Popular Posts

Blogger templates

Blogger news

Blogroll

About

Blog Archive

Tecnologia do Blogger.

Seguidores

Pesquisar

domingo, 29 de dezembro de 2013
A magistratura vem de Deus. A magistratura em todas as suas formas foi instituída por Deus mesmo para a paz e a tranqüilidade do gênero humano, devendo pois, ter o lugar mais importante no mundo. Se o magistrado for inimigo da Igreja poderá entravar a sua ação e perturbá-la muito; mas sendo amigo ou membro da Igreja, torna-se o mais útil e excelente entre os seus membros, podendo ajudá-la muito e dar-lhe assistência melhor do que todos os demais.

O dever do magistrado. O principal dever do magistrado é garantir e preservar a paz e a tranqüilidade pública. Indubitavelmente, ele nunca realizará isso com tanto sucesso como quando é de fato temente a Deus e religioso. Quer isso dizer, quando segundo o exemplo dos mais santos reis e príncipes do povo do Senhor, promove o magistrado a pregação da verdade e a fé sincera, extirpa as mentiras e toda a superstição, juntamente com toda impiedade e idolatria e defende a Igreja de Deus. Certamente, ensinamos que o cuidado da religião pertence especialmente ao santo magistrado.

Tenha ele, pois, em suas mãos a Palavra de Deus, tomando cuidado de que não se ensine nada contrário à mesma. Governe também o povo, que lhe foi confiado por Deus, por meio de boas leis, elaboradas segundo a Palavra de Deus, conservando-o na disciplina, no dever e na obediência. Exerça o seu ofício de magistrado, julgando com justiça. Não faça acepção de pessoas, nem aceite subornos. Proteja as viúvas, os órfãos e os aflitos. Use sua autoridade para punir os criminosos e até bani-los, bem como aos impostores e bárbaros. Pois, não é sem motivo que ele traz a espada. (Rom 13.4).

Portanto, desembainhe a espada de Deus contra todos os malfeitores, sediciosos, ladrões, homicidas, opressores, blasfemadores, perjuros, e contra todos aqueles, a quem Deus lhe ordenou punir e mesmo executar. Reprima os hereges incorrigíveis (verdadeiramente heréticos), que não cessam de blasfemar contra a majestade de Deus, e de perturbar e mesmo pôr em perigo a Igreja de Deus.

Guerra. E, se for necessário preservar pela guerra a segurança do povo, que o magistrado declare guerra em nome de Deus, desde que tenha primeiramente procurado por todos os meios possíveis fazer a paz, não podendo pois, salvar seu povo a não ser pela guerra. Quando, pela fé pratica o magistrado estas coisas, serve a Deus por aquelas obras, que são verdadeiramente boas, e recebe a bênção do Senhor.

Condenamos os Anabaptistas que, ao negarem possa o cristão exercer o ofício de magistrado, negam também que o homem possa ser, com justiça, condenado à morte pelo magistrado, ou que este possa declarar guerra, ou que se prestem juramentos ao magistrado, e coisas semelhantes.

O dever dos súditos. Como Deus efetua a segurança do povo através do magistrado, a quem deu ao mundo para ser como uma espécie de pai, assim ordena a todos os súbditos que reconheçam este favor de Deus no magistrado. Que os súditos, pois, honrem e respeitem o magistrado como ministro de Deus; que o estimem, colaborem com ele, orem por ele como por um pai, e obedeçam às suas decisões justas e legítimas. Finalmente, paguem fiel e prontamente todos os impostos e taxas e todos os demais direitos. E se a segurança pública do país e a justiça o exigirem, e vir-se o magistrado obrigado a empreender uma guerra, dêem até suas vidas e derramem o seu sangue pela segurança pública e pela do magistrado. E o façam em nome de Deus, espontaneamente, com bravura e alegria. Pois, quem se opõe ao magistrado provoca contra si mesmo a severa ira de Deus.

