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terça-feira, 31 de janeiro de 2012
domingo, 29 de janeiro de 2012
Deus, em seu infinito poder e sabedoria, dispõe todas as coisas para o fim ao qual foram criadas; que nem o bem e nem o mal lhes sobrevém pela casualidade, ou sem sua providência; e, seja o que for que aconteça aos eleitos, é por Sua determinação, para Sua glória e para o bem deles.

Artigo 5
Primeira Confissão Londrina, 1642/44
sábado, 28 de janeiro de 2012
Catarina (Katharina) von Bora (Lippendorf, 29 de janeiro de 1499 – † Torgau, 20 de dezembro de 1552) foi uma freira católica cisterciense alemã. Em 13 de Junho de 1525, casou-se com Martinho Lutero, líder da Reforma Protestante.

Catarina abriu as portas da sua casa pra que monges, freiras, padres que escancaravam seus corações pra verdade de Deus e se tornavam adeptos da Reforma se refugiassem, mesmo sabendo que estavam entrando num tempo de perseguição e isso pudesse resultar numa invasão ao seu lar. Existiram vezes, que 25 pessoas moravam em sua casa, sem contar ela, Lutero, as crianças e os 11 órfão de quem cuidavam!

Lutero nunca se negava a ajudar um necessitado. Sempre oferecia dinheiro a quem precisava e logo logo, acabou com as lindas porcelanas que Catarina ganhou de presente de casamento, vendendo para conseguir dinheiro e abençoar aqueles que lutavam pela causa da graça de Cristo!

Katy cuidou de Hans Lutero, seu primeiro filho, ao mesmo tempo em que seu esposo passava por uma terrível depressão. Ela se sentava ao seu lado e lia a Bíblia pra ele edificando seu coração. Conciliou as tarefas da casa, de hospedagem, mãe, esposa com a árdua tarefa de ajudar Lutero na tradução das escrituras para o alemão. Ouvia os desabafos de Martinho e sabia que cada vez que ele saia para pregar podia não o ver voltar, pois quanto mais pregava, mais inimigos Lutero ganhava. Expandir o Reino e as verdades bíblicas significava para Catarina poder ficar viúva. Mas ela sempre o encorajava: “Deus cuidará de nós. Não tema! Pregue!”.

Ela realmente é admirável. Sua postura permitia Lutero pregar livremente e arriscar sua vida pela Verdade!

“Catarina não escreveu nenhum livro nem pregou nenhum sermão, mas sua inestimável ajuda possibilitou que o marido fizesse isso. Ela foi um grande apoio pra ele.” Como Lutero mesmo disse a um amigo: “Minha querida Katy me mantém jovem e em boa forma também (risos). Sem ela eu ficaria totalmente perdido. Ela aceita bem minhas viagens e, quando volto, está sempre me esperando. Cuida de mim nas depressões. Suporta meus acessos de cólera. Ela me ajuda em meu trabalho e, acima de tudo ama a Jesus. Depois de Jesus, ela é o melhor presente que Deus em deu em toda a vida... Se um dia escreverem a história da Reforma da Igreja espero que o nome dela apareça junto ao meu e oro por isso”.

Tudo que Catarina Lutero falou ao ouvir isso foi: “Tudo que tenho sido é esposa e mãe e acho que uma das mais felizes de toda a Alemanha!”. Lutero chamava sua esposa de "estrela da manhã de Wittinberg". Katie viveu por mais seis anos após a morte do esposo em 1546.

Extraído do Blog do Eleitos
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Por estar à natureza humana tão deteriorada pela Queda, pessoa alguma tem a capacidade de fazer o que é espiritualmente bom sem a ajuda graciosa de Deus. A esta condição chamamos corrupção total - ou depravação - da natureza. Não significa que as pessoas não possam fazer algum bem aparente, apenas que nada do que elas façam será suficiente para torná-las merecedoras da salvação. 

E este ensino não é exclusivamente calvinista. Até mesmo Armínio (mas não todos os seus seguidores) descreveu o "livre-arbítrio do homem em favor do verdadeiro Bem", na condição de "preso, destruído e perdido... não tem nenhuma capacidade a não ser aquela despertada pela graça divina". A intenção de Armínio, assim como depois a de Wesley, não era manter a liberdade humana a despeito da Queda, mas asseverar que a graça divina era maior até mesmo que a destruição provocada pela Queda.

Assim a corrupção é reconhecida na Bíblia. Salmos 51.5 menciona Davi sendo concebido em pecado, ou seja: seu pecado remontava à concepção. Romanos 7.7-24 sugere que o pecado, embora morto, estava em Paulo desde o princípio. Mais categoricamente, Efésios 2.3 declara que todos somos "por natureza filhos da ira". "Natureza" (phusis) fala da realidade fundamental ou origem de uma coisa. Daí ser corrupto o "conteúdo" de todas as pessoas. Posto que a Bíblia ensina estarem corrompidos os adultos e que cada um produz o seu igual (Jó 14.4; Mt 7.17,18; Lc 6.43), os seres humanos forçosamente produzem filhos corruptos. A natureza corrupta produzindo filhos corruptos é a melhor explicação da universalidade do pecado. Embora vários trechos dos Evangelhos se refiram à humildade e à receptividade espiritual das crianças (Mt 10.42; 11.25,26; 18.1-7; 19.13-15; Mc 9.33-37,41,42; 10.13-16; Lc 9.46-48; 10.21; 18.15-17), nenhum as afirma incorruptas.

Bruce R. Marino
In: Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Que parâmetros podem ser utilizados para que uma igreja seja avaliada como próspera nos moldes bíblicos, e não pela teologia da prosperidade?

É uma igreja equilibrada. Uma igreja próspera não pende nem para pregar a teologia da prosperidade nem a teologia da miséria. É uma congregação que sabe motivar seus membros a trabalharem, a confiarem em Deus e a contribuírem para que todos tenham o necessário para sua subsistência. O equilíbrio dessa igreja faz com que ela entenda que pobreza não é sinal de maldição de Deus, nem que a riqueza é necessariamente um sinal da bênção de Deus (muitos ricos, crentes, burlam o fisco com declarações falsas e ainda contam esses fatos como vitórias que Deus lhes concedeu. Esquecem-se do A César o que é de César...).

É uma igreja aberta às necessidades de seus membros. "Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre" (Mt 26.11). Jesus não desfez dos pobres, e deixou claro que eles sempre existiriam. Uma igreja próspera não despreza aqueles que tem poucos recursos em detrimento dos que tem muito: "se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos pela lei como transgressores" (Tg 2.9). Uma igreja próspera é consciente de que não pode desprezar seus pobres, e que deve assistilos, como o fizeram a Igreja em Jerusalém (nos dias dos apóstolos, as viúvas dos gregos reclamaram que estavam sendo preteridas na distribuição dos recursos ofertados, e nesse momento foi instituído o diaconato, a fim de que houvesse equilíbrio na distribuição dos recursos) e as igrejas dos macedônios (uma comunidade de igrejas compostas de pessoas predominantemente pobres, e que precisavam de ajuda financeira, mas que por terem se dado primeiramente ao Senhor, abriram mão do pouco que tinham para cooperar com os crentes em Jerusalém - 2 Co 8).

