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quarta-feira, 31 de outubro de 2012

A base doutrinária para a existência de indulgência era o ensino da Igreja de que ela tinha a custódia (a guarda) dos Tesouros dos Méritos que foram adquiridos pelos grandes santos que haviam excedido as boas obras necessárias para a salvação. Esse excesso de méritos se tornava uma fonte que a Igreja poderia distribuir aos que estavam deficientes espiritualmente, os pecadores necessitados. Isso era feito através de um certificado assinado pelo Papa que era adquirido pelo povo e assim se obter os méritos que necessitavam desta “caixa de méritos”, deste tesouro de méritos. 

Foi nos anos de 1460 a 1470 que o Papa Sixtus IV declarou os benefícios das indulgências para os que haviam ido para o purgatório. Como fruto da ignorância espiritual e da sede de riqueza e poder por parte da Igreja, surgiram as indulgências através dais quais a salvação era comprada por dinheiro. Esse dinheiro era dividido entre os banqueiros da época, o Papa, e uma parte ficava com o mais talentoso vendedor de indulgências: Tetzel. Na venda destas indulgências havia variedade de preços, pois Tetzel era hábil e criou um meio de atingir os ricos e pobres. Quem era rico dava mais e os pobres davam menos, mas todos davam.

Era outono de 1517 quando começaram as vendas destas indulgências. O anúncio era de que os compradores poderiam obter remissão dos pecados das pessoas queridas que já houvessem morrido e ido para o purgatório. Consequentemente pessoas faziam esforços tremendos para libertarem seus queridos dos tormentos do purgatório (lugar de punição temporal pelos pecados) e tivessem a entrada no céu assegurada. Para isso bastava comprar os certificados assinados pelo Papa. Tetzel repetia sempre o “jingle”: “Assim que a moeda no cofre tilintar, alma do purgatório saltará”.

Informações destas atividades de Tetzel chegaram ao conhecimento de um professor de Teologia da Universidade de Wittemberg que as recebeu completamente consternado, mas, provocando sua ira. Seu nome era Martinho Lutero. Ele já havia refletido muito sobre sua condição de pecador e sua incapacidade para ser salvo através de obras meritórias e havia chegado à conclusão, pelas Escrituras, que a salvação é pela graça de Deus somente.

No dia 31 de outubro de 1517, Martinho Lutero, inflamado, desafiou a Igreja protestando de uma forma que ficaria marcada na história da Igreja perpetuamente. Foi à frente da porta da igreja do castelo de Wittenberg com um documento na mão e um martelo na outra, e afixou na porta uma lista com 95 protestos escritos em latim contra a venda das condenáveis e antibíblicas indulgências. Lutero anunciava ao povo que eles estavam sendo cruelmente enganados. A imprensa escrita que havia sido inventada por Gutemberg foi de muita importância para a divulgação das teses de Lutero em toda Europa, sendo traduzido para vários idiomas. Com isso, a venda de indulgências caiu muito e fez “doer” muito o bolso da Igreja. Isso provocaria a Dieta de Worms onde Lutero mais tarde seria julgado pelos seus escritos e convicções.

Naquela época a Igreja ensinava que o perdão dos pecados poderia ser conseguido através do sacramento da penitência, quando o padre, representando Jesus, absolvia o pecador que confessava seus pecados e dava uma contribuição à Igreja como penitência. Lutero queria uma reforma na Igreja; queria trazê-la de volta às Escrituras para restaurar a pureza da fé. Não queria se tornar fundador de uma igreja separada. Lutero soube depois que a corrupção já havia atingido a cúpula de Roma e que o Papa Leão X e Albrecht, o arcebispo de Mainz haviam organizado a venda das indulgências.

Manoel Canuto
In: A fé protestante
terça-feira, 30 de outubro de 2012
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Querido Rick,

Paz seja contigo.

Recebi seu email, no qual expressa sua inquietação desde que descobriu que me envolvi com uma seita chamada calvinismo. “Como pode um crente acreditar na predestinação?”, pergunta. Sei que me ama e que tem sincera preocupação com minha vida espiritual. Por isso, gostaria de escrever algumas palavras, na tentativa de tranquilizá-lo quanto a minha permanência na sã doutrina. Espero que ao esclarecer no que realmente creio e apresentar as razões bíblicas para isso, você possa compreender minha posição e, quem sabe, rever a sua, à luz da Bíblia Sagrada.

Porém, antes de falar qualquer coisa a respeito de minha convicção, permita-me falar de você, melhor dizendo, do que és para mim. Em primeiro lugar, considero-o um irmão em Cristo, comprado com o sangue de Cristo e transportado das trevas para a luz maravilhosa de Deus. Além disso, o considero um servo fiel, sempre disposto a obedecer ao Senhor e que tem uma santidade e piedade que ainda almejo alcançar. Por isso, dói-me o coração provocar inquietações acerca de minha saúde doutrinária.

O calvinismo não é uma seita à margem da igreja fiel. Somos crentes que, como muitos dos demais, procuram ser bíblicos no sentido de aceitar o que a Bíblia diz a respeito de Deus, do homem e da salvação deste. Não nos consideramos uma classe superior entre os crentes, pelo contrário, temos um profundo senso de nossa indignidade, a ponto de não reconhecer em nós nada que nos distinga do pior dos pecadores. Se algum de nós nutre qualquer orgulho ou expressa qualquer desprezo por crentes de outras tradições, isso apenas confirma uma das verdades que defendemos: a corrupção da natureza humana pelo pecado.

