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domingo, 28 de fevereiro de 2010

Eleição Não Baseada em Presciência de Fé

Esta mesma eleição não aconteceu com base em previsão de fé, de obediência à fé, de santidade, ou de qualquer outra boa qualidade ou disposição, como se fosse baseada em um pré-requisito, uma causa ou uma condição na pessoa a ser escolhida, mas ao contrário, [aconteceu] para o propósito da fé, da obediência à fé, da santidade, e assim por diante. Concordemente, a eleição é a fonte de cada um dos benefícios da salvação. A fé, a santidade, e os outros dons da salvação, e ao final a própria vida eterna, fluem da eleição como seus frutos e efeitos. Como diz o apóstolo: Como também nos elegeu... (não porque seríamos, mas)... para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor (Ef.1:4).

E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou. Rm 8:30

Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor. Ef 1:4

Leia o primeiro artigo da série: 1. O direito de Deus de condenar todas as pessoas
Leia o artigo anterior: 8. Um único decreto da eleição
Leia o próximo artigo: 10. Eleição baseada na boa vontade de Deus
sábado, 27 de fevereiro de 2010

A Palavra de Deus é suficiente para atrair e abençoar a alma do homem ao longo dos tempos; mas as novidades logo fracassam. Alguém pode bradar: "Certamente, precisamos acrescentar nossos pensamentos a isso". Meu irmão, pense o que quiser, mas os pensamentos de Deus são melhores do que os seus. Você pode ter lindos pensamentos, como as árvores no outono soltam suas folhas, mas há alguém que sabe mais sobre seus pensamentos do que você e os julga de pouco valor. Não é verdade que está escrito: "O Senhor conhece os pensa-mentos do homem, e sabe como são fúteis?" (Sl 94.11). Comparar nossos pensamentos aos grandes pensamentos de Deus, seria total absurdo. Você traria sua vela para mostrá-la ao sol? O seu nada para reabastecer o todo eterno? É melhor calar diante do Senhor, do que sonhar em complementar o que ele falou. A Palavra do Senhor está para a concepção dos homens como um pequeno jardim, para o deserto. Mantenha-se no escopo do livro sagrado e estará na terra que mana leite e mel; por que tentar lhe acrescentar as areias do deserto?

Charles Spurgeon
In: Recebido por email
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Eu tenho minha própria opinião particular de que não há tal coisa como pregar Cristo e Ele crucificado, a menos que nós preguemos que nos dias de hoje isto é chamado de Calvinismo. É um apelido chamar a isto de Calvinismo; o Calvinismo é o evangelho, e nada mais. Eu não creio que podemos pregar o evangelho, se não pregarmos a justificação pela fé, sem obras; nem sem pregarmos a soberania de Deus e Sua dispensação de graça; nem sem exaltarmos a eleição, pelo inalterável, eterno, imutável, conquistador amor do SENHOR; nem penso que podemos pregar o evangelho, a menos que o baseemos sobre a especial e particular redenção de Seu povo eleito e escolhido o qual Cristo formou sobre a cruz; nem posso eu compreender um evangelho que deixa santos decaírem após serem chamados, e sujeitar os filhos de Deus a serem queimados no fogo da condenação após terem uma vez crido em Jesus. Tal evangelho eu abomino.


Não há alma viva que defenda mais firmemente as doutrinas da graça que eu, e se algum homem me pergunta se porventura me envergonho de ser chamado Calvinista, respondo que eu não quero ser chamado de nada além de Cristão; mas se você me perguntar, eu defendo a visão doutrinária que foi defendida por João Calvino, eu replico, estou no centro de sua defesa, e estou feliz por professá-la.

Mas, longe de mim, sequer imaginar que Sião não contém nada além de Cristãos Calvinistas dentro de seus muros, ou que não há ninguém salvo que não defenda nossa visão. Creio que há multidões de homens que não conseguem ver estas verdades, ou, pelo menos, não conseguem vê-las do modo em que nós as colocamos, mas que não obstante, têm recebido a Cristo como seu Salvador, e são tão queridos do coração do Deus de graça como o mais ruidoso Calvinista dentro ou fora do Céu.

Charles Spurgeon
In: Uma defesa do calvinismo
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Nunca é demais realçar a importância da fala divina como recurso fundamental de sua autorrevelação. A própria criação é o produto da fala divina: Deus fala, e mundos vêm à existência (Gn 1). Muitos dos mais impressionantes feitos de revelação não seriam compreensíveis sem a correspondente fala divina.

Moisés vê a sarça ardente com curiosidade até que a voz lhe diz para tirar as sandálias e lhe atribui suas novas responsabilidades. Abraão não teria tido motivo algum para sair de Ur se não fosse pela revelação divina em palavras. Vez após vez, os profetas carregam o peso de transmitir “a palavra do Senhor” ao povo. A revelação verbal é essencial mesmo no caso do Senhor Jesus: durante os dias em que viveu no mundo ele foi, antes de tudo, o mestre. Além disso, sem a explicação do significado de sua morte e ressurreição, preservada tanto nos evangelhos quanto nas epístolas, mesmo esses acontecimentos cruciais teriam sido lastimavelmente obscuros.

A fala divina é tão fundamental em sua autorrevelação que, quando o evangelista João busca uma maneira completa de referir-se à derradeira autorrevelação em seu Filho, escolhe referir-se a ele como “o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1.1,14). O cavaleiro de Apocalipse 19 é chamado assim: “Fiel e Verdadeiro [...] Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome se chama o Verbo de Deus” (19.11,13).

D. A. Carson
In: Comentário Bíblico Vida Nova
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Quando Jimmy Carter estava na presidência, um amigo foi convidado para falar num congresso de missões nos Estados Unidos da América. Cerca de 4 mil pessoas esperavam atentas a palavra do pastor Greg Livingstone (hoje diretor de uma missão no norte da África). Concederam-lhe um minuto para falar. Ele foi à frente e fez a seguinte pergunta: “Quantos de vocês estão orando pela libertação dos 52 americanos sequestrados no Irã?”. Os mais velhos lembram-se da grande preocupação causada pelo sequestro daqueles americanos. Quase todas as mãos se levantaram no auditório, indicando a preocupação generalizada. Em seguida, fez outra pergunta: “Quantos estão orando pela libertação de 52 milhões de iranianos das algemas de Satanás?”. Os braços foram abaixando até não restar mais que um ou dois em toda aquela multidão. Meu amigo sentou-se, sem utilizar todo o seu minuto, dizendo: “Percebo que vocês são mais americanos que cristãos!”.

Russel Shedd
In: Perspectivas no movimento cristão mundial, Mundo Cristão
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Então, Policarpo entrou em uma arena cheia de pessoas enfurecidas. O procônsul romano parecia respeitar a idade do bispo. Como Pilatos, queria evitar uma cena horrível, se fosse possível. Se Policarpo apenas oferecesse um sacrifício, todos poderiam ir para casa.

— Respeito sua idade, velho homem — implorou o procônsul. Jure pela felicidade de César. Mude de idéia. Diga "Fora com os ateus!".