É uma igreja que não se esquece de partilhar seus recursos para a obra de Deus. Muito se pode fazer por meio de ofertas missionárias e outras manifestações de generosidade para com a obra de Deus. Há igrejas em nossos dias que pagam altas somas de dinheiro para que um artista venha ao templo, cante três músicas e vá embora sem permanecer ou participar do culto. Curiosamente falando, raramente essas igrejas demonstram o mesmo grau de generosidade para financiar um curso teológico para um obreiro que deseja se capacitar, e raramente enviam ofertas missionárias a obreiros que estão em tempo integral evangelizando e pregando o evangelho. Uma igreja próspera investe no Reino, na divulgação do evangelho e na preparação de obreiros que servirão a Senhor.

Fonte: Revista Ensinador Cristão, Ano 13, Nr. 49, Jan-Mar 2012.
terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Muito bem moçada chegou o tão esperado #BTCast sobre Calvinismo e Arminianismo. Serão 4 podcasts tratando dos temas, sendo 2 para cada segmento.

Nesse primeiro programa Bibo e Mac recebem o Clovis do blog Cinco Solas, ninguém na falta de alguém melhor pra explicar e defender o Calvinismo. Então prepare-se, porque essa sequência SEMANAL de episódios vai estourar seus miolos!




Críticas, elogios e qq outra coisa relevante, use os comentários! Vamos fazer dele um local para trocar ideias. E lembre-se, terá a segunda parte desse bate papo, que sai em uma semana!

Siga Bibo e Mac no twitter @bibotalk e @Mac_Mau E nosso convidado Clovis @cincosolas
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Em minha denominação (O Brasil Para Cristo) há um movimento em favor da aprovação da ordenação de mulheres ao ministério pastoral. Por ser minoria, o movimento não tem logrado êxito em aprovar na Assembleia Nacional a sua petição, que aliás sofre grande rejeição por parte da maioria dos ministros. Em vista disso, tem sido adotada uma estratégia no mínimo sorrateira para tornar o termo pastora mais palatável no arraial brasilparacristiano: atribuir o título de pastora às esposas de pastores. De uma hora para outra, centenas de mulheres viraram pastoras e são assim distinguidas nas congregações e em congressos, simplesmente por terem se casado com pastores.

As razões apresentadas geralmente são três. São esposas de pastoras, logo, compartilham do ministério de seus maridos. Elas exercem funções que são próprias ao ministério pastoral, logo, são pastoras. E, finalmente, participam das agruras ministeriais de seus maridos, então é justo que sejam honradas tal qual eles são com o título de pastor.

Em relação ao primeiro argumento, é bom que se diga que a chamada para o ministério é pessoal ou melhor dizendo, individual. Pedro era casado, mas quando foi chamado para o apostolado, o chamado dizia respeito a ele somente. Mesmo que sua esposa a acompanhasse em suas viagens ministeriais, não era apóstola nem era chamada assim pela igreja. Paulo ao referir-se ao fato de Pedro e outros oficiais se fazerem acompanhar de suas esposas, não as chama de pastoras. “Porventura não temos o direito de levar conosco uma crente como esposa, como também os outros apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?” (1Co 9:5). O fato de serem esposas de apóstolos não as distinguia como apóstolas. Elas são “uma crente esposa”, ou mais literalmente, “uma irmã esposa”. O casamento que faz homem e mulher uma só carne, não os torna um só ministério.

A mulher casada com um pastor não exerce por isso a função pastoral. Embora possa exercer na igreja algumas atividades que seu marido pastor também exerce, ela não faz na condição de pastor. É justo e ordenado que ela ensine as mulheres mais jovens, pois Paulo ordena “que instruam as mulheres moças a amarem seus maridos e seus filhos” (Tt 2:4). Podem e devem seguir o exemplo de Eunice que ensinou seu filho ao qual Paulo disse “desde a infância sabes as sagradas letras que te podem instruir para a salvação pela fé que é em Cristo Jesus” (2Tm 3:15). Porém, o mesmo Paulo vedou a elas o ensino autoritativo na congregação, atribuição do pastor: “não permito à mulher que ensine, nem que tenha domínio sobre o homem” (1Tm 2:12). Outros homens na congregação desenvolvem ministérios que se assemelham em aspectos ao ministério pastoral, mas nem por isso são ou devam ser chamado de pastores.

Alega-se, ainda, que ser esposa de pastor exige sacrifícios extras e que por isso é justo que ela seja honrada com o nome de pastora. Porém, alguma coisas devem ser ditas em relação a isso. A primeira, é que o termo pastor (e seus equivalentes presbíteros e bispos) não se refere a títulos honoríficos nas Escrituras, mas a função que essas pessoas exercem. Apóstolo, pastores, bispos, presbíteros etc. nunca aparecem antecedendo o nome da pessoa, como em títulos, mas sempre depois deles, como as funções. Em segundo lugar, se sofrimento e sacrifício rendesse título, o mais apropriado seria o de mártir, e não de pastor. Em terceiro lugar, não é apenas a esposa do pastor, mas toda a família afetada pelo ministério. Os filhos também o são, mas nem por isso devem ser chamados de pastorzinhos na igreja. Na lista de qualificações para o pastorado consta “que saiba governar bem a sua casa, tendo seus filhos em sujeição com todo o respeito” (1Tm 3:4), ou seja, esposa e filhos afetam e são afetados pelo ministério do marido e pai, mas não a ponto de reinvidicarem serem honrados ou distinguidos na igreja com títulos.

Disso tudo se desprende que é incabível esposa de pastor serem chamadas de pastora. A intenção disso é distinguir entre irmãos na igreja, o que é sempre danoso ao Corpo. Temos funções diversas, pois o Espírito nos usa com uma diversidade de dons, ministérios e operações, conforme Ele quer. Mas jamais devemos nos basear nisso para distinguirmos entre irmãos, pois isso, no dizer de Paulo, é pura carnalidade. Nenhum tratamento é mais honroso e deve ser mais almejado do que ser chamado de irmão e irmã.

Soli Deo Gloria
domingo, 22 de janeiro de 2012
No princípio Deus fez todas as coisas muito boas; criou o homem segundo sua própria imagem, cheio com todas as perfeições de seu caráter, e livre de todo pecado; mas o homem não durou muito nesta honra. Satanás usou a engenhosidade da serpente para persuadir primeiro a Eva e logo por meio dela seduziu também a Adão; o qual sem ser coagido por ninguém, ao comer o fruto proibido, desobedeceu ao mandamento de Deus e caiu do estado no qual foi criado. Portanto, a morte veio sobre toda a sua descendência; que agora são procriados em pecado, e por natureza são filhos da ira, servos do pecado, súditos da morte, e sofrem outras adversidades neste mundo, e isto para sempre a menos que o Senhor Jesus Cristo os libere.


