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domingo, 25 de agosto de 2013
Que é a fé? A fé cristã não é opinião e convicção humana, mas confiança extremamente firme, e o claro e inabalável assentimento do espírito, e finalmente a apreensão certíssima da verdade de Deus apresentadas nas Escrituras e no Credo dos Apóstolos, assim como apreensão do próprio Deus, o supremo bem, e especialmente da promessa de Deus e de Cristo, que é o cumprimento de todas as promessas.

A fé é dom de Deus. Mas esta fé é simplesmente um dom de Deus, que só ele pela sua graça, segundo a sua medida, concede aos seus eleitos quando, a quem e quanto ele quer. E ele realiza isso pelo Espírito Santo, pela pregação do Evangelho e pela oração fiel.

O aumento da fé. Essa fé pode também ser aumentada por Deus; se assim não fosse, o apóstolo não teria dito: “Senhor: aumenta-nos a fé” (Luc 17.5). Tudo o que até aqui temos dito com respeito à fé, os apóstolos ensinaram antes de nós. São Paulo disse: “Ora, a fé é hypostasis ou a certeza das cousas que se esperam, a elegchos, isto é, a convicção dos fatos que se não vêem” (Heb 11.1). E noutro passo ele diz que todas as promessas de Deus são sim por Cristo, e pelo mesmo Cristo são amém (II Co 1.20). E aos filipenses ele disse que a eles lhes foi dado crer em Cristo (Fil 1.29). Noutro passo: Deus concedeu a cada um a medida da fé (Rom 12.3). Noutro ainda: “Nem todos têm fé” e, “Nem todos obedecem ao Evangelho” (II Tes 3.2; Rom 10.16). Também Lucas atesta, dizendo: “Creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (At 13.48). Eis porque São Paulo também a chama “a fé dos eleitos de Deus” (Tit I.1 ), e outra vez: “A fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cristo” (Rom 10.17). Em outras partes, com freqüência, manda que os homens orem pedindo fé.

Fé eficaz e ativa. O mesmo apóstolo chama a fé “eficaz” e “que atua pelo amor” (Gal 5.6). Ela também acalma a consciência e abre um livre acesso para Deus, de modo que podemos aproximar-nos dele com confiança e dele conseguir o que é útil e necessário. A mesma (fé) conserva-nos no serviço que devemos a Deus e ao próximo, fortalece-nos a paciência na adversidade, molda uma verdadeira confissão e manifesta-a: numa palavra, produz bons frutos de todas as espécies, e boas obras.
domingo, 18 de agosto de 2013
Que é justificação? Segundo o apóstolo no seu tratamento da justificação, justificar significa “perdoar pecados”, “absolver de culpa e castigo”, “receber em graça” e “declarar justo”. Em sua Epístola aos Romanos o apóstolo diz: “É Deus quem os justifica. Quem os condenará?” (Rom 8.33). Justificar e condenar são termos opostos. E nos Atos dos Apóstolos o apóstolo diz: “Tomai, pois, irmãos, conhecimento de que se vos anuncia remissão de pecados por intermédio deste; e por meio dele todo o que crê é justificado de todas as cousas das quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés” (At 13.38 ss). Na Lei, assim como nos Profetas, lemos: “Em havendo contenda entre alguns, e vierem a juízo, os juizes os julgarão, justificando ao justo e condenando ao culpado” (Deut 25.1). E em Is. cap. 5: “Ai dos que... por suborno justificam o perverso”.

Somos justificados por causa de Cristo. É absolutamente certo que todos nós somos por natureza pecadores e ímpios, e diante do tribunal de Deus somos acusados de impiedade e réus de morte, mas, só pela graça de Cristo, sem qualquer mérito nosso ou consideração por nós, somos justificados, isto é, absolvidos dos pecados e da morte por Deus, o juiz. Que é, com efeito, mais claro do que o que disse São Paulo? “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rom 3.23 ss).

