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sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Com isto não negamos que crentes e não-crentes concordam com uma ampla gama de assuntos. Os não-crentes podem ser até mais capazes de construir edifícios, administrar bancos, fazer cirurgias ou compilar pro¬gramas de computador. A razão está fundamentada na doutrina da criação: Todos fomos feitos à imagem de Deus para habitar no mundo de Deus, e nossas faculdades foram designadas a nos dar o verdadeiro conhecimento desse mundo. Assim, em muitos campos pode haver significativa extensão de concordância entre crentes e não-crentes.

A Bíblia ensina a doutrina da graça comum. Considerando que a graça especial refere-se à salvação, a graça comum significa o cuidado providencial de Deus — o modo como Ele sustenta ativamente a totalidade da criação. Deus "faz que [...] a chuva desça sobre justos e injustos", diz a Bíblia (Mt 5.45). Quer dizer, os talentos de Deus são dados até aos não-crentes, inclusive os intelectuais. Foi por isso que Jesus disse que até os pecadores "[sabem] dar boas coisas aos [seus] filhos" (Mt 7.11) e podem ser bons pais, e pôde também repreender aos seus oponentes por não interpretarem os sinais dos tempos — considerando que sabiam interpretá-los, Ele esperava que também soubessem discernir os significados da história (Mt 16.1-4). Portanto, a própria Bíblia ensina que os não-crentes têm a capacidade de operar o mundo com eficiência, incluindo a função cognitiva.

Assim que tentamos explicar o que sabemos, então nossas pressuposições espirituais e filosóficas entram em cena. Por exemplo, consideremos a matemática.Talvez você ache que não haja uma visão cristã da matemática, mas há.Todos concordam que 5 + 7 = 12. Entretanto, quando você pede para justificar o conhecimento matemático, as pessoas se dividem em vários campos concorrentes.

Os gregos antigos, por estarem no amanhecer da história ocidental, são famosos por terem descoberto a geometria euclidiana. Porém, não acreditavam que o próprio mundo material exibisse ordem matemática precisa, porque consideravam a matéria como substância independentemente existente e recalcitrante, que nunca "obedeceria" a regras matemáticas. Por isso, mantinham a matemática presa em um "céu" abstrato platônico.

Em contrapartida, muitos dos primeiros cientistas modernos eram cristãos; eles acreditavam que a matéria não era preexistente, mas que viera da mão de Deus. Assim não havia poder que resistisse à sua vontade senão "obedecer" às regras que Ele estabelecera — com precisão matemática. O historiador R. G. Collingwood escreve: "A possibilidade de uma matemática aplicada é uma expressão, em termos de ciência natural, da crença cristã de que a natureza é a criação de um Deus onipotente".

Nancy Pearsey
In: Verdade Absoluta
quinta-feira, 29 de setembro de 2011
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Você conhece Jesus Cristo como seu Salvador?
Você conhece Jesus Cristo como seu Salvador? Ele é o seu Redentor?

Talvez você participe dos cultos de uma boa igreja evangélica. É possível que tenha lido vários trechos da Bíblia e talvez tenha em sua biblioteca livros sobre a vida cristã. Já ouviu falar do Evangelho e da salvação. Pode até ser que você seja batizado e professe estar entre os salvos.

E mesmo assim, apesar da aparência exterior, pode ser que você ainda não siga a Cristo, pois Ele ainda não é seu Senhor. Independente da sua situação religiosa, peço que considere por um momento: você já foi perdoado por Cristo?

Onde há perdão, houve primeiramente uma ofensa. É fundamental que entendamos que nosso pecado é a nossa maior ofensa contra Deus. Recomendo a leitura do capitulo 9 de Esdras pois neste capitulo, ele confessa seu pecado junto com o pecado do povo de Israel. Lemos a partir do versículo 5: “Me pus de joelhos, e estendi as minhas mãos para o SENHOR meu Deus; e disse: Meu Deus! Estou confuso e envergonhado, para levantar a ti a minha face, meu Deus; porque as nossas iniqüidades se multiplicaram sobre a nossa cabeça, e a nossa culpa tem crescido até aos céus. Desde os dias de nossos pais até ao dia de hoje estamos em grande culpa…” A atitude de Esdras demonstra que ele enxergava seus pecados como sendo ofensivos ao próprio Deus santo. Esdras não fez de conta que seus pecados eram ocultos ou discretos e nem ainda uma “escolha pessoal”, mas admite que “nossa culpa tem crescido até aos céus“. Nossa culpa é vista por Deus, pois vivemos todo dia perante Seus olhos. O próprio Esdras reconheceu, “Eis que estamos diante de ti, na nossa culpa” (Esdras 9.5). O Rei Davi admitiu “Fiz o que é mal à tua vista” (Salmos 51.3) e o profeta Isaias confessou, “as nossas transgressões se multiplicaram perante ti, e os nossos pecados testificam contra nós” (Is 59.12).

Essa culpa “que tem crescido até aos céus” é o efeito colateral do pecado. A culpa nos lembra a cada momento da condenação justa por causa do pecado. Carregamos o peso da punição vindoura, temendo um encontro com o Deus Justo depois da morte. “Todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão” (Hb 2.15). E com toda razão, afinal a Bíblia não poupa palavras quando descreve a punição eterna daqueles que zombam de Deus: “Este beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da sua ira” (Apocalipse 14.10a).