Artigo 4
Primeira Confissão Londrina, 1642/44
sábado, 21 de janeiro de 2012
Todos os que invocam a Deus noutro nome que não o de Jesus Cristo desobedecem ao mandamento de Deus e se contrapõem à Sua vontade. Vê-se igualmente que eles não tem nenhuma promessa de que obterão o que quer que seja, pois, como diz o apóstolo Paulo, "Quantas são as promessas de Deus, tantas tem nele o sim; porquanto também por Ele é o amém para a glória de Deus" (2Co 1:20). Quer dizer que todas as promessas de Deus em Jesus Cristo são seguras, firmes e certas, e se cumprem. E, visto que Ele é o único caminho e o único acesso a Deus com que podemos contar (Jo 14:6), quando os homens não tomam esse caminho e não buscam esse acesso, ficam sem nada que os possa aproximar de Deus, e em Seu trono só poderão encontrar ira, terror e juízo. E também, uma vez que Deus O assinalou e marcou para que ele fosse o nosso Cabeça e o nosso Guia (Jo 6:41-71), os que dele se desviam fazem o que podem para apagar a marca de Deus.

João Calvino
Institutas, III.9
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A oração é imperativa: prega a palavra! E segundo a gramática, o imperativo é usado para indicar uma ordem, pedido ou exortação. Não há dúvida alguma de que essa é uma ordem de Paulo, e pesquisar o significado de “pregar a palavra” no contexto bíblico deveria ser nossa primeira preocupação para saber como responder à sua ordem. Será que “pregar a palavra” teria o mesmo significado de hoje, ou estaríamos agindo de uma maneira completamente diferente do que foi ordenado?

É comum utilizarmos a expressão pregar a palavra como sinônimo de evangelizar.
— Hoje tive a oportunidade de pregar a palavra ao meu vizinho...
— Fui convidado por meu irmão para pregar a palavra a seus amigos de trabalho...

Podemos até dizer que uma exposição bíblica doutrinária do pastor dirigida aos membros foi uma ótima pregação (substantivo), palavra ou sermão; mas dificilmente vejo o emprego da expressão pregar a palavra aos membros da igreja como referência a doutrinamento.
— Hoje, meu sermão será sobre mordomia.
— Durante o congresso de pastores, tive a oportunidade de trazer uma palavra sobre liderança nos moldes de Cristo.
— O irmão seminarista poderia preparar uma palavra sobre serviço para o encontro de diáconos da próxima semana?

É estranho dizer que um pastor pregou a palavra a outros pastores. O objeto indireto do verbo pregar parece estar invariavelmente impregnado pela ideia de ser alguém ainda não convertido, ou no mínimo desviado. Mesmo sem diferença alguma no significado das palavraspregação e pregar, não sei por que fazemos essa distinção entre elas, que são apenas diferentes em classe: uma é substantiva, e a outra, verbo. E acredito que, pelo mesmo motivo inexplicável, algumas pessoas são levadas a atribuir o significado de evangelização à ordem de Paulo para pregar a palavra.


André R. Fonseca
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Desde a juventude de Cristo, na verdade, até mesmo a partir de seu nascimento, a cruz lança sua sombra adiante dele. A morte de Cristo era essencial à sua missão. A igreja sempre reconheceu esta verdade. O fato de a cruz tornar-se o símbolo do cristianismo e de os cristãos se recusarem com teimosia, apesar do escárnio, a descartá-la em lugar de algo menos ofensivo só tem uma explicação. Significa que a centralidade da cruz se originou na mente do próprio Jesus. Foi por lealdade ao Mestre e ao sofrimento que ele viveu que seus discípulos agarram-se tão obstinadamente a este emblema. Ela é nosso maravilhoso conforto em tempos de dificuldades.

John Stott
In: A cruz
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

“Pois disse a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder, e para que seja anunciado o meu nome por toda a terra. Logo ele tem misericórdia de quem quer, e a quem quer endurece”  (Rm 9:17-18).
Muitos crentes não gostam da ideia de Deus endurecer o coração de alguém. Aliás, nem mesmo apreciam o fato de que Deus use de misericórdia com quem Ele quiser, ao invés de com todo mundo. Em que pese o desagrado de muitos, a Bíblia não apenas afirma que Deus tem misericórdia de quem Ele quer, mas também que endurece a quem deseja endurecer. Um exemplo desse último caso é Faraó.

É líquido e certo o fato do coração de Faraó ter sido o endurecido. Reiteradas vezes a Bíblia diz “endureceu-se o coração de Faraó, e não os ouviu” (Êx 7:3, 22; 8:19; 9:35). Endurecer significa fortalecer, prevalecer, firmar, tornar resoluto, persistente. Numa palavra bíblica: tornar obstinado: “o coração de Faraó estava obstinado, e não deixou ir o povo”  (Ex 9:7). A questão é: quem endureceu o coração do rei?

Se nos deixarmos levar por nossos compromissos teológicos previamente assumidos, corremos os risco de selecionar e considerar relevante apenas as passagens que dizem que o próprio Faraó endureceu seu coração, ou então somente aquelas que afirmam que Deus endureceu o coração do rei do Egito. Ainda que um despimento completo de preconceito seja virtualmente impossível, convém que examinemos todas as passagens que falam do endurecimento do coração de Faraó, antes de afirmarmos uma posição.

A primeira referência direta (vide Ex 3:19 para uma indireta) ao endurecimento do coração de Faraó está em Êxodo 4:21: “Eu endurecerei o seu coração, e ele não deixará ir o povo”. Essa declaração divina se repete mais duas vezes (Ex 14:4, 17). Além disso as escrituras dizem “Jeová endureceu o coração de Faraó, e este não ouviu; como Jeová havia dito a Moisés” (Ex 9:12). Novamente, a declaração se repete algumas vezes (Ex 10:20; 11:10; 14:8). Não há como negar que Deus endureceu o coração de Faraó. E para os que dizem que Moisés estava se expressando condicionado ao modo de pensamento hebraico, Deus mesmo diz “Eu endureci o seu coração e o coração dos seus servos, para que eu manifeste estes meus prodígios no meio deles” (Ex 10:1).

Mas há também aquelas passagens que afirmam que Faraó endureceu o seu próprio coração e que não devem ser ignoradas. A primeira delas está em Êxodo 8:15: “Mas vendo Faraó que havia descanso, endureceu o seu coração, e não os ouviu; como Jeová havia dito”. Um pouco adiante diz “endureceu Faraó ainda esta vez o seu coração” (Ex 8:32) e finalmente “tendo Faraó visto que a chuva e a saraiva e os trovões haviam cessado, tornou a pecar e endureceu o seu coração” (Ex 9:34). Essas passagens bíblicas tomadas em seu conjunto devem nos levar à conclusão que tanto Deus endureceu o coração de Faraó, como ele próprio endurece-se a si mesmo. Porém, alguma coisa mais poderia ser dita a esse respeito.