O procônsul obviamente queria que Policarpo salvasse a vida ao separar-se daqueles "ateus", os cristãos. Ele, porém, simplesmente olhou para a multidão zombadora, levantou a mão na direção deles e disse:

— Fora com os ateus!

O procônsul tentou outra vez:

— Faça o juramento e eu o libertarei. Amaldiçõe Cristo!

O bispo se manteve firme.

— Por 86 anos servi a Cristo, e ele nunca me fez qualquer mal. Como poderia blasfemar contra meu Rei, que me salvou?

(...)

O procônsul ordenou que o bispo fosse queimado [23 de fevereiro de 156 d.C.].

Fonte: 100 acontecimentos mais importantes da história do cristianismo
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

"Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos" Lc 7:35

Em primeiro lugar, agradeço-lhe a consideração de ler, analisar e comentar o meu artigo do Cinco Solas. Não tenho condições de uma resposta completa e nem pretendo ter a palavra final, mas por ora faço algumas considerações ao artigo "Reafirmo: sem liberdade, a verdade não aparece". Escrevo num tom pessoal, dirigindo-me na primeira pessoa ao irmão para não parecer que haja alguma animosidade em minhas palavras.


Para não nos perdermos em mal entendidos, permita-me pontuar, primeiramente, aquilo que concordo em seu arrazoado. Creio que apesar da imagem de Deus no homem ter sido seriamente afetada pela Queda, não foi totalmente destruída. Também concordo que o homem é dotado de vontade e que efetivamente a usa. Também não nego que o homem, no uso dessa vontade, faça escolhas morais livres, no sentido de que não é coagido por nada fora de sua natureza quando escolhe.

Porém, sem entrar nos detalhes das ressalvas que faço, afirmo que a conexão  entre livre-arbítrio e imago Dei é mais um pressuposto arminiano não provado e que o exercício da vontade no homem caído é incapaz de escolher o bem antes ou à parte da graça. Assim, diante de escolhas como a referida em Dt 30:19 o homem é livre para escolher de acordo com sua vontade, mas sem a assistência da graça, só escolherá a morte e a maldição, como demonstra a história que se seguiu.

Em segundo lugar, não vou discutir a relação entre liberdade e verdade. Está claro que a Verdade, que é Cristo liberta, e até que Ele o faça, o homem é livre apenas para pecar, como uma pedra é livre para cair. Qualquer palavreado que exalte a liberdade antes, sem ou acima da verdade, não passa disso. E havendo verdade, vive-se a liberdade. Ponto.

Em terceiro lugar, com relação às traduções e versões que lançamos mão para analisar a passagem bíblica, reconheço que prefiro e uso as baseadas no texto recebido ao invés do texto crítico e que dou mais crédito às traduções que seguem o método da equivalência formal ao invés das traduzidas pela equivalência dinâmica. Não tenho capacidade de justificar essa minha escolha, exceto que nas vezes que comparei, pareceu-me que as traduções por equivalência formal resultaram traduções mais literais e fiéis, ainda que às vezes menos elegantes.

Na passagem em apreço, continuo e estou ainda mais convicto quanto à tradução de “ηθετησαν εις εαυτους”/"ethétesan eis heautoús", como "rejeitaram quanto a si mesmos" e "rejeitaram contra si mesmos". Nessa posição acompanho estudiosos como Matthew Henry, John Bonde, Manson, Black e Marshall, que não ligam heautoús a boulén e dão o sentido de "para sua própria perda" à expressão.

O termo do qual deriva ethétesan não é comum no Novo Testamento, ocorrendo apenas 16 vezes. Os léxicos trazem como significado "recusar reconhecer a validade de alguma coisa, considerar como inválida" (Low and Nida), "agir em relação a alguma coisa como se tivesse sido anulada" (Thayer), "violação da lei ou mandamento de Deus" (Kittel), "colocar como de nenhum valor, agir no sentido da coisa como se fosse anulada" (Vine) e "tornar vã, através da desobediência". Nas diversas ocorrências no Novo Testamento é traduzido (ACF) "negar" (Mc 6:9), "invalidar" (Mc 7:9), "rejeitar" (Lc 7:30; 10:16; 1Ts 4:8; Jo 12:48; Jd 1:8), "aniquilar" (1Co 1:19; Gl 2:21; 1Tm 5:12) e "quebrantar" (Hb 10:28). Parece-me que quebrantar e aniquilar não caberiam em Lc 7:30, bem como negar (no contexto, voltar atrás), restando invalidar e rejeitar como traduções possíveis para o termo. E entre "rejeitar ou recusar fazer a vontade de Deus" e "impedir o propósito que Deus tinha em mente fazer", creio que a primeira coaduna-se com o contexto e o ensino geral das Escrituras, conforme referido no parágrafo anterior.

A preposição eis e o pronome reflexivo heautoús devem ser estudados em conjunto. Eis indica "para" ou "para dentro", tendo em referência um ponto a ser alcançado. É o antônimo de ex, "para fora". Heautoús "é usado na terceira pessoa do singular e plural para denotar que o agente e a pessoa que sofre a ação são as mesmas" (Thayer). No Novo Testamento são 63 ocorrências da combinação eis e heautoús, indicando uma ação reflexiva. Por exemplo em Lucas temos "prejudicar-se a si mesmo" (9:25), "dividido contra si mesmo" (11:17), "confiavam em si mesmos" (18:9), "o que a si mesmo se exaltar será humilhado" (18:14), etc. O "si mesmo" associado a um verbo indica uma ação tomada em, a favor ou contra si mesmo.

Na análise que fez dos significados dos termos, o irmão acerta nos significados isolados dos termos, mas o conjunto não expressa o sentido que a análise morfológica requer, pois a função reflexiva do pronome desaparece completamente. Nas versões que o irmão adota, quem realiza e quem sofre a ação não são as mesmas pessoas. Os "para eles", "a seu respeito", "sobre ellos" e "verso di loro" (fingindo que entendi), que derivam do pronome heautoús fazem referência a uma ação de Deus em favor deles e não a um reflexo ou consequência de sua ação. Por isso é que eu creio, embora entenda quase nada, que comparativamente, as traduções que utilizei são melhores que as traduções utilizada pelo irmão.

Já fiz referência ao conteúdo do conselho de Deus no artigo anterior, então não vou me estender aqui. Apenas mencionar que ao desconsiderar o aspecto reflexivo do pronome, atribuindo-o ao conselho de Deus, fica a impressão de que o escopo do conselho de Deus era que exatamente aqueles fariseus e doutores da lei se deixassem batizar, o que não é o caso.

O contexto fala de pessoas enviadas por João Batista para perguntar se Jesus era o Messias esperado ou se esperariam outro. Então Jesus, respondendo, diz "Este é aquele de quem está escrito: eis que envio o meu anjo diante da tua face, o qual preparará diante de ti o teu caminho" (Lc 7:27). O conselho de Deus dizia respeito ao ministério de João Batista, que intimaria os moradores da Judéia a arrepender-se e serem batizados, como preparativo para a chegada de Jesus. MacArthur diz que "o chamamento de João Batista ao arrependimento era expressão da vontade de Deus. Ao recursar-se arrepender-se, recusaram não apenas João, mas o próprio Deus".

