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segunda-feira, 26 de maio de 2014
Eu me lembro de dar uma aula sobre Efésios 1 em janeiro de 1976 como professor visitante na Bethel College. Eu desenvolvi a aula sistematicamente ao longo dos primeiros catorze versículos de Efésios e minha mente novamente foi constantemente espantada. Isso porque três vezes nos versículos 6, 12 e 14 — Paulo diz que Deus nos escolheu em Jesus antes da fundação do mundo e nos predestinou para sermos seus filhos para o louvor da glória de sua graça.

Ele escolheu você. Por quê? Para que sua glória e graça possam ser louvadas e magnificadas. Sua salvação é glorificar a Deus. Sua eleição é glorificar a Deus. Sua regeneração é glorificar a Deus. Sua justificação é para a glória de Deus. Sua santificação é para a glória de Deus, e um dia, sua glorificação será um mergulho na glória de Deus. 

Você foi criado para a glória de Deus. Isaías 43.6-7: "Trazei meus filhos de longe e minhas filhas, das extremidades da terra, os que criei para minha glória"

Deus resgatou seu povo Israel do Egito para a sua glória. Salmo 106.7-8: "Nossos pais, no Egito, não atentaram às tuas maravilhas; foram rebeldes junto ao Mar Vermelho. Mas ele os salvou por amor do seu nome, para lhes fazer notório o seu poder".

Em outras palavras, ele dividiu o Mar Vermelho e salvou seu povo rebelde para que ele fizesse notório o seu poder; e sua fama se espalhou até Jericó e salvou uma prostituta, de maneira que quando os israelitas chegaram lá e estavam prontos para soprar as trombetas, ela já tinha nascido de novo, pois ela disse: "Ouvimos o seu nome e o seu renome", e uma mulher e sua família creram em um Deus teocêntrico e escaparam da destruição.

Deus teve misericórdia de Israel no deserto  para a sua glória. Deus poupou Israel no deserto diversas vezes. "A casa de Israel se rebelou contra mim no deserto", disse Ezequiel citando Deus, "Então, eu disse que derramaria sobre eles o meu furor no deserto, para os consumir. O que fiz, porém, foi por amor do meu nome, para que não fosse profana do diante das nações" (20.13-14). Então, finalmente Deus os envia para o julgamento na Babilônia, e após 70 anos, a misericórdia começa a se aproximar deles. Ele não se divorciará da sua noiva da aliança, e ele os traz de volta, mas por quê?

Qual é o motivo enraizado no coração de Deus? Ouça a resposta de leaíae 48.9-11: "Por amor do meu nome, retardarei a minha ira e por causa da minha honra me conterei para contigo, para que te não venha a exterminar. Eis que te acrisolei, mas disso não resultou prata; provei-te na fornalha da aflição. Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto; porque como seria profanado o meu nome? A minha glória, não a dou a outrem". Esse é um motivo teocêntrico para a misericórdia. 

Jesus veio e morreu para a glória de Deus. Jesus veio ao mundo por qual razão? Ah, quantas vezes já citamos João 3.16, e isso é gloriosamente verdadeiro. Antes que esta mensagem termine, espero que você veja que tal ênfase (a glória de Deus) e a ênfase que você conhece há muito tempo (sua alegria) não estão em desacordo. 

Mas por que Jesus veio? De acordo com Romanos 15.8-9, ele veio por esta razão: "Cristo foi constituído ministro da circuncisão, em prol da verdade de Deus, para confirmar as promessas feitas aos nossos pais; e para que os gentios glorifiquem a Deus por causa da sua misericórdia". Jesus veio à terra, tornou se totalmente humano e morreu para que você desse glória ao seu Pai pela misericórdia. Ele veio por amor ao seu Pai. Essa é a razão principal de sua vinda: a glória do seu Pai, e sua glória alcança seu ápice no derramamento da misericórdia. 

Ouça esta palavra de Romanos 3.25-26: Deus propôs a Cristo, no seu sangue, como propiciação para manifestar a justiça de Deus. Isso foi para provar, no tempo presente, que ele mesmo é justo. Foi por isso que ele morreu. Ele morreu para vindicar a justiça de Deus que havia deixado impunes pecados como os de Davi, o adultério e o assassinato. 

Em algum momento você já se incomodou que Deus tenha deixado impune o adultério do Rei Davi, e Davi simplesmente continuou sendo rei? Bom, isso incomodou Paulo até às profundezas de seu ser, que Deus não seja justo e deixe pecados impunes. E não foi apenas Davi. Houve milhares de santos no Antigo Testamento (e hoje) cujos pecados Deus simplesmente esquece e ignora. E Paulo clamou: "Como tu podes ser Deus e fazer isso? Como tu podes ser justo e fazer isso? Como tu podes ser reto e fazer isso? Como tu podes ser digno de adoração e fazer isso? Se qualquer juiz aqui em Austin fizesse isso — se ele absolvesse um pedófilo, um estuprador ou um assas sino ele seria demovido imediatamente, e ainda assim Deus faz isso todos os dias. Então, podemos perguntar: "Que tipo de Deus é você?".

A cruz é a solução para um mega problema teológico, a saber: Como Deus pode ser Deus e perdoar pecados? Jesus veio para vindicar a Deus pela salvação de pessoas como você e eu. A salvação é uma coisa grandemente e gloriosamente teocêntrica. 