Antes de ser salvo, é necessário que você perceba o quão perdido você é nos seus pecados. Somente o náufrago clama por socorro. Você já chegou a se ver culpado diante do seu Criador? Chegou a admitir, “Fui pesado na balança da perfeição divina e tenho sido achado em falta”? Já confessou, “estou destituído da glória de Deus”?

Se você está carregando o peso da condenação, as boas novas do Evangelho serão como água para sua alma sedenta. Aqueles que são corroídos pela podridão do pecado acharão restauração em Cristo. Ele diz: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede” (João 6.35). Este versículo diz a respeito à satisfação. Deus foi satisfeito com o sacrifício de Jesus Cristo na cruz. Cristo se satisfaz em remir pobres desgarrados e nós somos satisfeitos com a regeneração das nossas almas. Certamente, quem corre a Cristo, encontra satisfação eterna. Como não ser satisfeitos quando experimentamos que “se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Cor 5.17)? O Salmista escreveu, alegre e satisfeito: “Tu limpas as nossas transgressões. Bem-aventurado aquele a quem tu escolhes, e fazes chegar a ti, para que habite em teus átrios; nós seremos fartos da bondade da tua casa e do teu santo templo ” (Salmos 65.3,4).

Somos lavados das nossas transgressões! Cada detalhe do pecado é expurgado pelo sangue de Cristo. O sacrifico de Cristo é tão completamente imerecido e tão maravilhosamente completo. O Filho de Deus fez-se carne para resgatar-nos da nossa carnalidade. Ele deu sua vida na cruz para assim dar vida aos acusados. O Justo morreu pelos injustos. Foi paga a minha divida, pois o Filho de Deus aceitou morrer a minha morte na cruz aonde eu deveria ter sido crucificado. Claramente entendemos: “O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mt 20.28). Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus, tomou sobre Si a ira de Deus para que – morto e ressurreto – fosse a salvação completa dos mais indignos pecadores.

Pergunto: você está satisfeito em Cristo? A sua alma repousa nele? Ou está ainda a procura de outro consolo além de Cristo?

Talvez você esteja confuso em como chegar a Cristo. Vejamos novamente a oração de Esdras, em Esdras capitulo 9. Perceba como ele reconheceu sua vergonha e iniquidade no versículo 6,  confessou sua culpa no versículo 7 e por fim agarra-se à graça de Deus no versículo 8: “Agora, por um pequeno momento, se manifestou a graça da parte do SENHOR, nosso Deus, para nos deixar alguns que escapem, e para dar-nos uma estaca no seu santo lugar; para nos iluminar os olhos, ó Deus nosso, e para nos dar um pouco de vida na nossa servidão” (Esdras 9.8). A graça de Deus tem se manifestada, permitindo que nós – presos na servidão ao pecado – possamos escapar da culpa e da condenação. É um escape imerecido, pago na integra por Cristo. Boas intenções, ofertas financeiras ou serviço dedicado não alcançarão o que a graça de Deus alcança por nós: um escape!

Como então ir a Cristo? Correndo. Como confiar nele? Inteiramente. Como rogar Sua misericórdia? Confessando seus pecados e crendo que Ele providenciou um escape. Devemos agarrar esta verdade: “Na nossa servidão não nos desamparou o nosso Deus; antes estendeu sobre nós a sua benignidade…para que nos desse vida” (Esdras 9.9).

Agora não seria a hora de buscar essa benignidade de Deus? Onde quer que você esteja, não seria agora o momento de buscar um tempo à sós, e, de joelhos dobrados e coração quebrantado, rogar que Deus lave sua alma no sangue de Cristo? Estas palavras deviam ser suas: “Esconde a tua face dos meus pecados, e apaga todas as minhas iniqüidades. Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto” (Salmos 51.9,10).

Nós nos preocupamos com a mensagem da salvação porque não temos outra mensagem a anunciar a não ser: “Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores” (1Timóteo 1.15). É bom ler artigos, é ótimo ouvir palestras e excelente investir em bons livros. Mas nada valerá a pena se em primeiro lugar você não tem buscado o perdão de Deus aos pés da cruz.

Pergunto novamente: você conhece Cristo como seu Salvador?

Daniel Gardner
In: Blog Fiel
terça-feira, 27 de setembro de 2011
Na verdade, o que é necessário é a fé. Fazer julgamentos pelos resultados muitas vezes é errado. Se precisarmos do sucesso de uma obra para provar que o mesma é apropriada, estamos caminhando em dúvida e não vivendo pela fé. Porque os sentimentos do homem tendem à dúvida sobre seu próprio futuro o Senhor garantirá que alguem está correto mas [garantirá] pela Sua palavra. O homem precisa apenas se perguntar se ele tem as características de Filadélfia. Se ele tem, ele pode estar em repouso, pois a porta já está aberta. Nossos olhos não se colocam na porta que se abriu mas em nosso Líder e no caminho que tomamos. Se o sucesso se torna a medida de nossa obra seremos enganados. O sucesso mais significativo só pode ser determinado no futuro, não no presente. O padrão é a eternidade e não a era presente. Se os crentes tomam o sucesso como o seu padrão, eles podem não ser capazes de ouvir a voz do Senhor aqui. A tentação de sucesso pode ser a maior armadilha que o inimigo preparou para os servos de Cristo. Muitas vezes, o sucesso determina a direção da obra da pessoa mais do que a palavra de Deus. Isso pode continuar até que a direção realmente se torna contrária à palavra de Deus. Mesmo o sucesso que vem através verdadeira obediência pode resultar em excesso de vanglória, derrubando a serenidade espiritual da pessoa. Mas oposição faz com que os crentes aprendam a ter paciência! A partir disso, podemos ver que é beneplácito de Deus que Ele dê aos seus servos, pouco sucesso!