Sendo este o conselho de Deus, "todo o povo que o ouviu e os publicanos, tendo sido batizados com o batismo de João, justificaram a Deus" (Lc 7:29), por aceitarem o conselho de Deus. Já os fariseus e doutores, "não tendo sido batizados por ele", pela sua desobediência "rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos" (Lc 7:30). Ver aqui que Deus decretou que José e Joaquim seriam batizados mas eles não o foram porque tinham o poder de anular ou frustrar o decreto divino é ir além do que Jesus pretendia dizer (ou Lucas explicar) aos enviados de João.

Sei que não abordei todos os pontos levantados pelo irmão em seu segundo artigo, e isto lhe dará o direito de dizer que evitei responder alguma coisa por não ter resposta. Confesso que muita coisa que leio, não apenas do que o irmão escreve, me faz calar, pelo menos para não ser leviano com questões importantes e que não alcanço. Outras, apenas não respondo por uma questão de prioridade. Deixo-lhe a escolha do motivo que me levou a não responder todas as questões levantadas, pelo menos por enquanto.

Mas quero deixar aberta a porta para algum questionamento mais direto, para uma resposta mais objetiva. E eventualmente gostaria de lhe perguntar uma coisa ou outra sobre o que escreveu. Quem sabe consigo uma resposta objetiva?

Soli Deo Gloria
domingo, 21 de fevereiro de 2010

Um Único Decreto de Eleição

Esta eleição não é de muitos tipos; é uma e exatamente a mesma eleição para todos os que deveriam ser salvos tanto no Velho e como no Novo Testamento. Porque a Escritura declara que há um único beneplácito, propósito, e conselho da vontade de Deus, pelo qual ele nos escolheu desde a eternidade tanto para a graça quanto para a glória, tanto para a salvação quanto para o caminho da salvação, o qual ele de antemão preparou para que andássemos nele.

O Senhor não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos. Dt 7:7

Sabe, pois, que não é por causa da tua justiça que o Senhor teu Deus te dá esta boa terra para possuí-la, pois tu és povo obstinado. Dt 9:6

Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade. Ef 1:4-5

Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas. Ef 2:10


Leia o primeiro artigo da série: 1. O direito de Deus de condenar todas as pessoas
Leia o artigo anterior: 7. Eleição
Leia o próximo artigo: 9. Eleição não baseada em presciência de fé
sábado, 20 de fevereiro de 2010

Os pecados que enfrentamos nos primeiros anos de nossa fé, se não são facilmente resistidos, são, pelo menos, facilmente reconhecidos. Se eu matasse um homem, reconheceria meu erro. Se eu adulterasse, pelo menos teria o bom senso de não o anunciar. Se eu roubasse, iria esforçar-me diligentemente para não ser descoberto. Os chamados "pecados menores", os pecados da carne como foram outrora categorizados, são óbvios, e não existem apenas na comunidade religiosa, mas também na comunidade civil que protesta contra sua proliferação. Os pecados maiores, "os pecados do espírito", não se discerne tão facilmente. O diagnóstico é difícil. O que será esse arroubo de zelo? Obediência enérgica ou presunção humana? O que será essa confiança exuberante? Santa ousadia inspirada pelo Espírito Santo ou arrogância alimentada por um ego ansioso? O que será essa liderança agressiva? Fé corajosa ou auto-exaltação? E este pregador subitamente importante, com uma grande legião de seguidores apaixonados? Será ele um descendente espiritual de Pedro com seus cinco mil convertidos arrependidos ou de Arão, satisfazendo o desejo de suas dezenas de milhares com danças e cânticos religiosos em volta de um bezerro de ouro?

Não é fácil dizer. Nem um pouco fácil. Em nenhum outro lugar o engano é mais comum do que na religião. E as pessoas mais sujeitas ao engano são os líderes. Aqueles que enganam outros, enganam primeiramente a si, pois não muitos, eu acho, começam com um propósito maligno. O Diabo, afinal, é um ser espiritual. Seu modo comum de tentação não é por meio de um mal óbvio, mas por meio de um bem aparente. A forma mais comum de adoração inspirada pelo Diabo não ocorre furtivamente, com rituais de magia negra e galinhas decapitadas, mas sob as luzes brilhantes da aclamação e glória, acompanhada por belas músicas ao órgão.

Eugene Peterson
In: A vocação espiritual do pastor
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Uma posição intermediária, comum entre alguns que abraçam o arminianismo, não visualiza a justificação como um dom inalienável de Deus. Se o cristão falha em viver conforme um padrão mínimo de justiça, incorre na penalidade de perder sua salvação. O arrependimento e a reconciliação podem restaurar o caído à posição de filho outra vez. Assim, o cristão é direcionado a uma segurança subjetiva, que resulta em medo de condenação por parte dos que são moralmente sensíveis e em complacência por parte dos autoconfiantes.

Russel Shedd
In: Justificação, Vida Nova
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Por pastor entendo um ministério, um serviço dedicado ao Reino, ou seja, alguém que exerce o dom do Espírito Santo no cuidado de um rebanho de acordo com as normas contidas nas Escrituras. É um trabalho que não visa a promoção pessoal e nem o lucro, embora dele retire o seu sustento. Trata-se de um ministro do Evangelho. Por profissional entendo alguém que luta por uma carreira bem sucedida que se estabelece pelo reconhecimento vindo de outras pessoas. Também é a busca do progresso técnico que exige resultados mensuráveis cujo corolário é a recompensa que surge por meio de altos salários e de uma boa aposentadoria.

Não há nenhum problema em ser um bom profissional na empresa ou na instituição pública. A questão é quando o ministério pastoral se profissionaliza. Isso, sim, traz prejuízos à Igreja e ao propósito de Deus quanto ao amparo e, até mesmo, a proteção do povo. Como já disse, o trabalho pastoral deve ser visto como um ministério. Trata-se de um servo que preside, de um pai que cuida, de um mestre que doutrina ou de um enfermeiro que trata. Resumindo, o pastor é aquele que dá a vida pelo rebanho e o vivifica pelo poder de Deus.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Sábado pela manhã, assistia ao programa do Silas Malafaia pela RedeTV. Lá pelas tantas, ele começou a fazer contas dos dias úteis de fevereiro, tirando sábados, domingos, feriado e dias enforcados. Enfim, sobraram quinze dias úteis. Fiquei curioso sobre o porque das contas, mas logo ele desfez minha curiosidade.

Tendo o mês menos dias úteis, os crentes teriam menos dias para depositar sua oferta. E ele teria que pagar, nos próximos dias, milhões pelos programas de televendas tele-evangelismo que mantém. Não disse exatamente quanto precisava, mas disse que faltavam milhões para pagar a fatura. E confessou, expressando grande preocupação, que não tinha de onde tirar o dinheiro.