Sua primeira pergunta é “como pode um crente acreditar na predestinação?” e gostaria de dar uma resposta a ela. E a resposta é: porque todo crente tem que acreditar no que a Bíblia diz. E o que a Bíblia diz é que “o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo... em amor nos predestinou para ele” (Ef 1:3-5). Se está na Bíblia, não podemos afirmar o contrário. No mesmo capítulo, mais adiante, é reforçado que fomos “predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas conforme o conselho da sua vontade” (Ef 1:11). Portanto, a sua pergunta deveria ser “como pode alguém sendo crente não acreditar na predestinação?”. Sim, pois essa não é a única passagem bíblica que fala de predestinação, tenho certeza que você mesmo já as leu, e se não o fez, recomendo que as procure, leia e ore pedindo que o Espírito Santo lhe dê a coragem de crer no que é dito e entendimento do que ele significa de fato.

Quanto às suas outras perguntas, as responderei oportunamente. Por ora, gostaria que pensasse no que escrevi, mas sobretudo que estudasse cuidadosamente essa passagem e as outras que me referi. Que levasse o assunto em oração a Deus, dizendo-se disposto a aceitar a verdade da Escritura, mesmo que ela venha a contrariar o que você acredita sobre o assunto. E ao mesmo tempo que reafirmo meu amor em Cristo, coloco-me à sua disposição se de alguma forma eu puder ser-lhe útil neste ou em outro assunto.

Em Cristo,

domingo, 28 de outubro de 2012

Cristo, para guardar sua Igreja na comunhão santa e ordenada, coloca a certos varões sobre a Igreja, os quais por seu ofício, devem governar, suportar, visitar, e cuidar. De modo semelhante, para o melhor cuidado de todas as igrejas, Cristo dá aos membros a autoridade e a responsabilidade de cuidar uns dos outros.

Artigo 44
Primeira Confissão Londrina, 1642/44
sábado, 27 de outubro de 2012
"Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção". 1Co 1:30
Mas o que é a redenção do corpo em comparação com a parte melhor, a nossa alma? Devo, portanto, dizer-lhes, irmãos, o que o anjo disse a João, "Sobe aqui", para obterem a visão mais clara possível da redenção que Cristo comprou para vocês, e que logo lhes dará como fato consumado. 

Vocês já estão justificados, já estão santificados, e portanto estão libertos da culpa e do domínio do pecado; mas, conforme já observei, o pecado ainda existe e habita em vocês. Deus acha por bem deixar alguns amalequitas na terra, para manter Seu Israel ativo. Estou convicto de que o cristão mais perfeito deve concordar que, segundo um dos nossos artigos de fé: "a corrupção da natureza permanece até mesmo nos regenerados; que a carne sempre luta contra o espírito, e o espírito contra a carne". Sendo assim, os crentes não podem fazer coisas para Deus com a perfeição que desejam. Esse fato aflige suas almas justas dia após dia e leva-os a exclamar com o grande apóstolo: "Quem me livrará do corpo desta morte?" 

Dou graças a Deus que nosso Senhor Jesus o fará, mas não de modo completo antes do dia da nossa morte. Então será destruída a própria existência do pecado, e a corrupção inata que em nós habita será eternamente desfeita. E não é esta uma grande redenção? Tenho certeza que os crentes assim a consideram, pois não há nada que mais entristece o coração de um filho de Deus do que os restos do pecado que nele habita. Demais disso, os crentes freqüentemente sentem pesar por causa de numerosas tentações. Deus acha que é necessário e bom que eles sejam assim, e embora sejam altamente favorecidos e imersos na comunhão com Deus, até mesmo ao terceiro céu, ainda assim um mensageiro de Satanás é freqüentemente enviado para esbofeteá-los, para não ficarem ensoberbecidos com a abundância das revelações.

Mas não fiquem abatidos, nem tenham a mente desfalecida, pois aproxima-se o tempo da sua redenção completa. No céu o maligno cessará de perturbar vocês e suas almas abatidas desfrutarão do repouso eterno; os dardos inflamados de Satanás não podem alcançar aquelas regiões de bem-aventurança. Satanás nunca mais voltará para apresentar-se juntamente com os filhos de Deus, nem para perturbá-los, nem para acusá-los, depois do Senhor Jesus Cristo fechar a porta. 

Dia após dia suas almas justas são afligidas diante da conversa ímpia dos transgressores; agora o joio cresce no meio do trigo, os lobos aparecem vestidos como ovelhas, mas a redenção mencionada no texto libertará suas almas de todas as ansiedades decorrentes de tais coisas. A partir de então, vocês desfrutarão de uma perfeita comunhão de santos; nada que é impuro ou profano entrará no santo dos santos, que lhes é preparado lá em cima. De todas as formas do mal vocês serão libertos, quando a sua redenção for aperfeiçoada no céu. 

Não somente isso, também entrarão no pleno gozo de todo o bem. É verdade que nem todos os santos terão o mesmo grau de felicidade, mas todos serão tão felizes quanto seu coração possa desejar. Crentes: vocês julgarão os anjos maus, e terão conversação familiar com os anjos bons; vocês se assentarão juntamente com Abraão, Isaque, Jacó e todos os espíritos dos justos aperfeiçoados, e para resumir toda a sua felicidade numa só palavra, vocês verão Deus Pai, Filho, e Espírito Santo. E, ao verem a Deus, ficarão cada vez mais semelhantes a Ele, e passarão de glória em glória para toda a eternidade.

Mas preciso parar. As glórias dos lugares celestiais entram na minha alma tão rapidamente, e em tão grande medida, que fico engolfado na contemplação delas. Irmãos, a referida redenção é inefável; o olho não viu, nem o ouvido ouviu, nem entrou no coração dos homens mais santos que existem, conceber quão grande ela é. Se eu fosse entreter-lhes durante eras inteiras com um relato dela, vocês, ao chegarem ao céu, teriam que dizer conforme a rainha de Sabá disse: "Nem metade, nem a milésima parte nos foi contada". Tudo quanto podemos fazer nesse caso é subir ao monte Pisga, e, com o olho da fé, contemplar uma vista distante da terra prometida. Podemos vê-la de longe, como Abraão viu a Cristo, e nos regozijar nela; mas aqui somente a conhecemos em parte.