Watchman Nee
In: Collected Works of Watchman Nee, O Vol (Set 1) 05.
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Pois não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. Hb 4:15

Os cristãos concordam que Jesus não pecou. Somente Ele podia dizer “qual de vocês pode me acusar de algum pecado?” (Jo 8:46) e calar a audiência. Mas a questão que permanece é “Jesus poderia ter pecado?”. Em outras palavras, Jesus era incapaz de pecar ou apenas capaz de não pecar? E no centro dessa discussão está a passagem em apreço.

O ponto em disputa depende da expressão “sem pecado”. Se pecado é visto como o resultado, então é possível supor a possibilidade de sucumbir a tentação. Porém, se pecado é entendido como natureza pecaminosa, então Jesus não possuía uma natureza pecaminosa, e portanto não era propenso a pecar.

Os que defendem a pecabilidade (não o fato, mas a possibilidade de ter pecado) alegam que se Jesus não poderia pecar, não poderia ser verdadeiramente humano, que se Ele não podia pecar então sua tentação não foi real e, finalmente, que se Ele não podia pecar, logo não possuía livre-arbítrio. Examinemos esses argumentos.

É verdade que desde Adão todos os homens pecam. Porém, o pecado não faz parte da constituição original do homem, sendo assim, não é essencial que se tenha uma natureza pecaminosa para que se seja humano de fato. A natureza humana de Jesus era a mesma de Adão antes da Queda, portando, não corrompida pelo pecado. Jesus veio “à semelhança do homem pecador, como oferta pelo pecado” (Rm 8:3), mas essa semelhança não significou que Ele tivesse pecado, pois “Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos tornássemos justiça de Deus” (1Co 5:21).

Devemos considerar também que Jesus foi gerado pelo Espírito Santo, que milagrosamente impediu que a natureza caída de Maria fosse comunicada a Ele. O anjo diz como seria a concepção do Filho de Deus: "O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, aquele que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus” (Lc 1:35) e de fato, pouco depois, Maria “achou-se grávida pelo Espírito Santo” (Mt 1:18). Finalmente, ao argumento de que a pecabilidade é inerente à natureza humana deve ser respondido com o fato de que a impecabilidade é inerente à natureza divina. Como Deus não pode pecar, sendo Deus Jesus tampouco poderia.

Mesmo incapaz de pecar, Jesus podia e o foi tentado de uma forma real. Tentabilidade não implica susceptibilidade ao pecado. Um exército invencível pode ser atacado. Uma fortaleza inexpugnável pode receber investida de conquistadores. O fato de Jesus não ser capaz de pecar não diz nada sobre a disposição do Diabo de tentá-lo. Se no céu ele ousou se rebelar contra o Altíssimo, quanto mais ele o faria contra o Filho do Homem na terra, muito embora nem lá, nem aqui, tivesse chance de lograr êxito. Mas, há que se destacar um ponto. Nem tudo o que se aplica a nós, em termos de tentação, se aplica a Jesus. Somos tentados a partir de dentro, “pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios” (Mc 7:21). Como Jesus não tinha um “coração perverso e incrédulo” (Hb 3:12), portanto, todas as suas tentações tinham origem externa e não em desejos maus e proibidos.

Finalmente, argumenta-se que se Jesus não podia pecar, então Ele não tinha livre-arbítrio. Não vamos aqui refutar a bobagem que chamam de livre-arbítrio do homem, apenas presumamos que Jesus tinha livre-arbítrio e vejamos se este fato seria incompatível com a doutrina da impecabilidade. O livre-arbítrio corretamente entendido é a faculdade de decidir livremente, de acordo com a própria natureza. Em Jesus, havia duas naturezas, a humana e a divina. Pela natureza humana, Jesus podia não pecar, pois Sua natureza não estava corrompida pelo pecado e em tese, poderia pecar. Porém, através da natureza divina, Ele não podia pecar, pois isso iria contra a própria natureza. Sendo assim, podemos dizer que o Senhor tinha um livre-arbítrio perfeito, que o capacitava a livremente fazer sempre e unicamente a vontade de Deus.

Soli Deo Gloria
domingo, 25 de setembro de 2011
Mencionar a Deus é tributar aquele louvor com o qual nós o honramos por suas virtudes, ou seja: pela sua sabedoria, sua bondade, seu poder, sua justiça, sua verdade, sua misericórdia.

