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quinta-feira, 16 de março de 2006
O título acima não é criação minha. Devo direitos autorais à Igreja Universal do Reino de Deus, que lançou uma pulseira com esses dizeres. Na edição 726 da Folha Universal, no Segundo Caderno a oração é colocada em destaque, com a chamada "Fórmula de Sucesso". Confesso que perdi a capacidade de me surpreender com as inovações da IURD, e isto lá pela época em que fez a campanha de troca de anjo. Mas tenho que reconhecer a criatividade da equipe que cria essas novidades.

Mas voltemos à pulseira, mais específicamente à oração nela inscrita. Qual o problema de usar uma pulseira ou colocar no jornal a oração "Ó Deus, não esqueça que sou dizimista"? Sem entrar na controvérsia da vingência do dízimo no Novo Testamento, há alguns sérios problemas. O primeiro deles é que a expressão pressupõe que Deus pode se esquecer de alguma coisa e neste sentido atenta contra a onisciência divina. Deus conhece todas as coisas, passadas, presentes e futuras num ato simples. Ou seja, Deus não adquire conhecimento como o homem, não armazena informações na memória como o homem e também não se esquece como o homem se esquece, às vezes de coisas importantes. Lembrar Deus de alguma coisa é um absurdo só concebível pelos marqueteiros da Igreja Universal do Reino de Deus, numa provável disputa interna pela criação da campanha mais bizarra. Se este for o caso, o autor é um forte candidato ao troféu talento, categoria campanha esdrúxula.

Outro ponto, diz respeito à cobrança explícita a que Deus retribua à fidelidade do sujeito. Pela insistência, tornada pública através do uso da pulseira, a cobrança assume ares de chantagem. É algo como se estivesse dizendo para Deus que ficaria feio para ele se o dizimista fiel andasse por aí sem ostentar prosperidade material. Acontece que nossa contribuição não é uma aplicação financeira para recebermos dividendos, antes é a devolução de parte daquilo que Deus já nos deu. Nada há a reinvidicar como direito ou cobrar como retorno de uma suposta fidelidade. Além disso, reduzir a fidelidade a Deus a entrega de um percentual de nossas finanças é tornar mesquinha a vida cristã. Finalmente, a tal pulseira serve mais ao propósito de tornar público que alguém é dizimista que a qualquer outra coisa. Com isto, a pessoa pode ser vista como fiel, e isto não faz mal algum ao ego. Ainda mais se outras pessoas não estiverem usando a vistosa pulseira. E como fica o ensinamento de Jesus sobre não saber a esquerda o que dá à direita? Bem, fica lá na insignificante Bíblia Sagrada, que só deve ser usada de forma seletiva, para dar uma aparência de fundamento bíblico para as campanhas que se sucedem, mantendo as pessoas com uma impressão de que estão seguindo princípios bíblicos.

Portanto, a tal pulseira da IURD afronta a doutrina da pessoa essencial de Deus, tenta colocar a divindade contra a parede e estimula o orgulho religioso. Além de expor os evangélicos a uma situação mais constrangedora da que já estão diante da sociedade, que pode não reconnhecer muito bem o evangelho, mas tem olho vivo para estratégias arrecadatórias.

Cinco Solas recomenda: Dízimo: uma breve história