Sinceramente, eu não poderia ofertar (não significa que ajudaria se pudesse). Mas fiquei pensando numa forma de ajudá-lo nessa situação. Então lembrei que a pouco tempo circulou uma notícia de que ele havia comprado um jatinho, que custou, vejam só, milhões. Até mandei um email para ele, perguntando se era verdade, até agora não respondeu. Suponho então que seja. E minha sugestão, caso os milhões ainda não tenham entrado (carnaval, sabe como é, os crentes vão para retiros e não tem caixa eletrônico lá) minha idéia é: venda o jatinho. No lugar dele eu venderia meu carro, apesar de que estou na quinta parcela do financiamento...
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Era o tempo em que se tinha tempo para fazer todas as coisas. Tempo para as tarefas, deveres, tempo para a família, tempo para a missa e ainda sobrava tempo para uma visitinha vez ou outra na casa dos compadres, visitar os afilhados...

Hoje, com tanta modernidade, tanta tecnologia, enxugando ao máximo o tempo para algumas coisas, ainda falta muito tempo para outras...

E tenho vivido essa falta de tempo nos últimos dias, numa expectativa de que nos próximos meses consiga retomar meu horário normal de trabalho, numa rotina em que tenha tempo para o Blog, para os Grupos, para as leituras. Quem sabe até para deitar embaixo de uma árvore vendo as núvens formarem bichos, simplesmente vendo as horas passarem, vendo o tempo passar.

Ter tempo para apreciar o tempo...

Adriana Pedroso
In: Correndo contra o tempo
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" Jo 8:32

Arminianos são pródigos em produzir frases cheias de efeito e vazias de significado bíblico.

- "Dever implica poder!"
- "Responsabilidade requer liberdade!"
- "Não somos robôs!".

E por aí vai. São lemas libertários que ressoam em livros, púlpitos e blogs arminianos. A última, mas nem por isso menos cheia de vácuo é "Sem liberdade, a verdade não aparece!", produzida pelo Pr. Zwinglio Rodrigues, editor do blog Dókimos. A frase é o que ele acredita ser a conclusão de Lc 7:30 e 13:34, num salto duplo exegético.

Já que todo mundo está criando frases, também criei uma, a que encabeça este post. Tem menos efeito, não é assim tão original, mas apresenta uma vantagem, é bíblica: "conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" Jo 8:32. Já as dos arminianos não podem ser amparadas por passagens bíblicas, sobrevivem à custa de uma licença poética que não deveria ter lugar na interpretação da Bíblia.

Olhemos o primeiro versículo utilizado pelo pastor Zwinglio e, querendo Deus, antes que o mundo acabe em 2012 daremos atenção ao outro verso. A passagem diz:

"E todo o povo que o ouviu e os publicanos, tendo sido batizados com o batismo de João, justificaram a Deus. Mas os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos, não tendo sido batizados por ele." Lc 7:29-30

Baseado nessa passagem o pastor sugere que o homem pode "rejeitar, e assim impedir, um propósito de Deus em sua vida" e que "o arminianismo está correto quando afirma que no homem restou algum bem suficientemente capaz de habilitá-lo a desejar receber ou não o Evangelho da salvação". E conclui com a poética, sonora e vazia frase "sem liberdade a verdade não aparece!".

O pastor Zwinglio cometeu alguns deslizes na sua análise, o que costuma acontecer quando alguém se deixa controlar por pressupostos arminianos não provados. Um deslize foi desconsiderar o ensino geral das Escrituras sobre a soberania da vontade divina e a escravidão da vontade humana. Uma passagem isolada não basta para negar o que é ensinado de Gênesis a Apocalipse, sobre a domínio de Deus e sobre a incapacidade do homem caído de produzir qualquer bem espiritual, antes da graça divina.

Afirmações como "o meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade" (Is 46:10), "o conselho do SENHOR permanece para sempre" (Sl 33:11), "Muitos propósitos há no coração do homem, porém o conselho do SENHOR permanecerá" (Pv 19:21), "o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou" (Sl 115:3), "se ele resolveu alguma coisa, quem então o desviará? O que a sua alma quiser, isso fará" (Jó 23:13), "conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade" (Ef 1:11) entre outras tantas não podem simplesmente ser postas de lado por um texto isolado e interpretado a partir de suposições humanistas.

Outro é tomar uma proposição num sentido para provar exatamente o contrário. A texto diz que os fariseus e doutores rejeitaram e a partir disso ele conclui que o homem é capaz de aceitar o evangelho. A lógica assume que o contrário de motorista bêbado é pedestre sóbrio. Não devia, mas chego a achar engraçado quando vejo arminianos tomar promessas de segurança como ameaças de queda e más escolhas feitas como prova de que boas escolhas poderiam ter sido feitas.

O ponto que o pastor quer provar com o texto é que a vontade do homem é capaz de "impedir um propósito de Deus em sua vida". Em outras palavras, o que ele está afirmando é que o homem tem poder de veto sobre os decretos de Deus e que o agir de Deus pode ser impedido ou frustrado pelo homem. Após determinar alguma coisa, Deus deve ficaria na torcida de que o homem não estrague seus planos, escolhendo ou fazendo outra coisa,contrária ao que Ele pretendia para alcançar seu propósito. Este pensamento beira a blasfêmia, por fazer a vontade iníqua do homem prevalecer sobre a vontade santa de Deus.

O que então pode ser extraído da passagem em questão?

Pensemos, primeiro, a que se refere o propósito de Deus do verso 30. Fica claro que o propósito determinado de Deus era o arrependimento seguido pelo batismo de João. A expressão "reconheceram a justiça de Deus" (Lc 7:29) é paralela a "nos convém cumprir toda a justiça" (Mt 3:15), justificativa de Jesus para deixar-se batizar por João. A rejeição dos fariseus e doutores da lei consistia em "não tendo sido batizados por ele" (Lc 7:30). O conselho Deus, aqui referido, era que todo o povo, publicanos, fariseus e doutores da lei se arrependessem e fossem batizados por João, como uma preparação espiritual para chegada do Messias.

E a quem dizia respeito este conselho? O pastor Zwinglio diz que o propósito de Deus dizia respeito especificamente aos publicanos e doutores da lei. Porém, o propósito de Deus não dizia respeito àqueles especialistas da religião especificamente, mas "todo o povo". A versão utilizada pelo pastor diz "rejeitaram o propósito de Deus para eles". Porém, esta não é a melhor tradução de "ηθετησαν εις εαυτους". A ACF, traduz "rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos", a ARA "rejeitaram, quanto a si mesmos, o desígnio de Deus", a ARC "rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos", a LTT "rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos", a RV "desecharon el consejo de Dios contra sí mismos", a KJV "rejected the counsel of God against themselves", etc.

A passagem em questão tem o sentido de que o propósito de Deus para aquele momento era que as pessoas ouvissem a pregação do Batista, se arrependessem de seus pecados e fossem batizados. Ao se recusarem a arrepender-se (pois alguns até entraram na fila para serem batizados, mas impenitentes) eles o fizeram contra si mesmos, escolhendo ficar à margem do propósito de Deus. Só haveria real veto ao decreto de Deus se o Senhor houvesse decretado especificamente que eles seriam batizados por João e eles impedissem esse propósito. Não é o caso.

