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domingo, 27 de abril de 2014
Cremos que Deus, quando o pecado do primeiro homem lançou Adão e toda a sua descendência na perdição [l] mostrou-se como Ele é, a saber: misericordioso e justo. Misericordioso, porque Ele livra e salva da perdição aqueles que Ele em seu eterno e imutável conselho [2], somente pela bondade, elegeu [3] em Jesus Cristo nosso Senhor [4], sem levar em consideração obra alguma deles [5]. Justo, porque Ele deixa os demais na queda e perdição, em que eles mesmos se lançaram [6].

1 Rm 3:12. 2 Jo 6:37,44; Jo 10:29: Jo 17: 2,9,12; Jo 18:9. 3 1Sm 12:22; Sl 65:4; At 13: 48; Rm 9:16; Rm 11:5; Tt 1:1. 4 Jo 15:16,19; Rm 8:29; Ef 1:4,5. 5 Ml 1:2,3; Rm 9:11-13; 2Tm 1:9; Tt 3:4,5. 6 Rm 9:19-22; 1Pe 2:8.

Confissão de Fé Belga
Artigo 16
domingo, 20 de abril de 2014
Cremos que, pela desobediência de Adão, o pecado original se estendeu por todo o gênero humano [l]. Este pecado é uma depravação de toda a natureza humana [2] e um mal hereditário, com que até as crianças no ventre de suas mães estão contaminadas [3]. É a raiz que produz no homem todo tipo de pecado. por isso, é tão repugnante e abominável diante de Deus que é suficiente para condenar o gênero humano [4].

Nem pelo batismo o pecado original é totalmente anulado ou destruído, porque o pecado sempre jorra desta depravação como água corrente de uma fonte contaminada [5]. 0 pecado original, porém, não é atribuído aos filhos de Deus para condená-los, mas é perdoado pela graça e misericórdia de Deus [6]. Isto não quer dizer que eles podem continuar descuidadamente numa vida pecaminosa. Pelo contrário, os fiéis, conscientes desta depravação, devem aspirar a livrar-se do corpo dominado pela morte (Romanos 7:24).

Neste ponto rejeitamos o erro do pelagianismo, que diz que o pecado é somente uma questão de imitação.

1 Rm 5:12-14,19. 2 Rm 3:10. 3 Jó 14:4; Sl 51:5; Jo 3:6. 4 Ef 2:3. 5 Rm 7:18,19. 6 Ef 2:4,5.

Confissão de Fé Belga
Artigo 15
quinta-feira, 17 de abril de 2014
Há consenso entre teólogos de diferentes tradições eclesiásticas a respeito de que a providência divina significa a obra pela qual Jeová preserva e governa a obra de Suas mãos. A preservação e o governo se entrelaçam e se complementam entre si na ação providencial de Deus. Ele preserva a criação governando-a e a governa preservando-a. Também temos mencionado que existe convergência entre a ação providencial de Deus e Seu reino. Esta convergência se faz notória, especialmente, quando destacamos o governo, o domínio, de Jeová sobre a criação. Revela-se então que Ele, e não o ser humano, é o Rei de tudo que foi criado.
 
O ensinamento bíblico quanto à providência divina é muito diferente da ideia grega de casualidade, ou de sorte. Segundo as escrituras judaico-cristãs, a providência não é uma força impessoal, mas a ação de um Deus pessoal que, sem renunciar a Sua soberania, confere ao ser humano liberdade de pensamento, decisão e ação, e permite que os processos naturais sigam seu curso. Além do mais, concede a homem e à mulher o privilégio de participar da preservação e do governo da criação.
 
A providência divina é diametralmente oposta ao fatalismo. Este sustenta que "todas as coisas ocorrem de acordo com um plano fixo, no qual não entram para nada as causas externas" (William N. Clarke). "Tudo acontece de maneira inexorável, por determinação de um processo cego (não racional) que deixa de fora a liberdade dos seres humanos. Ao contrário, o cristianismo ensina que a vontade de Deus, a qual controla os acontecimentos, é racional e boa" (Robert E. D. Clark). O fatalista pode cair numa resignação estéril diante da vida e as possibilidades que ela oferece de progresso pessoal e social. O missionário cristão deve procurar entender esta atitude negativa e apresentar com humildade e respeito o evangelho, a mensagem positiva e poderosa que pode nos livrar de tudo aquilo que nossa culpa nos impede de viver uma vida abundante.
 