Jesus retornará para receber glória. Por que ele voltará? Jesus está voltando, e deixe-me te dizer por que ele está voltando e o que você pode fazer quando ele voltar, para que você esteja pronto e o faça. 2 Tessalonicenses 1.8-10: "Os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus (...) sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder, quando ele vier para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia". Você consegue ver essas duas coisas? Ele está vindo para ser glorificado (magnificado) em seus santos e para ser admirado. Se você não começar isso agora, você não será capaz de fazê-lo quando ele voltar. 

Esta conferência existe para acender um fogo em seus ossos e para iniciar um incêndio em suas mentes e em seus corações, a fim de prepará-los para encontrar o Rei Jesus, de maneira que vocês continuem por toda a eternidade fazendo o que ele criou vocês para fazerem; a saber, admirá-lo e magnificá-lo.

John Piper
In: Uma paixão consumidora por Jesus (obtenha o ebook completo, gratuitamente, clicando no link)
domingo, 25 de maio de 2014
Cremos que Deus, perfeitamente misericordioso e justo, enviou seu Filho para assumir a natureza humana em que foi cometida a desobediência [l]. Nesta natureza, Ele satisfez a Deus, carregando o castigo pelos pecados, através de seu mui amargo sofrimento e morte [2]. Assim Deus provou sua justiça sobre seu Filho, quando carregou sobre Ele nossos pecados [3] e derramou sua bondade e misericórdia sobre nós, culpados e dignos da condenação. Por amor perfeitíssimo, Ele entregou seu Filho a morte, por nós, e O ressuscitou para nossa justificação [4], a fim de que, por Ele, tivéssemos a imortalidade e a vida eterna.

1 Rm 8:3. 2 Hb 2:14. 3 Rm 3:25,26; Rm 8:32. 4 Rm 4:25.

Confissão de Fé Belga
Artigo 20
quarta-feira, 21 de maio de 2014
Por outro lado, é notório que o homem jamais chega ao puro conhecimento de si mesmo até que haja antes contemplado a face de Deus, e da visão dele desça a examinar-se a si próprio. Ora, sendo-nos o orgulho a todos ingênito, sempre a nós mesmos nos parecemos justos, e íntegros, e sábios, e santos, a menos que, em virtude de provas evidentes, sejamos convencidos de nossa injustiça, indignidade, insipiência e depravação. Não somos, porém, assim convencidos, se atentamos apenas para nós mesmos e não também para o Senhor, que é o único parâmetro pelo qual se deve aferir este juízo. Pois, uma vez que somos todos por natureza propensos à hipocrisia, por isso qualquer vã aparência de justiça nos satisfaz amplamente em lugar da real justiça. E porque dentro de nós ou a nosso derredor nada se vê que não seja contaminado de crassa impureza, por todo tempo que confinamos nossa mente aos limites da depravação humana, aquilo que é um pouco menos torpe a nós nos sorri como coisa da mais refinada pureza. Exatamente como se dá com um olho diante do qual nada se põe de outras cores senão o preto: julga-se alvíssimo o que, entretanto, é de brancura um tanto esfumada, ou até mesmo tisnado de certa tonalidade fosca.

Ademais, dos próprios sentidos do corpo nos é possível discernir ainda mais de perto quanto nos enganamos ao avaliarmos os poderes da alma. Ora, se em pleno dia ou baixamos a vista ao solo,ou fitamos as coisas que em torno de nós se patenteiam ao olhar, parecemo-nos dotados de mui poderosa e penetrante acuidade. Quando, porém, alçamos os olhos para o sol e o miramos diretamente, esse poder de visão que sobre a terra se fazia ingente prontamente se suprime e confunde com fulgor tão intenso, de sorte a sermos forçados a confessar que essa nossa habilidade em contemplar as coisas terrenas, quando para o sol se voltou, é mera ofuscação.

Assim também se dá ao estimarmos nossos recursos espirituais. Pois, por tanto tempo quanto não lançamos a vista além da terra, mui fantasiosamente nos lisonjeamos a nós mesmos, de todo satisfeitos com nossa própria justiça, sabedoria e virtude, e nos imaginamos pouco menos que semideuses. Mas, se pelo menos uma vez começamos a elevar o pensamento para Deus e a ponderar quem é ele, e quão completa a perfeição de sua justiça, sabedoria e poder, a cujo parâmetro nos importa conformar-nos, aquilo que antes em nós sorria sob a aparência ilusória de justiça, logo como plena iniqüidade se enxovalhará; aquilo que mirificamente se impunha sob o título de sabedoria exalará como extremada estultícia; aquilo que se mascarava de poder se argüirá ser a mais deplorável fraqueza.

Portanto, longe está de conformar-se à divina pureza o que em nós se afigura como que absolutamente perfeito.

João Calvino
In: Institutas da Religião Cristã
terça-feira, 20 de maio de 2014
O que a igreja de Jesus Cristo acredita, ensina e confessa com base na palavra de Deus: essa é a doutrina cristã.