Seitas e sedições. Condenamos, portanto, todos quantos desprezam o magistrado - os rebeldes, os inimigos do estado, os vilões sediciosos, enfim, todos os que aberta ou astuciosamente se recusam a cumprir qualquer das obrigações, que lhes competem. Oramos a Deus, nosso mui misericordioso Pai do Céu, para que abençoe os governantes, a nós e a todo o seu povo, mediante Jesus Cristo, nosso único Senhor e Salvador, a quem seja o louvor e a glória, e as ações de graças, para todo o sempre. Amém.
terça-feira, 24 de dezembro de 2013
A universalidade da soberania de Deus é um dos temas mais preponderantes em todo o saltério. Quando o salmista exclama “Pois o SENHOR Altíssimo é tremendo, é o grande rei de toda a terra” (Salmo 47.2, RA) e continua dizendo “Deus é o Rei de toda a terra; salmodiai com harmonioso cântico. Deus reina sobre as nações; Deus se assenta no seu santo trono. Os príncipes dos povos se reúnem, o povo do Deus de Abraão, porque a Deus pertencem os escudos da terra; ele se exaltou gloriosamente” (Salmo 47.7–9, RA), está afirmando que Ele é o dono absoluto de toda a criação e Deus de todos os reinos humanos, o Criador por excelência.

Este tipo de exclamação de júbilo de parte dos poetas tem levado a alguns estudiosos dos salmos a sugerir que o tema teológico central, que de alguma maneira une e entrelaça todos os salmos é "Jeová Reina" (Yhwh malak). Esta pequena frase, cuja tradução é muito debatida, declara que Jeová não somente reina, mas que é o dono de tudo o que existe e, portanto, tem direito absoluto sobre a terra e seus habitantes. 

Este conceito é realmente revolucionário para o mundo antigo. Os deuses das distintas nações vizinhas de israel são deuses que estão limitados em termos geográficos. Seus poder e jurisdição não vão além dos limites geográficos que delimitam uma nação. A declaração de que há um Deus cujo poder não está restrito por fronteiras humanas é, em si mesma, uma afirmação missiológica radical. A soberania e senhorio de Jeová que reina é absoluta e abrange toda a criação. Isto tem pelo menos duas implicações significativas. Em primeiro lugar, o Deus de Israel, o povo do pacto, não é patrimônio exclusivo de Israel. Se bem que é verdade que Jeová decidiu usar o povo de Israel como instrumento de bênção para todas as nações, Israel não pode reclamar direitos absolutos sobre a deidade. Em segundo lugar, isto indica que tudo o que Deus significa, isto é, tudo o que Ele é, está ao alcance de todas as nações. Deus, através de Sua soberania universal, se converte em um recurso inesgotável para toda a criação.

Esta realidade articulada nos Salmos tem uma repercução missiológica notável, em especial se se considera a frase do poeta quando declara que os líderes dos distintos povos se reúnem com o povo do Deus de Abraão para enalter ao único Deus. O fato de que Deus, em sua soberania absoluta, seja Deus dos imperios da terra sugere fortemente que isto deve ser proclamado a todo aqueles que ainda não o sabem ou não o entendem.

É aqui, então, que é importante introduzir de que maneira essa soberania universal produz ou gera esperança. O poeta diz, em outro contexto, que em Deus “está o manancial da vida; na tua luz, vemos a luz” (Salmo 36.9, RA). Aqui temos outra declaração que define a realidade tal como tem sido explicado anteriormente à luz da proposta de Mowinckel. A vida não provém de uma casualidade cósmica, nem de outros deuses cujas jurisdições estão limitadas por fronteiras geográticas. A vida provém de Deus criador de todas as coisas, cuja soberania é absoluta e universal. Esta vida articulada nos Salmos pelos poetas hebreus é o que oferece mais esperança ao nosso mundo contemporâneo. Em termos de uma proposta missiológica, sugerimos a proclamação de um Deus que é fonte, autor e gerador de toda a vida representa, talvez, a mensagem mais poderosa e relevante para um mundo que está empenhado em destruir a vida.

A pos-modernidade na qual estão imersas as sociedades deste mundo define a realidade de maneira que a vida, a esperança, o ideal, a utopia já não existem. Como parte dessa definição de realidade, o importante é sobreviver em termos individualistas, sem nenhum tipo de preocupação "pelo outro", nem tampouco "por Deus".Este marco teórico conduz a uma frustração e a um vazio carente de esperança e vida. O poeta hebreu, por outro lado, define a realidade em termos de vida uma vida e uma esperanças entregues, dadas por um Deus que não pode ser manipulado nem controlado por interesses humanos que intentam definir a realidade em termos que não conduzem à vida. Esta alternativa poetizada pelos hebreus oferece uma menagem relevante que todo crente deve abraçar com o propósito de fazer missão. Quem encarna esta definição da realidade poderá unir-se ao poeta e proclamar a todo ser humana que “Com tremendos feitos nos respondes em tua justiça, ó Deus, Salvador nosso, esperança de todos os confins da terra e dos mares longínquos” (Salmo 65.5, RA).