Pedimos, pois, que a Majestade de Deus seja santificada por suas virtudes. Não é que possa aumentar ou diminuir em si mesma, senão que deve ser tida como santa por todos, deve ser reconhecida e enaltecida; devemos considerar como gloriosas —pois assim são— todas as ações de Deus, faça o que fizer. De modo que se Deus castiga, ainda nisto devemos considerá-lo justo; se perdoar, devemos considerá-lo misericordioso; ao cumprir suas promessas, devemos considerá-lo veraz. E já que sua glória se reflete em todas as coisas e brilha nelas, é necessário que ressoem seus louvores em todos os espíritos e por todas as línguas.

João Calvino
In: Breve Instrução Cristã
sábado, 24 de setembro de 2011
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
A terceira tendência contemporânea que nos ameaça e à qual não devemos nos render é o espírito pérfido do relativismo ético. Todos os padrões morais que nos cercam estão se desfazendo. Isso é verdade especialmente no Ocidente. As pessoas se confundem diante da existência de quaisquer absolutos. O relativismo permeou a cultura e tem se infiltrado na igreja.

Em nenhuma esfera esse relativismo é mais óbvio do que na da ética sexual e na revolução sexual vivenciada desde os anos 60. Pelo menos onde a ética judaico-cristã era levada a sério, o casamento era universalmente aceito como uma união monogâmica, heterossexual, amorosa e vitalícia, e como o único contexto dado por Deus para a intimidade sexual. Atualmente, porém, mesmo em algumas igrejas, a relação sexual fora do casamento é largamente praticada, dispensando o compromisso essencial com um casamento autêntico. Além disso, relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo são vistos como alternativas legítimas ao casamento heterossexual.

Para combater tais tendências, Jesus Cristo chama seus discípulos à obediência e a se conformarem aos seus padrões. Alguns dizem que Jesus não falou a respeito disso. Mas ele o fez. Citou Gênesis 1.27 (“homem e mulher os criou”) e Gênesis 2.24 (“deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”), dando a definição bíblica de casamento. E depois de citar esses versículos, Jesus deu-lhes seu próprio endosso pessoal, dizendo: “o que Deus ajuntou não o separe o homem” (Mt 19.4-6).

Esse ponto de vista foi avaliado criticamente pelo distinto filósofo moral e social, o americano Abraham Edel (1908–2007), cujo principal livro chama-se Ethical Judgment. “A moralidade é basicamente arbitrária”, escreve ele, complementando em versos livres:

Tudo depende de onde você está,
Tudo depende de quem você é,
Tudo depende do que você sente,
Tudo depende de como você se sente.
Tudo depende de como você foi educado,
Tudo depende do que é admirado,
O que é correto hoje será errado amanhã,
Alegria na França, lamento na Inglaterra.
Tudo depende do seu ponto de vista,
Austrália ou Tombuctu,
Em Roma faça como os romanos.
Se os gostos acabam coincidindo
Então você tem moralidade.
Mas onde existem tendências conflitantes,
Tudo depende, tudo depende...

Os discípulos cristãos radicais devem discordar disso. Certamente não devemos ser totalmente inflexíveis em nossas decisões éticas, mas devemos procurar, com sensibilidade, aplicar princípios bíblicos em cada situação. O senhorio de Jesus Cristo é fundamental para o comportamento cristão. “Jesus é Senhor” continua sendo a base da nossa vida.

Assim, a pergunta fundamental para a igreja é: Quem é Senhor? Será que a igreja exerce o senhorio sobre Jesus Cristo, tornando-se livre para alterar e manipular ao aceitar o que gosta e rejeitar o que não gosta? Ou Jesus Cristo é o nosso Mestre e Senhor, de maneira que cremos nele e obedecemos ao seu ensinamento?

Ele nos diz também: “Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” (Lc 6.46). Confessar Jesus como Senhor, mas não obedecer a ele, é como construir a vida sobre a areia. Novamente: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama”, disse ele no Cenáculo (Jo 14.21).

Aqui estão duas culturas e dois sistemas de valores; dois padrões e dois estilos de vida. Por um lado, há o estilo do mundo ao nosso redor; por outro, a vontade revelada, boa e agradável de Deus. Discípulos radicais têm pouca dificuldade de fazer suas escolhas.

John Stott
quinta-feira, 22 de setembro de 2011
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Aimee McPherson
Na minha perspectiva a ordenação de mulheres ao pastorado é uma grave distorção teológica. Lamentavelmente tenho visto nos últimos anos  inúmeras igrejas  consagrando mulheres ao ministério pastoral. Isto posto, gostaria  de forma prática e objetiva elencar 07 motivos porque  não creio em mulheres pastoras:

1- As Escrituras não referendam a ordenação de mulheres ao ministério pastoral. Não vejo na Bíblia nenhum texto que apoie a ordenação feminina ao presbiterato.

2-  Jesus não chamou apóstolas entre os doze. Todos os apóstolos escolhidos por Jesus eram homens.

3- As Escrituras não defendem o Igualitarismo e sim o complementarismo.