A justiça imputada. Cristo tomou sobre si mesmo e carregou os pecados do mundo, e satisfez a justiça divina. Portanto, é só por causa dos sofrimentos e ressurreição de Cristo que Deus é propício para com nossos pecados e não no-los imputa, mas imputa-nos como nossa a justiça de Cristo (II Co 5.19 ss; Rom 4.25), de modo que agora não só estamos limpos e purificados de pecados ou somos santos, mas também, sendo-nos dada a justiça de Cristo, e sendo nós assim absolvidos do pecado, da morte ou da condenação, somos finalmente justos e herdeiros da vida eterna. Propriamente falando, portanto, só Deus justifica, e justifica somente por causa de Cristo, não nos imputando os pecados, mas a sua justiça.

Somos justificados somente pela fé. E porque recebemos esta justificação, não por quaisquer obras, mas pela fé na misericórdia de Deus e em Cristo, por isso ensinamos e cremos, com o apóstolo, que o pecador é justificado somente pela fé em Cristo e não pela lei ou por quaisquer obras. O apóstolo diz: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei” (Rom 3.28). Também: “Porque se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não diante de Deus. Pois, que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça... Mas ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica ao ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça” (Rom 4.2 ss; Gén 15.6). E outra vez: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”, etc. (Ef 2.8 ss). Portanto, porque a fé recebe Cristo, nossa justiça, e atribui tudo à graça de Deus em Cristo, por isso a justificação é atribuída à fé, principalmente por causa de Cristo, e não porque ela seja obra nossa, visto que é dom de Deus.

Recebemos Cristo pela fé. Além disso, o Senhor mostra sobejamente que recebemos Cristo pela fé, em João, cap. 6, onde ele usa comer por crer, e crer por comer. Pois, como é comendo que recebemos o alimento, assim é crendo que participamos de Cristo. A justificação não é atribuída parcialmente a Cristo ou à fé, e parcialmente a nós. Por conseguinte, não compartilhamos do benefício da justificação em parte por causa da graça de Deus ou de Cristo, e em parte por causa de nós mesmos, de nosso amor, de nossas obras ou de nosso mérito, mas atribuímo-lo totalmente à graça de Deus em Cristo pela fé. Mas também nosso amor e nossas obras não poderiam agradar a Deus, sendo realizados por homens injustos: por isso, é necessário que sejamos justos antes que possamos amar ou praticar obras justas. Somos feitos verdadeiramente justos, como dissemos, pela fé em Cristo, só pela graça de Deus, que não nos imputa os nossos pecados, mas a justiça de Cristo, e por isso, ele nos imputa a fé em Cristo como justiça. Ademais, o apóstolo mui claramente deriva da fé o amor, quando diz: “Ora, o intuito da presente admoestação visa o amor que procede de coração puro e de consciência boa e de fé sem hipocrisia” (I Tim 1.5).

Tiago comparado com Paulo. Por isso, aqui falamos, não de uma fé imaginária, vã e inerte ou morta, mas de uma fé viva e vivificante, a qual, por apreender a Cristo, que é vida e vivifica, é viva e se chama “viva” e se mostra viva por obras vivas. E assim São Tiago não contradiz coisa alguma nesta nossa doutrina. É que ele fala de uma fé vã e morta, da qual alguns se vangloriavam, mas que não tinham Cristo vivendo neles pela fé (Tiago 2.14 ss). São Tiago disse que as obras justificam, contudo sem contradizer o apóstolo (do contrário ele teria de ser rejeitado), mas mostrando que Abraão provou sua fé viva e justificadora pelas obras. É isso o que fazem todos os piedosos, confiados, porém, só em Cristo e não em suas próprias obras. O apóstolo ainda diz: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morre Cristo em vão”, etc. (Gal 2.20).
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
O Novo Testamento diz bem pouco acerca da condição dos ímpios entre a morte e a ressurreição, uma vez que sua preocupação principal é com o futuro do povo de Deus. Conforme vimos, a parábola do homem rico e Lázaro retrata o homem rico sofrendo tormentos no Hades após a morte. Talvez, a passagem mais clara do Novo Testamento, que trata da condição do ímpio morto durante o estado intermediário, seja a de 2 Pedro 2.9: “O Senhor sabe como livrar os homem justos de provações e como reservar os injustos para o dia do juízo, enquanto continua sua punição” (NIV). Pedro vem expondo a severidade do julgamento divino sobre os anjos que pecaram, sobre o mundo antigo e sobre Sodoma e Gomorra. De acordo com o verso 4, Deus lança os anjos que pecaram no inferno (no grego, Tartarys), para serem guardados até o julgamento. No verso 9, Pedro está falando acerca dos homens injustos. A estes, diz ele, Deus sabe como guardar ou manter sob punição até o Dia do Juízo - literalmente, enquanto são punidos. A palavra grega utilizada aqui, kolazomenous, é a forma de particípio passivo presente no verbo kolazo, (=punir). O tempo presente do particípio transmite a idéia de que esta punição é contínua (note a tradução da NIV, citada acima). As palavras eis hemeran kriseos (=até o Dia do Juízo), nos revelam que o que é descrito aqui não é o castigo final dos ímpios, mas uma punição que precede o dia do juízo36. Além disso, não pode ser sustentado que a punição aqui mencionada seja administrada somente nesta vida atual, uma vez que as palavras “até o dia do juízo” estendem claramente a punição até aquele dia. Esta passagem, portanto, confirma o que aprendemos na parábola do homem rico e Lázaro, e nos revela que os ímpios sofrem punição contínua (cuja natureza não nos é mais amplamente descrita aqui) entre a sua morte e o Dia do Juízo. 