Primeiro, a decisão de Deus de endurecer o coração de Faraó antecede o endurecimento por parte de Faraó. Deus tomou a iniciativa de endurecer o coração dele (Ex 4:21). Tanto é assim que quando a Bíblia refere-se ao endurecimento por parte de Faraó, acresce “como Jeová havia dito”. Segundo, o número de referências ao endurecimento produzido por Deus é significativamente maior. Estatísticamente falando, Deus endurece mais vezes que Faraó. Em terceiro lugar, no endurecimento de Faraó Deus age e ele reage. Deus não fez maravilhas no Egito para amolecer o coração duro de Faraó, fez sim para manifestar a Sua glória através do endurecimento gradual do coração do rei. Deus tinha um propósito, e o endurecimento do coração do rei servia a esse propósito. Finalmente, a escritura coloca a decisão de quem será endurecido e quem receberá misericórdia nas mãos de Deus. Conforme Paulo declara, depende da vontade de Deus e não da vontade do homem receber misericórdia ou ser endurecido.

Concluímos dizendo que Deus é soberano e exerce Seu domínio no coração do homem, seja dispondo para o bem, seja endurecendo para a Sua glória. Há várias passagens que colocam isso acima de qualquer dúvida sensata. E que não obstante isso ser assim, o homem ainda é responsável pelo próprio endurecimento do coração. Não entender como isso se dá não invalida o que a Bíblia diz a esse respeito e tampouco é desculpa para rejeitar ou tentar amenizar o que a Escritura afirma categoricamente.

Soli Deo Gloria
domingo, 15 de janeiro de 2012
Deus decretou em si mesmo, antes que o mundo existisse, todas as coisas, sejam coisas necessárias, acidentais ou voluntárias, com todas as suas circunstâncias, para produzir, dispor e trazer à existência tudo segundo o conselho da sua própria vontade, e para sua própria glória; (mas sem ser o autor culpável do pecado) no qual é manifestada sua sabedoria na disposição de todas as coisas, o que nunca muda, e em seu poder e constância para efetivar seu decreto: Deus antes da fundação do mundo, predestinou a alguns homens para a vida eterna, por meio de Jesus Cristo, para o louvor e glória da sua graça; havendo destinado e abandonado os demais em seu pecado para sua justa condenação, e para o louvor de seu justo veredicto.

Artigo 3
Primeira Confissão Londrina, 1642/44
sábado, 14 de janeiro de 2012

As Escrituras são reconhecidas pelo Cristianismo como única regra de fé e prática. A maior autoridade no céu e na terra, o Senhor Jesus Cristo, chamou as Escrituras de "a Palavra de Deus" (Mc 7.13). Elas são a revelação de Deus ou oráculos divinos "porque aos judeus foram confiados os oráculos de Deus" (Rm 3.2 – Versão Almeida Atualizada). São infalíveis e inerrantes: "Buscai no livro do SENHOR e lede; nenhuma dessas coisas falhará, nem uma nem outra faltará; porque a sua própria boca o ordenou, e o seu espírito mesmo as ajuntará" (Is 34.16).

Durante esses vinte séculos de Cristianismo a Bíblia foi sub-metida às mais variadas investigações críticas, e mesmo assim, permanecem sua inspiração, autoridade e autenticidade. O homem não está autorizado a julgar a Bíblia. É ela que julga o homem. O homem tem a liberdade de examinar e investigar as Escrituras o quanto quiser, quantos não acharam a Jesus e se converteram à fé cristã através dessas buscas? É, porém, insensatez o homem querer julgá-la, pois o ser humano é por natureza falho, imperfeito e limitado; então, nenhum homem, igreja ou sistema religioso está autorizado ou apto para julgá-las. A revelação divina se encerrou em Jesus: "Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho" (Hb 1.1). Não existe outra revelação para nortear a vida humana além da Bíblia.

Esequias Soares
In: Manual de Apologética, CPAD.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
A formação religiosa de Manoel de Mello era pentecostal tradicional, ensinada nas Assembleias de Deus, por onde passou e esteve por 20 anos, entretanto com seu desligamento da igreja de sua conversão e adesão ao movimento missionário da Cruzada, ele foi também influenciado pela teologia e métodos utilizados pelos norte-americanos. Isso pode ser visto no nome que ele deu ao seu movimento (Cruzada), a ênfase dada ao elemento cura em suas pregações, ao uso de tendas para cultos, etc. O próprio uso de tendas para celebrações é uma evidência da influência exercida pelo movimento pentecostal de cura divina americano, pois na visão dos brasileiros dos anos 50, as tendas eram lugares de atividades circenses, portanto, para os grupos sectários, como a maioria dos pentecostais brasileiros naquela época, tratava-se de um lugar profano e com isso nenhum grupo conservador, que proibia até o uso do rádio, gostaria de ter a imagem de sua instituição vinculada a um lugar de práticas mundanas. Para aderir ao movimento das tendas, Mello tinha que mudar seu conceito religioso herdado de sua igreja de origem.

Pelas narrativas encontradas na biografia de Manoel de Mello percebe-se que ele havia rompido com muitos dogmas de sua antiga denominação. Sendo assim, ficou mais fácil para ele aderir a novas propostas pentecostais e redefinir seu conceito de lugar sagrado e profano.

Manoel de Mello acreditava que Deus não se importava com o lugar onde derramaria as suas bênçãos. Se o colar à disposição era aquele, então se transformava no lugar perfeito. Além disso, dizia que onde Deus está o mal tem que sair e, se Ele se manifestava naquele lugar mundano, nesse período aquele local era santificado. (MELLO, 2006, p.43)

Essa leitura do sagrado e do profano fez com que algumas amarras religiosas fossem rompidas, tornando-o um modelo de empreendedor pentecostal que não se detinha diante de obstáculos paradigmáticos, dandos-lhe a liberdade necessária para levar a cabo os seus planos de ganhar o Brasil Para Cristo, nem que para isso tivesse que usar o rádio, discriminado por muitos, e levar a turba a estádios de futebol ou outro lugar qualquer onde pudessem ouvir a mensagem de Deus e receber oração.

José Hélio de Lima
In: Manoel de Mello & Rádio: história da organização e expansão da Igreja O Brasil Para Cristo
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
A natureza do homem foi criada no princípio sem culpa e sem nenhum vício. Mas a atual natureza, com a qual todos vem ao mundo como descendentes de Adão, tem agora necessidade de médico devido a não gozar de saúde. O sumo Deus é o Criador e Autor de todos os bens que ela possui em sua constituição: vida, sentidos e inteligência. 

O vício, no entanto, que cobre de trevas e enfraquece os bens naturais, a ponto de necessitar de iluminação e de cura, não foi perpetrado pelo seu Criador, ao qual não cabe culpa alguma. Sua fonte é o pecado original, que foi cometido por livre vontade do homem. Por isso a natureza sujeita ao castigo atrai com justiça a condenação.