Igualitaristas:  Esta corrente, afirma que Deus originalmente criou o homem e a mulher iguais; e que o domínio masculino sobre as mulheres foi parte do castigo divino por causa da queda, com conseqüentes reflexos sócios-culturais. Segundo os igualitaristas mediante o advento de Cristo, essa punição e reflexos foram removidos; proporcionando conseqüentemente a restauração ao plano original de Deus quanto à posição da mulher na igreja. Portanto, agora, as mulheres têm direito iguais aos dos homens de ocupar cargos de oficialato da Igreja. Além dos igualitaristas, encontramos os complementaristas , que por sua vez entendem que desde a criação – e portanto, antes da queda – Deus estabeleceu papéis distintos para o homem e a mulher, visto que ambos são peculiarmente diferentes. A diferença entre eles é complementar. Ou seja, o homem e a mulher, com suas características e funções distintas se completam. A diferença de funções não implica em diferença de valor ou em inferioridade de um em relação ao outro, e as conseqüentes diferenças sócios-culturais nem sempre refletem a visão bíblica da funcionalidade distinta de cada um. O homem foi feito cabeça da mulher – esse princípio implica em diferente papel funcional do homem, que é o de liderar.

4- Paulo não fala de presbíteras, bispas, muito menos pastoras. As referências a essas vocações nas Escrituras sempre estão relacionadas aos homens. Não é preciso muito esforço para perceber que não existiam pastoras nas igrejas do Novo Testamento.

5-  Os reformadores  e os pais da Igreja não nunca defenderam o ministério pastoral feminino.

6- Os apóstolos determinaram que os pastores  deveriam ser marido de uma só mulher e que deveriam governar bem a casa deles – obviamente eles tinham em mente homens cristãos (1Tm 3.2,12; Tt 1.6).

7- A mulher não possui autoridade sobre o marido.( I Tm 2:12 ) Ora, se ela é pastora e o seu marido não, ela fere o principio de autoridade da Bíblia, tornando-se lider do marido.

Pense nisso!
Renato Vargens

Nota do Editor do Cinco Solas: Pensei em apenas indicar o link, para que você aproveitasse e visitasse o excelente blog do Renato. Mas havia o risco de você não ler o artigo. E como concordo plenamente com ele, não quis correr o risco, e publiquei na íntegra.
terça-feira, 20 de setembro de 2011

Conheço um homem que foi incrivelmente torturado por sua fé em Cristo. Quando estava sofrendo a tortura, ele fez questão de orar pelo indivíduo (ou indivíduos) que o torturavam. Ao recobrar a liberdade, ele voltou para a civilização como um homem normal, humano, compassivo. Li sobre um outro que passou por circunstâncias semelhantes, mas que saiu da sua provação um homem espiritualmente ferido – amargo e cheio de ressentimentos.

A maneira como reagimos às mágoas e desapontamentos influi na formação de nossas personalidades, podendo também afetar profundamente nossas famílias e amigos. Às vezes, ficamos recalcados, defensivos ou vingativos. Embora possa parecer estranho, freqüentemente, as crianças que foram maltratadas quando crescem se tornam pais pouco carinhosos. Poder-se-ia imaginar que o efeito seria o contrário – que uma criança que tivesse passado por mágoas e sofrimento estaria resolvida a ser o tipo de pai ou mãe que jamais tivera.

Alguns anos atrás, ganhamos uma cadelinha São Bernardo na Suíça. Na primeira semana que passou conosco, ela caiu da varanda do segundo andar e quebrou a perna. Ainda tenho no dedo a cicatriz deixada pela mordida dela, quando fui socorrê-la. Muitas pessoas magoadas mordem a mão estendida para ajudar.

Podemos reagir à mágoa negativa ou positivamente, egocentricamente ou voltando-nos para Deus. Os últimos nos darão uma nítida perspectiva da situação e promoverão o desenvolvimento de uma personalidade mais sadia.