A doutrina não é a única atividade da igreja nem a mais importante. A igreja adora a Deus e serve à humanidade, ela trabalha pela transformação deste mundo e espera a consumação de sua esperança no mundo por vir. "Permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor" (ICo 13.13) — O amor, não a fé, e, com certeza, não a doutrina. A igreja sempre é mais que uma escola; nem mesmo a Idade do Iluminismo conseguiu restringi-la ou reduzi-la à função de ensinar. Mas a igreja não pode ser menos que uma escola. Sua fé, esperança e amor se expressam em ensinamento e confissão.

A liturgia distingue-se do cerimonial pelo conteúdo declarado no credo; a política transcende a organização por causa da maneira como a igreja se define e de Sua estrutura em seu dogma; a pregação se diferencia de outras manifestações retóricas porque proclama a palavra de Deus; a exegese bíblica evita o gosto pelo antiquarianismo ou arqueologismo por causa de sua intenção de descobrir o que o texto ensina, não apenas o que é ensinado. A igreja cristã não seria a igreja que conhecemos sem a doutrina cristã.

Tudo isso, falando estritamente, é uma descrição, em vez de uma definição da doutrina cristã. E uma vez que esta história lida com o desenvolvimento da doutrina cristã, a definição de doutrina, que se desenvolveu, talvez devesse ser postergada para o fim e formulada a posteriori. Pois o termo "doutrina" nem sempre significou a mesma coisa, nem mesmo formalmente. A palavra, na verdade, é usada no vocabulário da igreja em um sentido diferente do da Bíblia (e daquele encontrado em livros sobre teologia bíblica). Quando o Antigo Testamento fala sobre "conhecimento" (Pv 1.7) ou o Novo Testamento fala sobre "ensino" (At 2.42), isso inclui ensinamento tanto sobre confissão quanto conduta, tanto teologia quanto ética. A separação entre eles é fatal (Rm 3.27,28), uma distinção é inevitável, da mesma maneira que no próprio Novo Testamento, “fé” e “obras” (Tg 2.18) são distintas sem serem separadas.

Jaroslav Pelikan
domingo, 18 de maio de 2014
Cremos que, por esta concepção, a pessoa do Filho está unida e conjugada inseparavelmente, com a natureza humana [1]. Não há, então, dois filhos de Deus, nem duas pessoas, mas duas naturezas, unidas numa só pessoa, mantendo cada uma delas suas características distintas. A natureza divina permaneceu não criada, sem início, nem fim de vida (Hebreus 7:3), preenchendo céu e terra [2]. Do mesmo modo a natureza humane não perdeu suas características, mas permaneceu criatura, tendo início, sendo uma natureza finita e mantendo tudo o que é próprio de um verdadeiro corpo [3]. E ainda que, por meio da sua ressurreição, Cristo tenha concedido imortalidade a sua natureza humana, Ele não transformou a realidade da mesma [4], pois nossa salvação e ressurreição dependem também da realidade de seu corpo [5].

Estas duas naturezas, porém, estão unidas numa só pessoa de tal maneira que nem por sua morte foram separadas. Ao morrer, Ele entregou, então, nas mãos de seu Pai um verdadeiro Espírito humano, que saiu de seu corpo [6], entretanto, a natureza divina sempre continuou unida a humana, mesmo quando Ele jazia no sepulcro [7]. A divindade não cessou de estar nEle, assim como estava nEle quando era criança, embora, por algum tempo, não se tivesse manifestado.

Por isso, confessamos que Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem: verdadeiro Deus a fim de veneer a morte por seu poder; verdadeiro homem a fim de morrer por nós na fraqueza de sua carne.

1 Jo 1:14; Jo 10:30; Rm 9:5; Fp 2:6,7. 2 Mt 28:20. 3 1Tm 2:5. 4 Mt 26:11; Lc 24:39; Jo 20:25; At 1:3,11; At 3:21; Hb 2:9. 5 1Co 15:21; Fp 3:21. 6 Mt 27:50. 7 Rm 1:4.

Confissão de Fé Belga
Artigo 19
domingo, 11 de maio de 2014
Confessamos, então, que Deus cumpriu a promessa, feita aos pais antigos pela boca dos seus santos profetas [l], quando enviou ao mundo seu próprio, único e eterno Filho, no tempo determinado por Ele [2]. Este assumiu a forma de servo e tornou-se semelhante aos homens (Filipenses 2:7), tomando realmente a verdadeira natureza humana com todas as suas fraquezas [3], mas sem o pecado [4]. Foi concebido no ventre da bem-aventurada virgem Maria, pelo poder do Espírito Santo, sem intervenção do homem [5]. E não somente tomou a natureza humana quanto ao corpo, mas também a verdadeira alma humana, para que fosse um verdadeiro homem. Pois, estando perdidos tanto a alma como o corpo, Ele devia tomar ambos para salvá-los.

Por isso, confessamos (contra a heresia dos anabatistas que negam que Cristo tomou a natureza de sua mãe), que Cristo participou do sangue e da carne dos filhos de Deus (Hebreus 2:14); que Ele, "segundo a carne, veio da descendência de Davi" (Romanos 1:3); fruto do ventre de Maria (Lucas 1:42); nascido de uma mulher (Gálatas 4:4); rebento de Davi (Jeremias 33:15; Atos 2:30); renovo da raiz de Jessé (Isaías 11:1); brotado de Judá (Hebreus 7:14); descendente dos judeus, segundo a carne (Romanos 9:5); da descendência de Abraão [6], tornando-se semelhante aos irmãos em tudo, mas sem pecado (Hebreus 2:16,17; 4:15).