Se agora somos nova criatura em Cristo, contudo "éramos por natureza, como os demais, filhos da ira. Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos em nossos delitos, nos vivificou com Cristo - pela graça fostes salvos!" (Ef 2:3-5).

Agostinho de Hipona
In: A Graça, 2.39.44
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Uma verdade fundamental da Bíblia é que a natureza do homem pode ser transformada apenas sobrenaturalmente. (Por “natureza”, quero dizer natureza ética, na esfera do certo e errado, não natureza metafísica, na esfera de sua constituição como um homem criado à imagem de Deus.) A Bíblia nega de forma absoluta que a natureza do homem possa ser transformada por meios puramente naturais (João 1.12-13; 1Co 2.14). Os homens são convertidos (transformados eticamente) pela regeneração. Na regeneração, o Espírito Santo implanta no homem a disposição santa perdida na Queda, na qual todos os homens nascem (2Co 5.17). Essa é a única forma pela qual a natureza do homem pode ser transformada. Se o homem há de ser transformado eticamente, ele deve ser convertido.

Quando os homens perdem a esperança na Bíblia, eles devem encontrar outras formas de tentar mudar a natureza do homem. A forma mais frequente é por meio da coersão. O exemplo mais consistente disso está nos estados comunistas modernos. Eles creem que ao expor o homem a certo estímulo externo, a sua natureza interna pode ser alterada. Ao martelar nele, por meio de propaganda, a ideia que a motivação por lucro é má para os indivíduos (embora, aparentemente, não para o Estado), eles esperam criar um Novo Homem que trabalhará para o bem da comunidade e do Estado, e não para si mesmo e sua família. Se os homens se opõem e questionam esse Estatismo, eles devem ser remodelados em campos de concentração infernais ao ser violentamente quebrados física, emocional e psicologicamente, e então remendados novamente para serem bons cidadãos estatais. Essa é uma suposição razoável para qualquer um que tenha abandonado a esperança na obra miraculosa da regeneração. Marque isso: qualquer Estado, igreja, família ou outra autoridade institucional que opte por coerção como um meio para alterar a natureza do homem abandonou a esperança no Deus da Bíblia. Isso aplica-se tanto aos estatais materialistas como também aos legalistas fundamentalistas.

A Bíblia permite a coerção somente em uns poucos e limitados casos. O Estado pode empregar a espada (Rm 13.1-7) para proteger a vida, liberdade e propriedade. (Por implicação, o Estado pode usar a coerção para proteger seus cidadãos de invasão estrangeira.) O indivíduo pode usar coerção para proteger a vida e a propriedade (Ex 22.1-2). Pais piedosos podem empregar punição corporal limitada para regular o comportamento externo dos filhos (Pv 23.13-14). Nada disso tem a intenção de alterar a natureza do homem. Multa e restituição não transformam a natureza de um ladrão, assim como uma palmada não muda a natureza de uma criança. A coerção pode proteger, no máximo, a ordem externa; ela não pode alterar a natureza do homem. Somente o Espírito de Deus pode alterar a natureza de um homem.

Não é sem motivo que o evangelho de Jesus Cristo é chamado o “evangelho da paz” (Rm 10.15; Ef 6.15). Ele cria paz com Deus, paz com o indivíduo, e paz entre o indivíduo e seus semelhantes. O aumento da coerção e da violência na família, escola, mídia e no Estado é uma marca de uma cultura ímpia e réproba. Quando os homens são convertidos, apenas um mínimo de coerção é necessária para manter seus impulsos pecaminosos em cheque. A solução para o pecado e apostasia generalizada não é coerção generalizada, mas sim conversãogeneralizada.

P. Andrew Sandlin
Traduzido por Felipe Sabino de Araújo Neto
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes? Tg 4:5 (ACF2007)

Esta é uma passagem que apresenta considerável dificuldades de compreensão, se examinada mais atentamente e à luz de seu contexto. A questão que se levanta é se espírito se refere ao Espírito Santo, ao espírito humano ou a um espírito maligno. O que dá espaço à polêmica é a conotação negativa do termo ciúme, agravada pelo fato da passagem citada por Tiago não ser encontrada no Antigo Testamento na forma em que é expressa.

A dificuldade é evidenciada pela variedade de formas com que “προς φθονον επιποθει το πνευμα ο κατωκησεν εν ημιν” (literalmente “com ciúme anseia o espírito que fez habitar em nós”), é traduzido. A Almeida Revista Corrigida diz “o Espírito que em nós habita tem ciúmes”, a Tradução Brasileira “com zelos anela por nós o Espírito que ele fez habitar em nós”, a Almeida Revista traduz “o Espírito que ele fez habitar em nós anseia por nós até o ciúme”, a Almeida Revista e Atualizada “é com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós” e a NVI traz “o Espírito que ele fez habitar em nós tem fortes ciúmes”. A Bíblia de Jerusalém apresenta “Ele reclama com ciúme o espírito que pôs dentro de nós?” e a Almeida Revista e Corrigida Anotada traz a seguinte alternativa: “Porventura o espirito que em nós habita, cobiça para inveja?”.

Traduções em linguagens mais modernas também apresentam várias possibilidades. A Nova Tradução na Linguagem de Hoje diz “o espírito que Deus pôs em nós está cheio de desejos violentos”, a Bíblia Viva traduz “o Espírito Santo, que Deus pôs em nós, vigia sobre nós com terno ciúme” e a Versão Fácil de Ler “Deus quer que o espírito que colocou em nós viva somente para Ele”. Como se vê, pela simples comparação de traduções e versões fica difícil chegar a um consenso. É difícil até mesmo concluir se se trata de uma afirmação (“o espírito tem ciúmes”) ou uma pergunta (“o espírito tem ciúmes?”).

A palavra ciúme

Qual é o significado real do termo traduzido como ciúme? Ele deve ser tomado num sentido bom ou mau? No grego secular o termo phtoneo significa inveja “que faz com que alguém tenha ressentimento contra outra pessoa por ter algo que ele mesmo deseja, sem porém, possuí-lo” (DITNT). Embora pareça ser sinônimo de zelos, “ciúme”, os escritores clássicos distinguem um do outro. Enquanto zelos é “o desejo de ter aquilo que outro homem possui, sem necessariamente ter ressentimento contra aquele que o possui”, pthonos “se ocupa mais em privar o outro da coisa desejada do que em obtê-la”.

No Novo Testamento, a forma verbal ocorre apenas uma vez, enquanto que o substantivo aparece nove vezes. Em Gl 5:26 “invejando-nos uns aos outros” contrasta com “viver no Espírito” (Gl 5:25). Nas epístolas aparece em várias listas de qualidades más. Em Gl 5:21 é uma “obra da carne”, em Rm 1:29 é uma característica daqueles a quem Deus entregou a um “sentimento perverso”, e em Tt 3:3 dos inconversos. Em 1Pe 2:1 é algo que os crentes devem deixar para trás, 1Tm 6:4 diz que nasce de questões e contendas de palavras motivadas pela soberba. Os evangelhos (Mt 27:18; Mc 15:10) nos informam usando esse termo que foi por inveja que os líderes religiosos entregaram Jesus a Pôncio Pilatos. Em Fl 1:15 o termo é contrastado com “boa vontade”.