Padilla, Catalina R.
In: Bases bíblicas de la misión: perspectivas latinoamericanas.
Tradução: Cinco Solas
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
Graça preveniente significa a graça que antecede qualquer ação do homem, relacionada à sua salvação. Por isso é também chamada de graça precedente, graça antecedente ou graça preventiva. Enfim, graça preveniente significa que Deus toma a iniciativa na salvação do homem. E que sem ela, ninguém chega a ser salvo.

Daí concluímos que acreditar na graça preveniente não é coisa de arminiano somente. Pelagianos acreditam na graça preveniente, assim como luteranos e calvinistas. O que diferencia cada um deles é o entendimento que tem sobre a natureza da graça preveniente, bem como a sua eficácia, considerada a salvação final do homem.

Para Pelágio, a graça de Deus referia-se às faculdades com as quais Deus dotou o homem, particularmente a razão. Uma vez que ele não acreditava nos efeitos da Queda nos descendentes de Adão, mesmo após o pecado ter entrado no mundo, o homem conserva tais faculdades, com o mesmo potencial que tinham quando o homem foi criado. Assim, quando o homem escolhe obedecer a Deus, tem em si a capacidade para tal, posto que foi com ela dotado na criação. Logo, a ação capacitadora de Deus antecedeu a ação realizadora do homem.

Os arminianos creem que a Queda afetou a capacidade de iniciar qualquer movimento de retorno a Deus. A graça preveniente consiste que a morte de Jesus age no sentido de anular os efeitos da natureza caída, de modo que agora a pessoa pode cooperar com a graça de Deus. Assim, diante do chamado do evangelho, o homem pode, por escolha pessoal, rejeitar ou aceitar a oferta da salvação, ou seja, seu livre-arbítrio foi restaurado. Daí admitirem que a salvação é sinergista, pois o homem coopera com Deus para sua salvação, não no sentido de realizar alguma obra, mas de estender a mão para receber a dádiva oferecida.

O entendimento luterano da graça preveniente é parecido ao do arminianismo, embora difira num detalhe. O homem pode, de si mesmo rejeitar a graça preveniente, de modo que ela não se torne salvificamente eficaz. Por outro lado, o homem não é capaz de cooperar com a graça no sentido de realizar a salvação, isto tudo é obra da graça, sem a participação ativa do homem. Isto coloca a visão luterana a meio caminho entre o arminianismo e o calvinismo, no que diz respeito à graça preveniente.

No calvinismo, a graça preveniente é regeneradora, ou seja, antes dela o homem encontra-se morto e necessita ser vivificado antes de qualquer ação. No que diz respeito à salvação, ela é sempre eficaz, pois todos àqueles a quem ela é concedida serão salvos certamente. Diz-se então que essa graça é irresistível. Disso decorre que apenas os eleitos recebem a graça preveniente, pois se fosse uma graça universal toda a humanidade seria salva.

O propósito deste artigo é esclarecer as diversas posições quanto à graça preveniente, e não defender uma delas e atacar as outras. Porém, não posso concluir o mesmo deixando em suspenso qual seria a minha posição. Então, concluo dizendo que das posições apresentadas, creio que a representada pelo calvinismo é mais consistente com a verdade bíblica.

Soli Deo Gloria
domingo, 22 de dezembro de 2013
Pessoas solteiras. Os que têm do céu o dom do celibato, de modo que, de coração ou de toda a alma podem ser puros e continentes e não são levados pelos ardores do sexo, sirvam ao Senhor nessa vocação, enquanto se sentirem dotados do dom divino. E não se julguem melhores do que os outros, mas sirvam o Senhor continuamente em simplicidade e humildade (I Co 7.7 ss). Estes estão mais aptos a lidar com as coisas divinas do que aqueles que se distraem com os interesses particulares de uma família. Mas, no caso de ser-lhes retirado o dom, e sentirem um durável ardor, lembrem-se das palavras do apóstolo: “É melhor casar do que viver abrasado” (I Co 7.9).

Casamento. O casamento (que é o remédio da incontinência e é a própria continência) foi instituído pelo Senhor Deus mesmo, que o abençoou da maneira mais generosa, e que desejou que o homem e a mulher se unissem um ao outro inseparavelmente e vivessem juntos em completo amor e concórdia (Mat 19.4 ss). Sobre isso sabemos o que disse o apóstolo: “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula” (Heb 13,4). E outra vez: “Se a virgem se casar, por isso não peca” (I Co 7.28).