Louvado seja Deus, porque virá um tempo em que o conheceremos conforme somos conhecidos, e Ele será tudo em todos. Senhor Jesus, completa o número dos Teus eleitos! Senhor Jesus, apressa a vinda do Teu reino!

George Whitefield
In: Cristo: sabedoria, justificação, santificação, redenção
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por vontade de Deus, e o irmão Timóteo, aos santos e fiéis irmãos em Cristo que se encontram em Colossos, graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nosso Pai. Cl 1:1-2
Pela graça de Deus iniciaremos nossa série de estudos na Carta aos Colossenses, procurando entender sua doutrina e extrair aplicações para nossas vidas. O tema de nosso estudo é “Cristo em vós, esperança da glória” (1:17). Cremos que a maior necessidade da igreja em geral e de cada um de nós em particular é Jesus Cristo, por mais que falemos que “já temos Jesus”. Precisamos conhecer a glória de Cristo revelada nas Escrituras e o experimentar em nossa vida, do contrário, nada nos será suficiente. Mas se nos for revelada a Sua glória e soubermos na prática o que significa “Ele em nós”, então nada mais será necessário. Em suma, se Cristo não nos bastar, nada bastará, e se Ele nos faltar, nada o substituirá. Disso trata a Epístola aos Colossenses.

O autor da carta é “Paulo” (1:1; 1:23; 4:18), judeu e cidadão romano nascido em Tarso, filho de pai fariseu, criado e instruído em Jerusalém, tornando-se excessivamente zeloso pelas tradições, o que o levou a perseguir a igreja, lançando-os na prisão, matando e aprovando quando os matavam. Após um encontro pessoal com Jesus, ocorrido na estrada de Damasco quando ele “respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor” (At 9:1), converteu-se ao Senhor. Tornou-se então “apóstolo de Cristo Jesus”, ou seja, um enviado especial de Jesus, seu Senhor. Não devido às suas habilidades, nem por sua escolha pessoal e menos ainda por nomeação de outro homem, mas “por vontade de Deus”. Aos gálatas ele diria “quando, porém, ao que me separou antes de eu nascer e me chamou pela sua graça... não consultei carne e sangue”  (Gl 1:15-16).

Escrevendo de uma prisão em Roma, inclui “o irmão Timóteo” na saudação. Este era filho de pai grego e de uma judia piedosa de nome Eunice (2Tm 1:5), a qual o instruiu desde pequeno nas Sagradas Escrituras. Companheiro fiel e assistente dedicado, tinha bom testemunho de várias igrejas (At 16:2). Paulo o chamava “meu cooperador” (Rm 16:21), “meu filho amado” (1Co 4:17), “ministro de Deus” (1Ts 3:2) e “verdadeiro filho na fé” (1Tm 1:2). No final da sua vida, diante da iminente execução, Paulo dirige a ele as suas últimas palavras (2Tm 4:6-8).

A carta é escrita aos crentes que vivem em duas dimensões: “em Colossos” e “em Cristo”. Colossos já havia sido uma cidade importante, mas à época da carta estava obscurecida pelas vizinhas Laodicéia e Hierápolis. Sua população era formada de nativos da Frígia, de imigrantes gregos e de judeus que foram para ali deportados. Isto, e o fato da cidade estar na rota entre Éfeso e Antioquia da Pisídia, fazia da região da Frígia, onde estava Colossos, um caldeirão de filosofias, misticismo e religiões que ameaçavam a jovem igreja de Colossos, o que veio motivar a carta, como veremos oportunamente.

É notável que Paulo não fundou a igreja em Colossos e é bem possível que ele jamais chegou a vê-los pessoalmente (2:1). Como surgiu essa comunidade de fé? Quando Paulo estava em Éfeso, discorria “diariamente na escola de Tirano... por espaço de dois anos, dando ensejo a que todos os habitantes da Ásia ouvissem a palavra do Senhor” (At 19:9-10). Um desses ouvintes foi Epafras, morador de Colossos. Ele fundou, além da igreja em Colossos, as de Felipos e Laodicéia. Quando a heresia prevalecente na região ameaçou a jovem igreja de Colossos, ele foi a Roma onde Paulo estava preso, deu-lhes as boas notícias sobre a fé da igreja mas falou de sua preocupação com a saúde espiritual dela. Paulo resolveu enviar uma resposta escrita à igreja, louvando a Deus pela fé, amor e esperança deles, orando por eles a afirmando a supremacia de Cristo como cura contra as heresias.

Não obstante estarem sob ataque de falsos mestres, os colossenses estão “em Cristo”. Isto fazia deles “santos” para com Deus e “irmãos fiéis” para com o próximo (sem excluir crença e fidelidade a Deus). Por isso a saudação “graça e paz” não é mera formalidade, pois essas virtudes vem “da parte de Deus Pai”. Desse modo a primeira palavra, de origem grega, refere-se ao “favor da bondade misericordiosa pela qual Deus, exercendo sua santa influência sobre as almas, volta-as para Cristo, guardando, fortalecendo, fazendo com que cresçam na fé cristã, conhecimento, afeição, e desperta-as ao exercício das virtudes cristãs” (Strong). Paz, palavra de origem hebraica, refere-se primeiramente a “segurança, seguridade, prosperidade, felicidade” que resulta de “uma alma que tem certeza da sua salvação através de Cristo e por esta razão nada teme de Deus e vive contente com porção terrena” (Strong). Assim, a graça é a causa, a paz a cosnequência da salvação.

Algumas observações doutrinais podem ser extraídas dos versos 1 e 2. Podemos aprender sobre a pessoa de Deus, especificamente sobre as duas primeiras pessoas da Trindade, que agem em harmonia sem comprometer a distinção entre Deus Pai e Deus Filho. Paulo é apóstolo do Filho, por vontade do Pai. Os crentes estão em Cristo e recebem graça e paz da parte do Pai. Na expressão “Cristo Jesus” temos referência tanto à eterna divindade (Cristo) como à permanente humanidade (Jesus) do Senhor. O nome Cristo ocorre 23 vezes na carta, bem mais que Jesus, seis vezes, nenhuma delas sozinha. A ênfase na divindade é compreendida quando se considera os aspectos da heresia que motivou a carta.