Anthony Hoekema
A Bíblia e o Futuro.
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
Com relação ao conselho de Deus, a escritura ensina que ele é excelente e maravilhosos (Is 28:29; Jr 32:19), independente (Mt 11:26), imutável (Hb 6:17), indestrutível (Is 46:10) e que Deus é soberano sobre todas as coisas, inclusive sobre a transgressão dos injustos ao entregar Jesus à cruz e à morte (At 2:23; 4:28).

O fato de coisas e eventos, inclusive os pensamentos e atos pecaminosos dos homens, terem sido eternamente conhecidos e fixados nesse conselho de Deus, não subtrai deles o seu caráter, mas estabelece e garante todos eles, cada um com seu próprio tipo e natureza, em seu próprio contexto e circunstâncias. Incluídos neste conselho de Deus estão o pecado e a punição, mas também a liberdade e a responsabilidade, o senso de culpa e a consciência, a justiça e a lei. 

Nesse conselho de Deus tudo o que acontece está exatamente no mesmo contexto que está quando acontece diante de nossos olhos. As condições são definidas nele, assim como as consequências, os meios e os fins, as formas e os resultados, as orações e as respostas às orações, a fé e a justificação, a santificação e glorificação. De acordo com os termos do conselho, Deus deu Seu Filho unigênito para que todo aquele que nEle crê tenha a vida eterna.

Entendo que dessa forma, no sentido da Escritura, de acordo com o Espírito, que a confissão do conselho de Deus é uma fonte de rico conforto. Dessa forma nós aprendemos que não é uma casualidade cega, nem um destino obscuro, nem uma vontade irracional ou maligna, nem qualquer força natural que governa a raça humana e o mundo, e que o governo de todas as coisas está nas mãos do Deus Todo-Poderoso e do Paimisericordioso.

Certamente a fé é necessária para que se entende isso. É a fé que nos mantém constantes na luta da vida, é por causa dela que nós avançamos para o futuro com esperança e confiança. O conselho do Senhor permanece para sempre.

Herman Bavink
Teologia Sistem
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
“Porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” Mt 1:21

A ansiedade de José
Não raro ouvimos que Jesus veio para dar uma chance do homem se salvar. Porém, quando se refere à obra de Cristo, a Bíblia o faz em termos que dão a entender que Ele fez mais que meramente tornar a salvação possível. Ele veio efetivamente para salvar. É o que diz, por exemplo, a passagem em epígrafe.

É importante levarmos em conta que os verbos no grego, assim como no português, tem voz, tempo e modo. A voz mostra o relacionamento entre o sujeito e o verbo, se ele realiza ou sofre a ação descrita pelo verbo. O tempo expressa a qualidade e a ocasião que uma ação ocorre. E o modo denota a natureza da ideia verbal com respeito à realidade e está relacionado com o grau de certeza de uma ação, se ela é considerada real ou apenas potencial. Na análise das declarações bíblicas a respeito da obra de Cristo é importante examinarmos a voz, tempo e o modo dos verbos utilizados.