Por outro lado, tal como diz João Calvino, "quando se fala da providência de Deus, esta palavra não significa que Deus está ocioso e considera desde os céus o que acontece no mundo, mas que é mais como o piloto de um navio, que governa o timão para ordenar tudo quanto há de acontecer".
 
Emilio Núñez
In: Hacia una misionología evangélica latinoamericana
Tradução: Cinco Solas
domingo, 13 de abril de 2014
Cremos que Deus criou o homem do pó da terra [1], e o fez e formou conforme sua imagem e semelhança: bom, justo e santo [2], capaz de concordar, em tudo, com a vontade de Deus. Mas, quando o homem estava naquela posição excelente, ele não a valorizou e não a reconheceu. Dando ouvidos às palavras do diabo, submeteu-se por livre vontade ao pecado e assim à morte e à maldição [3]. Pois transgrediu o mandamento da vida, que tinha recebido e, pelo pecado, separou-se de Deus, que era sua verdadeira vida. Assim ele corrompeu toda a sua natureza e mereceu a morte corporal e espiritual [4].

Tornando-se ímpio, perverso e corrupto em todas as suas práticas, ele perdeu todos os dons excelentes [5], que tinha recebido de Deus. Nada lhe sobrou destes dons, senão pequenos traços, que são suficientes para deixar o homem sem desculpa [6]. Pois toda a luz em nós se tornou em trevas [7] como nos ensina a Escritura: "A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela" (João 1:5). Aqui o apóstolo João chama os homens "trevas". Por isso, rejeitamos todo o ensino contrário, sobre o livre arbítrio do homem, porque o homem somente é escravo do pecado e "não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada" (João 3:27). Pois quem se gloriará de fazer alguma coisa boa pela própria força, se Cristo diz: "Ninguém pode vir a mim se o Pai que me enviou não o trouxer" (João 6:44)? Quem falará sobre sua própria vontade sabendo que "o pendor da came e inimizade contra Deus" (Romanos 8:7)? Quem ousará vangloriar-se sobre seu próprio conhecimento, reconhecendo que "o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus" (1Coríntios 2:14)? Em resumo: quem apresentará um pensamento sequer, admitindo que não somos "capazes de pensar alguma coisa como se partisse de nós", mas que "a nossa suficiencia vem de Deus" (2Coríntios 3:5)?

Por isso, devemos insistir nesta palavra do apóstolo: "Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua vontade" (Filipenses 2:13). Pois, somente o entendimento ou a vontade que Cristo opera no homem, está em conformidade com o entendimento e vontade de Deus, como Ele ensina: "Sem mim nada podeis fazer" (João 15:5).

1 Gn 2:7; Gn 3:19; Ec 12:7. 2 Gn 1:26,27; Ef 4:24; Cl 3:10. 3 Gn 3:16-19; Rm 5:12. 4 Gn 2:17; Ef 2:1; Ef 4:18. 5 Sl 94:11; Rm 3:10; Rm 8:6. 6 Rm 1:20,21. 7 Ef 5:8.

Confissão de Fé Belga
Artigo 14
domingo, 6 de abril de 2014
Cremos que o bom Deus, depots de ter criado todas as coisas, não as abandonou, nem as entregou ao acaso ou a sorte [1], mas que as dirige e governa conforme sua santa vontade, de tal maneira que neste mundo nada acontece sem sua determinação [2]. Contudo, Deus não é o autor, nem tem culpa do pecado que se comete [3]. Pois seu poder e bondade são tão grandes e incompreensíveis, que Ele ordena e faz sua obra muito bem e com justiça, mesmo que os demónios e os ímpios ajam injustamente [4]. E as obras dEle que ultrapassam o entendimento humano, não queremos investigá-las curiosamente, além da nossa capacidade de entender. Mas, adoramos humilde e piedosamente a Deus em seus justos julgamentos, que nos estão escondidos [5]. Contentamo-nos em ser discípulos de Cristo, a fim de que aprendamos somente o que Ele nos ensina na sua Palavra, sem ultrapassar estes limites [6].