Assim Ele é, na verdade, nosso Emanuel, isto é: Deus conosco (Mateus 1:23).

1 Gn 26:4; 2Sm 7:12-16; Sl 132:11; Lc 1:55; At 13:23. 2 Gl 4:4. 3 1Tm 2:5; 1Tm 3:16; Hb 2:14. 4 2Co 5:21; Hb 7:26; 1Pe 2:22. 5 Mt 1:18; Lc 1:35. 6 Gl 3:16.

Confissão de Fé Belga
Artigo 18
quinta-feira, 8 de maio de 2014
   “Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Romanos 3.24).  
Teólogos irão confundi-los, se você perguntar a eles. Devo tentar o máximo que posso para fazer a justificação clara e simples – até que uma criança a compreenda. Não há coisa alguma que possa ser tida como uma justificativa pelos homens na terra, exceto uma. A justificação, como sabem, é um termo forense – ele é sempre empregado no sentido legal. Um prisioneiro é trazido ao tribunal de justiça para ser julgado. Há somente uma forma pela qual esse prisioneiro pode ser justificado – ele deve ser achado sem culpa e então, se é assim achado, ele é justificado – isto é, é provado que ele é um homem justo. Se vocês o acharem culpado, não poderão justificá-lo. A Rainha pode perdoá-lo, mas ela não pode justificá-lo. As ações não são justificáveis, se ele é culpado em relação a elas – ele não pode ser justificado por conta delas. Ele pode ser perdoado. Mas a realeza, em si mesma, nunca poderá purificar o caráter desse homem. Ele permanece tanto como um criminoso, ao ser perdoado, quanto como o era antes. Não há outro meio, entre os homens, de justificar um homem de uma acusação que está posta contra ele, senão provando sua inocência. Ora, a grande maravilha é que, mesmo sendo provado que somos culpados, somos justificados. O veredito de culpa foi dito contra nós – e, contudo, somos justificados! Pode algum tribunal terreno fazer isto? Não. Restou para o Resgate de Cristo efetuar aquilo que é uma impossibilidade para qualquer tribunal sobre a Terra! Somos todos culpados. Leiam o versículo 23, que imediatamente precede o texto: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Ali, o veredito de culpa é estabelecido e, logo depois, é dito que somos justificados gratuitamente pela Sua Graça!

Agora, deixem-me explicar a forma pela qual Deus justifica o ímpio. Estou prestes a conjecturar um caso impossível. Um prisioneiro foi julgado e condenado à morte. Ele é um homem culpado. Ele não pode ser justificado, pois foi criminado. Mas, agora, imaginem por um momento que uma coisa tal como esta poderia acontecer: uma segunda parte foi introduzida, a qual poderia tomar toda a culpa daquele homem sobre ela! Uma parte que poderia, com efeito, trocar de lugar com aquele homem e, através de um misterioso processo que, é claro, é também impossível para os homens, tornar-se aquele homem. Ou tomar o caráter daquele homem sobre si. Ele, o reto, colocando o rebelde em seu lugar e fazendo dele um homem justo – não poderíamos fazer isso em nossas cortes. Se eu estivesse perante um tribunal e ele concordasse que eu deveria cumprir um ano de detenção, no lugar de algum miserável que foi condenado, ontem, a um ano de prisão, eu não poderia receber sua culpa! Eu poderia receber a sua punição, mas não sua culpa. Agora, o que carne e sangue não podem fazer, Jesus Cristo, pela Sua redenção, o fez. Aqui estou, pecadores. Declaro-Me agora como um representante de todos vocês. Estou condenado a morrer. Deus diz: “Condenarei tal homem, eu devo e vou – eu o punirei”. Cristo chega, põe-me de lado e se coloca em meu lugar. Quando é exigido o argumento, Cristo diz: “Culpado”. Ele toma minha culpa para ser a Sua própria! Quando a punição está para ser executada, Cristo surge. “Puna-me”, ele diz – “Eu imputei minha justiça a esse homem e tomei seus pecados sobre mim. Pai, puna-me e considere aquele homem como se tivesse sido eu. Que ele reine no Céu. Que eu sofra a miséria. Que eu suporte sua maldição e que ele receba minha bênção”

Esta maravilhosa Doutrina da troca de lugares, de Cristo com pobres pecadores, é a Doutrina da Revelação! Ela nunca poderia ter sido concebida pela Natureza! Deixem-me, para que não tenha cometido um erro, me explicar novamente. A maneira pela qual Deus salva um pecador não é, como alguns dizem, passar por cima da pena. Não! A pena foi paga. É a colocação de outra pessoa no lugar do rebelde. O rebelde deve morrer. Deus assim disse. Cristo diz: “Serei o Substituto do rebelde. Ele tomará meu lugar e eu tomarei o dele”. Deus consente com isto. Nenhum monarca terreno teria poder para assentir em tal mudança, mas o Deus do Céu tem o direito de fazer tudo o que lhe apraz! Em Sua infinita misericórdia ele consentiu com ao procedimento. “Filho do meu amor”, ele disse, “Deves ficar no lugar do pecador. Deves sofrer o que ele deveria ter sofrido. Deves ser contado como culpado assim como ele o foi. Somente então olharei para o pecador com outra visão. Olharei para ele como se fosse você. Eu o aceitarei como se ele fosse meu Filho Primogênito, cheio de Graça e de Verdade. Darei a ele uma coroa no Céu e o tomarei ao meu coração para todo o sempre”. Assim é que somos salvos. “Sendo justificados gratuitamente pela Sua Graça, pela Redenção que há em Cristo Jesus”.