As seitas. Condenamos, portanto, a poligamia e os que condenam o segundo casamento.

Como deve ser contraído o casamento. Ensinamos que o casamento deve ser contraído legalmente no temor do Senhor, e não contra as leis, que proíbem certos graus de consangüinidade, a fim de que o casamento não seja incestuoso. O casamento deve ser feito com o consentimento dos pais, ou dos que estão em lugar dos pais, e acima de tudo para o fim para o qual o Senhor instituiu o casamento. Além disso, devem conservar-se santos, com a máxima fidelidade, piedade, amor e pureza dos que se uniram. Portanto, evitem-se as discussões, as dissenções, a lascívia e o adultério.

Fórum matrimonial. Devem estabelecer-se cortes legais na Igreja, tendo juizes santos, que possam cuidar dos casamentos, reprimir a impureza e a imprudência, diante dos quais se resolvam os conflitos matrimoniais.

A criação dos filhos. Devem os filhos ser criados pelos pais, no temor do Senhor; e devem os pais prover o sustento dos seus filhos, lembrando-se do que disse o apóstolo: “Ora, se alguém não tem cuidado dos seus e especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé, e é pior do que o descrente” (I Tm 5.8). Mas, devem principalmente ensinar a seus filhos para terem uma carreira ou profissões honestas com que possam manter-se a si mesmos. Devem conservá-los afastados da ociosidade, e em tudo inculcar neles a verdadeira fé em Deus, a fim de que, pela falta de confiança ou demasiada segurança ou pela feia avareza venham a tornar-se dissolutos, e a fracassar na vida.

Aliás, é muito certo que as obras praticadas pelos pais com verdadeira fé, mediante os deveres domésticos e administração de sua casa, são, aos olhos de Deus, santas e verdadeiramente boas obras. Não são menos agradáveis a Deus do que as orações, os jejuns e as obras de beneficência. Pois, assim ensinou o apóstolo em suas epístolas, especialmente nas dirigidas a Timóteo e a Tito. E com o mesmo apóstolo incluímos entre os ensinos de demônios a doutrina dos que proíbem o casamento e abertamente o criticam ou indiretamente o desacreditam, como se não fosse santo e puro.

Execramos também, a vida impura dos solteiros, a lascívia secreta ou às claras, e a fornicação dos hipócritas, que simulam continência, sendo os mais incontinentes de todos. A todos estes julgará Deus. Não desaprovamos as riquezas dos que as possuem, quando são piedosos e fazem bom uso delas. Mas, rejeitamos a seita dos Apostólicos, etc.
domingo, 15 de dezembro de 2013
Os bens da Igreja e seu justo uso. A Igreja de Cristo conta com recursos provindos da generosidade de príncipes e da liberalidade dos fiéis, que doaram seus bens à Igreja. Necessita a Igreja de tais recursos, e desde os tempos antigos têm-nos tido para a manutenção de tudo o que lhe é necessário. Ora, o verdadeiro uso dos bens da Igreja era outrora, e ainda o é, o de manter o ensino nas escolas e nas reuniões religiosas, bem como o culto, ritos e edifícios sagrados; manter mestres, discípulos e ministros, juntamente com outras coisas necessárias, e especialmente ajudar a alimentar os pobres. Administração. Além disso, homens sábios e tementes a Deus, destacados na administração dos negócios devem ser escolhidos para administrar legitimamente os bens da Igreja.

O mau uso dos bens da Igreja. Mas, se por uma calamidade ou por causa da ousadia, ignorância ou avareza de alguns, os bens da Igreja forem malbaratados, devem ser restaurados para o uso sagrado por homens fiéis e sábios. Pois, não se pode ser conivente com o abuso, o que seria o maior sacrilégio. Portanto, ensinamos que as escolas e instituições, que se tenham corrompido na doutrina, no culto e na moral, devem ser reformadas, e que o serviço aos pobres deve ser organizado de uma forma responsável, prudente e de boa fé.
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Minha glória é a cruz de Cristo,
que vence as ruínas do tempo;
roda a luz da sacra história
circunda o seu Senhor sublime.
A cruz permanece. E para o enigma do mal, do pecado e do sofrimento, a cruz de Cristo é a resposta da fé cristã. Ali o insondável e incontestável Deus é vítima de toda a enorme e  calculada fúria dos poderes das trevas e do mal. Ali vemos a espécie de mundo que o mal cria — um mundo capaz de realizar o crime que matou o Varão de Dores. Ali na verdade estão os restos do naufrágio do tempo, produtos do pecado, dominados pelo mal, possessos do demônio. 