Este ensino nos traz um inexprimível consolo, quando aprendemos dele, que nada nos acontece por acaso, mas pela determinação de nosso bondoso Pai celestial. Ele nos protege com um cuidado paternal, dominando todas as criaturas de tal modo que nenhum cabelo - pois estes estão todos contados- e nenhum pardal cairão em terra sem o consentimento de nosso Pai (Mateus 10:29,30). Confiamos nisto, pois sabemos que Ele reprime os demônios e todos os nossos inimigos, e que eles, sem sua permissão, não nos podem prejudicar [7]. Por isso, rejeitamos o detestável erro dos epicureus, que dizem que Deus não se importa com nada e entrega tudo ao acaso.

1 Jo 5:17; Hb 1:3. 2 Sl 115:3; Pv 16:1,9,33; Pv 21:1; Ef 1:11. 3 Tg 1:13; 1Jo 2:16. 4 Jó 1:21; Is 10:5; Is 45:7; Am 3:6; At 2:23; At 4:27,28. 5 1Rs 22:19-23; Rm 1:28; 2Ts 2:11. 6 Dt 29:29; 1Co 4:6. 7 Gn 45:8; Gn 50:20; 2Sm 16:10; Rm 8:28,38,39.

Confissão de Fé Belga
Artigo 13
sábado, 5 de abril de 2014
Um dos aspectos da vida de Jesus que mais tem assombrado os homens tem sido Sua absoluta santidade e impecabilidade. A Bíblia afirma repetidas vezes que Jesus é santo. Em Hebreus 7:26-27, diz:

“Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do que os céus,que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu” (Hebreus 7.26–27).

O argumento do escritor sagrado é enfático. os sacerdotes terrenos tinham que oferecer sacrifícios a favor de si mesmos antes de fazê-lo pelo povo. Jesus, sendo santo, inocente e sem mancha, pode oferecer-se a si mesmo uma vez por todas pelos pecados de sue povo. 

O mesmo escritor enfatiza a impecabilidade de Cristo, dizendo:

“Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado” (Hebreus 4.15).

Do mesmo modo o apóstolo João escreveu: Del mismo modo el apóstol Juan escribió: “Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado” (1João 3.5)

Durante Seu ministério terreno, Jesus desafiou os líderes religiosos dizendo-lhes: “Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos digo a verdade, por que razão não me credes?” (João 8.46). Até mesmo os demônios reconheceram que Jesus era o "Santo de Deus" (Marcos 1:24).

O apóstolo Paulo afirma que “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2Coríntios 5.21). Só um Cristo impecável poderia oferecer-se a Si mesmo como expiação pelos homens pecadores. Assim como o cordeiro pascal tinha que ser absolutamente santos e sem mancha (1Pedro 1:18-20; 2:22)

O apóstolo João, referindo-se à visão do profeta Isaías (6:1-3), afirma que Aquele de quem os serafins falaram, dizendo "Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos", era nada menos que o próprio Senhor Jesus Cristo. João disse “Isto disse Isaías porque viu a glória dele e falou a seu respeito” (João 12.41). Em resumo, o testemunho das Escrituras é enfático. Cristo foi e segue sendo impecável (Hebreus 13:8). Sua santidade é inquestionável. Tal características é uma demonstração de que Jesus é uma Pessoa Divina.

E. L. Carballosa
La deidad de Cristo
Tradução: Cinco Solas
sexta-feira, 4 de abril de 2014
"Está consumado"! Aquele que faz esse anúncio sobre a cruz é o Filho de Deus; foi Ele quem disse havia apenas um dia antes, em vista dessa consumação: "Eu te glorifiquei na terra, consuman­do a obra que me confiaste para fazer". Ele sabe o que está dizendo ao proferir isso; Ele é a "testemunha fiel e verdadeira". Suas pala­vras são verdadeiras e plenas de significado.

Ele faz esse anúncio diante do Pai, como se clamasse a Ele para confirmá-lo. Ele o faz diante do céu e da terra, diante dos homens e dos anjos, diante de judeus e gentios. Ele faz isso por nós. Ouçam, ó filhos dos homens! A obra que salva está concluída. A obra que justifica está feita.

