serem noventa por cento ativas. Isto é, noventa por cento dos seus membros estão envolvidos em ação definida e testemunho. Que poderemos nós dizer da mobilidade das nossas igrejas evangélicas? Em algumas igrejas parece que só o pastor e talvez alguns outros sabem como ganhar almas para Cristo. Mas o Novo Testamento ensina claramente que cada crente em Cristo é uma testemunha. O fato de haver pessoas que têm vindo a Cristo apenas pela leitura duma porção de literatura cristã, devia mostrar-nos que nenhum cristão precisa chegar ao céu sem ter ajudado alguém a ir para lá.

Há muitos meios de testemunhar e, embora alguns possam ser melhores do que outros, o ensino das Escrituras é que devemos em primeiro lugar testemunhar através da vida e da palavra. Muito mais do que uma cruzada, um projeto especial ou um programa de ação evangelística, o verdadeiro testemunho é um jorrar espontâneo do Cristo que em nós habita.

Cessemos de nos agarrar às nossas fraquezas, timidez, falta de treino, temor, ou a qualquer outra desculpa, e comecemos a crer no Deus do impossível que é perito no uso de vasos fracos. Não há um único cristão que não possa tornar-se uma testemunha eficiente e revolucionária de Jesus Cristo, se realmente quiser.

George Verwer
In: Vida em profunidade
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Depos de cobrirmos todo o terreno de modo geral, voltamos para observar uma característica particular e peculiar em cada caso, que é: a visão espiritual é sempre um milagre. Este fato leva com ele todo o significado da vinda do filho de Deus a este mundo. A própria justificativa para a vinda do Senhor Jesus Cristo a este mundo é encontrado naquilo que está estabelecido na Palavra de Deus, pois é uma questão resolvida para o próprio Deus que o homem agora nasce cego: "eu vim como luz para o mundo" (Jo 12:46), "eu sou a luz do mundo" (Jo 9:5). Essa declaração, como você sabe, foi feita exatamente naquela parte do Evangelho de João em que o Senhor está lidando com cegueira. "Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo" (Jo 9:5) e ele ilustrou isso lidando com o homem que nasceu cego.

De modo que a visão espiritual é sempre um milagre do céu. Isso significa que aquele que vê espiritualmente tem um milagre logo no fundamento de sua vida. Toda a sua vida espiritual brota de um milagre, e é o milagre de receber a visão espiritual nos olhos que nunca viram. E exatamente aqui que a vida espiritual começa, onde a vida cristã tem início: no ver.

E qualquer que prega deve ter esse milagre em sua história. O que prega deve depender totalmente desse milagre se repetir no caso de todos aqueles que o ouvem. Nesse aspecto ele é totalmente impotente e tolo. Talvez seja aqui que, num sentido, descobrimos a loucura da pregação.

Um homem pode ter visto e estar pregando o que viu. Mas nenhum dos que o ouvem viu ou vê o que ele viu. Assim, ele está dizendo aos cegos: "Vejam!". E eles não vêem. Ele depende inteiramente do Espírito de Deus vir e realizar um milagre nesse momento e nesse lugar. A menos que esse milagre seja realizado, sua pregação é vã no tocante ao resultado desejado.

T. Austin-Sparks
In: Visão Espiritual
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Fui tocado pelo testemunho a seguir, e reproduzo aqui, pela lição sobre a graça que transmite:

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Decididamente o calvinismo não goza de popularidade entre o povo de Deus. Ele soa e de fato é ofensivo a muitas pessoas que se sentem compelidas a combatê-lo. E assim, muito debate acontece em blogs, fóruns e listas de emails Internet afora. Infelizmente, muito se perde nesses debates por faltar um método adequado de confrontar os calvinistas e suas doutrinas. Neste artigo, apresento algumas dicas de como combater de forma mais objetiva o pensamento calvinista.

Primeiro: avalie sua motivação

Você deve combater o calvinismo movido pelo amor à verdade e ao irmão errado, nessa ordem. O amor, diz a Bíblia, "não folga com a injustiça, mas folga com a verdade" (1Co 13:6). É errado combater o erro sem amor e perigoso quando a pretexto de amar, deixamos de apontar o erro, pois "os que perecem" são aqueles que "não receberam o amor da verdade para se salvarem" (2Ts 2:10).

Mas amar a verdade apenas não basta, "antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo" (Ef 5:15). Você deve purificar sua alma "pelo Espírito na obediência à verdade, para o amor fraternal, não fingido" (1Pe 1:22). O cambate ao calvinismo deve ser de forma que ao final você possa dizer "o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas... por amor de vós" (1Ts 1:5) e os que acompanharem o debate possam concluir que "a misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram" (Sl 85:10).