A um perturbado José apareceu um anjo do Senhor que o tranquilizou e disse que o nome do menino deveria ser Jesus. Jesus é a forma grega de Joshua (Josué), que por sua vez é a forma abreviada de Jehoshua, que significa “Jeová salva” ou “Jeová é a nossa salvação”. O significado do nome não sugere que Deus pode salvar ou que traz oportunidade de salvação, e sim que Ele é o salvador de Seu povo. Talvez por isso o nome Jesus é justificado através de uma ênfase na explicação dada pelo anjo. O Ele é enfatizado no original, algo como se destacasse que “é Ele quem salvará”.

A justificativa do nome humano que José deveria dar ao Filho de Deus é “porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (autos gar sozei ton laon autou apo ten hamartion auton, Mt 1:21). O verbo sozo significa “salvar, libertar, resgatar, por a salvo”. Ele está na voz ativa, que indica quem realiza a ação de salvar, no caso, Jesus. O verbo está no modo indicativo, que descreve uma ação como real e não meramente como possível, contingente ou intencional. O modo indicativo não deixa margem para incerteza, ele sempre descreve algo que ocorreu, ocorre ou ocorrerá. Dessa forma, Jesus é assim chamado porque efetivamente salva o Seu povo de seus pecados, o que certamente inclui a salvação da culpa do pecado, do domínio do pecado, além da salvação da ira futura como castigo pelo pecado, ou seja, leva a cabo toda a obra de salvação.

Dessa forma, o anjo do Senhor justifica o nome de Jesus pelo fato de que Ele próprio salvará o Seu povo de seus pecados. Ele não é Salvador porque pretende salvar, mas porque salva de fato.

Soli Deo Gloria
domingo, 11 de agosto de 2013
Diligência na renovação da vida. Ademais os exemplos do Evangelho ensinam-nos quão vigilantes e diligentes devem ser os arrependidos no esforço de renovação de vida e na mortificação do homem velho e despertamento do homem novo. O Senhor disse ao paralítico que ele curara: “Olha que já estás curado; não peques mais, para que não te suceda cousa pior” (João 5.14). De igual modo, disse à adúltera a quem libertou: “Vai, e não peques mais” (cap. 8.11). Sem dúvida, por estas palavras ele não quis dizer que o homem, alguma vez, enquanto ainda vive nesta carne, não peque; mas recomenda vigilância cuidadosa e diligência para que nos esforcemos de todos os modos e supliquemos a Deus em nossas orações para não cairmos nos pecados dos quais como que ressuscitamos, e para não sermos vencidos pela carne, pelo mundo e pelo Diabo. Zaqueu, o publicano, recebido pelo Senhor em graça, exclama no Evangelho: “Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma cousa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais” (Luc 19.8). Portanto, do mesmo modo pregamos que restituição e misericórdia, e, até, esmolas, são necessárias para aqueles que verdadeiramente se arrependem, e exortamos todos os homens em toda parte com as palavras do apóstolo: “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado como instrumentos de iniqüidade; mas oferecei-vos a Deus como ressurrectos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus como instrumentos de justiça” (Rom 6.12 ss).

Erros. Por isso, condenamos todas as afirmações ímpias de alguns que fazem mau uso da pregação do Evangelho e dizem: “É fácil retornar a Deus; Cristo expiou todos os pecados: é fácil o perdão dos pecados; portanto, que mal há em pecar? Nem precisamos estar muito preocupados acerca do arrependimento, etc.” Não obstante, ensinamos sempre que o acesso a Deus está aberto a todos os pecadores, e que ele perdoa todos os pecados a todos os que crêem, exceto o pecado contra o Espírito Santo (Mc 3.29).

As seitas. Eis por que condenamos os antigos e modernos novacianos e os cataristas.

Indulgências papais. Condenamos, de modo especial, a doutrina lucrativa do Papa sobre a penitência, e contra a sua simonia e as suas indulgências simoníacas usamos o julgamento de São Pedro com respeito a Simão: “O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir por meio dele o dom de Deus. Não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus” (At 8.20 ss).