E, agora, deixem-me ir além e explicar algumas das características desta justificação. Tão logo um pecador é justificado, lembrem-se, ele é justificado de todos os seus pecados. Aqui está um homem pecador. No momento em que crê em Cristo, ele recebe o perdão imediatamente e seus pecados não são mais dele. Eles são lançados nas profundezas do rio. Eles são colocados sobre os ombros de Cristo e se vão. O homem levanta-se sem pecado à vista de Deus, aceito no Amado. Vocês perguntam: “O quê? Você diz isto literalmente?” Sim, eu digo. Essa é a Justificação pela Fé. O homem deixa de ser considerado pela Justiça Divina como um ser culpado. No momento em que ele crê em Cristo, sua culpa é dele totalmente tirada. Mas vou um passo além. No momento em que o homem crê em Cristo, ele deixa de ser considerado culpado por Deus! E mais, ele se torna justo, meritório – no momento em que Cristo toma seus pecados, ele recebe a justiça de Cristo para que, quando Deus olhar para o pecador, o qual, uma hora atrás, estava morto em pecados, ele o olhe com o mesmo amor e afeição com que sempre viu Seu Filho! O próprio Cristo disse: “Como o Pai me amou, assim eu vos tenho amado”. Ele grandemente nos ama, assim como Seu Pai o amou! Vocês podem acreditar em uma Doutrina como essa? Não ultrapassa ela todo o pensamento? Bem, ela é a Doutrina do Espírito Santo, a Doutrina pela qual devemos esperar, a fim de sermos salvos. Posso, a qualquer pessoa não esclarecida, ilustrar melhor este pensamento? Transmitirei a ela a parábola que nos é dita nos Profetas – a parábola de Josué e o Sumo Sacerdote. Josué entra, vestido com vestes imundas – tais vestes representando os seus pecados. Tira as vestes sujas. Isso é perdão. Põe uma coroa em sua cabeça e o veste com um traje real – o faz rico e reto – isso é justificação. Mas, de onde vieram tais trajes? E, para onde vão esses trapos? Porque os trapos que Josué usava foram tomados por Cristo e as vestes colocadas nele são os trajes com que Cristo se vestia! O pecador e Cristo fazem exatamente como Jônatas e Davi fizeram. Jônatas coloca sua túnica sobre Davi e este dá a Jônatas suas vestes – da mesma forma, Cristo leva os nossos pecados, levamos a justiça de Cristo e é por uma gloriosa substituição e troca de lugares, que os pecadores são livres e são justificados pela Sua Graça!

“Mas”, alguém diz, “ninguém é justificado desta forma até que morra”. Acredite, ele é sim:

“No momento em que crê um pecador
E confia em seu Deus crucificado,
De uma vez recebe ele Seu perdão –
Por Seu sangue, é completa sua Salvação.”

Se aquele jovem ali tem realmente crido em Cristo esta manhã, percebendo, por uma experiência espiritual, o que tenho tentado descrever, ele é tão justificado aos olhos de Deus agora quanto o será quando estiver diante do Seu Trono! Nem mesmo os espíritos glorificados, nas alturas, são mais aceitáveis a Deus do que o pobre homem, abaixo deles, que outrora foi justificado pela Divina Graça! É uma perfeita lavagem, perfeito perdão, perfeita imputação – somos completa e gratuitamente aceitos através de Cristo, nosso Senhor! Somente mais uma palavra, aqui, e então deixarei este assunto da justificação. Aqueles que uma vez foram justificados, o são irreversivelmente. Assim que um pecador toma o lugar de Cristo e Cristo toma o seu lugar, não há temor para uma segunda mudança! Uma vez que Cristo pagou a dívida, a dívida foi paga e nunca será cobrada novamente! Se vocês são perdoados, o são de uma vez e para sempre! Deus não dá ao homem um perdão gratuito, sob Sua própria promessa e, então, mais tarde, se retrata e o pune – longe de Deus fazer tal coisa! Ele diz: “Puni a Cristo. Você pode ir livre”. E, depois disso, podemos “nos regozijar na esperança da glória de Cristo”, pois, “justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo”.

E agora ouço alguém clamar: “Essa é uma Doutrina extraordinária!”. Bem, assim alguns podem pensar, mas, deixem-me dizer-lhes: ela é uma Doutrina professada por todas as igrejas Protestantes, embora eles não a preguem! Ela é a Doutrina da Igreja da Inglaterra, é a Doutrina de Lutero, é a Doutrina da Igreja Presbiteriana – ela é abertamente a Doutrina de todas as Igrejas Cristãs – e, se ela parece estranha aos seus ouvidos, é porque seus ouvidos são alienados, não porque ela é estranha! Ela é a Doutrina das Sagradas Escrituras, que ninguém pode condenar a quem Deus justifica e que ninguém pode acusar aqueles por quem Cristo morreu, pois eles estão totalmente livres do pecado! De modo que, como um dos Profetas tem dito, Deus não vê pecado em Jacó, nem iniquidade em Israel. No momento em que eles creem, sendo seus pecados imputados a Cristo, os pecados deixam de ser deles, a justiça de Cristo é a eles imputada e é contada como pertencente a eles, a fim de que, pela Graça de Deus, eles sejam aceitos!