Segundo: reflita no que crê

Antes de tirar o cisco do olho do irmão, convém tirar a trave do próprio. Assim, antes de apontar o erro calvinista, você precisa repensar a própria fé, à luz da Bíblia. "Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos" (2Co 13:5a). Algumas afirmações nos parecem verdadeiras, mas serão de fato bíblicas? Por exemplo, será que a declaração "se o homem não tem livre arbítrio, Deus seria injusto se o condenasse" pode ser demonstrada escriturísticamente? Ou então, perguntas do tipo "se alguns já estão eleitos, por que Jesus morreu?" tem sentido, biblicamente falando? Submeta seus pressupostos "à lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles" (Is 8:20). Antes de reprovar a fé alheia, coloque à prova a sua própria fé "se não é que já estais reprovados" (2Co 13:5b).

Terceiro: defina os conceitos

Na controvérsia com os calvinistas, alguns termos são recorrentes. Livre arbítrio, predestinação, presciência, perseverança e graça irresistível são apenas alguns deles. Mas será que você os usa com o mesmos sentido que seu irmão calvinista entende? E será que o sentido em que você toma esses termos é o sentido que os mesmos tem na Escritura? Assim como há "tanta espécie de vozes no mundo, e nenhuma delas é sem significação" (1Co 14:10), há também muitos significados para um mesmo termo e "se eu ignorar o sentido da voz, serei bárbaro para aquele a quem falo, e o que fala será bárbaro para mim" (1Co 14:11), vale dizer, falarão e falarão e não se entenderão. E, pelo menos para os termos que ocorrem na Bíblia, o sentido adotado deve ser aquele que tinham para seu escritor e para os leitores originais.

Quarto: compreenda a doutrina calvinista

Não se iluda. A maior parte do que você "sabe" sobre a doutrina calvinista está errada, trata-se de uma má representação dela. Por exemplo, acreditar que um eleito será salvo mesmo que não creia no evangelho ou que se desvie completa e definitivamente dele, morrendo em pecado. Neste ponto, é bom seguir o exemplo de Jesus: "Então, Jesus lhe perguntou: Que está escrito na Lei? Como interpretas?" (Lc 10:26). Pedir para um calvinista que explique o que ele crê exatamente sobre um assunto evita que você dê uma de Dom Quixote, brandindo espada a moinhos de vento.

Quinto: comece e termine com a Bíblia

Segundo a própria Bíblia "nada podemos contra a verdade, senão pela verdade" (2Co 13:8). E quando lembramos que Jesus disse "a tua palavra é a verdade" (17:17), o que a Escritura diz, e só o que ela diz, realmente importa. Aquilo que achamos ou que outros dizem torna-se irrelevante diante das declarações da Bíblia. Os calvinistas, em geral, tem pouco apreço por teorias humanistas, do tipo "o homem é a medida de todas as coisas", "dever implica poder" e "sem liberdade não há responsabilidade". Se você quiser ter êxito contra eles, comece com um "a Bíblia diz" e mostre exatamente onde e como ela diz isso.

Mas prepare-se para examinar o contexto e descobrir a intenção do autor. Pois os calvinistas não se contentam com textos-provas, isolados de seus contextos e sem consideração das características e necessidades dos leitores originais. Além disso, costumam separar declarações bíblicas de inferências livres. Por exemplo, se você apresentar um texto que diga "o vencedor... de modo nenhum apagarei o seu nome do Livro da Vida" (Ap 3:5) como prova de que nomes podem ser apagados dali, ele vai dizer que sua inferência é inválida, pois o texto afirma positivamente o contrário.

Siga as dicas acima e boa sorte!

Soli Deo Gloria
sábado, 18 de dezembro de 2010
Você deve estar se perguntando o motivo por que mudei novamente o tema do blog. E avaliando se a mudança foi para melhor. Para deixar você pensar em coisas mais úteis, esclareço.

Não, não foi porque estou com tempo sobrando e na falta do que fazer comecei a brincar com códigos. Sobra trabalho e falta tempo, e se alguém acha que código é poesia, tal não sou eu. Tampouco foi porque não gostei do anterior, na verdade, foi com dor no coração e o pus de lado, pois não descartei-o completamente.

O que aconteceu, como os visitantes mais assíduos notaram, é que onde era para aparecer os últimos posts e os últimos comentários, aparecia apenas a palavra "carregando..." e nunca carregava de fato. Instalei, desinstalei e instalei de novo, e nada. Depois de horas olhando enigmaticamente para os códigos cheguei à seguinte conclusão: os gadget dependia de um javascript para localizar o link do feed (acho que nunca escrevi tanto "grego" como nessa frase) que devia estar hospedado em algum servidor que saiu do ar e puff!.

Nem dá para culpar os outros por isso. Minha prática é de sempre copiar as imagens e os javascript para um hospedeiro que confio, além de manter cópia no meu notebook, mas pela correria do segundo semestre, fui deixando, deixando até me deixarem na mão. Bem feito. Perdi um template novinho em folha, e do qual gostava.