Não configurando a ação desses religiosos um veto ao conselho de Deus, demonstra esta passagem "que no homem restou algum bem suficientemente capaz de habilitá-lo a desejar receber ou não o Evangelho da salvação"? Se o texto prova alguma coisa, é que o homem pode rejeitar a oferta divina do evangelho. Que o homem é livre para e capaz de pecar é o ensino bíblico que nenhum calvinista jamais negou. O ponto é: esta passagem ensina que o homem tem habilidade para desejar e aceitar, por si mesmo, a salvação? A resposta só pode ser não. Ler "eles rejeitaram" e afirmar "viu? eles podiam aceitar" é ir além de onde o texto parou.

Mesmo assim, podemos perguntar por que o povo e os publicanos se arrependeram, mas os fariseus e doutores da lei rejeitaram a pregação do Batista? Uma resposta pode estar em Mateus, onde Jesus ora: "Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos" (Mt 11:25). Os fariseus e doutores de Lucas são um bom exemplo de "sábios e instruídos". Deus ocultou deles o conhecimento necessário à salvação. Mas por que Deus ocultou deles e revelou ao povo e publicanos? A resposta de Jesus é "Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado" (Lc 11:26). Sem uma ação reveladora de Deus ninguém chega ao conhecimento da salvação. É o que o Senhor diz em seguida "ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11:27). Esta passagem explica o que acontece em Lucas 7:29-30.

O fato é que não chegamos à verdade pela liberdade, mas à liberdade através da verdade. Portanto, a expressão zwingliana vai na contra-mão da Bíblia.
Soli Deo Gloria
domingo, 14 de fevereiro de 2010
Eleição

Eleição [ou escolha] é o imutável propósito de Deus pelo qual ele fez o seguinte:

Antes da fundação do mundo, por pura graça, segundo o soberano bom propósito da sua vontade, ele escolheu em Cristo para a salvação um número definido de pessoas em particular dentre toda a raça humana, a qual caiu de sua inocência original, por sua própria falta, em pecado e ruína. Aqueles escolhidos não foram nem melhores nem mais merecedores que os outros, mas se prostram com eles na mesma situação de miséria. [Deus] fez isto em Cristo, o qual também designou desde a eternidade para ser o mediador, o cabeça de todos os escolhidos, e o alicerce de sua salvação. E assim [Deus] decidiu dar os escolhidos a Cristo para serem salvos, e chamá-los e efetivamente atraí-los à comunhão com Cristo através de sua Palavra e Espírito. Em outras palavras, ele decidiu conceder-lhes verdadeira fé em Cristo, justificá-los, santificá-los, e finalmente, após sua poderosa preservação em comunhão com seu Filho, glorificá-los.

Deus fez isto tudo para demonstrar sua misericórdia, para louvor das riquezas de sua gloriosa graça.

As Escrituras dizem: Como [Deus] também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado" (Ef.1:4-6). E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou (Rm.8:30).

Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; Ef 1:4

Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade; Ef 1:11

Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste. Jo 17:2

Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse. Jo 17:12

Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo. Jo 17:24

Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora. Jo 6:37

Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. Jo 6:44

Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor. 1Co 1:9

Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado, Ef 1:4-6

E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou Rm 8:30

Leia o primeiro artigo da série: 1. O direito de Deus de condenar todas as pessoas
Leia o artigo anterior: 6. O decreto eterno de Deus
Leia o próximo artigo: 8. Um único decreto da eleição
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Amanhã é o Dia Internacional de Oração pelo Autismo e Síndrome de Asperger. O dia é observado no segundo domingo de fevereiro e conhecido como Autism Sunday ou Domingo do Autismo.

Catedrais, igreja e organizações religiosas marcam o Autism Sunday para lembrar os mais de 60 milhões de pessoas com autismo e síndrome de Asperger em todo o mundo. O dia foi lançado em 2002 no Reino Unido por Ivan e Charika Corea, que tem um filho com autismo, Charin. O dia foi lançado num culto histórico na Catedral de São Paulo, em Londres. Agora é comemorado em todo o mundo. Os organizadores pedem que as pessoas também usem o Domingo do Autismo para fazer lobby e campanha sobre os graves problemas relacionados com o autismo e a síndrome de Asperger.

Ore, e se puder, faça algo mais.

Para saber mais, acesse:

Projeto Autistas
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Não devemos, contudo, nos importar muito com o que os outros pensam de nós, para o próprio benefício. Nosso interesse final é a reputação de Cristo, e não a nossa. A atenção não recai sobre o valor, a excelência, a virtude, o poder ou a sabedoria que possuímos. Ela recai sobre o fato de Cristo ser honrado pela maneira como as pessoas nos vêem. Você acha que o modo como vivemos confere boa reputação a Cristo? Será que a excelência de Cristo está sendo demonstrada em nossa vida? É isso que deve nos interessar, e não se nós mesmos estamos sendo aplaudidos.

John Piper
In: A vida é como neblina
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Ele me mostrou um grande prazer espiritual sentido na alma, e nele eu estava repleta de eterna certeza, firmemente sustentada, sem nenhum terror doloroso. Esse sentimento era tão positivo e espiritual que eu estava inteiramente em paz, em calma e em repouso, de modo que nada na terra poderia me perturbar.

Isso durou pouco tempo. Depois fui transformada e abandonada à depressão, cansada da vida e aborrecida comigo mesma, de forma que só foi só a duras penas que preservei a paciência para continuar vivendo. Eu não tinha nenhum conforto, nenhuma calma exceto a fé, a esperança e a caridade, e essas eu tinha de fato, embora muito pouco as sentisse.

Imediatamente depois disso, o Senhor deu-me de novo conforto e repouso da alma, com prazer e certeza. Sentia-me tão abençoada e poderosa que nenhum terror, nenhuma mágoa, dor física ou espiritual que eu pudesse suportar poderia me abater.

E depois a dor voltou aos meus sentimentos, novamente seguida de alegria e prazer — primeiro uma coisa, depois a outra, em vinte ocasiões diferentes, calculo eu. Nas ocasiões de alegria eu poderia ter dito como São Paulo: “Nada me separará do amor de Cristo”. E na dor poderia ter dito: “Senhor, salva-me. Estou perecendo!”.

Essa visão foi-me concedida a fim de ensinar-me que para algumas almas é proveitoso provar essas alterações de estado de espírito — às vezes para receber conforto ou para minguarmos, ficando à mercê de nós mesmos. Deus quer que saibamos que ele sempre nos guarda igualmente a salvo, quer no mal-estar quer no bem-estar.

Juliana de Norwich
In: A biblioteca de C. S. Lewis
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A dica me foi passada pelo Iverson, por email.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Aqueles que o Espírito chama efetivamente, Ele faz com que se desesperem de si mesmos. Eles são levados a compreender que não há poder neles mesmos, a não ser fora dos caminhos do pecado e da miséria nos quais estão mergulhados. E como são incapazes de se ajudarem, então eles compreendem que são totalmente indignos de serem ajudados. Deus pode justamente permitir que permaneçam onde caíram e, não fosse a Sua intervenção, cairiam cada vez mais até não poderem mais ser recuperados. O pecador pode valer-se de suas boas obras, esperando com isso reconciliar-se com Deus por causa daquilo que ele tem feito de errado, entretanto é levado a ver que suas melhores obras estão tão misturadas com o pecado que, não fosse a justiça e a intercessão de Cristo, estas seriam verdadeiras abomina­ções. Agora ele está abatido no seu interior. Ele não tem confiança na carne (Fil. 3:3). Ele não pode fazer nada por si mesmo. Não pode alegar que tenha direitos a ter algo feito em seu favor, mas ele deve esperar a graça de Deus para tudo.