Vemos também nesses versos iniciais igreja em seu duplo aspecto: triunfante (“em Cristo”) e militante (“em Colossos”). Por estar unida a Cristo, a igreja vive numa realidade de graça e paz inabaláveis, pois são filhos de Deus, “nosso Pai”. Quanto à união com Cristo é interessante observar que “em Cristo” só ocorre nos dois primeiros capítulos da carta, e “no Senhor” nos dois últimos apenas. Isto aponta para a verdade que nossa posição é de “santos... em Cristo”, mas que em nossa atual condição no mundo devemos “andar no Senhor” com santidade. A santidade que Cristo obteve por nós, não exclui a santidade que Ele realiza em nós. Estar em Cristo demanda andar no Senhor.

Consideremos também a doutrina do ofício apostólico. Paulo não banaliza o ofício. Pelo contrário, enfatiza que é apóstolo de Cristo Jesus, por vontade de Deus, negando que o apostolado possa se originar na vontade de algum homem. Por maior que estimasse Timóteo como cooperador fiel, não o incluiu como apóstolo em nenhuma de suas cartas, o que aliás não fez com ninguém que não fosse apóstolo nomeado pessoalmente por Cristo Jesus. A chamada “restauração apostólica” moderna nada mais é que usurpação indevida e sem fundamento de um ministério que visava pôr o fundamento e não edificar a casa (Ef 2:20).

Disso tudo podemos tirar lições práticas de como servir a Deus em meio ao caos religioso. A primeira delas é que devemos servir na vocação em que fomos chamados e de acordo com os dons e talentos que recebemos. Não devemos aspirar cargos de liderança, mas entender que estamos sob o senhorio de Cristo e é Ele quem decide como e onde vai nos usar. Devemos obter testemunho de fidelidade, sem nos importar se servimos num papel secundário no Reino. Fidelidade, não reconhecimento, deve ser a nossa meta.

Outra lição válida é a santidade devida a Deus. O fato da fonte dessa santidade estar em Cristo, bem como a segurança que a adoção, a graça e a paz nos trazem não excluem, nem diminuem a necessidade de procurarmos viver de forma piedosa. Se estamos em Cristo, andemos no Senhor!

Soli Deo Gloria!

Leia o próximo artigo da série: Graças a Deus por uma igreja virtuosa: Cl 1:3-8
domingo, 21 de outubro de 2012

Cada membro em particular da Igreja, por mais excelente ou conhecedor que seja, deve ser sujeito à censura e o juízo de Cristo. A Igreja deve se movimentar contra um de seus membros com grande cuidado e caridade.

Artigo 43
Primeira Confissão Londrina, 1642/44
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
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O Senhor nos chama à conversão para tornar conhecido que é dEle mesmo que vem o poder e a força para nos converter verdadeiramente. Os preceitos e exortações das Escrituras sobre converter, arrepender, crer, e permanecer firme não são enviadas para que daí possamos concluir que temos poder em nós mesmos para fazer aquilo que nos é ordenado e exortado a fazer, mas eles são enviados para que possamos transformar tais preceitos em orações. Por exemplo, quando ouvimos o mandamento para crer, isto deve fazer com que clamemos como o pai da criança doente fez no Evangelho: "Senhor, ajuda me na minha falta de fé". Quando ouvimos o mandamento para rejeitarmos toda transgressão, devemos implorar como Davi: "Ordene meus passos em tua palavra, e não permita que a iniqüidade tenha domínio sobre mim". Quando ouvimos o mandamento para nos arrepender, isto deve fazer-nos usar a linguagem do penitente: "Converte-me, e converter-me-ei, porque tu és o Senhor meu Deus" (Jr 31:18).

Nathanael Vincent
In: Os puritanos e a conversão
quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O Pentecostes não veio e foi embora - o Pentecostes veio para ficar. Cronologicamente aquele dia pode ser encontrado no calendário histórico; em sua dinâmica ele permanece conosco com toda a sua plenitude de poder.

Hoje é dia de Pentecostes. Com o bendito Espírito Santo não há Ontem ou Amanhã - há sempre o eterno Agora. E desde que ele é totalmente Deus, tendo todos os atributos da divindade, não há para ele um outro lugar; ele habita no eterno Aqui. Seu centro está em toda a parte: seu limite não existe. É impossível deixar de estar em sua presença, embora seja possível fazer com que ele deixe de manifestar a sua presença.

A nossa insensibilidade à presença do Espírito é uma das grandes perdas que temos sofrido por causa da nossa descrença e da nossa preocupação. Temos feito dele uma verdade da nossa crença, temos fechado-o dentro de uma palavra religiosa, mas o temos conhecido bem pouco através de uma experiência pessoal.

(...)

Será para nós um novo dia quando descartarmos falsas noções e temores tolos, e deixarmos o Espírito Santo ter comunhão conosco da forma tão íntima como ele quer que seja, e deixar que ele fale conosco tal como Cristo falou com os seus discípulos no mar da Galileia. Isso acontecendo não haverá mais solidão, haverá apenas a glória da sua constante Presença.

A. W. Tozer
terça-feira, 16 de outubro de 2012

Pela fé Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que por um pouco de tempo ter o gozo do pecado; tendo por maiores riquezas o vitupério de Cristo do que os tesouros do Egito. Hb 11.24-26

No final do século passado, na Inglaterra, Charles Studd, um dos maiores desportistas, herdou uma fortuna para a época: 29 mil libras esterlinas. Mas ele não quis. Ficou com medo que esse dinheiro viesse a atrapalhar a sua vida. Resolveu investi-lo nas coisas de Deus. Enviou 5 mil libras para Hudson Taylor, na China; 5 mil para William Booth, fundador do Exército da Salvação e 5 mil para Moody, para que iniciasse o Instituto Bíblico Moody. Studd doou ainda outras importâncias, assim, ficara com somente 3400 libras, com que presenteou a esposa no dia do casamento.