Que fique a lição: template novo, bora fazer cópia das imagens, scripts e outros trecos para garantia. Coisa que ainda não fiz, confiando na máxima de que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Ou cai?

PS.: Alguns ajustes ainda precisam ser feitos. Então não cometam o pecado da murmuração se clicarem aqui ou ali e não acontecer o esperado. Com o passar dos dias ajusto, ou mudo de novo, dessa vez para o modelo simples do blogger.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Quem é este Deus que buscamos conhecer? A Escritura o descreve de muitas maneiras, e é perigoso sitiá-lo em qualquer delas como mais básica ou mais importante que as outras. Ao procurar sumariar os ensinos da Escritura, porém, podemos certamente fazer pior do que usar o conceito de “Senhorio” divino como nosso ponto de partida. “Senhor” (Yahweh no hebraico) é o nome pelo qual Deus se identificou no princípio da sua aliança com Israel (Êx 3.13-15; 6.1-8; 20.1s.). É o nome (kurios no grego) que foi dado a Jesus Cristo, como cabeça da Nova Aliança, como cabeça do seu corpo redimido (Jo 8.58; At 2.36; Rm 14.9). As confissões de fé fundamentais de ambos os testamentos confessam a Deus–Cristo–como Senhor (Dt 6.4ss.; Rm 10.9; 1Co 12.3; Fp 2.11).

Deus realiza os seus poderosos feitos para que saibam “que eu sou o Senhor” (cf. Êx 7.5; 14.4,18; Sl 83.18; 91.14; Is 43.3; 52.6; Jr 16.21; 33.2; Am 5.8). Nos pontos críticos da história da redenção, Deus anuncia: “Eu, eu mesmo, sou o Senhor” [NVI] (Is 41.4; 43.10-13, 25; 44.6; 48.12; cf. 26.4-8; 46.3s.; Dt 32.39s.,43; Sl 135.13; Os 12.4-9; 13.4ss.; Ml 3.6, que aludem a Êx 3.13-15). Em tais passagens, não somente “Senhor”, mas também a ênfase ao verbo “ser” evocam o nome-revelação de Êxodo 3.14. Jesus também frequentemente alude ao “Eu sou” ao apresentar o seu caráter e o seu ofício (Jo 4.26; 8.24, 28,58; 13.19; 18.5ss.; cf. 6.48; 8.12; 9.5; 10.7,14; 11.25; 12.46; 14.6; 15.1,5).

Um dos mais extraordinários testemunhos da divindade de Jesus é o modo como ele se identificava, e como os seus discípulos o identificavam, com Yahweh de Êxodo 3 – um nome tão intimamente associado a Deus que em certo ponto os judeus se tornaram temerosos até de pronunciá-lo. Para sumariar esses pontos: através de toda a história da redenção, Deus procura identificar-se para os homens como Senhor e ensinar-lhes e demonstrar para eles o significado desse conceito. 

“Deus é Senhor” – essa é a mensagem do Antigo Testamento; “Jesus Cristo é Senhor” – essa é a mensagem do Novo.

John M. Frame
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

A Igreja de Cristo é o grupo daqueles que Deus acolheu por sua graça através do seu filho Jesus Cristo, em quem todos os mistérios e promessas do Antigo Testamento são cumpridos (2Co 1:20). Um só povo, em diversas dispensações[1], povo de Deus em todos os tempos, frutos de um relacionamento especial estabelecido por Deus com Adão (em seu descendente com Eva) e especialmente confirmado, por Ele a Abraão (Gl 3:15 a 27) no provimento de um povo, e com Moises, no registro desse pacto (Ex 20)[2].

A Verdadeira Igreja, o corpo místico de Jesus, a comunidade dos salvos, é Católica (universal), invisível, atemporal, completa[3] e perfeita[4] (Ef 1: 10, 22-23; Cl 1: 18). É parte do Reino do Senhor Jesus já, agora aqui na Terra – embora ainda não em sua plenitude[5] – e nos Céus (agora) espiritualmente. É a casa e a família de Deus, fora da qual não há possibilidade de salvação.

Nela, todos os eleitos pela Graça, aqueles que pelo mundo inteiro professam (professaram e professarão) verdadeiramente Cristo como único Senhor e Salvador, estão conectados uns aos outros (e a ele – óbvio) e por ele são mantidos conectados. Essa Igreja não é o vínculo, nem instrumento do vínculo, mas é nela que esse vínculo fica evidente e é fortalecido (Ef 4;1 a 16).

Leia a íntegra deste belo e instrutivo texto, clicando AQUI.

Esli Soares
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Descobri que sou uma lenda. Na verdade não existo mais, sou uma estranha memória encarnada do passado. Eu e alguns milhões que andam por todo o mundo. Deixem que eu explique melhor...

Meu jovem primo aprendeu na sala de aula (do colégio Darwin, de ensino fundamental) que não existem mais calvinistas, e que os calvinistas acreditavam que quem se salvavam eram os ricos. Tal ensinamento foi ministrado por uma ignorante professora de história. Ao tentar rebater a "sábia" afirmação para corrigir a professora, obviamente ele (meu primo) foi ignorado.