N. Vincent
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Alguns devem pensar que se contarmos uma mentira em favor de Deus, ela torna-se tão boa como uma verdade. E até mais, se a verdade em questão colocar Deus em alguma dificuldade. Lembro-me de alguns testemunhos em que há um claro exagero dos fatos, para Deus parecer mais poderoso do que Ele tem se mostrado.


Com o advento da Internet, alguns hoax santos ganharam força. Já ouvi de alguém que viu na net que uma criança nasceu com as palmas das mãos coladas e quando os médicos finalmente conseguiram separar as mãos do bebê estava escrito "Jesus está voltando!". Num outro caso, alguém tirou uma foto de 1Ts 2 e na hora de revelar surgiu uma foto do arrebatamento (veja ao lado). Vi os borrões interpretados como sendo crentes subindo. Enfim, não faltam exemplos de mentiras santas que arrancam glórias e aleluias de pessoas que dormiriam no estudo bíblico, se fossem num.

Um email, cuja autoria não me preocupei em olhar, como todo hoax que se preze, vem com o pedido "Divulguem para o maior número de pessoas que conhecerem, pois não podemos baixar a cabeça diante de tão grande repressão a liberdade religiosa. Se não fizermos nada, certamente o mal vencerá. Como disse o filósofo: "O mal prevalesse quando os bons se omitem".

A mensagem, em caixa alta, relaciona "Leis que tramitam em Brasília contrárias às igrejas, principalmente as evangélicas", pede oração e intercessão e grita "Repassem para o mundo". Essas leis que tramitam (na verdade leis não tramitam, projetos de lei tramitam até se tornar lei ou ser arquivados) são, conforme o email:
  1. Projeto nº 4.720/03 – Altera a legislação do 'imposto de renda' das pessoas jurídicas.
  2. Projeto nº 3.331/04 – Altera o artigo 12 da Lei nº 9.250/95, que trata da legislação do imposto de renda das 'pessoas físicas'. Se convertidos em Lei, os dois projetos obrigariam as igrejas a recolherem impostos sobre dízimos, ofertas e contribuições.
  3. Projeto nº 299/99 – Altera o código brasileiro de telecomunicaçõ es (Lei 4.117/62). Se aprovado, reduziria programas evangélicos no rádio e televisão a apenas uma hora.
  4. Projeto nº6.398/05 – Regulamenta a profissão de Jornalista. Contém artigos que estabelecem que só poderá fazer programas de rádio e televisão, pessoas com formação em JORNALISMO, Significa que pastores sem a formação em jornalismo não poderão fazer programas através desses meios.
  5. Projeto nº 1.154/03 – Proíbe veiculação de programas em que o teor seja considerado preconceito religioso. Se aprovado, será considerado crime pregar sobre idolatria, feitiçaria e rituais satânicos. Será proibido que mensagens sobre essas práticas sejam veiculadas no rádio, televisão, jornais e internet. A verdade sobre esse atos contrários a Palavra de Deus, não poderá mais ser mostrada.
  6. Projeto nº 952/03 – Estabelece que é crime atos religiosos que possam ser considerados abusivos a boa-fé das pessoas. Convertido em Lei, pelo número de reclamações, pastores serão considerados 'criminosos' por pregarem sobre dízimos e ofertas.
  7. Projeto nº 4.270/04[/b] – Determina que comentários feitos contra ações praticadas por grupos religiosos possam ser passíveis de ação civil. Se convertido em Lei, as Igrejas Evangélicas ficariam proibidas de pregar sobre práticas condenadas pela Bíblia Sagrada, como espiritismo, feitiçaria, idolatria e outras. Se o fizerem, não terão direito a se defender por meio de ação judicial.
  8. Projeto de nº 216/04[/b] – Torna inelegível a função religiosa com a governamental. Significa que todo pastor ou líder religioso lançado a candidaturas para qualquer cargo político, não poderá de forma alguma exercer trabalhos na igreja.
Como não gosto de receber correntes de forma alguma e mesmo tendo coisa mais importante para fazer, não resisto a uma googlada, entrei no site da Câmara e fiz uma pesquisa sobre os projetos de lei acima. Eis o resultado:

PL 4720/03 - Não existe um PL com esse número em 2003. Pode ser que seja o PL 4720/01, que "Altera a Lei nº 9.317 de 5 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o regime tributária das microempresas e das empresas de pequeno porte e institui o Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES e dá outras providências". O projeto não faz nenhuma referência à imposto de renda de igrejas.

O PL 3331/04 sugere que “Do imposto apurado na forma do artigo anterior, poderão ser deduzidos (...) 50% (cinqüenta por cento) das doações, documentalmente comprovadas, a instituições religiosas". Na justificativa, o autor do projeto diz que "além de a inviolabilidade da crença religiosa ser direito fundamental de todos constitucionalmente assegurado, cumpre lembrar o importante papel exercido pelas instituições religiosas na nossa sociedade (...) Assim, com o objetivo de fortalecer a atuação dasinstituições religiosas, incentivando a participação de todos os brasileiros, proponho a dedução de 50% (cinqüenta por cento) do imposto de renda da pessoas físicas das doações, desde que documentalmente comprovadas, a instituições religiosas". Onde está a obrigação da igreja recolher impostos sobre os dízimos?

PL 299/99 - Não encontrei nada sob esse número que limitasse o tempo de programas religiosos no rádio ou TV. O mais próximo que chega disso é a renovação da concenssão de uma rádio em Porto Alegre. Mas, considerando malas-falhas e erres-erres da vida, não seria uma boa um projeto assim?

O PL 6398/05 "Altera as disposições do Decreto-Lei nº 972, de 17 de outubro de 1969, que “Dispõe sobre o exercício da profissão de jornalista, corrige as distorções e garante o direito de igualdade, previsto na Constituição Federal”. Não há nada no texto do projeto que ameace um pastor de apresentar programas de rádio e TV. Aliás, nem apresentadores de telejornal precisam ter curso de jornalismo, pelo projeto apresentado. De qualquer forma, desde junho de 2009, por decisão do STJ, o diploma de jornalismo não é mais obrigatório para exercício da profissão.

O PL 1154/03 "Acrescenta a expressão “preconceitos religiosos” ao § 1º do artigo 1º da Lei nº 5.250, de 9 de fevereiro de 1967" que passa a vigorar com a seguinte redação "Não será tolerada a propaganda de guerra, de processos de subversão da ordem política e social ou de preconceitos religiosos, de raça ou classe". Não vejo grandes problemas aqui, pois o preconceito deve ser combatido sempre.

O PL 952/03 "Torna crime o fato de alguém praticar atos religiosos ou similares que se consubstanciem ludíbrio à boa-fé das pessoas". Este projeto traz algum risco, dependendo da interpretação. Mas na essência ele acrescenta o seguinte artigo ao Código Civil: “Art. 208A. Praticar atos religiosos que atentem contra a boa-fé e a dignidade das pessoas, ludibriando-as ou humilhando-as, com o fim de obter vantagens. Pena – detenção, de seis meses a dois anos.” Estou disposto a correr o risco, para ver alguns estelionatários da fé atrás das grades.