Billy Graham
In: A segunda vinda de Cristo
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Clique na imagem para ir ao Projeto Spurgeon
Há vários sites temáticos de boa qualidade na blogosfera. O Projeto Spurgeon não é apenas mais um deles, mas está entre os melhores. Dedicado a traduzir e divulgar materiais de e sobre Charles Haddon Spurgeon, tem abençoado milhares de vidas, seja reproduzindo material já existente em nossa língua, seja traduzindo preciosidades antes só acessíveis aos falantes da língua inglesa. E material é o que não falta:
"Charles Haddon Spurgeon pregou milhares de sermões, dos quais 3563 sermões foram impressos interruptamente, que foram publicados semanalmente pela Passmore & Alabaster impressions de 1855 até 1917, atingiram mais de 100 milhões de exemplares distribuídos, e mais de dezenas de traduções por vários países (...) Também escreveu e editou 135 livros durante 27 anos (1857-1892)."
Apesar disso, ainda há muito ser feito, se considerarmos que há apenas cerca de 140 sermões de Spurgeon em português. Daí a importância do projeto. Mas quem foi C. H. Spurgeon, chamado de O Príncipe dos Pregadores? A Wikipédia diz que dele:
"Charles Haddon Spurgeon nasceu em 19 de Junho de 1834, como o primogênito de 16 irmãos, de John Spurgeon e sua esposa Eliza Jarvis, em Keveldon, e foi batizado em 3 de agosto desse ano por seu avó, pastor congregacional, James Spurgeon. Recebeu o nome de 'Charles' de um tio de sua mãe. 'Haddon', devido a um antigo amigo da familia de Spurgeon que os ajudou em hora de necessidade. Em agosto de 1835, seus pais mudaram para Colchester,e entregaram Charles aos cuidados de seu avó, com quem viveu até os 5 anos. Durante esse tempo, leu muitos livros, entre eles The Piligrems Progress(em português "O Peregrino") de John Bunyan, obra que marcaria o resto de sua vida. Também leu, da biblioteca de sua avó, muitas obras de Puritanos, como Richard Baxter e John Owen. Aos seis anos, voltou a morar com os pais, já devidamente instalados em Colchester (...)  De 1848 a 1850, Charles Spurgeon teve um período de muitas dúvidas e amarguras. Esteve sob grande convicção de pecado. Ficou convicto que não era um cristão de fato, mesmo sendo criado em todo o ambiente religioso de sua família e região, e sobre forte influência puritana e não-conformista. Em janeiro de 1850, tendo como objetivo ir a uma reunião matutina em uma igreja congregacional em Colchester, para buscar paz em sua perturbada alma, se deteve numa capela de metodistas primitivos em Artilley Stree, mais em consequência da forte nevasca que por vontade própria. Nessa capela, o jovem juntou-se a pequena congregação quando, sem pregador para ministrar a Palavra, um simples membro da igreja subiu ao púlpito, mesmo sem grande habilidade de orador, e repetiu nervosa e constantemente o texto de Isaías 45.22a: Olhai para mim e sereis salvos, vós todos os termos da terra. Depois de certo tempo, apelou aos presentes que olhassem para Jesus Cristo. Spurgeon olhou para Jesus com fé e arrependimento, tendo Ele como seu Salvador e substituto, e foi salvo. (...)  Converteu-se ao cristianismo em 6 de janeiro de 1850, aos quinze anos de idade. Aos dezesseis, pregou seu primeiro sermão; no ano seguinte tornou-se pastor de uma igreja batista em Waterbeach, Condado de Cambridgeshire (Inglaterra). Em 1854, Spurgeon, então com vinte anos, foi chamado para ser pastor na capela de New Park Street, Londres, que mais tarde viria a chamar-se Tabernáculo Metropolitano, transferindo-se para novo prédio."
Se você ainda não conhece o Projeto Spurgeon, aproveite não apenas para visitar, mas também apoiar, pois não é um trabalho vão no Senhor.

Soli Deo Gloria
domingo, 18 de setembro de 2011
A primeira regra em toda oração consiste em apresentar-se a Deus em nome de Cristo, pois neste nome ninguém pode ser-lhe desagradável. Ao chamar a Deus de Pai nosso, já pressupomos o nome de Cristo. Mais ninguém no mundo é digno de apresentar-se a Deus e de aparecer perante seu rosto. Este bom Pai celestial, para livrar-nos de uma confusão que inevitavelmente nos turbaria, nos deu como mediador e intercessor a seu Filho Jesus. Detrás dos passos de Jesus podemos aproximar-nos a Ele confiadamente, tendo plena certeza de que não será rejeitado nada do que peçamos em nome deste Intercessor, pois o Pai não pode negá-lhe nada.

O trono de Deus não é só um trono de Majestade, senão também um trono de graça, ante o qual podemos, em nome de Jesus, ter o privilégio de comparecer livremente para obtermos misericórdia e acharmos graça quando a necessitemos. De fato, como temos o mandamento de invocar a Deus, e a promessa de que todos os que o invocar serão ouvidos, temos também o mandamento concreto de invocá-lo em nome de Cristo, e nos foi feita a promessa de que obteremos tudo o que pedirmos em seu nome.

O agregar que Deus, nosso Pai, está nos céus, tem como finalidade expressar sua Majestade inefável (a qual nosso espírito, a causa de sua ignorância, não pode compreender de outro modo), pois para nossos olhos não existe realidade mais bela e mais grandiosa que o céu.

A expressão nos céus quer dizer que Deus é excelso, poderoso e incompreensível. E quando ouvimos esta expressão devemos elevar nossos pensamentos, cada vez que se menciona a Deus, a fim de não imaginar a este respeito nada de carnal nem terreno, nem medi-lo segundo nossa compreensão, nem regulamentar sua vontade segundo nossos desejos.

João Calvino
In: Breve Instrução Cristã
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Você quer ser guardado da tentação ou da queda quando tentado? Precisará, então, estar constantemente em oração. Crermos que Deus pode nos preservar não é suficiente. Deus quer que nós oremos por essa preservação e quer que continuemos em oração, "orando sempre" (Ef. 6:18; Luc. 18:1 -8). Se não mantivermos um espírito constante de oração, seremos perturbados por uma avalanche constante de tentações.
 
Cada dia devemos orar especificamente para sermos preservados da tentação. Devemos orar para que Deus preserve nossas almas, e guarde os nossos corações e os nossos caminhos a fim de não cairmos nas armadilhas da tentação. Precisamos orar para que a boa e sábia providência de Deus ordene os nossos caminhos e os nossos negócios de modo que nenhuma tentação imperiosa nos ataque. Necessitamos orar para que Deus nos dê diligência, precaução e atitude vigilante em todos os nossos caminhos. Se aprendermos a orar dessa maneira, com um sentimento real de que precisamos da ajuda de Deus, experimentaremos libertação.

Se nos recusarmos a orar cairemos constantemente no pecado.
 