A perfeição anunciada dessa forma é grandiosa e significa­tiva. É aquela pela qual todos os confins da terra se interessam. Tivesse ela sido deixada inacabada, que esperança haveria para o homem ou para a Terra do homem? Mas ela foi começada; levada a cabo e consumada; nenhuma falha se encontra nela; não lhe falta parte alguma; nem um "i" ou um "til" falhou. Ela é completamente perfeita.

Essa perfeição ou consumação nos proclama coisas como estas: a conclusão do propósito do Pai, a conclusão da expiação, a conclusão da obra justificadora, a perfeição do ato de levar o pecado e cumprir a lei, a perfeição da justiça, a perfeição da aliança e do selo da aliança. Tudo foi consumado, e consumado por Aquele que é o Filho do Homem e o Filho de Deus; consuma­do de modo perfeito e eterno; nada precisa ser acrescentado ou tirado dessa obra, seja pelo homem, por Satanás ou por Deus. O sepultamento do Substituto nada acrescenta a essa perfeição; a ressurreição não faz parte dessa obra justificadora. Tudo foi concluído na cruz.

Tudo está tão consumado que o pecador pode imediatamen­te utilizá-lo para ter perdão, descanso, aceitação e justificação. Permanecendo ao lado desse altar, onde o grandioso holocaus­to foi colocado e consumido a cinzas, o pecador sente que lhe foram dadas todas as bênçãos. E que aquilo que foi garantido pelo altar ignora o pecador simplesmente em virtude de ele ter tomado a sua posição diante do altar, identificando-se dessa maneira, com a vítima. Ali, o descontentamento divino contra o pecado exauriu a si mesmo; ali, a justiça foi obtida para o injusto; ali, o aroma suave do descanso está continuamente su­bindo de Deus; ali, a completa inundação do amor divino está sempre fluindo; ali, Deus encontra o pecador em Sua mais ple­na graça, sem reservas ou impedimento; ali, a paz que foi feita por meio do derramamento de sangue é encontrada pelo peca­dor; ali, a reconciliação é proclamada, e a voz que a proclama do altar chega até os confins da terra; ali, os embaixadores da paz tomam sua posição para cumprir sua missão diplomática, rogando aos filhos dos homens que estão perto e distante, di­zendo: Agora "somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus".

A ressurreição foi o selo grandioso e visível posto sobre essa perfeição. Ela foi a resposta do Pai ao clamor vindo da cruz: "Está consumado". Assim como no batismo Ele falou lá de Sua glória excelsa, dizendo: "Este é o meu Filho amado, em quem me com­prazo"; Ele também falou na ressurreição, não através de uma voz audível, mas dando, por meio dela, testemunho não apenas da ex­celência da Pessoa, mas também da perfeição da obra de Seu Filho Unigênito. A ressurreição nada acrescentou à propiciação feita na cruz; ela proclamou que ela já está consumada e é incapaz de ter um acréscimo ou uma perfeição maior.

A ascensão contribuiu para esse testemunho, principal­mente o fato de Ele se assentar à destra de Deus. "Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos peca­dos, ASSENTOU-SE à destra de Deus" (Hb 10.12). "Depois de ter feito a purificação dos pecados, ASSENTOU-SE à direita da Majestade, nas alturas" (Hb 1.3). A postura em pé dos antigos sacerdotes demonstrava que a obra deles era uma obra incom­pleta. O fato de o nosso Sumo sacerdote se assentar notifica a todo o céu que a obra está consumada, e que a "eterna redenção foi obtida". E aquilo que foi anunciado no céu foi proclamado na Terra por aqueles a quem Deus enviou, no poder do Espírito Santo, para contar aos homens as coisas que nem olhos viram e nem ouvidos ouviram.

Esse "assentar-se" continha o evangelho em si mesmo. A primeira nota desse evangelho ressoou em Belém, vinda da manjedoura onde o bebê foi posto; a última, veio do trono do céu, quando o Filho de Deus retornou, em triunfo, de Sua mis­são de graça na Terra e tomou o Seu lugar à destra da Majestade no céu.