Ele também é uma lenda! Na verdade uma grande parcela de presbiterianos e uma parcela menor de batistas e membros de outras confissões não passam de lendas então. Somos seres do além que nos misturamos às pessoas de carne e osso; as pessoas reais que sabem que nós não existimos!

Continue lendo AQUI.

Hélio Angotti Neto
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
A bondade de Deus se manifesta baseada em sua sabedoria inescrutável, e se manifesta segundo o conselho da sua vontade. Dizer que Deus é bom não significa dizer que Deus dá todas as coisas a todas as pessoas por igual. Não! Pensar dessa forma é não conhecer o Senhor. A partir da simples observação notamos que uma pessoa recebe muita saúde e outra, menos saúde, uma recebe muitos bens e outra, menos bens, uma recebe muita capacidade e outra, um pouco menos, uma recebe muitos anos e outra menos anos, mas todas elas são objetos da bondade de Deus. E é interessante notar que a bondade de Deus também estabelece a lei das compensações, de sorte que aquela pessoa que recebe mais numa área, recebe menos noutra área, e a outra pessoa que recebe menos na primeira área, recebe mais na área em que a outra recebe menos, e assim se manifesta a sabedoria inescrutável de Deus em gerenciar o exercício da sua bondade entre as suas criaturas. Todas as criaturas são do Senhor e por isso Ele é bom para com todas elas.

Pr. Edson de Azevedo
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
"Senhor, tu sabes tudo" Jo 21:17

Qualquer pessoa que se detenha a pensar na relação entre onisciência e livre-arbítrio reconhecerá que há uma tensão entre estes dois conceitos. Basicamente, a questão é se um evento ou uma escolha antevistos pode ser livre. Antes de avançarmos, convém definir o sentido em que estes termos são tomados.

Por onisciência entendemos que Deus conhece num único ato todas as coisas reais e possíveis, passado, presente e futuro. Tal conhecimento é perfeito, infalível e exaustivo. Sendo assim, o conhecimento infalível é determinador. Se algo foi antevisto de uma determinada forma, não pode ocorrer de outra, caso contrário o conhecimento não foi perfeito. Neste texto, tomamos livre-arbítrio como sendo o poder de escolha contrária, ou seja, diante de uma escolha a pessoa pode escolher igualmente entre as várias alternativas ou mesmo não escolher nenhuma delas. Para que uma escolha seja livre, deve existir a possibilidade de se fazer a escolha contrária.

Vamos tomar um exemplo prático. Suponhamos que na manhã do dia 8 de dezembro de 2017 eu abra a porta do guarda-roupa para escolher a camisa que vestirei para soprar as 50 velinhas de meu bolo de aniversário. Deus, que sabe todas as coisas perfeitamente, sabe que escolherei a camisa azul. Este conhecimento divino torna certo que eu vestirei a camisa azul, e nenhuma outra. Então, até que ponto minha escolha é livre, se de maneira nenhuma eu escolherei a camisa vermelha?

Diante de questões como essa, os homens procuram oferecer algumas saídas. Uma delas consiste negar ou modificar a definição de onisciência. Uns alegam que Deus conhece perfeitamente tudo o que existe e como o futuro ainda não existe, não pode ser conhecido. Aplicando ao nosso exemplo, como 2017 ainda não chegou, ninguém pode afirmar que cor de camisa estarei usando, nem Deus. Porém, como Deus me conhece muito bem e sabe que gosto de qualquer cor desde que seja azul, Ele pode melhor que ninguém presumir que usarei uma camisa azul. Ou seja, como Deus conhece o presente de forma perfeita, pode prever o futuro com enorme grau de precisão.

Uma outra posição, parecida com essa, afirma que Deus pode conhecer todas as coisas, mas decide não conhecer as escolhas livres, para preservar a liberdade das pessoas. Fazem um paralelo com a onipotência divina, afirmando que Deus realmente pode fazer todas as coisas, mas decide não fazer. Voltando ao nosso exemplo, Deus tem a capacidade de saber que camisa vou usar, mas para que eu possa escolher livremente, Ele decidiu não tomar conhecimento de minha escolha.

Uma terceira corrente defende que o conhecimento divino é perfeito e exaustivo e abrange cada mínimo detalhe do universo, inclusive as escolhas livres das pessoas. Mas que tal conhecimento não tira a liberdade das escolhas, ainda que torne essas escolhas certas. Em outras palavras, as pessoas são livres para escolher qualquer das alternativas, mas não escolherão diferente do que Deus previu. Segundo este ponto de vista, eu escolherei livremente, sem nenhum constrangimento por parte de Deus, a camisa azul e nenhuma outra. Esta visão faz clara distinção entre certeza e necessidade cega, entre determinação e fatalismo.