John Owen
Recebido por email
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Ser santo não é guardar uma série de regras e normas concernentes ao vestuário e tamanho do cabelo. Não é ser contra piercing, tatuagem, filmes da Disney, a Bíblia na Linguagem de Hoje. Não é só ouvir música evangélica, nunca ir à praia ou ao campo de futebol e nunca tomar um copo de vinho ou uma cerveja. Não é viver jejuando e orando, isolado dos outros, andar de paletó e gravata. Para muitos, santidade está ligada a esse tipo de coisas. Duvido que estas coisas funcionem. Elas não mortificam a inveja, a cobiça, a ganância, os pensamentos impuros, a raiva, a incredulidade, o temor dos homens, a preguiça, a mentira. Nenhuma dessas abstinências e regras conseguem, de fato, crucificar o velho homem com seus feitos. Elas têm aparência de piedade, mas não tem poder algum contra a carne. Foi o que Paulo tentou explicar aos colossenses, muito tempo atrás: “Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade” (Colossenses 2.23). 

Augustus Nicodemus Lopes
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Esta é uma doutrina importante, como é evidente a partir de várias considerações. Talvez possamos expressar mais impressionamente a monumentabilidade desta verdade mostrando que aparte da eleição eterna não teria existido nenhum Jesus Cristo e, portanto, nenhum divino evangelho; porque se Deus nunca tivesse escolhido um povo para salvação, Ele nunca teria enviado Seu Filho; e Se Ele não tivesse enviado nenhum Salvador, ninguém teria sido salvo. Portanto, o próprio evangelho se originou nesta questão vital da eleição. “Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação” (2 Tessalonicenses 2:13). E por que “devemos sempre dar graças”? Porque eleição é a origem de todas as bênçãos, a fonte de cada misericórdia que a alma recebe. Se a eleição for tirada, tudo será tirado, porque aqueles que têm qualquer benção espiritual são aqueles que têm todas as bênçãos espirituais: “O qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo” (Efésios 1:3,4).

Como Calvino corretamente disse:  
“Nós nunca estaremos tão claramente convencidos como deveríamos, de que a nossa salvação provém da fonte da gratuita misericórdia de Deus, até que estejamos familiarizados com esta eleição eterna, que ilustra a graça de Deus por esta comparação, que Ele não adota todos indiscriminadamente para a esperança de salvação, mas a alguns dá o que recusa a outros. Ignorância deste princípio evidentemente desvia da glória divina, e diminui a real humildade. Se então, necessitamos ser recordados da origem da eleição para provar que obtemos a salvação de nenhuma outra origem do que a mera boa vontade de Deus então, aqueles que desejam extinguir este princípio, fazem tudo que eles podem para obscurecer o que eles deveriam magnificar e em alta voz celebrar”
A. W. Pink
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Numa conversa entre irmãos, o Ricardo Mamedes apresentou alguns questionamentos interessantes sobre o dom de línguas. Antes de prosseguir, por favor, vá até A Verdade Liberta, o Erro Condena e leia o post na íntegra e especialmente os comentários, assim você terá uma visão geral do que foi dito até aqui e dos desdobramentos que se seguiram.

Sobre o dom de língua, o Ricardo argumentou que o problema corintiano era 1) que o dom de línguas falado na igreja era uma herança do paganismo, das religiões de mistério, trazidas pelos antigos costumes coríntios, 2) que o verdadeiro dom de línguas eram idiomas humanos, idiomas estrangeiros”. Nesta série de artigos pretendo responder algumas perguntas sobre o dom de línguas, mormente se era idiomas humanos e avaliar a hipótese de que as línguas faladas em Corinto eram uma falsificação pagã. O irmão Ricardo assume a posição do Pr. John MacArthur Jr., complementada por pesquisas adicionais, por isso farei referências a esse pastor de quem, à parte de seu anti-pentecostalismo, gosto muito.

Gradativamente, irei analisar o que as passagens de Marcos 16, Atos 2, 1Coríntios 12 e 14 ensinam sobre o dom de línguas, começando com uma análise dos termos utilizados.

Os termos utilizados

As expressões bíblicas utilizadas na ACF para o dom são “novas línguas - glōssais ... kainais” (Mc 16:17), “outras línguas - heterais glōssais” (At 2:4), “variedade de línguas - genē glōssōn” (1Co 12:10,28), “diversas línguas” (1Co 12:30) ou simplesmentes “línguas” (At 10:46; 19:6; 1Co 13:8; 14:5,6,8,18,22,23,26,39). Na expressão “língua desconhecida” (1Co 14:2,4,13,14,19,27), o termo “desconhecida” não consta do original, sendo traduzido como “outras línguas” na ARA, mas devendo ser considerado simplesmente como “línguas”. O mesmo ocorre em (1Co 12:30), onde no original consta apenas “línguas”.