Mas ali também está o insuperável amor de Deus, dando o melhor de Deus  em troca do pior do homem, demonstrando o Seu amor para com os pecadores na hora do seu maior pecado, e estendendo aos mais remotos limites do mundo as feridas mãos de amor.

Quando Paulo escreveu aos coríntios, ele disse: “Primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras” (1Co 15:3). Para Paulo, como para todos os outros escritores  apostólicos, a cruz é o mais importante artigo da fé do cristão, o símbolo universal da mensagem cristã, o centro e a circunferência do evangelho.

A pregação e o ensino do Novo Testamento centralizam-se na cruz. A cruz determina, enfim, o nosso conceito de Deus, do homem, da natureza, da história e da eternidade. Ela é a resposta do cristão para o problema do sofrimento, como também do pecado.

Portanto, para o homem do século vinte, bem como para os homens de todas as eras, a atração e a repulsão da fé cristã estão centralizadas num ponto — a cruz. Sem o Calvário, não temos fio nenhum que nos guie no labirinto. Na cruz, porém, Deus nos mostra tanto o nosso pecado como também a que extremo irá o amor de Deus para salvar-nos.

William Fitch
In: Deus e o mal

domingo, 8 de dezembro de 2013

Cerimônias e ritos. Ao povo do Velho Testamento foram dadas no passado, certas cerimônias, como uma espécie de instrução para os que estavam sob a Lei, como sob um pedagogo ou tutor. Mas, quando veio Cristo, o Libertador, e a Lei foi abolida, nós os fiéis, não estamos mais debaixo da Lei (Rom 6.14), e as cerimônias desapareceram; por isso os apóstolos não quiseram conservá-las ou restaurá-las na Igreja de Cristo, a tal ponto que, abertamente declararam não desejarem pôr nenhuma carga sobre a Igreja. Portanto, pareceria estarmos introduzindo e restaurando o Judaísmo, se multiplicássemos as cerimônias e os ritos na Igreja de Cristo, segundo o costume da Igreja antiga. Por isso, de nenhum modo aprovamos a opinião daqueles que pensaram que a Igreja de Cristo deve ser regulamentada por diferentes ritos, como uma espécie de treinamento. Pois, se os apóstolos não quiseram impor ao povo cristão cerimônias ou ritos, que foram indicados por Deus, quem, pergunto eu, em perfeito juízo haveria de impor-lhes invenções imaginadas pelo homem? Quanto mais aumenta o volume de ritos na Igreja, tanto mais ela se despoja da liberdade cristã, de Cristo, e de sua fé nele, enquanto o povo busca nos ritos aquilo que deveria buscar somente pela fé no Filho de Deus, Jesus Cristo. Por conseguinte, basta aos crentes, alguns ritos moderados e simples, que não sejam contrários à Palavra de Deus.

Diversidade de ritos. Se nas igrejas se encontram ritos diferentes, ninguém deve pensar que por isso estejam as mesmas em desacordo. Diz Sócrates: “Seria impossível colocar junto no papel todos os ritos das igrejas, em todas as cidades e países. Nenhuma religião observa os mesmos ritos, ainda que reconheça a mesma doutrina a respeito deles. Pois, os que pertencem à mesma fé discordam entre si mesmos acerca dos ritos” (Hist. ecclesiast. V. 22, 30, 62). Isto é o que diz Sócrates. E nós, hoje, tendo em nossas igrejas diferentes ritos na celebração da Ceia do Senhor e em algumas outras coisas, contudo não discordamos na doutrina e na fé; nem é, por esse fato, rasgada em pedaços a unidade e a comunidade de nossas igrejas. Sempre tiveram as igrejas sua liberdade em tais ritos, como sendo coisas indiferentes. O mesmo fazemos nós hoje.