Charles Spurgeon
terça-feira, 6 de maio de 2014
A cultura pós-moderna é uma cultura fragmentada justamente porque não reconhece uma verdade absoluta, nem valores absolutos. Nesta quadra estão os que creem em X, naquela esquina estão os que creem em Y. Aqui estão os que praticam tal rito, ali estão os que já não praticam nenhum rito. "Naqueles dias não havia rei em Israel; cada um fazia o que bem lhe parecia" (Jz 21:25). E isto se dá muito mais ainda no mundo da religião - aquele campo que desde o Iluminismo tem sido visto como o campo das opiniões privadas, em contraste com o campo da verdade pública: a filosofia e a ciência. E a verdade é que como cristãos temos nos acomodado muito bem a esta realidade fragmentada. Não participamos dos debates públicos. Seria atrevimento nos pronunciarmos sobre temas da filosofia, da cultura, da economia. Na política nos metemos um pouquinho, mas é apenas pelos votos que como evangélicos podíamos mobilizar, não porque tínhamos um discurso cristão própria para o campo da política.

Parece que na América Latina as igrejas evangélicas tem abandonado a tarefa de serem contracultura, de ser resposta e alternativa à cultura imperante, e nos temos conformados em ser subcultura, uma fragmento a mais, uma opção a mais no supermercado de filosofias, seitas e religiões.

Nas últimas décadas tem se falado muito nos Estados Unidos da "guerra de culturas", uma guerra entre evangélicos conservadores e humanistas seculares sobre temas como o aborto, a educação pública e a religião, a homossexualidade e outra quantidade de temas controvertidos. Um autor cristão, ao comentar sobre esta guerra de culturas, faz a observação perspicaz de que os evangélicos perderam essa guerra faz tempo. Observa que os evangélicos nos EUA tem criado sua própria subcultura, com os mesmos valores da cultura dominante! Tem seus próprios programas e canais de televisão, sua diversão e entretenimento, sua publicidade paga, seus noticiários, revistas e ofertas especiais. Claro que ainda tem valores e princípios especiais, mas na realidade representam uma cópia da cultura que atacam. Tornaram-se uma subcultura e tem perdido a possibilidade de ser verdadeiramente uma contra-cultura.

Está é, também, a nossa realidade?

Theo G. Donner.
In: Fe y posmodernidad: Una cosmovisión cristiana para un mundo fragmentado.
segunda-feira, 5 de maio de 2014
O governo de Deus é uma monarquia absoluta. Nenhuma restrição exterior lhe é imposta. Ele não que respeitar um equilíbrio de poderes com o Congresso e a Suprema Corte. Deus é o presidente, o Senado, a Câmara de Deputados e a Suprema Corte, todos entretecidos em um só, porque Ele está investido da autoridade de um monarca absoluto.

A história do Antigo Testamento é a história do reino de Jeová sobre Seu povo. O tema central do Novo Testamento é a realização, na terra, do reino de Deus, através do Messias, a quem Deus exalta à destra de autoridade, e coroa como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ele é o Rei supremo. Aquele a quem devemos lealdade e obediência total.

Uma das grandes ironias da história é esta: quando Jesus, que era o Rei cósmico, nasceu em Belém, o mundo era governado por um homem chamado César Augusto. Falando em termos corretos, a palavra augusto é apropriada somente para Deus. Ela significa "de dignidade ou grandeza suprema; majestoso, venerável, eminente". Deus é o cumprimento superlativo de todos estes termos, porque o Senhor Deus onipotente reina.

R. C. Sproul
In: Deus controla tudo?
domingo, 4 de maio de 2014
Cremos que nosso bom Deus, vendo que o homem havia se lançado assim na morte corporal e espiritual e se havia feito totalmente miserável, foi pessoalmente em busca do homem, quando este, tremendo, fugia de sua presença [l]. Assim Deus mostrou sua maravilhosa sabedoria e bondade. Ele confortou o homem com a promessa de lhe dar seu Filho, que nasceria de uma mulher (Gálatas 4:4) a fim de esmagar a cabeca da serpente (Gênesis 3:15) e de tornar feliz o homem [2].