Apresentadas essas posições representativas, precisamos analisar qual é mais consistente com o ensino bíblico. Pois o padrão aferidor da verdade é a Escritura Sagrada.

A primeira posição nega frontalmente a doutrina da onisciência, conforme revelado nas Escrituras. Em Isaías Deus afirma “anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade” (Is 46:10). O argumento de que Deus conhece tudo o que existe e que o futuro não existe e por isso não pode ser conhecido por Deus é derrubado com essa simples declaração. Ele anuncia o fim desde o princípio e faz saber as coisas que ainda não aconteceram. Deus conhece o futuro!

A segunda posição, embora tente se manter bíblica, redefine a onisciência divina. Há uma diferença básica entre onipotência e onisciência. Onipotência significa que Deus pode fazer todas as coisas. Onisciência significa que Ele sabe todas as coisas. No primeiro caso, há uma capacidade que pode ser usada ou não, de acordo com a vontade do Senhor. No segundo, não se trata de uma capacidade, mas de um fato consumado. Em nenhum lugar a Bíblia sugere que Deus limita seu conhecimento para preservar a liberdade da criatura. Portanto, não há base bíblica para essa auto-limitação divina em favor da liberdade do homem.

A terceira posição é a apresentada na Bíblia, que tanto afirma o conhecimento certo e infalível de Deus como a liberdade e responsabilidade do homem pelas suas escolhas. Vejamos uma passagem Bíblia onde essas duas verdades são mantidas lado a lado: “a este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos” (At 2:23). O conselho divino precede Sua presciência e as ações livres dos homens, sem que isto o torne menos culpados pelas suas escolhas e ações más.

Qual é a sua posição?

Soli Deo Gloria
domingo, 12 de dezembro de 2010
Reações Contrastantes Quanto à Doutrina da Perseverança

Esta doutrina sobre a perseverança dos verdadeiros crentes e santos, e sobre sua garantia dela — uma doutrina que Deus tem ricamente revelado em sua Palavra para a glória do seu nome e para o consolo dos santos e que ele imprime nos corações dos crentes — é algo que a carne não entende, que Satanás odeia, que o mundo ridiculariza, que o ignorante e o hipócrita fazem mau uso, e que o espírito de erro ataca. A noiva de Cristo, por outro lado, tem sempre amado mui ternamente esta doutrina e a tem defendido firmemente como um tesouro inestimável; e Deus, contra quem nenhum plano pode ter eficácia e nenhuma força pode prevalecer, irá assegurar que ela continue assim fazendo. Ao único Deus, Pai, Filho, e Espírito Santo seja a honra e a glória para sempre. Amém.

Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus. Ap 14:12

Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja. Ef 5:32

O SENHOR desfaz o conselho dos gentios, quebranta os intentos dos povos. O conselho do SENHOR permanece para sempre; os intentos do seu coração de geração em geração. Sl 33:10-11

E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá. A ele seja a glória e o poderio para todo o sempre. Amém. 1Pe 5:10-11
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Ao mesmo tempo em que se preocupava com a expansão do movimento, Calvino desejava manter a unidade da igreja reformada. Calvino sempre se demonstrou solícito em dialogar e buscar a unidade dos protestantes. Em várias de suas cartas, Calvino demonstra o desejo de ver as igrejas reformadas unidas, encontrando um caminho para o diálogo entre as várias vertentes e cidades sob a Reforma. Quando foi convidado pelo arcebispo Cranmer para uma reunião para tratar a respeito das divergências da Ceia do Senhor, com o objetivo de fazer um credo que fosse consensual para as igrejas reformadas, em sua resposta, a certa altura, Calvino disse: “Estando os membros da igreja divididos, o corpo sangra. Isso me preocupa tanto que, se pudesse fazer algo, eu não me recusaria a cruzar até dez mares, se necessário fosse, por essa causa” (1980, págs. 132-133). Anteriormente, ele já havia dito que os zwinglianos e os luteranos tinham errado em não entrar num acordo sobre esse tema. Ele comentou: “Erraram em não ter paciência para escutar-se a fim de seguir a verdade sem parcialidade, onde quer que se encontrasse”

É claro que não se faria justiça ao ensino do reformador se fosse dito que ele era um ecumênico nos termos atuais. Calvino foi um reformador, ele criou uma igreja separada de Roma e não tinha a menor intenção de se reconciliar com o papado. Calvino tinha uma fixação pela verdade e um rigor pela precisão doutrinária. Ele com certeza não estava disposto a sacrificar a verdade pela unidade, porém, segundo Leith, dentro do possível, ele poderia até admitir alguns erros doutrinários menores dos outros para manter a unidade. É claro que desde que não comprometesse o todo e não fossem assuntos referentes à salvação. Calvino entendia que uma igreja que mantivesse razoavelmente a pregação da Palavra e a administração dos sacramentos, mesmo que tivesse alguns problemas e pequenos desvios teológicos, ainda deveria ser considerada como verdadeira. Ele escreveu:

Pois se mantém o ministério da Palavra, tendo-a em alta estima, e tem a administração dos sacramentos, deve-se ter por igreja de Deus. Porque é certo que a Palavra e os sacramentos não podem existir sem produzir fruto. Desta maneira conservaremos a união da igreja universal (Institutas, IV, 1,9).