Coisas indiferentes. Mas, ao mesmo tempo as admoestamos a se manterem em guarda, a fim de não considerarem indiferentes coisas que de fato não o são, como querem alguns em relação à missa e ao uso das imagens em lugares de culto. “Indiferente”, escreveu São Jerônimo a Santo Agostinho, “é aquilo que não é bom nem mau, de modo que, se você o fizer ou não fizer, não é justo nem injusto”. Portanto, quando para dar validade às coisas indiferentes se torce a confissão de fé, deixam as mesmas de ser indiferentes. São Paulo mostra que está certo o homem comer carne, desde que alguém não o informe de que foi oferecida aos ídolos; pois, de outra forma estaria errado, visto que comendo, parece aprovar a idolatria (I Co 8.9 ss; 10.25 ss).
sábado, 7 de dezembro de 2013
Primeiramente, Pedro lembra aos crentes que o próprio Cristo sofreu; e lhes diz que eles são “participantes das aflições de Cristo” naquilo que agora suportam. “Ora, pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós com este pensamento” (1Pe 4:1). “Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo” (1Pe 4:13). A lembrança dos sofrimentos do seu Mestre santificará e amenizará o seu sofrimento e dor.

A resposta cristã ao problema do sofrimento deve pôr-se face a face ante este fato supremo. Fora daí, realmente não há resposta. Mas as Escrituras são muito enfáticas sobre isto. Os profetas O viram assim: “homem de dores, e  experimentado nos trabalhos” (Is 53:3). Os Evangelhos O apresentam como Alguém que “tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças” (Mt 8:17). Os apóstolos declaram que Ele “aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si: mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (Fp 2:7,8). E mais: “para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas” (1Pe 2:21). Ainda mais do que isto nos é revelado. A razão do sofrimento é dada pormenorizadamente. “Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu. E, sendo ele consumado, veio a ser a causa de  eterna salvação para todos os que lhe obedecem” (Hb 5:8,9). E digno de nota o fato de que, sempre que o exemplo de Cristo nos é apresentado nas Escrituras para nossa imitação, é Seu exemplo no sofrimento; que é citado.

Isso é altamente significativo. Indubitavelmente, o nosso Senhor tinha disposição para a obediência desde o princípio dos Seus dias na terra. Todavia, foi na escola do sofrimento que Ele aprendeu a prática da obediência. Através de um longo curso de provação e sofrimento Ele aprendeu a obediência. A dispensa do sofrimento teria significado dispensa da liderança. “Porque convinha que aquele, para quem são todas as coisas, e mediante quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória, consagrasse pelas aflições o príncipe da salvação deles” (Hb 2:10). O sofrimento ficou gravado em cada passo que Jesus deu. Por esta razão, “naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados” (Hb 2:18).

Se havemos de responder à pergunta “Sofrimento — bem ou mal?”, devemos partir daqui. No coração da história está Jesus Cristo. Ele foi aperfeiçoado mediante o sofrimento. Submeteu-Se livremente à agonia e à ignominia da cruz, e ali sofreu por todos os homens. Ao fazê-lo, esgotou o cálice do sofrimento até o fim. O sofrimento Lhe era necessário. Deus usou o sofrimento para prepara-lO para o sacrifício supremo. Ele Se encarnou para poder aprender a obediência. Suportou a vontade divina como um jugo, em vez de brandi-lo como um cetro. Este é o credo do cristão. Cristo mesmo provou o sofrimento até às maiores profundezas. Portanto, Ele entende. Por conseguinte, Ele pode socorrer os que passam por sofrimentos e provações.

William Fich
In: Deus e o mal
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Antes de Agostinho, o pensamento cristão tinha dado expressão à sua fé, afirmando que Jesus, considerado como a Revelação de Deus, era também a revelação do que o homem foi destinado a ser desde a criação. Sendo assim, algo parece estar errado. O homem, com suas muitas expressões de visão curta, seu ânimo vingativo, seus incessantes crimes, tanto de comissão como de omissão, encontra-se muitíssimo aquém de revelar o mesmo espírito que houve em Jesus. Em face disso, a ortodoxia tinha declarado que na verdade o homem decaíra. Adão, o primeiro homem, tinha feito uso da liberdade que Deus lhe dera para fazer uma escolha contrária à vontade expressa de Deus e, em conseqüência, comprometera todo o gênero humano. Cristo foi enviado ao mundo para restaurar o homem de modo que lhe seja possível retomar sua posição original.