Entre esses dois extremos, a manjedoura e o trono, quanta coisa está contida para nós! Todo o amor de Deus está ali. A su­prema riqueza da graça divina está ali. A plenitude do poder, da sabedoria e da justiça, que surgiu não para destruir, mas para salvar, está ali. Esses extremos são as duas paredes divisórias dessa maravilhosa despensa da qual devemos nos alimentar durante os tempos eternos.

Conhecemos um pouco do que está contido nessa casa do te­souro em alguma medida, mas o seu vasto conteúdo é imensurável e está além de toda a compreensão. A revelação eterna desse con­teúdo para nós será uma alegria perpétua. Além da excelência da herança, da beleza da cidade e da glória do reino, que nos levará a dizer: "Caem-me as divisas em lugares amenos", haverá em nos­so conhecimento sempre crescente das "insondáveis riquezas de Cristo", iluminação, renovação e satisfação, as quais, mesmo que todo o brilho exterior se desvanecesse, seriam suficientes para a nossa alma por todas as eras vindouras.

A presente glória de Cristo é a recompensa por Sua humi­lhação aqui. Porque Ele a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz, Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome. Ele usa a coroa de glória porque usou a coroa de espi­nhos. De caminho, bebe na torrente e passa de cabeça erguida (Sl 110.7).

Mas isso não é tudo. Essa glória à qual Ele é agora exaltado é o testemunho permanente, diante de todo o céu, de que Sua obra foi consumada na cruz. Ele disse: "Eu te glorifiquei na ter­ra, consumando a obra que me confiaste para fazer"; e depois ele acrescentou: "Agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo" (Jo 17.4,5).

Horatius Bonar
quinta-feira, 3 de abril de 2014
Definimos o evangelho da prosperidade como o ensino de que os crentes têm direito às bênçãos da saúde e da riqueza e que podem obter essas bênçãos por meio de confissões positivas de fé e da "semeadura", através de doações financeiras e materiais. O ensino da prosperidade é um fenômeno que atravessa muitas denominações em todos os continentes.

Nós ratificamos a graça e o poder milagroso de Deus e congratulamo-nos com o crescimento das igrejas e dos ministérios que levam pessoas a exercer a fé expectante no Deus vivo e no seu poder sobrenatural. Nós cremos no poder do Espírito Santo. No entanto, negamos que o poder milagroso de Deus possa ser tratado como uma técnica automática ou à disposição de humanos, ou ainda, manipulada por palavras, ações, dons, objetos ou rituais humanos.

Nós afirmamos que existe uma perspectiva bíblica da prosperidade humana e que a Bíblia inclui o bem estar material (tanto saúde como riqueza) em seu ensinamento sobre a benção de Deus. No entanto, consideramos como contrário à Bíblia o ensinamento de que o bem estar espiritual possa ser medido em termos de bem estar material, ou que a riqueza seja sempre um sinal da benção de Deus. A Bíblia mostra que a riqueza muitas vezes pode ser obtida através da opressão, do engano ou da corrupção. Negamos também que a pobreza, a doença ou a morte física sejam sempre sinais da maldição de Deus, ou evidência de falta de fé, ou o resultado de maldição humana, já que a Bíblia rejeita tais explicações simplistas.

Nós admitimos que seja bom exaltar o poder e a vitória de Deus. Mas cremos que os ensinamentos de muitos que promovem energicamente o evangelho da prosperidade distorcem seriamente a Bíblia; que suas práticas e seu estilo de vida geralmente são antiéticos e não semelhantes a Cristo; que eles costumam substituir o evangelismo genuíno pela busca de milagres, e substituem o chamado ao arrependimento pelo chamado para a contribuição financeira destinada à organização do pastor. Lamentamos que o impacto de seu ensino em muitas Igrejas seja pastoralmente prejudicial e espiritualmente doentio. É com alegria e firmeza que ratificamos toda iniciativa em nome de Cristo que busque trazer cura ao doente ou livramento duradouro da pobreza e do sofrimento. O evangelho da prosperidade não oferece nenhuma solução duradoura para a pobreza e pode desviar as pessoas da verdadeira mensagem e do verdadeiro caminho para a salvação eterna. Por essas razões, usando de sensatez, ele pode ser descrito como um evangelho falso. Por isso rejeitamos o excesso de ensino sobre prosperidade por ser incompatível com o cristianismo bíblico equilibrado.