Logo em seguida ele repete a mesma ideia com mais detalhes:

É certo que onde quer que se escute com reverência a pregação do Evangelho e não se menospreza os sacramentos, ali há uma forma de igreja, de que se não pode duvidar, e não é lícito menosprezar a sua autoridade, ou fazer caso omisso de suas admoestações, nem contradizer seus conselhos, ou burlar suas correções. Muito menos será lícito afastar-se dela e romper sua união (Institutas, IV, 1,10).

Por outro lado, enfatizou que se uma igreja “pretende ser reconhecida como igreja não se pregando nela a Palavra de Deus, nem se administrando seus sacramentos, não tenhamos menor dificuldade de fugir de tal temeridade e soberba para não ser enganados com tais embustes” (Institutas, IV, 1,11). Calvino sabia fazer distinção entre assuntos principais e assuntos secundários. Ele escreveu:

Porque nem todos os artigos da doutrina de Deus são de uma mesma espécie. Há alguns tão necessários que ninguém os pode pôr em dúvida como primeiros princípios da religião cristã. Tais são, por exemplo: que existe um só Deus; que Jesus é Deus e Filho de Deus; que nossa salvação está só na misericórdia de Deus. E assim outras semelhantes. Há outros pontos em que não concordam todas as igrejas e, contudo, não rompem a união da igreja. Assim, por exemplo, se uma igreja sustém que as almas são transportadas ao céu no momento de separar-se de seus corpos, e outra, sem se atrever a determinar o lugar, diz simplesmente que vivem em Deus, quebrariam estas igrejas entre si o amor e o vínculo da união, se esta diversidade de opinião não fosse por polêmica ou por obstinação? (Institutas, IV, 1,12).

Nisso, é possível perceber que Calvino estava disposto a tolerar divergência de opiniões, desde que não comprometessem o ensino central a respeito da salvação e dos meios de graça. Ele obviamente achava que as polêmicas causavam mais prejuízos, por isso admoestou os fiéis a se manter unidos na igreja:

É verdade que é muito melhor estar de acordo em tudo e por tudo; mas dado que não há ninguém que não ignore alguma coisa [nuvenzinha de ignorância], ou não poderemos aceitar nenhuma igreja, ou perdoaremos a ignorância aos que faltam em coisas que podem ignorar sem perigo algum para a salvação e sem violar nenhum dos pontos principais da religião cristã. Não é meu intento sustentar aqui alguns erros, por pequenos que sejam, nem quero mantê-los dissimulados e fazendo como se não os visse. O que defendo é que não devemos abandonar por qualquer dissensão uma igreja que guarda em sua pureza e perfeição a doutrina principal de nossa salvação e administra os sacramentos como o Senhor os instituiu. Do mesmo modo, se procuramos corrigir o que ali nos desagrada, cumprimos com nosso dever (Institutas, IV, 1,12).

Calvino estava disposto até a tolerar certas “extravagâncias” litúrgicas para o bem da unidade da igreja, como parte das cerimônias da igreja anglicana que ele considerava “toleráveis” (1980). Seu resumo de tudo isso é: “Quero dizer em poucas palavras que, ou renunciamos à comunhão da igreja, ou se permanecemos nela, não perturbemos a disciplina que possui” (Institutas, IV, 1,12).

Calvino adverte severamente contra aqueles que procuravam encontrar divisões nas igrejas a partir de um zelo irrefletido:

Este grande rigor e severidade, na maioria das vezes, nasce da soberba, arrogância e falsa santidade; não de verdadeiro nem de autêntico zelo dela [...]. Os homens malignos que por desejo de polêmica, mais que por ódio que podem ter contra os vícios, se esforçam em atrair a si os simples, ou em dividi-los, estão inchados de altivez, transbordando de obstinação, astutos para caluniar, ardendo em sedições, e pretendendo usar de severidade para que todo mundo creia que eles possuem a verdade; abusam para conseguir seus cismas e divisões na igreja, enquanto que a Escritura nos manda ter moderação e prudência na correção das faltas dos irmãos com amor sincero e união de paz (Institutas, IV, 1,16).

Sua conclusão novamente é curta e clara: “E finalmente, tenham em conta que, quando se trata de discernir se uma igreja é de Deus ou não, o juízo de Deus deve ser preferido ao dos homens” (Institutas, IV, 1,16).