1 Gn 3:9. 2 Gn 22:18; Is 7:14; Jo 1:14; Jo 5:46; Jo 7:42; At 13:32; Rm 1:2,3; Gl 3:16; 2Tm 2:8; Hb 7:14.

Confissão de Fé Belga
Artigo 17
sexta-feira, 2 de maio de 2014
O anelo pelo crescimento numérico se origina em várias passagens importantes das Escrituras: a intenção universal de Deus no Antigo testamento, a Igreja como assembleia no Novo Testamento, a busca da ovelha, da moeda e do filho perdidos (Lucas 15), a edificação da igreja até a plenitude de Cristo e as figuras retóricas de crescimento. Tudo isso indica algo da natureza da igreja que anela ardentemente a incorporação de mais pessoas. Há muitas metáforas bíblicas sobre a igreja, as quais sugerem este desejo sincero pelo crescimento e numérico da mesma. Quando se considera a Igreja como povo de Deus, o novo Israel, o redil, a plantação, o edifício ou o corpo, sempre há uma energia orgânica dentro dela para o crescimento. A Igreja sempre tem expressado sua natureza ao "anelar" incorporar mais e mais homens e mulheres dentro da graça de Deus. É um movimento, um espírito, um avanço da igreja desde o Pentecostes até o presente. Sua vida e influência no mundo sempre está se ampliando, se exteriorizando e se estendendo. Este elemento de anelar encontra-se em Isaías 55:11-13; 56:8. A Palavra de Deus promete:

“assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a designei. Saireis com alegria e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e todas as árvores do campo baterão palmas.Em lugar do espinheiro, crescerá o cipreste, e em lugar da sarça crescerá a murta; e será isto glória para o SENHOR e memorial eterno, que jamais será extinto... Assim diz o SENHOR Deus, que congrega os dispersos de Israel: Ainda congregarei outros aos que já se acham reunidos.”

O anelo dos cristãos por crescimento numérico envolve uma atitude da Igreja, seu lugar na missão de Deus e seu papel no mundo. É a atitude que Paulo mostrou quando disse: “porque eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus compatriotas, segundo a carne” (Romanos 9.3). Newbigin expressou: "qualquer um que conheça a Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador deve desejar ardentemente que outros compartilhem do mesmo conhecimento e deve regozijar-se quando o número desses se multiplica. Onde este desejo e este regozijo estão ausentes, deveríamos nos perguntar se algo anda mal na vida da Igreja".

De certa forma este conceito novo é a manifestação concreta dos quatro atributos do credo. A una e sola Igreja anela incorporar mais e mais pessoas e unir a tudo e a todos aos pés de Jesus Cristo (Colossenses 1). A Santa Igreja anela ver que a santidade de Deus transforme a vida de toda a humanidade pecaminosa. A igreja católica (universal) anela ampliar sua comunhão universal de crentes cheios de amor para incluir a todos aqueles que crerão em Jesus Cristo. A Igreja apostólica anela ir e fazer discípulos de todos os povos, porque ali, em todas as nações, Cristo prometeu estar presente.

Esta igreja anelante sabe que tem sido reunida para servir e portanto reúne outros para que sirvam ao mundo junto com ela. Estes discípulos vivem cheios de esperança, orando, desejando e anelando que aqueles que ainda não pertencem ao Povo de Deus cheguem a experimentar o gozo de ser o Povo de Deus (1 Pedro 2:9–10). Este anelo é a característica básica da Igreja, a qual dá surgimento ao seu apostolado.

Charles Van Engen
O povo missionário de Deus
quinta-feira, 1 de maio de 2014
Sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Romanos 3.24).
A figura da redenção é muito simples e é de forma frequente utilizada nas Escrituras. Quando um prisioneiro é preso e feito escravo por um governo bárbaro, antes de ser libertado, é comum que um preço de resgate deva ser pago. Ora, nós, sendo, pela queda de Adão, inclinados para a culpabilidade e sendo, de fato, virtualmente culpados, fomos pelo irrepreensível julgamento de Deus deixados à vingança da Lei. Fomos dados às mãos da Justiça – Justiça que nos reivindicou para sermos seus escravos cativos para sempre – a menos que pagássemos um resgate que possibilitasse a redenção de nossas almas. Éramos, de fato, pobres como pequenas corujas e não tínhamos nada com que nos abençoar a nós mesmos. Éramos, como nosso hino tem dito, “devedores falidos”. Tudo o que tínhamos antes foi vendido. Fomos deixados nus, pobres e miseráveis e não podíamos, por meio algum, encontrar um resgate. Foi só então que Cristo entrou em cena, levantou-se como nosso Fiador e, no lugar de todos os crentes, pagou o preço do resgate para que fôssemos, naquele momento, libertados da maldição da Lei e livrados da vingança de Deus! Podemos, então, tomar nosso caminho, purificados, livres e justificados pelo Seu sangue!

Deixem que me esforce para mostrar-lhes algumas qualidades da Redenção que está em Cristo Jesus. Vocês se lembrarão da multidão que Ele redimiu. Não somente eu, nem somente vocês, mas “uma multidão que homem algum pode numerar”. Um número que excederá todas as estrelas do céu, como ultrapassará todas as contas mortais. Cristo comprou para si próprio alguns dentre cada reino, nação e língua sob o céu! Ele redimiu dentre os homens alguns de cada classe – do maior ao menor; alguns de cada cor – brancos ou negros; alguns de cada posição na sociedade – o melhor e o pior. Para homens de todos os tipos Cristo Jesus se deu como resgate, a fim de que fossem redimidos para Ele mesmo.