O que se pode concluir do uso bíblico de phthonos é que refere-se a um “sentimento de desgosto produzido por testemunhar ou ouvir falar da vantagem ou prosperidade de alguém” (Vine). E devido a esse sentido sempre negativo, jamais é utilizado em referência a Deus ou ao Espírito Santo, e se em Tg 4:5 o sujeito é Deus ou o Espírito Santo, trata-se de uma excepcionalidade e tanto.

O texto citado por Tiago

É impossível identificar com certeza qual passagem Tiago tinha em mente. Alguns acreditam que que ele não se referia a nenhuma passagem específica, mas fazia um resumo do ensino do Antigo Testamento. Porém a fórmula de introdução que usa, “a escritura diz” parece requerer uma citação direta. Vejamos algumas das possíveis passagens, sem pretender esgotar as alternativas.

Algumas passagens dizem que Deus é zeloso. Êxodo 20:5 diz que “eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso” e noutra parte “o nome do SENHOR é Zeloso; é um Deus zeloso” (Ex 34:14). Esse zelo divino é primeiramente voltado para a Sua glória, mas também por aqueles que lhe pertencem: “Zelei por Sião com grande zelo, e com grande indignação zelei por ela” (Zc 8:2). Esse zelo faz de Deus um fogo consumidor “o SENHOR teu Deus é um fogo que consome, um Deus zeloso” (Dt 4:24). Porém uma informação deve ser dada aqui. O termo hebraico usado nessas passagens, e em outras correlatas, quando citadas no Novo Testamento ou traduzidas na Septuaginta, é sempre zelos e nunca phthonos.

Uma passagem contraposta a essas é Gn 4:7: “Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar”. O que dizem que essa é a passagem que Tiago tinha em mente advogam que ciúme não tem a ver com o zelo divino, e sim com desejos pecaminosos dos homens. Nesse caso, espírito é usado em contraposição ao Espírito Santo. “Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam” (Gl 5:17). Outras passagens poderiam ser sugeridas (Gn 6:3; Is 63:8–16; Ez 36:17; Zc 1:14; 8:2-3), mas infelizmente não ajudam a elucidar a questão.

O sujeito da oração

Tendo levantado as questões anteriores, podemos nos voltar para a discussão da identidade do espírito. Faremos isso considerando quem é o sujeito na oração. As possibilidades são Deus, o Espírito Santo, o espírito do homem e o espírito maligno.

Até onde pude constar a única tradução que se aproxima (a conclusão é questão de interpretação) de um espírito maligno aqui é o Novo Testamento Judaico: “Ou vocês supõem que a Escritura fala em vão ao dizer que há um espírito em nós que deseja intensamente?”. Yiechiel Lichstenstein, citado no Comentário Judaico do Novo Testamento, diz “Em minha opinião, o espírito aqui se refere não a Deus, mas a Satanás”. Ele busca apoio no verso 7, que diz “resisti ao Diabo e ele fugirá de vós” e recorre a Gn 4:7 afirmando que “o espírito maligno é o impulso maligno em nós”, apoiando essa interpretação de Gênesis no Tamulde (Bava Batra 16a): “Ele é Satanás, o impulso maligno”.

Algumas traduções colocam Deus como sujeito e o Espírito (Santo ou humano) como o objeto do ciúme. Um exemplo é a Bíblia de Jerusalém: “Ele reclama com ciúme o espírito que pôs dentro de nós?”, seguida pela Fácil de Ler: “Deus quer que o espírito que colocou em nós viva somente para Ele”. Uma vez aceita essa tradução, resta saber a identidade do Espírito. Algumas versões trazem a expressão “que ele fez habitar em nós” (vamos passar ao largo da discussão sobre os manuscritos usados nas traduções). É uma expressão comum para se referir ao Espírito Santo e inédita em referência ao espírito humano. Nesse caso, é mais provável que espírito seja uma referência ao Espírito Santo.

Parece-me que a maioria das traduções colocam o Espírito Santo como sujeito. A Almeida Revista e Atualizada representam bem esse grupo de traduções e versões: “É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós”. Porém, nem todas afirmam positivamente que o Espírito tem ciúmes, mas colocam a questão na forma interrogativa, que alguns entendem ser uma pergunta retórica, que pede um não como resposta, como sugere a nota da Almeida Revista e Corrigida Anotada: “Porventura o espirito que em nós habita, cobiça para inveja?”.

Finalmente, há a possibilidade de que espírito se refira ao espírito humano. A NTLH parece indicar isso: “O espírito que Deus pôs em nós está cheio de desejos violentos”. Apesar de grafar Espírito, com maiúscula, a Almeida Revista e Atualizada, também pode ser entendida assim. “O Espírito que em nós habita tem ciúmes”. E se “que fez habitar em nós” for admitido como possível para o espírito humano, outras traduções podem ser consideradas como apresentando o espírito humano como aquele que tem ciúmes.

Minha posição

Pela complexidade da passagem, qualquer posição deve ser considerada provisória e sujeita a revisão. Portanto, não pretendo ser dogmático. Mas considerando que ciúme/inveja é tomado sempre num mau sentido na Bíblia e jamais utilizado tendo Deus ou o Espírito Santo como sujeitos, acho muito improvável que a divindade seja representada como tendo ciúmes (lembrando que zelo é uma tradução sui generis aqui). Além disso, o verso seguinte estabelece um contraste, dizendo “Antes, dá maior graça” (Tg 4:6). Portanto, creio que como em todo o Novo Testamento, aqui também ciúme tenha uma conotação má, incompatível com o caráter de Deus. Portanto, vejo duas possibilidades: ou a sentença é interrogativa e retórica (“o Espírito tem ciúme? Não”) ou o espírito referido é o humano, tomado de paixões carnais. Das duas, fico com a primeira, mas considero a segunda também consistente com o contexto e com o restante da Bíblia.

Soli Deo Gloria
domingo, 8 de janeiro de 2012
No ser infinito e divino há somente o Pai, o Verbo e o Espírito Santo; cada um tem toda a essência divina, mas a mesma não está dividida. Todos eles são sem princípio, e por isso compõem um só Deus; o qual não deve ser dividido em sua natureza ou em sua existência, mas que deve ser conhecido por seus vários atributos relativos.

Artigo 2
Primeira Confissão Londrina, 1642/44
sábado, 7 de janeiro de 2012
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No entanto, atentemos para o comportamento de Davi. Deus o ameaça com julgamento e ele lamenta pelo seu pecado. O coração afligido de Davi e sua oração, embora registrados antes, parecem ser um resultado da descoberta de seu pecado pelo profeta, como se vê no versículo subsequente: "...levantando-se pois Davi pela manhã veio a palavra do Senhor ao profeta Gade, vidente de Davi... ". Isso revela a razão pela qual o coração de Davi se afligira e porque ele orou assim, pois o profeta esteve com ele e havia lhe convencido de seu pecado, tinha anunciado o julgamento de Deus contra ele, depois que "o coração doeu a Davi" e ele orou, versículo 10: "...Peço-te que traspasses a iniqüidade de teu servo; porque tenho procedido mui loucamente...".