Satisfações. Não aprovamos também aqueles que pensam que, pelas suas satisfações, reparam os pecados cometidos. Ensinamos que só Cristo, pela sua morte ou paixão, é a satisfação, a propiciação ou a expiação de todos os pecados (Is. cap. 53; I Co 1.30). Contudo, como já dissemos, não cessamos de insistir na mortificação da carne. Mas acrescentamos que essa mortificação não deve ser orgulhosamente exaltada perante Deus como satisfação pelos pecados, mas deve ser realizada humildemente, de conformidade com a natureza dos filhos de Deus, como uma nova obediência resultante da gratidão pelo livramento e pela satisfação plena obtidos pela morte e satisfação do Filho de Deus.
terça-feira, 6 de agosto de 2013
Esta é a parte final do artigo que avalia a compatibilidade entre o pentecostalismo e o calvinismo. Recomendo que você leia as primeira e a segunda partes para melhor compreensão do tema.

A conciliação é possível

Uma constatação imediata da análise dos pontos distintivos dos dois sistemas teológicos é que pertencem à áreas distintas do conhecimento teológico. O cinco pontos do calvinismo são afirmações soteriológicas, enquanto que os dois pontos distintivos do pentecostalismo dizem respeito à pneumatologia. Óbvio que não são áreas estanques ou que um cristão possa manter sua convicções departamentalizadas. O calvinismo atribui um papel fundamental ao Espírito Santo na adoração, enquanto que o pentecostal mantém que a função principal do Espírito Santo é glorificar a Cristo, por quem somos salvos e por meio de quem recebemos o próprio Espírito Santo. Assim, sendo disciplinas distintas dentro de uma teologia sistematizada, não há conflito direto, mas estando inter-relacionadas, um exame sobre eventual incompatibilidade se faz necessário.

O maior potencial para conflito está no entendimento do que seja o Batismo com o Espírito Santo. Já houve quem pensasse que o mesmo se referia ao batismo realizado na igreja local sob direção do Espírito Santo ou que no batismo Deus infunde o Espírito Santo no batizando (RYRIE, 2003). Porém, o mais comum entre os não pentecostais é que o Batismo com o Espírito Santo seja entendido como parte da experiência de conversão-iniciação no Corpo de Cristo, quando não a mesma coisa. Os pentecostais por sua vez mantém a subsequência do Batismo com o Espírito Santo em relação à conversão. Mas será que esta diferença é tal que incompatibiliza uma convicção calvinista-pentecostal coerente?

Que o Batismo com o Espírito Santo é distinto do ato de regeneração e da experiência de conversão parece ser ponto comum, com exceção de poucos que dizem ser a mesmíssima coisa. O ponto em debate é a separalidade ou a subsequência. Mas mesmo neste caso, há suficiente testemunho de que os reformados nem sempre discordam dos pentecostais. R. A. Torrey ensinou que uma pessoa pode ou não ser batizada no momento da regeneração e refere-se ao batismo com o Espírito Santo de D. L. Moody como tendo ocorrido depois de sua conversão (RYRIE, 2003). Martyn Lloyd-Jones também se referiu ao Batismo com o Espírito Santo como uma experiência distinguível da regeneração e da conversão. Para ele, sempre que o Novo Testamento falava de crentes sendo cheios do Espírito Santo tratava-se de Batismo com o Espírito Santo, exceto Ef 5:18 (LARSEN, 2003). 

Os pentecostais, por sua vez, com sua ênfase na separalidade, de forma alguma desvalorizam a obra do Espírito Santo no novo nascimento. Para eles, tanto o pregar o evangelho, como o responder a ele, é uma obra do Espírito Santo. Nas palavras de FEE (1997), “fica claro disto tudo que a conversão do crente individual começa com um ato soberano de Deus, executado pelo Espírito Santo... a ação de Deus é claramente a anterior”. Para ele, “o Espírito parece tanto o que inicia a nossa fé como o que é recebido por essa mesma fé”. Quanto ao Batismo no Espírito Santo como iniciação-inclusão no corpo de Cristo, este é o entendimento de muitos pentecostais com relação a 1Co 12:13, entre eles R. M. Riggs, E. S. Williams, Donald Gee, P. C. Nelson e Myer Pearlman (HORTON, 1993). Portanto, as diferenças entre calvinistas e pentecostais quanto ao Batismo com o Espírito Santo em si não são tão evidentes, nem irreconciliáveis, especialmente à luz da herança comum das duas tradições.