A doutrina de Agostinho, como se verifica em outros enunciados da ordodoxia, foi elaborada tendo-se em vista uma heresia. A heresia que tinha de ser combatida era de responsabilidade do monge inglês Pelágio. Pelágio insistia em afirmar que todo homem se encontra absolutamente livre para escolher o bem ou o mal em qualquer momento de sua vida. Insistia em que a queda de Adão não tinha afetado a mais ninguém além dele mesmo. Contra tais afirmações, Agostinho opunha a negação de que o homem seja livre no sentido de poder fazer o bem ou o mal. Trabalhando com a intuição de princípios que nos fazem lembrar os enunciados da moderna psicologia do subconsciente, Agostinho ressaltava que os impulsos que caracterizam a raça humana em suas manifestações pecaminosas são mais fortes do que a doutrina Pelagiana admite. Não se pode acreditar que o indivíduo, no início, seja como uma folha em branco; ele tem consigo elementos que vêm do meio social e outros hereditários. Pelo fato de que a herança é pecaminosa, verifica-se que o homem é pecador, isto é, o homem tem propensões para o pecado; ele tem uma tendência tão forte para a pecaminosidade que, a não ser mediante o socorro da graça Divina, ele não pode se livrar do mal. Em vez de ser livre, o homem, de fato, encontra-se preso a uma conduta pecaminosa, e poderá tornar-se livre só na medida em que Deus lhe proporcione a graça suficiente para que rompa as correntes que o prendem.

Agostinho situou a fonte do pecado original, isto é, a fraqueza ou incapacidade de fazer o bem, no sentimento do orgulho humano. Em uma renovada alusão à narrativa Bíblica concernente a Adão, Agostinho ressaltou que Adão tinha sido livre. Ele tinha a sua disposição tudo quanto desejasse enquanto vivia no Jardim do Éden. Entretanto, Adão desejou algo mais: ele quis ficar independente de Deus. Ressentiu de estar em situação de dependência com relação ao Criador; ele desejou tomar o lugar de Deus. Assim, iludido pela serpente que lhe tinha passado a idéia de que ele podia tornar-se como Deus, ele comeu do fruto da árvore. Isto é, a recusa do homem de aceitar a posição de criatura que lhe foi determinada, de modo a acomodar-se ao fim para que foi formado, leva-o à descabida presunção de querer ser igual ao Criador. Recusando-se a dar a Deus o lugar próprio em sua vida, o homem descobre que o resultado disso é o prevalecimento da concupiscência ou ambição desmedida com relação às coisas que há no mundo. Em outras palavras, uma vez que Deus deixa de ser o próprio centro da vida, o homem degrada-se a ponto de cometer todas as demais formas de pecado: torna-se avarento, lascivo, capaz de roubar o próximo, assassinar e comportar-se egoisticamente. 

W. E. Hordern, W. E. Teologia Contemporânea.
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
Se a ética de Jesus é de fato a ética do reino de Deus, segue-se que deve ser uma ética absoluta. Dibelius está correto; Jesus ensinou a vontade de Deus pura e incondicionada sem qualquer tipo de compromisso, que Deus impõe aos homens de todas as épocas e para todo o tempo. Tal conduta é atingível de um modo cabal somente na Era Vindoura, quando todo o mal for banido; mas o Sermão do Monte deixa bem claro que Jesus esperou que os seus discípulos praticassem os seus ensinos nesta era presente. Doutra maneira, as declarações sobre a luz do mundo e o sal da terra ficam despidas de significado (Mateus 5:13,14). A ética de Jesus incorpora o padrão de justiça que um Deus santo deve requerer dos homens em qualquer era.

É este fato que tem suscitado a difícil questão da praticabilidade da ética de Jesus. Quando considerada sob um ponto de vista, sua ética é impraticável e quase impossível de ser levada a efeito. Se o Sermão do Monte é uma legislação para determinar a admissão no Reino futuro, então todos os homens estão excluídos. Jesus ensinou que a ira é pecado e leva à condenação. A lascívia é pecado, e qualquer que olhar para uma mulher com lascívia é culpado de pecado. Jesus exigiu uma honestidade absoluta, uma honestidade tão absoluta que um Sim ou um Não seriam tão válidos quanto um juramento. Jesus exigiu um amor perfeito, um amor tão perfeito como o é o amor de Deus pelos homens. Se Jesus exigiu somente uma obediência legalista aos seus ensinos, então deixou os homens dependurados sobre o precipício do desespero, sem nenhuma palavra de salvação.