Com insistência encorajamos os líderes da igreja e de missões presentes em contextos onde o evangelho da prosperidade seja popular, a compará-lo com atenção e cuidado ao ensino e exemplo de Jesus Cristo. Particularmente, todos nós precisamos interpretar e ensinar, segundo seu contexto e harmonia, os textos bíblicos comumente usados para sustentar o evangelho da prosperidade. Onde houver o ensino da prosperidade no contexto de pobreza, devemos nos opor a ele, com compaixão autêntica e ação que traga justiça e transformação duradoura para o pobre. Acima de tudo, devemos substituir o interesse próprio e a ganância pelo ensinamento bíblico a respeito do sacrifício próprio e da doação generosa, como as marcas do verdadeiro discipulado de Cristo. Nós ratificamos o apelo histórico de Lausanne por estilos de vida mais simples.

Fonte: O Compromisso da Cidade do Cabo (2010).
In: Cristianismo Hoje
quarta-feira, 2 de abril de 2014
A noção de que foi o diabo que tornou a cruz necessária era geral na igreja primitiva. E certo que Jesus e seus apóstolos falaram acerca da cruz como um meio da derrota do diabo (como examinaremos em capítulo posterior). Mas alguns dos Pais primitivos foram extremamente imprudentes em seus modos de representar tanto o poder do diabo como a maneira pela qual a cruz o privou desse poder. Todos eles reconheciam que desde a Queda, e por causa dela, a humanidade esteve cativa não somente ao pecado e à culpa, mas também ao diabo. Pensavam nele como o senhor do pecado e da morte, e como o maior tirano de quem Jesus nos veio libertar.

Mas, tendo o benefício do passado, podemos dizer que cometeram três erros. Primeiro, concederam ao diabo mais poder do que ele possui. Embora o tenham retratado como rebelde, ladrão e usurpador, tiveram a tendência de falar como se ele tivesse adquirido certos "direitos" sobre o homem, os quais até o próprio Deus era obrigado a satisfazer de modo honrável. Gregório de Nazianzus, no quarto século, foi um dos poucos teólogos primitivos que vigorosamente repudiaram essa idéia. Ele a chamou de "ultraje".

Segundo, por causa dessa idéia tendiam a pensar na cruz como uma transação divina com o diabo; ela era o preço do resgate exigido pelo diabo. Este, mediante o que lhe seria pago de acordo com seus direitos, libertaria os seus cativos. Essa foi uma crença muito popular nos primeiros séculos da igreja.

Terceiro, alguns foram além e representaram a transação em termos de um embuste. Teologicamente, faziam um quadro do diabo como tendo ido longe demais. Embora em nosso caso, pecadores, ele tenha "o poder da morte" (Hebreus 2:14), ele não mantinha autoridade nenhuma sobre Jesus, que era sem pecado, e ao levá-lo à morte, derramou sangue inocente. Portanto, tendo assim abusado do seu poder, este lhe foi tirado. Alguns Pais acrescentam a esta altura que o diabo não sabia bem o que estava fazendo, ou por não ter reconhecido quem Jesus era ou, ao ver a Divindade em forma humana, pensasse que tinha uma oportunidade singular de sobrepujá-la. Mas ele foi enganado. Orígenes foi o primeiro a ensinar inequivocamente que a morte de Jesus foi tanto o preço do resgate pago ao diabo como o meio de seu engano e derrota. Gregório de Nissa, tímido erudito capadócio do quarto século, levou essas idéias um pouco mais longe em seu Grande Catecismo, ou Oração Catequética, usando imagens vividas:
Deus. . . a fim de garantir que o resgate em nosso favor pudesse ser facilmente aceito por ele (isto é, o diabo) que o exigia. . . estava oculto sob o véu de nossa natureza, para que, assim como acontece com os peixes famintos, o anzol da Divindade pudesse ser engolido com a isca de carne, e assim, introduzir a vida na casa da morte. . . (o diabo) fosse banido.
Para nós, a analogia do anzol é grotesca, como também o uso sermônico da imagem da ratoeira de Agostinho. Pedro Lombardo usaria a mesma imagem séculos mais tarde, afirmando que a "cruz foi uma ratoeira que continha a isca do sangue de Cristo". É certo que esses teólogos podem muito bem ter desenvolvido tais quadros como uma concessão à mente popular, e os Pais primitivos viram certa justiça na idéia de que aquele que havia enganado a raça humana, levando-a à desobediência, fosse enganado e levado à derrota. Porém atribuir ação fraudulenta a Deus é indigno dele.