Além disso, tanto calvinistas como pentecostais tem em comum o que Alister McGrath lista como características das igrejas evangélicas: suprema autoridade das Escrituras, majestade de Jesus Cristo, senhorio do Espírito Santo, necessidade de conversão pessoal, prioridade da evangelização e importância da comunidade cristã (BANISTER, 2001). Além disso, reinvidicam para si o fato de terem os mesmos antepassados. Os pietistas, que se reuniam nos domingos à tarde para estudar a Bíblia relatam que em seus dias foram batizados com o Espírito Santo. Os puritanos, calvinistas que eram estudantes metódicos da Palavra de Deus, incentivavam uns aos outros a buscarem uma outra experiência com o Espírito Santo, distinta da conversão, à qual chamavam de selo do Espírito. Os mestres de Keswick, entre os quais listam-se Hudson Taylor, Andrew Murray, F. B. Mayer, G. Campbell Morgan e D. L. Moody também se referiram a uma experiência mais abundante com o Espírito Santo, posterior à conversão. Todos eles podem, e geralmente são, considerados como antepassados tanto de tradicionais como de pentecostais (BANISTER, 2001).

Experiências recentes tem demonstrado que uma pessoa ou igreja pode, de forma coerente, manter convicções calvinistas e pentecostais. Existem seminários tradicionais dirigidos por teólogos pentecostais, ou por tradicionais e pentecostais em harmonia. Escolas pentecostais tem em seus quadros de professores calvinistas convictos. É cada vez maior o número de alunos pentecostais em seminários tidos como tradicionais (BANISTER, 2001). Um dos pontos do movimento chamado novo calvinismo é exatamente o ministério cheio do Espírito Santo, ou seja, a crença na atualidade dos dons espirituais (NIEL, 2011).

A associação é proveitosa

Porém, a associação entre calvinismo e pentecostalismo não é apenas possível, mas grandemente útil. Até mesmo obras críticas ao pentecostalismo reconhecem que há benefícios a serem desfrutados. Como exemplo, CHANTRY (1990) cita o interesse revivido no Espírito Santo, uma vez que a igreja tradicional tem menosprezado o ensinamento sobre o Espírto Santo. Depois de reconhecer que nem todas as igrejas pentecostais tem sido débeis na doutrina, MACLEOD (2005), diz ser possível  aprender muito com os pentecostais em termos de zelo, mobilização de todo o corpo de crentes e anelo pelo ministério do Espírito Santo. De outro lado, os pentecostais estão procurando chegar a um acordo com sua herança evangélica tradicional (MENZIES, 2002). Muitos reconhecem que falando de modo geral, deram mais ênfase à experiência que à teologia, o que os manteve afastados da ética e dos postulados doutrinários da Reforma Protestante (NAÑEZ, 2007). Uma relação com calvinistas resultará proveitosa em desenvolver uma maior robustez teológica.

BANISTER (2001) insiste que não precisamos escolher entre o legado tradicional e o renovado quando podemos aproveitar o que há de melhor nos dois mundos. Os pentecostais só tem a ganhar com pregações expositivas, maior ênfase na autoridade e suficiência das Escrituras, de uma visão mais bíblica do sofrimento e que o Reino de Deus ainda não está completo aqui. Os tradicionais ganhariam com uma maior ênfase no poder do Espírito, na crença que Deus fala ainda hoje, no culto participativo e de que o Espírito Santo deve ser experimentado. Uma mente calvinista e pentecostal não é uma mente dividida, mas uma mente que de forma consistente reconhece a soberania de Deus na salvação e na capacitação para o serviço.