Os termos relacionados a língua e linguagem são obtidos de três termos gregos: γλωσσα (glōssa), διαλεκτω (dialektos) e ἑτερόγλωσσος (heteroglossos). Glossa ocorre 50 vezes no Novo Testamento, sendo que em 17 delas se refere ao órgão da fala, uma vez figurativamente como “línguas de fogo” (At 2:3) e sete vezes em Apocalipse num sentido étnico. As 25 ocorrências restantes referem-se ao fenômeno de falar em línguas. Geralmente o termo ocorre, tanto no singular como no plural, acompanhado do verbo “falar” (de laleō, daí a designação glossolalia), uma vez com o verbo “orar” e uma outra com o verbo “ter”. Dialektos ocorre seis vezes no Novo Testamento (At 1:19; 2:6,8; 21:40; 22:2; 26:14) e sempre se refere à “língua ou a linguagem própria de cada povo” e nunca é utilizado em referência ao fenômeno do falar em línguas. Heteroglossos ocorre apenas em 1Co 14:21 e significa “alguém que fala em uma língua estrangeira ou estranha” e é traduzido pela ACF como “gente de outras línguas”.

John MacArthur Jr. diz que “glossa sempre aparece na sua forma plural em Atos, indicando uma multiplicidade de idiomas”. A partir desse fato, afirma que quando o termo está no singular não se refere ao dom de línguas, mas a algaravia, que “exprime fala inclassificável e sem sentido”. Segundo ele, “quando Paulo usou o singular nos versos 2, 4, 13, 14, 19, estava se referindo a fala algaravia pagã que estava sendo utilizada por muitos crentes coríntios em lugar do verdadeiro dom de línguas”. O que pode ser dito sobre essa tese?

A primeira coisa a ser notada é que a palavra algaravia inexiste no original e até onde eu sei nenhuma tradução fez essa distinção inventada por MacArthur. É uma suposição imposta ao texto, sem nenhum elemento textual que sequer sugira que glossa no plural é dom genuíno e no singular é falsificação pagã.

Em segundo lugar, falta precisão na afirmação que MacArthur faz. Ele cita como única exceção à sua regra 1Co 14:27, que ele admite indicar o dom genuíno, mas como se refere a um único homem falando, então ocorre no singular. O verso diz “se alguém falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três”. Portanto, não é apenas um, mas dois ou até três pessoas falando e a justificativa para o singular não se sustenta. Além disso, não é a única exceção. No verso anterior, Paulo diz “quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação” (1Co 14:26), onde, de acordo com o Novo Testamento Grego Analítico, glossa também está no singular!

Em terceiro lugar, uma leitura dos versos em que ocorre glossa no singular mostra que Paulo menciona a prática de forma positiva, ressalvando apenas a falta de íntérprete e não o dom em si. No verso 2 ele diz que quem fala em língua fala a Deus. No verso 4, que a pessoa que fala em língua edifica-se a si mesmo. No 13, orienta ao que fala em língua para que peça o dom de interpretar. No verso 14, falando na primeira pessoa, ele diz que se orar em língua seu espírito ora bem. E no 19 ele diz que prefere dirigir-se à igreja com cinco palavras de sua própria mente do que com dez mil palavras em língua, ou seja, não rejeita, apenas prefere falar de forma entendível por ele mesmo. O recurso de dizer que Paulo estava fazendo uso de ironia nesses versos é uma tentativa de justificar o injustificável.

Em quarto lugar, em obras clássicas o termo glossa ocorre no singular com o significado de linguagem humana, como em Homero, Xenofonte de Atenas, Dionísio Thrax, Filo de Alexandria, etc. (The Theological Dictionary of The New Testament). Na Septuaginta há várias ocorrências de glossa no singular referindo a linguagem compreensível ao invés de algaravia, como em Gn 11:7; Dn 3:29 e Sl 81:5. Mesmo Gn 11:7 a referência é a língua falada pelos povos antes da confusão.

Em quinto lugar, estou ciente que MacArthur é apoiado pelo, ou se apóia no, The Complete Word Study Dictionary. Mas nessa obra não é apresentada nenhuma justificativa textual para essa distinção entre glossa e glossas. E a distinção, se existe, passou despercebida de outros eruditos, que publicaram as obras Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, Dicionário Vine, The Theological Dictionary of The New Testament, Louw-Nida entre outros.

O que nós temos até aqui é o seguinte. A maioria a das vezes que glossa ocorre, refere-se ao dom de línguas, tanto que o The Theological Dictionary of The New Testament diz que falar em línguas é um termo técnico para esse fenômeno. Na verdade, à exceção da metáfora de At 2:3 e o sentido étnico de Apocalipse, em nenhuma das vezes o termo é utilizado no Novo Testamento para idiomas humanos, sem que esteja associado ao fenômeno sobrenatural de falar em línguas. Nas outras vezes, quando o Novo Testamento se refere a idiomas humanos, o termo utilizado é dialektos, que por sua vez nunca é utilizado para o dom de línguas.

O termo glossolália, utilizado muitas vezes de forma pejorativa para o dom de línguas, embora não ocorra nessa forma no original, provém do grego, pois resulta da forte associação do verbo falar (laleo) com línguas (glossa), como vimos. Portanto, tentar desmerecer glossolália em favor de glossa é um argumento sem fundamento. E, finalmente, recorrer ao artifício de dizer que em 1Co 14 glossa (singular) é uma falsificação pagã do dom de línguas expresso por glossais (plural) é quase uma medida de desespera de fugir do ensino claro sobre o dom de línguas falado em Corinto.

Continuo, se Deus quiser.
Soli Deo Gloria