O valor permanente dessas teorias é que, primeiro, levaram a sério a realidade, a malevolência e o poder do diabo (o "valente, bem armado" de Lucas 11:21), e, segundo, que proclamaram a sua derrota decisiva e objetiva na cruz para nossa libertação (por aquele "mais valente" que o atacou e o sobrepujou (Lucas 11:22). Entretanto, R. W. Dale não estava exagerando quando as chamou de "intoleráveis, monstruosas e profanas". Negamos que o diabo tenha sobre nós quaisquer direitos que Deus seja obrigado a satisfazer. Conseqüentemente, toda noção da morte de Cristo que a relacione a uma necessária transação com o diabo, ou com o seu engano, está fora de cogitação.

John Stott
In: A Cruz de Cristo.
terça-feira, 1 de abril de 2014
Arthur Walkington Pink (01 de abril de 1886 – 15 de julho de 1952) foi um evangelista e teólogo inglês, conhecido por sua firme adesão aos ensinamentos calvinistas e puritanos. Nasceu em Nottingham, Inglaterra. Seus pais eram cristãos piedosos e ele tinha um irmão e duas irmãs. Aos 16 anos A. W. Pink encerrou os seus estudos e entrou para o ramo de negócios. Rapidamente obteve sucesso no que havia determinado fazer, mas, para a tristeza dos seus pais, ele abriu mão do Evangelho. Foi nesta época que ele se tornou um discípulo da Teosofia e do Espiritismo. Em 1908 ele já era conhecido como um teosofista e um espírita praticante. Neste mesmo ano, com 22 anos, ao chegar em casa após uma reunião teosófica, seu pai dirigiu-se a ele e citou este versículo da Bíblia: 

"Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte" (Provérbios 14:12) 

Pink foi para o seu quarto e ficou pensando nas palavras que seu pai lhe dissera. Em seguida resolveu orar e pedir uma orientação a Deus. Foi o suficiente para enxergar o seu erro. Esta experiência foi tão marcante que A.W. Pink encontrou o que tanto desejava: Jesus Cristo, Aquele que Lhe daria a Água Viva para saciar a sua sede, assim como prometera à mulher samaritana (Jo 4:14).

Cristo tornara-se real para ele! O mais interessante é que, na 6ª feira daquela mesma semana, Pink faria uma palestra para os adeptos da Teosofia (que ainda não sabiam de sua conversão). No dia e hora marcados, Pink dirigiu-se ao salão de Convenções da Teosofia. Quando subiu para falar, pregou o Evangelho em demonstração de Poder. A reação da turba foi imediata: retiram-lhe à força e lançaram-no à rua. Um episódio que serviu para abrir os olhos dele para o caminho que o esperava! 

Assim, Arthur Pink não tinha mais dúvidas sobre o seu chamado. Mas em qual Igreja? Havia tanto liberalismo nos ministérios. Então, ele foi recebido na Igreja dos Irmãos, onde ensinavam a Bíblia com muito amor. Depois, recomendaram que ele fosse estudar no Instituto Dwight L. Moody, em Chigago, Estados Unidos. Então, em 1910, ele foi para Chicago estudar. Mas logo abandou o Instituto, por discordar do que ali era ensinado. Nos anos que se seguiram esteve pastoreando Igrejas no Colorado e na Califórnia. Em 1916, casou-se em Kentucky, com uma mulher chamada Vera E. Russell. Em 1917 pastoreou uma Igreja Batista na Carolina do Sul. 

Foi nesta época que ele começou a ter problemas com o seu ensino. Começou a ler os puritanos e descobriu verdades que o perturbaram. Principalmente sobre a grande doutrina bíblica da Soberania de Deus, porém à medida que ele começou a pregar sobre isto, descobriu que não eram coisas populares. Em 1920, ele saiu da Igreja Batista na Carolina do Sul e começou um ministério itinerante em todos os EUA, para anunciar à Igreja esta visão da Soberania de Deus. Suas pregações eram firmes e bíblicas, mas, não eram populares, seus ouvintes não gostavam do que ele pregava. 