Entretanto, o Sermão não é lei. Ele descreve o ideal do homem em cuja vida o reino de Deus é absolutamente realizado. Esta justiça, como Dibelius afirmou, somente pode ser experimentada de um modo perfeito no Reino de Deus escatológico. No entanto, ela pode ser atingida até certo grau na era presente, à medida que o reino de Deus é de fato experimentado. Uma questão importante é se uma experiência perfeita do ditame de Deus nesta era é um pré-requisito necessário para a participação no Reino escatológico, e esta questão não pode ser respondida à parte do ensino de Jesus sobre a graça.

Há uma analogia entre a manifestação do Reino de Deus em si mesmo e a obtenção da justiça do Reino. O Reino veio na pessoa de Jesus, em cumprimento à salvação messiânica ainda dentro da antiga era, mas a consumação aguarda a Era Vindoura. O Reino encontra-se presente na atualidade, mas de um modo inesperado. Ele entrou na história sem transformar a história. Veio à sociedade humana sem purificar a sociedade. Por analogia, a justiça do reino de Deus pode ser real e substancialmente experimentada mesmo na era presente; mas a justiça perfeita do Reino, como o próprio Reino, aguarda a consumação escatológica. Do mesmo modo que o Reino invadiu a era perversa para trazer aos homens, como uma experiência antecipada, uma experiência parcial, mas real, das bênçãos do Reino escatológico, assim a justiça do Reino é alcançável, em parte, se não em perfeição, na era presente. A ética, como o próprio Reino, permanece na tensão entre a realização presente e a perfeição escatológica futura.

George E. Ladd. Teologia do Novo Testamento.

domingo, 1 de dezembro de 2013
O sepultamento dos corpos. Sendo os corpos dos fiéis o templo do Espírito Santo, que seguramente cremos hão de ser ressuscitados no último dia, as Escrituras mandam que sejam entregues à terra, honrosamente e sem superstição, e também que se façam referências honrosas aos santos, que dormiram no Senhor, bem como se cumpram todos os deveres de piedade familiar para com suas viúvas e órfãos. Não ensinamos que se tenha qualquer outro cuidado com os mortos. Portanto, damos ênfase ao fato de que desaprovamos os cínicos, que negligenciavam os corpos dos mortos e descuidada e desdenhosamente os lançavam à terra, nunca pronunciando uma boa palavra acerca do falecido, ou se preocupando com os seus que ficaram.

O cuidado pelos mortos. Por outro lado, não aprovamos aqueles que se preocupam excessiva e indevidamente com os mortos; que, à semelhança dos pagãos, lamentam os seus mortos (embora não censuremos o luto moderado, que o apóstolo permite em I Tes 4.13, julgando até desumano não entristecer-se alguém de modo nenhum); e que oferecem sacrifícios pelos mortos, murmuram certas orações, não sem paramento, com o fim de, por meio de tais cerimônias, libertar os entes queridos dos tormentos em que foram imersos pela morte, e pensam serem capazes assim de libertá-los por meio de tal magia.

O estado da alma que deixou o corpo. Cremos que os fiéis, depois da morte do corpo, vão diretamente para Cristo e, portanto, não há necessidade de sufrágios e orações dos vivos pelos mortos, nem de seus ofícios. Igualmente, cremos que os incrédulos são imediatamente lançados no inferno, do qual não há saída possível para os ímpios por quaisquer ofícios dos vivos.

Purgatório. O que alguns ensinam a respeito do fogo do purgatório se opõe à fé cristã, a saber, “creio no perdão de pecados e na vida eterna”, e à perfeita purificação mediante Cristo, bem como a estas palavras de Cristo, nosso Senhor: “Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (João 5.24). E estas: “Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao mais está todo limpo” (João 13.10).

A aparição de espíritos. No tocante aos espíritos, ou às almas dos mortos, que algumas vezes aparecem aos vivos e pedem a estes certos trabalhos, pelos quais possam ser libertados, incluímos tais aparições entre os ludíbrios, as artimanhas e os enganos do Diabo, que, como pode transformar-se em anjo de luz, assim se esforça para, ou transtornar a verdadeira fé, ou lançar dúvida sobre a mesma. No Velho Testamento, o Senhor proibiu a busca da verdade com os mortos e toda espécie de contacto com os espíritos (Deut 18.11). Ao rico glutão, que estava em tormentos, como narra a verdade evangélica, se negou a faculdade de voltar a seus irmãos. Assim diz o divino oráculo: “Eles têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos” (Luc 16.29 ss)