Aqui, porém, alguém pode interrogar: por que Davi orou pelo perdão de seu pecado, quando Deus ameaçou com julgamento? Por que ele não pediu que Deus suspendesse Seus castigos, e assim desviasse Sua ira em vez de simplesmente suplicar perdão pelo seu pecado? Ou se ele desejou isso, por que então não suplicou tanto um quanto o outro, unindo-o na mesma petição?

Resposta 1. Para ensinar-nos em todas as opressões e aflições sobre o nosso homem exterior a voltarmos os nossos pensamentos para o nosso homem interior e lamentar pelo pecado.

Resposta 2. Porque ele viu o pecado como a causa do julgamento e portanto, desejou a remoção deste para que o outro fosse retirado.

Resposta 3. Porque ele sabia que o julgamento jamais poderia ser removido através da misericórdia, a menos que o pecado fosse retirado. Tudo o que é retido é também uma reserva. Toda libertação é feita em justiça, não em misericórdia, se permanece o pecado.

Resposta 4. Ele estava mais apreensivo por estar desonrando a Deus através de seu pecado, do que propriamente com qualquer julgamento que resultasse do seu pecado.

Resposta 5. Ele vê no pecado o grande mal, e portanto busca a correção deste mais do que qualquer outro mal: "...traspasses a inqüidade do teu servo...".

Samuel Bolton
In: Os puritanos e a conversão
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Todos os outros estudos e conhecimentos devem ser meramente subservientes ao estudo e conhecimento de Cristo. Aquele tipo de filosofia vã, contra a qual o Apóstolo Paulo tanto advertiu os cristãos, ainda está longe de ser considerada vã por muitos cristãos, sendo-lhes preferível ao próprio cristianismo. E para mostrar que tal filosofia é vã, enquanto a supervalorizam não demonstram nenhuma virtude sólida e digna de valor alcançada por meio dela; mas apenas uma mente soberba e uma língua fútil, como um címbalo que retine. 

Nós somos “completos em Cristo, em quem habita corporalmente toda a plenitude da divin­dade”. Nenhum estudo no mundo o conduzirá tanto a Deus, e o familiarizará tanto com ele, especialmente com o seu amor e bondade, quanto o estudo de Cristo, de sua pessoa, seus ofícios, suas doutrinas, seu exemplo, seu reino, e seus benefícios. Assim como a Di­vindade é o seu fim último, ao qual todo o mais constitui-se apenas em ajudas ou meios; assim também Cristo é o grande e principal meio, pelo qual todos os outros meios são animados. Lembre-se que você necessita constantemente dele, para direção, intercessão, perdão, santificação, apoio e conforto, e para ter paz com Deus.

Não deixe, portanto, que nenhum pensamento seja tão doce e freqüente em seu coração, nem nenhum outro assunto tão constante em sua boca (depois das excelências do Deus eterno) do que este que diz respeito a redenção do homem. Deixe Cristo ser para a sua alma o que o ar, a terra, o sol e o alimento são para o seu corpo, sem o que você não pode­ria continuar vivendo. Assim como você não veio ao Pai senão por ele, assim também, sem ele, você não pode continuar por um só momento no amor do Pai, nem ter um só de seus deveres aceitável, nem ser protegido de qualquer perigo, nem ter suprida nenhuma das suas necessidades. Pois aprouve ao Pai que nele residisse toda a plenitude, e “é por meio dele que, sendo justificados pela fé, temos paz com Deus e acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes, e nos regozijamos na esperança da glória de Deus”. E é nele, o cabeça, que devemos crescer em todas coisas, de quem todo o corpo recebe seu crescimento.

Vo­cês não crescem mais em graça, do que crescem no verdadeiro conhecimento e uso diário de Jesus Cristo. 
 
Richard Baxter
Conselhos aos crentes fracos

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Quem conhece os bastidores desses Taj Mahals da fé sabe ainda que muitas vezes há pecados relacionados a dinheiro nas coxias dessas megaestruturas. Em impérios eclesiásticos, os olhos crescem. A concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida inundam corações outrora puros. Que me perdoem os Mike Murdocks e os Morris Cerullo da vida, mas ter muito dinheiro à mão, acredite, é uma desgraça para o cristão. Pois ele perde o senso de dependência de Deus, torna-se abusador, gasta mais do que precisa, esbanja. O cofre da igreja torna-se acessível a qualquer momento e como “o líder merece, afinal rala tanto por aquela igreja”, sente-se à vontade para sacar,  alem de seu justo salário, quanto e quando quiser daquela conta corrente descontrolada.  E  sem meias-palavras? Isso é pecado.

Leia a íntegra Aqui.

Mauricio Zágari
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Quanto mais variadas suas preciosas posses, tanto mais ajuda você precisa para protegê-las, e mostra-se verdadeira aquela velha frase: quem muito tem de muito precisa. O contrário também é verdadeiro: de menos precisa quem mede a riqueza segundo as necessidades da natureza, e não pelo excesso de ostentação.

Quando um ser dotado de uma qualidade divina em virtude da sua natureza racional pensa que seu 'nico esplendor reside na posso de bens inanimados, temos a inversão da ordem natural. Outras criaturas se contentam com o que lhes cabe como seu, mas você, cuja mente foi criada à imagem de Deus, procura adornar a sua natureza superior com objetos inferiores, esquecido da grande ofensa que você comete contra o seu Criador. Foi a vontade dele que a linhagem humana dominasse todas as criaturas da terra, mas você se rebaixou a uma posição abaixo da mais vil de todas.

Se concordarmos que todo bem tem mais valor do que aquilo a que ele pertence, então pela sua própria avaliação, quando você considera os objetos mais desprezíveis como bens seus, você se torna mais vil do que esses mesmos objetos, e é isso que você merece. De fato, a condição da natureza humana é exatamente isso. O homem se eleva acima do resto da criação desde que reconheça a sua própria natureza, e quando ele se esquece disso cai a um nível inferior ao dos animais. Para outros seres vivos, o desconhecimento de si mesmo é natural; mas para o homem é um defeito.

Boécio
In: A consolação da filosofia
terça-feira, 3 de janeiro de 2012
Um antigo questionamento filosófico, indaga:
 
"Deus é capaz de criar uma rocha tão grande que Ele não possa mover? Se Ele não consegue movê-la, logo, Ele não é todo-poderoso. Se Ele não é capaz de criar uma rocha tão grande assim, isso comprova que Ele também não é todo-poderoso"
 
Essa falácia da Lógica simplesmente brinca com as palavras e desconsidera o fato de que o poder de Deus está relacionado com os seus propósitos.