Quando sua esposa recebeu o dinheiro, disse:

- Jesus pediu ao jovem rico que desse tudo.

Então enviaram o restante anonimamente ao General Booth. Depois Charles Studd disse:

- Agora nós nos achamos na privilegiada situação de poder dizer que não "possuímos nem prata nem ouro" (At 3.6).

Tempos depois, Deus chamou Charles Studd para ser missionário na China, e depois na África. Ele fundou a Cruzada de Evangelização Mundial, que hoje tem mais de mil missionários em todo o mundo. Ele foi, como missionário, beneficiado pelo próprio dinheiro que doara.
domingo, 14 de outubro de 2012

Cristo também deu a sua Igreja a autoridade de receber e excomungar a qualquer membro, e este poder é dado a cada congregação e não a uma pessoa em particular, seja membro ou oficial, senão para a totalidade da Igreja.

Artigo 42
Primeira Confissão Londrina, 1642/44

sábado, 13 de outubro de 2012
"Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção". 1Co 1:30
Esta é de fato uma corrente de ouro! E, o que é melhor de tudo, nenhum elo poderá ser separado dos demais. Se não houvesse outro texto no livro de Deus, só este bastaria para provar a perseverança final de todos os crentes verdadeiros, pois nunca Deus justificou um homem sem o santificar, nem santificou alguém que não redimiu e glorificou completamente. Não. Quanto a Deus, Seu caminho e Sua obra são perfeitos. Ele sempre continuou e terminou a obra que começou. Assim foi na primeira criação, assim também é na nova criação. Quando Deus diz: "haja luz", há luz que brilha mais e mais até ser dia perfeito, no qual os crentes entram no seu descanso eterno, como Deus entrou no dEle. 

Aqueles a quem Deus justificou, Ele com efeito glorificou, pois como o merecimento do homem não foi a causa de Deus lhe outorgar a justiça de Cristo, assim também sua falta de merecimento não será o motivo de remover essa justiça. Os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento, e não posso pensar que aqueles que negam a perseverança final dos santos têm noção clara da justiça de Cristo. Receio que eles entendem a justificação naquele sentido baixo em que eu mesmo a entendia há poucos anos, como sendo nada mais do que a remissão dos pecados. Entretanto, não somente significa a remissão dos pecados passados, mas também um direito constitutivo a todas as coisas boas do porvir. Se Deus nos tem dado o Seu Filho, como não nos dará com Ele livremente todas as coisas? Por isso, o apóstolo, depois de dizer "o qual se nos tornou da parte de Deus justiça", não diz: talvez Ele nos seja feito santificação e redenção, e sim que Ele já Se tornou essas coisas, pois há uma conexão eterna e indissolúvel entre esses privilégios abençoados. Da mesma maneira como a obediência de Cristo é imputada aos crentes, a Sua perseverança naquela obediência é também imputada a eles. 

Levantar objeções contra isso evidencia grande ignorância da aliança da graça e da redenção.

George Whitefield
In: Cristo: sabedoria, justificação, santificação, redenção
quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Para muitas pessoas (evangélicos inclusive), aproximar-se de Deus parece algo fácil, simples, trivial. Podemos fazer isso rindo, como quem vai ao encontro de um avô bonachão e indolente, com a inocência de crianças que não fizeram nada de mais. Mas nada poderia estar mais distante da verdade do que este quadro.

Para que qualquer ser humano se aproxime de Deus, é preciso antes acertar contas pesadíssimas que nós temos com Ele. Não somos netinhos sorridentes indo ao encontro de um avô, somos criminosos dignos de morte indo ao encontro do Supremo Juiz.

Só podemos ser recebidos como filhos, se antes, entendermos o tamanho de nossa dívida com Ele e se esse débito for pago. Para desfrutarmos do amor de Deus e termos uma vaga ideia de suas dimensões, antes é preciso acertar contas com a Sua Justiça e compreendermos o tamanho de nossa culpa. Para isso, algumas verdades devem ser aceitas...

Leia na íntegra a série O Caminho da Salvação.
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco (Jo 14.16).
A vida é uma jornada cheia de tempestades. É uma viagem por mares revoltos. Nessa aventura singramos as águas turbulentas do mar da vida, cruzamos desertos tórridos, subimos montanhas íngremes, descemos vales escuros e atravessamos pinguelas estreitas. São muitos os perigos, enormes as aflições, dramáticos os problemas enfrentados nessa caminhada. A vida não é indolor.

Mas, nessa estrada juncada de espinhos, não caminhamos sozinhos. Temos um consolador. Jesus, nosso Redentor, morreu na cruz pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação. Venceu o diabo e desbaratou o inferno. Triunfou sobre a morte e deu-nos vitória sobre o pecado. Voltou ao céu e enviou o Espírito Santo para estar para sempre conosco.

Ele é o Espírito de Cristo, que veio para exaltar o Filho de Deus. Ele é o Espírito da verdade, que veio para nos ensinar e nos fazer lembrar tudo o que Cristo nos ensinou. Ele é o outro consolador, aquele que nos refrigera a alma, nos alegra o coração e nos faz cantar mesmo no vale do sofrimento. 

O consolo não vem de dentro, vem de cima. Não vem do homem, vem de Deus. Não vem da terra, vem do céu. Não é resultado de autoajuda, mas da ajuda do alto!

Hernandes Dias Lopes
In: Gotas de consolo para a alma
terça-feira, 9 de outubro de 2012
Falta honestidade nas análises que alguns fazem dos erros dos reformadores. Duas nuances, por exemplo, são completamente ignoradas.