O PL 4270/04 "Altera a redação do § 13 do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, para
excluir da incidência da contribuição previdenciária os valores despendidos pelas entidades religiosas na prestação de serviços religiosos". O referido artigo passa a rezar "Não se considera como remuneração os valores despendidos pelas entidades religiosas e instituições de ensino vocacional na prestação de serviços religiosos, conforme dispuser o regulamento". Se aprovado, este projeto irá desonerar as igrejas de encargos previdenciários. De onde alguém tirou que as igrejas ficam proibidas de pregar sobre as práticas condenadas na Bíblia?

O PLP 216/04, de autoria da juíza Denise Frossard, "Acrescenta a letra j, ao inciso I, do artigo 1º, da Lei Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990 (Lei de Inelegibilidade) tornando explícita a incompatibilidade da função religiosa com a função governamental". Na prática, um pastor que quisesse se candidatar, teria que se licenciar de sua função na igreja, e se eleito, não poderia exercer o ministério pastoral e o cargo público ao mesmo tempo. Não sei das motivações da juíza Frossard (que me parece um tanto hipócrita por manter o título de juíza quando é legisladora e proibir que pastores usem o título na Câmara), mas por motivações próprias penso exatamente como ela. Um pastor não pode ser, ao mesmo tempo, candidato e pastor, ou deputado e pastor.

Concluindo, vemos que os projetos não ameaçam a liberdade religiosa. Há outros projetos tramitando de que alguma forma limitam a atividade evangelística e alguns que realmente são motivados e intentam contra a liberdade de expressão e de culto. Mas o ponto que quero destacar é: o que leva alguém a espalhar inverdades como essas? Só consigo pensar que a intenção é que nas próximas eleições votemos de novo nos candidatos evangélicos ou se possível mandemos mais irmãos para lá. Se for isso, então temos mais um motivo para não votar em políticos evangélicos.
Soli Deo Gloria
domingo, 7 de fevereiro de 2010
Decreto Eterno de Deus

O fato de que alguns recebem de Deus o dom da fé durante a vida, e que outros não, se origina de seu decreto eterno. Porque todas as suas obras são conhecidas por Deus desde a eternidade (At 15:18; Ef 1:11). De acordo com este decreto ele graciosamente amolece os corações outrora duros de seus escolhidos e os inclina a crer, mas por seu justo julgamento deixa em suas maldades e dureza de coração aqueles que não foram escolhidos. E nisto especialmente nos é manifesto este ato — insondável, e tão misericordioso quanto justo — de distinguir entre pessoas igualmente perdidas. Este é o bem conhecido decreto de eleição e reprovação revelado na Palavra de Deus. Este decreto os maldosos, impuros, e instáveis distorcem para sua própria perdição, mas, ele supre as almas santas e pias com um consolo inexprimível.

E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna. At 13:48

Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; 1Pe 2:8

Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade; Ef 1:11

Leia o primeiro artigo da série: 1. O direito de Deus de condenar todas as pessoas
Leia o artigo anterior: 5. As fontes da incredulidade e da fé 

Um dos mais deprimentes sinais na igreja de hoje é a falta de oração tanto a sós como em grupos. É quase incrível ver quão pouco a igreja evangélica em geral se apóia na oração para fazer a obra de Deus. Quando há uma reunião de oração, só um pequeno número participa. Noites de oração, reuniões de oração nos lares, dias de oração e jejum— uma parte tão impor¬tante da Igreja primitiva — parecem não ser mais que relíquias cristãs, hoje em dia. Porque estão ocupadas, as pessoas convencem-se de que estão demasiado ocupadas para orar. A Igreja tem procurado inúmeros substitutos para a oração a fim de levar a cabo o trabalho que só pode ser feito através da oração. Se levarmos a sério o fato de sermos revolucioná¬rios espirituais, temos de decidir aprender a orar! Há muitos livros excelentes sobre o assunto, mas não há nada que substitua o ajoelharmo-nos e começarmos a orar. Samuel Chadwick disse: "A única preocupação do diabo é afastar os santos da oração. Ele nada receia de estudos sem oração, de trabalho sem oração, de religião sem oração. Ri-se do nosso labor, troça da nossa sabedoria, mas treme quando oramos."

George Verwer
In: Vida abundante
sábado, 6 de fevereiro de 2010


Há outros, porém, que nunca ouviram nada de semelhante e que estariam totalmente dispostos a aprender, contanto que lhes fosse explicado, ou que tem o espírito tão fraco que não podem captar a doutrina com facilidade. Não se deve nem repreendê-los nem tratá-los rudemente, pelo contrário deve-se instruí-los com amizade e doçura, indicando-lhes causas e razões. Se não conseguirem captar com facilidade, mostrar-se paciente com eles por certo tempo. A esse respeito, Paulo diz (Romanos 15.1 e 14.1): “Acolham com bondade aquele que é fraco na fé”. De igual modo, Pedro (I Pedro 3.15-16): “Estejam sempre prontos a responder a todos aqueles que lhes pedem razões de sua esperança; mas façam isso com doçura e respeito”.

Martinho Lutero
In: Othodoxia
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

E quanto ao resultado das campanhas; desculpe-me quem discorda, mas não vejo saldo expressivo para o Reino. Primeiro porque as pessoas vivem em busca das “bênçãos” supracitadas; atividades estas que não habilitam ninguém ao Reino de Deus. Segundo que as tais campanhas criam pessoas peritas no que Deus faz, mas indoutas em quem Deus é; devido às distorções e pobreza da teologia apresentada. E o terceiro mal é que se tem uma geração de viciados em campanhas, de maneira que, não é difícil vê a migração de fiéis para outras denominações por faltar campanha em sua igreja, ou por considerar a mesma desinteressante. O que tem feito muitos líderes repetir a mesma campanha do colega, gerando assim uma proposta única e lamentável de Igreja. Enfim, penso que as campanhas são intermináveis porque intermináveis são os desejos deles por platéias e contribuições.

Gilaelson Santos
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
A interpretação universalista da redenção a partir de algumas passagens da Bíblia, como 1Jo 2:2, quando levada a sério, cria graves problemas para seus proponentes. Se tomarmos as palavras relacionadas à obra de Cristo na cruz (satisfação, propiciação, redenção, resgate, etc.) no sentido que o Novo Testamento lhe conferem e insistirmos que Jesus morreu vicariamente por todos os homens, o universalismo é a conclusão inescapável.

Para evitar disparar a armadilha em que pisaram, os que defendem a expiação universal dizem que ela não é eficaz em si mesma, mas algo potencial. Assim, a cruz não obtém a salvação de fato, apenas a torna possível. O que tranforma essa possibilidade em uma salvação real é a fé. Pelo ato de crer, o homem libera a energia potencial do Calvário. Em última análise, o fator determinante da salvação está no homem, e não em Deus. Esta forma de relacionar expiação e fé é equivocada.