Calvino fazia uma distinção entre a igreja visível e a igreja invisível. A igreja invisível era composta de todos os crentes verdadeiros em todas as eras, inclusive os que já estavam no céu. A igreja visível, entretanto, não era perfeita, pois havia muitos hipócritas nela que, segundo Calvino, “de Cristo não tinham outra coisa senão o nome e a aparência” (IV, 1,7). Assim, Calvino concluía que: “Da mesma maneira que estamos obrigados a crer na igreja invisível para nós e conhecida somente de Deus, também se nos manda que honremos esta igreja visível e que nos mantenhamos em sua comunhão” (IV, 1,7).

Isso o ajudava a entender as imperfeições na igreja visível e a tolerá-las. Uma questão importante é que a “igreja” para Calvino e para os reformadores não era uma instituição definida em termos denominacionais, como se entende hoje, antes eles a definiram “em termos de ação de Deus no mundo e sacramento, e não em termos de estruturas ou de doutrina correta”. Assim, segundo Leith, este conceito de igreja permitiu que as comunidades reformadas reconhecessem os ministros, sacramentos e membros de outras igrejas. Nenhuma das principais comunidades cristãs tem sido mais ecumênica nesse sentido, ou mais aberta no reconhecimento de outros membros, sacramentos e ministérios cristãos.

Portanto, vemos em Calvino uma mistura de precisão doutrinária e tolerância, um zelo por pureza e expansão da igreja, que não foi comum encontrar em outros líderes religiosos da história.

Leandro Antonio de Lima
In: O futuro do calvinismo, Editora Cultura Cristã
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. Rm 8:29

O propósito da graça de Deus vem exposto nos versículos 29 e 30 por meio da proposição chamada "sorites", na qual o predicado lógico de uma cláusula torna-se o sujeito lógico da seguinte. Aqui, a nova criação — uma comunidade de homens e mulheres conformes à imagem de Cris­to (que é, Ele próprio, "a imagem de Deus", 2Co 4:4; Cl 1:15), é vista como sendo desde o princípio o objetivo da presciencia de Deus e de Sua misericórdia que se expressa na predestinação. Para os escritores do Novo Testamento, o cumprimento desse propósito está incluído nas palavras criadoras de Gênesis 1:26: "Façamos o homem à nossa imagem, confor­me a nossa semelhança." A velha criação é, por si mesma, insuficiente para tornar essa meta uma realidade: precisa da obra redentora de Cristo e da Sua conseqüente posição de Cabeça da nova criação, "a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos". Aquele que é "o primogênito de toda a criação" na velha ordem porque "tudo foi criado por meio dele e para ele", é também, pela ressurreição, a cabeça de uma nova ordem, "o princípio, o primogênito de entre os mortos" (Cl 1:15-18, RS-V, AA).

Com relação às palavras "aos que de antemão conheceu", têm aquela conotação da graça motivadora da eleição muitas vezes presente no verbo "conhecer", no Velho Testamento. Quando Deus toma conhe­cimento das pessoas desta maneira especial, faz recair nelas a Sua es­colha. Ver Amós 3:2 ("De todas as famílias da terra somente a vós outros vos conheci", AV); Oséias 13:5 ("Eu te conheci no deserto"). Podemos também usar para comparação a própria linguagem de Paulo em 1 Coríntios 8:3 ("Mas se alguém ama a Deus esse é conhecido por ele"); Gálatas 4:9 ("agora que conheceis a Deus, ou antes sendo conhecidos por Deus"). Este aspecto do conhecimento divino é também salientado no Regulamento da Comunidade, de Qumran: "Do Deus de Conhecimento provém tudo o que é e que será. Antes de existirem, Ele estabeleceu todo o desígnio para eles, e quando, conforme foi determinado para eles, vêm à existência, é de acordo com o Seu glorioso desígnio que eles realizam as suas obras".

F. F. Bruce
In: Romanos: introdução e comentário
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Humildade não significa ter a nosso respeito opinião inferior à que merecemos, mas ter noção exata da nossa fraqueza e do nosso pecado. Somos demasiadamente fracos por nós mesmos para fazer o que quer que seja, até mesmo existir. É unicamente o poder de Deus que nos permite fazer alguma coisa, incluindo andar na direção dele. Assim, o orgulho é como um furto: os orgulhosos tomam para si mesmos a glória de Deus.

Para desenvolver a humildade pessoal ao meditar, simplesmente examine a sua vida. Suponha que todos os seus pensamentos de repente se tornassem transparentes perante o mundo. Se alguém soubesse que motivações secretas corrompem até suas ações mais nobres, você já não esperaria ser respeitado por sua bondade.

Pense como é vergonhosa a natureza do pecado, como é grande a reparação necessária para purificar-nos da culpa. Exigiu-se, nada menos que o sofrimento e a morte do Filho de Deus. Há espaço para o orgulho enquanto partilhamos de uma natureza como a nossa?

Todos nós amamos a humildade e odiamos o orgulho - nos outros.