Em primeiro lugar, lembremos que os reformadores não eram super-homens espirituais, assim como Abraão, Isaque, Jacó, Elias, Davi, Salomão e outros servos de Deus no passado não eram. Todos estes que citei tiveram falhas, umas maiores, outras menores, mas todos tiveram. E sabe qual é uma das coisas mais lindas na Bíblia? É que ela não esconde as falhas dos heróis da fé. Já imaginou se escondesse? Se ela o fizesse, ao lermos a história dos homens de Deus na Bíblia, diríamos: “Meu Deus, eles eram tão perfeitos! Não há como eu poder ser usado por Ti como eles foram, pois sou tão falho...”

Graças a Deus por não esconder as falhas dos heróis bíblicos! Graças a Deus por ela mostrá-los como eles realmente são! Diferentemente do que faziam os historiadores das nações da Antiguidade. Estes eram funcionários do reino e, por isso, tão tendenciosos que a maioria deles escondia todas as falhas dos reis, exaltava só as virtudes e ainda escondia relatos de derrotas em guerras contra outras nações. Esses funcionários relatavam só as vitórias. Por isso, para saber a verdade sobre determinados povos da Antiguidade, os historiadores modernos tiveram, em muitos casos, de comparar o que historiadores coetâneos de nações inimigas diziam sobre aqueles reis.

A Bíblia, porém, não mente, não camufla. Deus não dá “jeitinho” para ninguém. A Bíblia não esconde os erros dos heróis da fé. Ela mostra o ser humano como ele é, falho e extremamente necessitado e dependente da graça, da misericórdia e do perdão de Deus para ser restaurado, abençoado e se tornar uma bênção.
Enfim, ao mostrar os heróis da fé com suas falhas, a Bíblia nos ensina que Deus não faz a obra simplesmente através de nós. Ele faz Sua obra através de nós e apesar de nós, ou seja, apesar de nossas falhas. Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e pôde ser usado por Deus como foi (Tg 5.17). Davi foi tremendamente falho, mas se arrependeu e pôde ser usado por Deus como foi. Nós somos falhos, mas podemos ser usados por Deus apesar de nossas fraquezas.

Então, não precisamos olhar para a Reforma para aprender que homens de Deus podem falhar. Basta lermos a Bíblia. Quem lê a Bíblia não se impressiona com a fraqueza humana, mesmo nos filhos de Deus.

Agora, em segundo lugar, devemos aprender a fazer distinção entre os que erram por fraqueza (como os reformadores) e os que erram por falta de conversão mesmo, porque são ímpios travestidos de cristãos (aqueles que demonstravam viver divorciados dos princípios do Evangelho e ainda fizeram atrocidades em cima de atrocidades em nome de Deus). No primeiro caso, não devemos ignorar os erros, mas também não devemos comprometer toda a obra de uma vida dedicada ao Senhor por causa desses erros isolados. Lutero, Calvino e outros foram grandes homens, apesar de suas terríveis falhas. Já no segundo caso, devemos rechaçar esses falsos irmãos, que dizem que estão no Evangelho, mas o Evangelho não está realmente neles. Estes podem não se envergonhar do Evangelho, mas ele se envergonha deles.

Enfim, aprendamos com os erros e acertos dos reformadores. Seus erros pontuais não devem ser esquecidos por terem sido apenas pontuais, mas também não devem ser usados desonestamente para diminuir a importância do que fizeram sob a graça e a inspiração divinas.

E uma última reflexão: assim como os erros cometidos no passado por célebres homens de Deus foram quase sempre frutos da influência do contexto histórico de suas épocas sobre eles, muitos cristãos repetem esse erro hoje quando se deixam influenciar pelo atual contexto histórico, pelos princípios da Pós-modernidade, na formação de sua mentalidade. Aprender com os erros dos reformadores e com o Sola Scriptura nos leva a não cometermos os erros desses cristãos de hoje.

Silas Daniel
In: Uma palavra sobre os erros dos reformadores
segunda-feira, 8 de outubro de 2012
Semana passada, pela graça de Deus, estivemos participando da Conferência Fiel Para Pastores e Líderes. Pretendia fazer um resumo do que vimos e ouvimos lá, mas infelizmente o tempo não está permitindo. Digo apenas que foi muito edificante, o aprendizado, o confronto da Palavra com nossa prática foi algo marcante. Para não ficar apenas num recadinho, recomendo que assista a breve palavra de Paul Washer aos crentes do Brasil:

domingo, 7 de outubro de 2012
As pessoas designadas por Cristo para administrar esta ordenança, segundo a Escritura, são os discípulos que pregam. Em nenhum lugar está associado com certa igreja, oficial ou pessoa extraordinariamente estabelecida. A comissão que inclui a administração desta ordenança é dada sem nenhuma outra consideração a menos que sejam discípulos.

Artigo 41
Primeira Confissão Londrina, 1642/44
sábado, 6 de outubro de 2012
Precisamos distinguir entre a autoridade de Deus e a nossa própria vontade. O diabo precisa obedecer a cada ordem de Deus, mas não necessariamente a nossa. Cristo está acima de todo principado e potestade e nós estamos assentados com Ele nos lugares celestiais (Ef 2.6). Contudo, devido ao fato de Deus ter um propósito na obra de Satanás no mundo, você e eu não temos autoridade absoluta sobre ele. Todos nós ouvimos pregadores se referirem ao diabo como se ele tivesse de obedecer a cada um de seus caprichos. O maligno geralmente responde de forma desafiadora e, sem dúvida, com alegre desprezo.