A pergunta mais honesta seria: Deus é poderoso para fazer tudo quanto pretende, e que esteja de acordo com o seu propósito? De acordo com os seus decretos, Ele demonstra que realmente tem a capacidade de realizar tudo quanto desejar: "Porque o SENHOR dos Exércitos o determinou; quem pois o invalidará? E a sua mão estendida está; quem, pois, a fará voltar atrás?" (Is 14.27). O poder ilimitado do único e verdadeiro Deus jamais será resistido, impedido ou anulado pelo ser humano (2 Cr 20.6; SI 147.5; Is 43.13; Dn 4.35).

Através de sua revelação, Deus demonstrou que a sua grande prioridade é chamar, formar e transformar um povo para si mesmo. Isto pode ser visto na vida de Sara que, mesmo avançada em idade, Deus lhe concedeu a bênção da maternidade - conforme Ele mesmo o disse: "Haveria coisa alguma difícil ao SENHOR?" (Gn 18.14; cf. Jr 32.17) - e na vida da jovem virgem Maria (Mt 1.20-25). O propósito sublime de Deus, contudo, foi realizado quando ressuscitou a Jesus dentro os mortos: "E qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos céus" (Ef 1.19,20).

Os discípulos, após uma declaração enfática de Jesus, meditaram sobre a impossibilidade de um camelo passar pelo fundo de uma agulha de costura (Mc 10.25-27). A grande lição aqui é a impossibilidade de as pessoas se salvarem a si mesmas. No entanto, isto além de ser possível para Deus, está dentro do seu propósito. Por isso, a obra de salvação é de domínio exclusivo do Senhor. Podemos exaltá-lo, não somente porque Ele é onipotente, mas também porque os seus propósitos são grandiosos, e o seu grande poder é utilizado por Ele no cumprimento da sua vontade.

Russell E. Joyner
In: Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

“Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno”. 2Pe 3:18

O crescimento é um fenômeno esperado em todos os seres vivos. No pre-natal uma das coisas que o médico controla é o crescimento do bebe. Quando a criança nasce, o obstetra a pesa e mede o recém-nascido. E a cada consulta o pediatra, novamente, repete medições e pesagens. O que todos esperam como resultado é que com o passar do tempo, a criança vá crescendo. Na vida espiritual, o crescimento também é esperado. 

Nós nascemos como filhos de Deus “pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade" (Tg 1:18). Devemos, pois, desejar “ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação” (1Pe 2:2). Mas o crescimento  a partir daí é esperado. “Eu, porém, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, e sim como a carnais, como a crianças em Cristo” (1Co 3:1). Na medida que avançamos no tempo, devemos avançar no desenvolvimento da nossa fé, para não ouvirmos o Espírito nos repreender dizendo “Quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de alimento sólido” (Hb 5:12). O nosso alvo é crescer “até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4:13).

Aqui, o crescimento não é apenas esperado, mas ordenado. “Crescei!”, diz Pedro. O verbo está no presente e é um imperativo, uma ordem. Devemos crescer. É verdade que o crescimento espiritual é “crescimento que procede de Deus” (Cl 2:19), mesmo assim nos é ordenado “desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor” (Fp 2:12). Deus nos ordena o que Ele mesmo nos dá, então podemos confiar que o crescimento espiritual não apenas é esperado e ordenado, mas também possível!

O apóstolo nos diz para crescermos na graça. Mas o que vem a ser graça? Receio que de tão usada, graça é uma palavra cujo sentido escape a muitos. Uma definição de graça diz que é o “um dom gratuito e sobrenatural dado por Deus para conceder à humanidade todos os bens necessários à sua existência e à sua salvação”. Uma maneira de compreender a graça é contrastá-la com a justiça. A justiça é dar a cada um o que lhe é devido. É justo que um trabalhador receba o salário devido. É justo que um criminoso seja punido proporcionalmente ao seu crime. Mas a graça não é justiça, na verdade, ela muitas vezes aparenta ser injusta. Trabalhadores que trabalham apenas um hora num dia recebem igual pagamento que os que trabalharam o dia inteiro. Ovelhas fiéis são deixadas no deserto enquanto o pastor vai em busca de uma desgarrada. Um filho esbanjador ganha roupas novas, jóias e uma festa, enquanto que o irmão obediente ainda está no trabalho, e só ouve a música ao completar o dia no campo. A graça, portanto, nada tem a ver com merecimento. Pelo contrário, só há graça onde há demérito.

Sendo assim, crescer na graça não tem a ver com ser mais digno, mais apto, mais preparado, mais ativo, mais isto ou mais aquilo. Crescer na graça é reconhecer a própria indignidade, é descobrir-se completamente inapto e despreparado, enfim, é desesperar-se de si mesmo. “Então, ele me disse: a minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo” (2Co 12:9). Crescer na graça, é crescer como rabo de cavalo, para baixo, pois Deus “dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Tg 4:6). Sendo assim, nosso lema deve ser “convém que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:30).

Somos instados a crescer no conhecimento. “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento” (Os 4:6) era um fato nos dias de Oséias, e é uma verdade nos dias de hoje. “Não provém o vosso erro de não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus?” (Mc 12:24) descreve o motivo de tantos se desencaminharem hoje. De Jesus é dito que “crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele” (Lc 2:40). De nós deve ser dito “estais possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros” (Rm 14:14).

Ter conhecimento não apenas a acumular dados e informações. Dados e informações podem ser coletados e com os recursos disponíveis hoje, temos acesso a tanta informação que somos incapazes de dar conta dela. Conhecimento é informação processada, e no caso do conhecimento revelado na Escritura, é informação trabalhada em nosso coração pelo Espírito Santo. É necessária iluminação, “desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei” (Sl 119:18). É necessário meditação, “antes, o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1:2).

Tendo considerado a necessidade de crescer na graça e no conhecimento, precisamos descobrir o caminho para isso, embora alguma coisa já tenha sido adiantada. Indicarei então que Jesus é a fonte da graça e do conhecimento, pois “o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade” (Jo 1:14). Não obteremos mais graça nos aperfeiçando ou procurando em nós mesmos, “porque... a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (Jo 1:17). De igual modo, para obtermos o conhecimento que precisamos, temos que ir a Jesus “em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos” (Cl 2:3). O segredo do crescimento na graça e no conhecimento é uma intimidade maior com Jesus Cristo e Sua Palavra.

À guisa de conclusão, uma palavra a respeito do objetivo maior do crescimento na graça e no conhecimento. Embora sejamos imediatamente beneficiados por esse crescimento, o propósito final é a glória de Deus. Pedro termina sua exortação com as palavras “a Ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno” (2Pe 3:18). Quando diminuímos para que Ele cresça, Ele é louvado. Quando aprendemos mais dEle, conhecendo-o melhor, melhor o glorificamos. Por isso, cresçamos na graça e no conhecimento, para glória dEle.

Soli Deo Gloria