A fé como meio de salvação

Deus usa meios para aplicar a salvação aos que comprou com o Seu sangue. A pregação é um desses meios. "Como crerão nAquele de quem não ouviram? E como ouvirão se não há quem pregue?" (Rm 10:14). Assim como a pregação, a fé é o meio pelo qual o homem se apropria da salvação. Paulo diz que "pela graça sois salvos, por meio da fé..." (Ef 2:8). Porém, é um erro pensar na fé como causadora da salvação. A fé um meio instrumental, assim como a oração e a pregação do evangelho.

Fé e obras

É comum as pessoas conceberem a fé como uma espécie de obra. A confusão nasce de uma má compreensão da declaração bíblica de que não somos justificado pelas obras, mas pela fé. Na mente de muitos, assim que como no Antigo Testamento se realizava boas obras para ser achado justo diante de Deus, no Novo Testamento a fé ocupou o lugar das obras como algo que o homem deve realizar para ser salvo. Se no passado havia muitas obrigações na forma de preceitos da lei, agora há apenas uma obrigação, a fé. Porém, "justificação pela fé" não é uma idéia paralela a "justificação pelas obras". Pois as obras de fato justificariam aqueles que as pudessem realizar, mas a fé não justifica ninguém.

Paulo mostra a diferença essencial entre fé e obras ao dizer "ao que trabalha não se lhe conta a recompensa como dádiva, mas como dívida" (Rm 4:4). Se a fé fosse algo que o homem faz para Deus, então a salvação deixa de ser graciosa para ser um pagamento. Porém a apóstolo acrescenta "ao que não trabalha, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é contada como justiça" (Rm 4:5). O contraste paulino perde o sentido se fé for algo que o homem deve realizar como sua parte na salvação, como ensinam os sinergistas. Paulo diz que "procede da fé o ser herdeiro, para que seja segundo a graça" (Rm 4:16). Portanto, fé e obras não tem nada em comum.

O sentido bíblico de fé é o de confiar na obra de Cristo e descansar nele. Ao contrário de fazer algo, é exatamente deixar de fazer o que quer que seja, confiando que Jesus já fez tudo o que é necessário à nossa salvação. Fé é um abandono total de qualquer tentativa de fazer algo que nos torne aceitável diante de Deus. É notável como a pergunta do pecador penitente, mas não esclarecido pela Palavra, é sempre "que me é necessário fazer para me salvar?" (At 16:30). E é igualmente notável que a resposta é sempre "crê no Senhor Jesus" (At 16:31), vale dizer, não faça nada, apenas confie e descanse no Senhor. A fé é um movimento para fora de si mesmo, negando qualquer coisa que o homem faz e indo para o que Cristo que fez.

Salvação por obra

Já dissemos que a fé não salva, o que salva é a obra perfeita e completa de Jesus na cruz. No fundo, a salvação é pelas obras, mas como não podíamos realizá-las, Jesus realizou por nós, vivendo uma vida de perfeita justiça e morrendo uma morte em perfeita obediência, em nosso lugar. Assim, atribuir nossa justificação ao nosso ato de crer é no mínimo negar o valor infinito da obra de Cristo no Calvário.

A causa e a fonte de nossa salvação é o sacrifício de Jesus. Sem a obra de Cristo,  qualquer fé é morta. Deus, pelo "seu divino poder nos tem dado tudo o que diz respeito à vida e à piedade" (2Pe 1:3) e isto certamente inclui a fé, haja vista que a Bíblia diz "vos foi concedido, por amor de Cristo, não somente o crer nele, mas também o padecer por ele" (Fp 1:29). E todas as bênçãos relacionadas à salvação, a fé inclusive, fluem do Calvário para nossos corações. Por isso cremos que é a morte de Jesus que confere eficácia à fé, e não o contrário.

Tendo visto que a fé não é causal mas instrumental, que não é equivalente a obras e que implica não fazer nada porque confia que Jesus fez tudo e, finalmente, que a eficácia da morte de Jesus não depende da fé, pelo contrário, a fé resulta da expiação, o que podemos dizer é: não tenha fé na fé, tenha fé na obra de Jesus. Ela torna certa e segura a salvação mediante a fé de todos aqueles por quem Ele entregou sua vida.

Soli Deo Gloria
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

É verdade que tanto os bons quantos os maus participam das misérias e dificuldades desta vida; porém, para os ímpios, os sofrimentos são sinais da maldição divina, porquanto resultam do pecado; sua única mensagem é a ira de Deus e nossa comum participação na condenação de Adão; e seu único resultado é o abatimento da alma. No entanto, por meio de seus sofrimentos os crentes estão sendo conformados a Cristo e produzem em seus corpos o morrer de Cristo, para que a vida dele um dia se manifeste neles [2Co 4.10]. Estou falando das aflições que eles suportam em virtude do testemunho de Cristo [Ap 1.9], porque, ainda que as disciplinas que o Senhor lhes impõe, em virtude de seus pecados, lhes sejam benéficas, eles não podem, com justiça, dizer que participam dos sofrimentos de Cristo, a menos que sofram por sua causa, como lemos em 1 Pedro 4.13. Portanto, o que Paulo quer dizer é que Deus está sempre presente com ele em suas tribulações e que, em suas fraquezas, é sustentado pelas consolações de Cristo, de modo a ser impedido de se ver esmagado pelas calamidades.

João Calvino
In: Comentário sobre 2Co 1:5
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010


A soberania de Deus transtorna a mente daqueles que são influenciados pelo humanismo vigente em nossa sociedade. A razão do incômodo que esta doutrina trará é por causa da falta de conhecimento de quem o verdadeiro Deus é e faz. Muitos leitores há que adoram um outro Deus, não o Deus e Pai de Jesus Cristo. Este Deus é soberano e faz com que todos os seus planos sejam cumpridos inquestionavelmente, e esta crença traz dissabores em alguns círculos sinergistas muito populosos em alguns lugares. Essas pessoas se esquecem de que todos nós somos o barro e que Deus é o oleiro. Afinal de contas, ele nos fez do barro e para o pó retornaremos. A Escritura diz que somos barro, que não passamos de cacos de barro e isso nos humilha. Os seres humanos não são nada diante de Deus, o que vai de encontro ao pensamento deles que se têm a si mesmos em alta conta. Mas a Bíblia destrói as pretensões deles.

Heber Carlos de Campos
In: A providência e sua realização histórica
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A Academia Real de Paris ofereceu um prêmio ao homem que escrevesse os melhores versos sobre a natureza divina. Muitos escreveram longamente sobre esse difícil assunto; mas o professor Crousaz enviou apenas duas frases:

"Deixe de esperar do homem uma descrição apropriada do Ser Supremo; ninguém pode falar apropriadamente dEle a não ser Ele mesmo".

Os judiciosos acadêmicos concordaram em coroar esse curto desempenho, porque ele deu a mais exaltada idéia dEle, cuja brilhante glória clama por nossa adoração silenciosa e proíbe as longas e curiosas dissertações do nosso orgulho filosófico. Assim como não podemos pegar o universo com nossas mãos, também não podemos compreender o Criador do universo com nossos pensamentos.

John Fletcher
In: The works of John Fletcher