Somente Deus tem autoridade ilimitada sobre Satanás. Numa reunião de oração em Washington D.C., um homem clamava com mais entusiasmo do que entendimento: "Eu ordeno que Satanás e seus demônios saiam de Washington e não voltem jamais!" Creio que existem evidências fortes e claras de que o diabo e seus demônios não obedeceram, não saíram da cidade de Washington. Se o maligno estivesse totalmente sob nosso controle, nós o proibiríamos de atuar em todas as cidades do mundo, ou, melhor ainda, nós o atiraríamos direto no abismo. Se estivéssemos no comando, poderíamos resolver esse problema em pouco tempo!

No dia 13 de dezembro de 1995, o pastor Júlio Ruibal foi morto a tiros em Cali, na Colômbia. Ele era usado de forma especial por Deus na união das igrejas e no ministério de oração. Estava no sexto dia de jejum. Ninguém conhecia melhor do que ele o fato de que em Cristo somos mais que vencedores; ninguém jamais exercitara tanta autoridade contra o diabo e lutado mais contra suas artimanhas. Nada disso, contudo, impediu seu assassinato brutal; da mesma maneira que Cristo, ele sofreu o martírio nas mãos de homens malignos que cumpriam as ordens de Satanás. Sua morte tem gerado poder e unidade às igrejas que deixou para trás.

Se perguntarmos por que o diabo ainda está na Colômbia, ou em Washington, a resposta é: porque "o Senhor precisa dele". O maligno ainda tem um trabalho a realizar; ainda há tarefa que ele terá de cumprir. O melhor que temos a fazer é nos lembrar do que Lutero disse quando um pastor, muito amigo seu, foi assassinado em 1527. Ele sentiu profundamente por causa da tragédia e ponderou sobre o assunto cuidadosamente. Aquilo foi, ele disse, trabalho de uma pessoa má, como um instrumento do diabo, mas Satanás era um instrumento de Deus. Assim, mesmo naquela tragédia, os cristãos podiam ver a providência de Deus. 

O Senhor, seja nessa vida ou na eternidade, transformará todo o mal em bem.

Erwin Lutzer
sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Jonathan Edwards nasceu em East Windsor, Connectcut, no dia 5 de outubro de 1703 e faleceu aos 54 anos, em 22 de março de 1758, vítima de varíola, contraída após haver se voluntariado para ser inoculado com o vírus, para o desenvolvimento de uma vacina.

Filho de Timothy Edwards e Esther Stoddard Edwards, Jonathan era o único menino numa família de 11 filhos. Seu pai, Timothy, obteve sua graduação em Harvard (1691), serviu por um tempo (1711) como capelão no Canadá durante o conflito entre a França e o Reino unido e exerceu todo seu ministério pastoral em East Windsor (1694-1758). Timothy foi um pai amoroso e um educador meticuloso – ensinou Edwards e outras crianças o latim, o grego, e disciplinas bíblicas e religiosas. Esther Stoddard, mãe de Edwards, era uma mulher “afável e gentil”,  ela viveu até os 98 anos de idade, e foi considerada “discreta, elegante e afável (…) apreciava os livros e conhecia bem os escritos teológicos”.  Seu avô foi o famoso pastor Solomon Stoddard, considerado um dos pregadores mais influentes de seu tempo, na Nova Inglaterra.

Edwards recebeu sua educação no “Collegiate School of Connecticut” (que receberia, mais adiante, o nome de seu benfeitor, Elihu “Yale”), em New Heaven a partir de 1716, com a idade de 13 anos. Durante os quatro anos em que lá permaneceu, Edwards aprendeu as seguintes disciplinas: Grego, Hebraico e Latim, no primeiro ano; lógica, no segundo; ciências naturais e humanas (gramática, retórica, história, astronomia, metafísica, ética, astronomia e geometria) no terceiro e quarto anos. Em seguida, Edwards ingressou no curso de mestrado que duraria mais dois anos.

Sua conversão aconteceu em meados da década de 1720, quando, segundo ele mesmo relata, ele passou a ter um “senso das coisas divinas”, o qual, com o tempo, “cresceu e se tornou mais e mais vívido, concedendo-me uma nova docilidade”. Em 1722, quando Edwards tinha apenas 18 anos, ele mudou-se para a cidade de Nova Iorque e pastoreou uma igreja presbiteriana por quase um ano. Esse foi um período em que Edwards experimentou crescimento espiritual e firmou sua determinação e chamado para o ministério pastoral. Foi também a época em que produziu suas Miscelâneas (que continha textos científicos e filosóficos), começou a registrar suas Narrativas Pessoais e elaborou suas famosasResoluções – aos dezoito anos de idade – que chegaram a 70 e seriam suas diretrizes para o resto de sua curta vida. Mesmo experimentando essas profundas mudanças em seu coração, sua mente curiosa e efusiva continuava a produzir. Aos 19 anos, em 1723, Edwards produziu um tratado sobre aranhas que ele denominou de The Spider Letter [A carta da Aranha]. Muito de sua vasta produção literária começou neste período e foi até o fim de seus dias. A mente aguçada era aliada de um intenso interesse pela investigação da verdade em todos os seus ângulos.

Edwards casou-se em 1727 com Sarah Pierrepont (1710-1758), filha do respeitado pastor da congregação de New Heaven, James Pierrepont e bisneta do famoso pregador puritano, Thomas Hooker. O casamento incrementou a força e docilidade de Edwards e foi um elemento que levou segurança e conforto à sua vida pelos 30 anos subsequentes. Edwards e Sarah tiveram 11 filhos. Sobre Sarah, Lloyd-Jones diz que foi “tão santa quanto o próprio Edwards”.