Em 1922, começou uma revista chamada Studies in the Scriptures (Estudo nas Escrituras). Mas poucas pessoas se interessaram pela leitura da Revista. Ele publicou 1000 revistas e, muitas delas, não foram sequer vendidas. Ainda neste ano, fizeram-lhe um convite para visitar a Austrália. Ele viu neste convite uma grande oportunidade de pregar o Evangelho e terminou por estabelecer-se na cidade de Sidney, à convite das Igrejas Batistas locais. Porém não obteve sucesso em seu ministério como pregador. 

Depois de 8 anos vivendo na Austrália, em 1928, Pink retornou à Inglaterra. Onde aconteceu uma surpreendente obra da Providência divina durante 8 anos ele procurou um lugar para pregar a Palavra e ajudar as pessoas, mas não conseguiu encontrar. Ninguém estava interessado em ouvir suas pregações. A sua fé foi duramente provada durante este período e, apesar de toda a luta, ele continuava a editar a revista “Estudo nas Escrituras”, embora somente uns poucos a liam. 

Em 1936, ele entendeu que Deus, de alguma forma, havia fechado as portas da pregação para ele. Então ele entregou-se totalmente a escrever e expor as Escrituras Sagradas. Esta era a sua chamada. 

Quando começou a 2ª Guerra Mundial, A. W. Pink vivia no sul da Inglaterra, região que sofreu fortes ataques aéreos. Então, em 1940, ele e a sua esposa, Vera, mudaram-se para o norte da Escócia, em uma pequenina ilha chamada Luis. 12 anos depois, em 1952, A.W. Pink faleceu vítima de anemia. Ian Murray, seu biógrafo, relata que, além de sua esposa, apenas oito pessoas apareceram em seu enterro. 

Com certeza, A. W. Pink (como assinava em suas cartas e artigos) nunca imaginaria que, no final do século 20 e ao longo do século 21, dificilmente seria necessário explicar quem é Pink quando nos dirigindo às pessoas que consideram a Bíblia como Palavra de Deus e se empenham em compreendê-la, entre outras coisas, utilizando bons livros. Vivendo quase em completo anonimato, salvo por aqueles poucos que assinavam sua revista publicada mensalmente, o valor de Arthur Pink foi descoberto pelo mundo apenas após sua morte, quando seus artigos passaram a ser reunidos e publicados na forma de livros. Ian Murray afirma que, mediante a ampla circulação de seus escritos após a sua morte, ele se tornou um dos autores evangélicos mais influentes na segunda metade do século 20. Foi D. Martyn Lloyd-Jones quem disse: "Não desperdice o seu tempo lendo Barth e Brunner. Você não receberá nada deles que o ajude na pregação. Leia Pink!"

Richard Belcher tem escrito alguns livros sobre a vida e obra do nosso autor, disse o seguinte: 

"Nós não o idolatramos. Mas o reconhecemos como um homem de Deus ímpar, que pode nos ensinar por meio da sua caneta. Ele verdadeiramente 'nasceu para escrever’, e todas as circunstâncias de sua vida, mesmo as negativas que ele não entendeu, levaram-no ao cumprimento desse propósito ordenado por Deus"

John Thornbury, autor de vários livros, inclusive uma excelente biografia sobre David Brainerd, disse o seguinte: "Sua influência abrange o mundo todo e hoje um exército poderoso de pregadores de várias denominações está usando seus materiais e pregando à congregações, grandes e pequenas, as verdades que ele extraiu da Palavra de Deus. Eu o honro por sua coragem, discernimento, perspicuidade, equilíbrio, e acima de tudo por seu amor apaixonado pelo Deus trino"

As últimas palavras de Pink antes de morrer, ao lado de sua esposa, foram: "As Escrituras explicam a si mesmas". Que declaração final apropriada para um homem que dedicou sua vida ao entendimento e explicação da Palavra de Deus!

Fonte: Ebook O Chamado de Cristo, publicado pelo site O Estandarte de Cristo