Soli Deo Gloria
domingo, 4 de agosto de 2013
Confissão e absolvição sacerdotais. Cremos que é suficiente esta sincera confissão feita só a Deus, ou particularmente entre Deus e o pecador, ou publicamente na Igreja quando se faz a confissão geral de pecados, e que para se obter perdão de pecados não é necessário ninguém confessar seus pecados a um sacerdote, sussurrando-lhe aos ouvidos, para dele ouvir em troca a absolvição, com a imposição das mãos, porque não existe nenhum mandamento nem exemplo disso Santas Escrituras. David testifica e diz: “Confessei-te o meu pecado e a minha iniqüidade não mais ocultei. Disse: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a iniqüidade do meu pecado” (Sal 32.5). E o Senhor, ao ensinar-nos a orar e ao mesmo tempo a confessar nossos pecados, disse: “Pai nosso que estás nos céus... perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores” (Mat 6.9 e 12). Portanto, é necessário que confessemos nossos pecados a Deus, nosso Pai, e nos reconciliemos com nosso próximo, se o ofendemos. Quanto a esse tipo de confissão, o apóstolo São Tiago diz: “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros” (Tiag 5.16). Se, contudo, alguém se acha acabrunhado pelo peso de seus pecados e por tentações que o põem perplexo, e procurar conselho, instrução e conforto individualmente, ou de um ministro da Igreja, ou de um outro irmão instruído na Lei de Deus, não desaprovamos. Por outro lado, aprovamos plenamente a confissão de pecados geral e pública, que usualmente se realiza na Igreja e em reuniões de culto, como notamos acima, tanto mais que isso está de acordo com a Escritura.

Das chaves do Reino do Céu. Quanto às chaves do Reino de Deus, que o Senhor entregou aos apóstolos, muitos tagarelam inúmeras coisas espantosas, e com elas forjam espadas, lanças, cetros e coroas, e pleno poder sobre os maiores reinos, e, afinal, sobre almas e corpos. Julgando de modo singelo, segundo a Palavra do Senhor, dizemos que todos os que são legitimamente chamados ministros possuem e exercem as chaves, ou o uso das chaves, quando anunciam o Evangelho; isto é, quando ensinam, exortam, confortam, repreendem e exercem a disciplina sobre o povo confiado aos seus cuidados.

Abrir e fechar (o Reino). Desse modo abrem o Reino dos Céus aos obedientes e o fecham aos desobedientes. O Senhor prometeu essas chaves aos apóstolos em Mat, cap.16, e as deu em João, cap. 20, Marcos, cap. 16 e Lucas, cap.24, quando enviou seus discípulos e os mandou pregar o Evangelho a todo o mundo, e perdoar pecados.

O ministério da reconciliação. Na carta aos Coríntios diz o apóstolo que o Senhor deu o ministério da reconciliação aos seus ministros (II Co 5.18 ss). E ele explica qual é ele, dizendo que é a pregação ou o ensino da reconciliação. E, tornando suas palavras ainda mais claras, acrescenta que os ministros de Cristo desempenham o ofício de embaixadores em nome de Cristo, como se Deus mesmo por meio deles exortasse o povo a se reconciliar com Deus, sem dúvida nenhuma pela fiel obediência. Portanto, exercem o poder das chaves quando persuadem os homens à fé e ao arrependimento. Assim, reconciliam os homens com Deus.

Os ministérios proclamam a remissão de pecados. Assim, eles perdoam pecados. Abrem, assim, o Reino dos Céus e nele introduzem os crentes: mui diferentemente daqueles de quem o Senhor fala no Evangelho: “Ai de vós, intérpretes da lei! porque tomastes a chave da ciência; contudo, vós mesmos não entrastes e impedistes os que estavam entrando” (Luc 11.52).

Como os ministros absolvem. Os ministros, portanto, absolvem correta e eficazmente quando pregam o Evangelho de Cristo e nele a remissão de pecados, que é prometida a todo aquele que crê, assim como cada um é batizado, e quando testificam que ela pertence a cada um particularmente. E não julgamos que esta absolvição se torne mais eficaz por ser murmurada no ouvido de alguém ou individualmente sobre a cabeça de alguém. Pensamos, contudo, que a remissão de pecados pelo sangue de Cristo deve ser diligentemente anunciada, e que cada um deve ser avisado de que o perdão de pecados lhe pertence.