Volte os olhos para o céu e veja como você é diferente dos anjos. Eles não contemplam a própria perfeição, mas todos compartilham a mesma alegria. Considere como é absurdo para pecadores humanos desfrutar de posições de respeito enquanto os magníficos serafins rendem homenagem somente a Deus. Que a pessoa sastifeita consigo mesma contemple nosso Senhor pregado e estendido na cruz, comparando-se com aquele resignado Salvador crucificado.

William Law
In: A biblioteca de C. S. Lewis
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? Mt 16:13

Nas prateleiras de livros de qualquer livraria temos a resposta. Títulos como "Jesus, o maior líder que já existiu", "Jesus, o maior educador da história" e "Jesus, o maior psicólogo que já existiu", todos da Editora Sextante, além de "Jesus, o maior executivo que já existiu", publicado pela Editora Elsevier , e muitos outros nessa mesma linha, nos informam que Jesus é um modelo de professor, psicólogo, líder e homem de negócio. Um sábio que nos poucos anos que viveu sobre a terra deixou lições que podem ser seguidas por todos aqueles que quiserem ter êxito nas mais diversas áreas.

Os contemporâneos de Jesus tinham opiniões, por assim dizer, mais espirituais a respeito de Jesus. À pergunta de Jesus "eles disseram: uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas" (Mt 16:14). João Batista não gozava de uma boa imagem perante os religiosos da época, mas era popular entre o povo, até ser morto por Herodes. Certamente que considerar Jesus João Batista ressuscitado era uma avaliação positiva. O mesmo com relação a Elias, que o povo esperava como precursor do Messias, em cumprimento às promessas. Ser equiparado a Jeremias, o profeta que empresata o nome ao conjunto dos livros chamados proféticos, também era uma consideração e tanto. Mesmo ser tratado como "um dos profetas" do Antigo Testamento era um elogio, pois eram heróis da fé do povo.

Apesar disso, os contemporâneos de Jesus  ficaram muito aquém de descrever quem Ele era realmente. E muito menos fazem aqueles que pensam estar honrando Jesus ao destacar suas habilidades como mestre, gestor de pessoas ou empreendedor. Se é que realmente estão interessado em destacar  a pessoa de Jesus,  não apenas vender livros. Pois o que fazem, na verdade, é encobrir o que Jesus realmente é, colocando em evidência algum aspecto de Sua humanidade.

Não satisfeito com as respostas recebidas, Jesus torna a pergunta pessoal: "e vós, quem dizeis que eu sou?" (Mt 16:15). Pedro, mais uma vez assumindo o papel de porta-voz do grupo declara: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16:16). Esta, e somente esta, é a resposta que satisfaz plenamente a pergunta de Jesus, pois vai além dos aspectos aparentes de seu ministério e torna ridícula as ênfase em suas competências administrativas, pois trás à luz o fato mais importante sobre Sua pessoa: Ele é Deus!

Os homens aceitam facilmente Jesus como educador, psicólogo, líder e não fariam objeções a qualificações dele como oculista, carpinteiro, médico, guia turístico ou o que quer que seja, desde que não sejam confrontados com a verdade de que Ele é Deus. Da mesma maneira que designações como iluminado, rabi e profeta são aceitáveis, mas à alusão de que Ele é o Filho Unigênito de Deus pegam em pedras, rangem os dentes ou, na melhor das hipóteses, maneiam a cabeça de forma condenscendente com "a fé ignorante" dos que crêem assim.

Mas o fato é que Jesus é Deus e esta verdade precisa ser reafirmada, sob pena de Jesus não passar de mais um Buda ou Confúncio. A verdade bíblica é que "no princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus" (Jo 1:1). É impossível escrever um livro que esgote a profunidade das verdades expressas nessas três simples declarações. A pré-existência, a co-existência com Deus e o fato de ser  o próprio Deus tem rendido tratados e mais tratados e ainda assim muito mais poderia ser dito. No entanto, a frase de Pedro bastou para expressar toda verdade aqui contida:  "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16:16).

Por isso o entusiasmo de Jesus ao dizer a Pedro "bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus" (Mt 16:17). E aqui temos, também, a razão porque os homens toleram que Jesus seja um líder excepcional e até um religioso exemplar, mas de maneira alguma aceitam a sua divindade: isto não pode ser aceito naturalmente, mas é necessária uma revelação sobrenatural. Inteligência não é o caso aqui. "Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos" (Mt 11:25). Reconhecer Jesus como Deus é privilégio dos que tiveram seus olhos abertos pelo Espírito Santo.

A pergunta de Jesus vai do geral ("que dizem os homens") para o pessoal ("e vós, quem dizeis"). Isto significa que não basta subscrever acriticamente um credo no qual a divindade de Jesus é afirmada, por mera formalidade para o batismo. É necessário uma convicção interna, pessoal, dada pelo Espírito Santo, que nos leve a confessar, como Tomé "Senhor meu, e Deus meu!" (Jo 20:28).

E para você, quem Jesus é?

Soli Deo Gloria