Edwards assumiu o ministério como pastor assistente em Northampton ao lado de seu avô, o grande Salomon Sotoddard, em 1727, quando este já contava com 83 anos. Dois anos mais tarde, com o falecimento do avô, Edwards foi alçado ao ministério pastoral daquela igreja na Nova Inglaterra, uma das mais importantes e influentes daquela região, naquele tempo. Seu púlpito era vigoroso e sua ação pastoral atingia a todos da comunidade – Edwards foi um evangelista ferrenho e demonstrou grande interesse nas vidas dos membros de sua igreja, mantendo uma agenda intensa de visitações. Ele era dado a longos tempos de oração, não raro saindo para cavalgar e afugentar-se num lugar específico, nos bosques próximos à sua residência, onde passava horas em oração e contemplação. Um avivamento aconteceu em sua própria congregação, em meados de 1730 e, nos anos 1740, época em que Edwards conheceu e associou-se com o pregador e evangelista itinerante britânico George Whitefield, aconteceu o chamado Grande Despertamento, do qual Edwards foi um importante instrumento e entusiasmado defensor. Em 1741, ele pregou uma mensagem em Yale que mais tarde foi publicada sob o título de The Distinguishing Marks of the a Work of the Spirit of God [As marcas distintivas da obra do Espírito de Deus],  10em que dava apoio ao Despertamento e demonstrava os sinais que o distingue.

Em 1750, Edwards experimentou o momento mais difícil de sua vida, quando foi desligado de sua igreja por haver se posicionado contra uma prática implementada por seu avô anos antes, chamada de Halfway Covenant [aliança do meio-termo], que consistia na permissão de que as pessoas participassem da Ceia se exibissem um bom padrão moral em sua vida e fizessem uma confissão básica de fé. Stoddard fizera isso porque ele tinha expectativa que o tomar da ceia poderia ser uma oportunidade de conversão, como, aliás, ocorrera em sua própria experiência. Edwards exigiu que somente crentes professos e que exibissem fruto de salvação fossem admitidos à mesa. Foi despedido. 230 membros votaram por sua saída e apenas 23, por sua permanência.

Edwards tornou-se missionário para os índios e dedicou tempo para a produção literária, tendo produzido neste período algumas de suas obras mais importantes. Em Janeiro de 1758, Edwards aceitou – com relutância – assumir a presidência da recém-fundada, porém já prestigiada, universidade de Princeton, sucedendo seu genro Aaron Burr, que faleceu alguns meses antes. Edwards ficou apenas cinco semanas no cargo, pois faleceu em 22 de março daquele mesmo ano. Sarah, sua esposa, faleceu alguns meses depois e foi sepultada ao seu lado, no cemitério de Princeton.

Tiago Santos
quinta-feira, 4 de outubro de 2012
Enquanto a política é sempre discutida em termos de questões atuais, ela é fundamentalmente um debate de ideias e direção. As gerações anteriores entendiam bem esse fato; as pessoas dos séculos XIX e XX eram cientes de que as ideias do Iluminismo e da Revolução Francesa eram contrárias ao pensamento bíblico. Essa foi a razão por que o partido de Kuyper foi chamado de Partido Anti-Revolucionário.

Por contraste, muitas pessoas de nossos dias, até na igreja, tem adotado inconscientemente a teoria dos dois âmbitos da verdade que os modernistas tem recomendado. Aceitamos uma divisão entre fatos e valores, agindo em sistemas que aceitam a prova do método científico como refletindo um tipo de verdade, enquanto a prova da fé resulta em algo menos verdadeiro, publicamente. Ressentimo-nos da insistência dos secularistas de que a religião é algo particular, mas, apesar disso, adotamos o sistema individualista deles. Podemos ver prontamente como a nossa fé nos dá algo a dizer a respeito de certas questões morais como o aborto e o casamento, mas temos dificuldade para ver importância de nossa fé para um plano de desenvolvimento urbano, estratégia de impostos ou política internacional.

Quando os cristãos reformados vivem com uma fé particular que afeta somente partes de sua vida, eles perdem grande parte das riquezas do legado puritano.


Joel R. Beeke
In: Vivendo para a glória de Deus
quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Não importando o assunto que defendemos, temos que nos empenhar com amor, humildade e graça cristão na esfera política. Lloyd-Jones advertiu contra três perigos. 

O primeiro é que os cristãos se tornem meros defensores do status quo. Quando o cristianismo se torna um movimento "da classe média... (a tentação) que se apresenta ao cristão é a de tornar-se um político conservador e oponente da reforma legítima e dos direitos legítimos das pessoas", ele disse. 

O segundo perigo é o extremo oposto - radicalismo focado na reforma política. Embora a inclinação do calvinismo tenha sido de enfatizar a ordem acima da liberdade, ainda existe o perigo de definirmos o sucesso em termos de "cristianizar" as várias esferas da vida ou de libertar as pessoas por meio de um espírito de anarquia antinomiano.

O terceiro perigo é a "preocupação exclusiva com as coisas espirituais... o dever do cristão é interessar-se sempre por esses assuntos e ter uma visão do mundo".

Joel R. Beeke
In: Vivendo para a glória de Deus
terça-feira, 2 de outubro de 2012

O engajamento cívico não é opcional. O paradoxo do calvinismo político é que, embora tenhamos que admitir que muitas tentativas de aplicá-lo historicamente duraram pouco tempo, não há razão para abandonarmos nossa responsabilidade de nos envolvermos. 

Embora não possamos trocar oportunidades de envolvimento como cidadãos em nossa geração pelas de outras gerações, parece razoável concluir que a maioria dos calvinistas de gerações anteriores teriam achado inconcebível não votar e não acompanhar as notícias políticas do momento. 

Estes acontecimentos são obras da providência de Deus; obedecer e corresponder às Suas obras é um elemento básico do viver cristão. O motivo para o envolvimento político é a obediência a Deus e o desejo de serví-lo em cada área de nossa vida.

Como diz Miquéias 6:8: "O que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com seu Deus".

À parte de qualquer bem que nosso envolvimento possa produzir, há mais uma razão fundamental para o envolvimento cívico: isso nos dá a oportunidade de glorificar a Deus na esfera pública. Somos chamados a glorificar a Deus em tudo que fazemos e em todos os aspectos de Sua criação.

Joel R. Beeke
In: Vivendo para a glória de Deus