Ora, concernente a este Resgate, devemos observar que ele foi totalmente quitado, e de uma só vez. Quando Cristo redimiu Seu povo, Ele o fez de forma completa. Ele não deixou uma única dívida a ser paga, nem ainda um centavo para quitar mais tarde. Deus exigiu de Cristo o pagamento pelos pecados de todo o Seu povo. Cristo se levantou para pagar toda a dívida que seu povo devia, qualquer que fosse. O Sacrifício do Calvário não foi um pagamento parcial – não foi uma exoneração parcial; ele foi um pagamento completo e perfeito e obteve uma remissão completa e perfeita de cada débito de todos os cristãos – tanto dos que já viveram, os que vivem e os que viverão, até o fim dos tempos. Naquele dia, quando Cristo foi pendurado na cruz, Ele não deixou nem mesmo um centavo para que pagássemos, a fim de satisfazer a Deus. Ele não deixou nada que não tivesse satisfeito. Todas as exigências da Lei foram então, ali, pagas por Jeová Jesus, o grande Sumo Sacerdote de todo o Seu povo! E, bendito seja o Seu nome, Ele também pagou tudo de uma vez! Tão inestimável era o Resgate, tão esplêndido e magnífico era o preço exigido por nossas almas, que alguém poderia imaginar que seria maravilhoso se Cristo o tivesse pagado em prestações – uma parte agora e outra depois. As dívidas dos reis eram, algumas vezes, pagas desta forma, uma parte imediatamente e a outra em prestações, ao longo dos anos. Mas não foi assim com nosso Senhor – Ele se deu como Sacrifício uma vez por todas. De uma vez Ele pagou o preço e disse: “Está consumado”, não deixando nada para ser concluído depois, por nós ou por Ele mesmo. Ele não tagarelou um pagamento parcial e então declarou que viria novamente para morrer, ou que sofreria novamente, ou que obedeceria novamente. Mas, sobre os pregos, até o último centavo, o Resgate de todos os Seus eleitos foi pago e um recibo da dívida inteira foi dado a eles. Cristo cravou a cédula em Sua cruz e disse: “Está feito, está feito. Tenho tirado a cédula das ordenanças e a cravei na cruz. Quem é que condenará Meu povo, ou quem é que o acusará? Pois eu, como uma nuvem, apaguei suas transgressões e, como uma densa nuvem, os seus pecados!

E, quando Cristo pagou este Resgate, vocês notarão que Ele fez tudo sozinho! Ele era singular para este fim. Simão, o cireneu, poderia carregar a cruz, mas Simão, o cireneu, não poderia ser pregado nela. Aquele sagrado ciclo do Calvário foi guardado para Cristo somente. Havia dois ladrões com Ele ali, homens injustos, a fim de que ninguém pudesse dizer que a morte de dois justos ajudaram o Salvador. Dois ladrões foram pendurados ali com Ele, para que os homens pudessem ver que havia majestade em Sua miséria e que Ele podia perdoar homens e mostrá-los a Sua Soberania até mesmo enquanto morria! Não havia um justo sequer para sofrer. Nenhum discípulo participou de sua morte. Pedro não foi ali arrastado para ser decapitado. João não foi pregado na cruz lado a lado com Ele. Ele foi deixado ali sozinho! Ele diz: “Eu pisei o lagar sozinho. E não havia ninguém do povo comigo”. Toda a terrível culpa foi colocada sobre Seus ombros! Todo o peso dos pecados do Seu povo foi posto sobre Ele. Quando Cristo parecia cambalear sob esse peso – “Pai, se possível”. Mas, novamente endireitado – “Todavia, não a minha, mas a Tua vontade seja feita”. Toda a punição do Seu povo foi destilada em um cálice – nenhum lábio mortal poderia tomar dele mais do que um único gole. Quando Ele o levou a Seus próprios lábios, esse era tão amargo, que Ele esteve perto de rejeitá-lo. “Passe de mim este cálice”. Mas Seu amor pelo Seu povo era tão forte que ele o segurou em ambas as mãos e —

“Em uma espantosa síntese de amor
A aridez da condenação Ele tomou”

Por todo o Seu povo! Ele o tomou completamente, a tudo suportou, tudo sofreu – de modo que agora e para sempre não há chamas do Inferno para os eleitos, nem um mínimo tormento! Eles não possuem aflições eternas – Cristo sofreu tudo o que eles deveriam sofrer e, agora, eles devem e avançarão livres! Todo o trabalho foi inteiramente completado por Ele, sem o auxílio de ninguém!

E notem, novamente, que isso foi aceito. Na verdade, foi um Resgate considerável. O que poderia ser a ele igualado? Uma alma “profundamente triste até a morte”. Um corpo despedaçado pela tortura, uma morte do tipo mais desumano. E uma agonia de um caráter tal que lábio algum pode descrever, nem pode a mente humana imaginar seu horror! Foi um preço considerável. Mas, digam: ele foi aceito? Houveram preços pagos, algumas vezes, ou ainda propostos, que nunca foram aceitos pela parte a quem foram oferecidos e, portanto, o escravo não foi libertado. No entanto, este foi aceito. Mostrarei a vocês a evidência. Quando Cristo declarou que Ele pagaria a dívida de todo o Seu povo, Deus enviou um oficial para prendê-Lo, a fim de encaminhá-Lo para isso. O oficial o prendeu no Jardim do Getsêmani e, prendendo-O, ele O encaminhou ao tribunal de Pilatos, ao tribunal de Herodes e ao tribunal de Caifás – o pagamento foi feito e Cristo foi sepultado! Ele foi trancado ali em uma vil resistência até que o recebimento do pagamento fosse ratificado no Céu. Ele ali repousou, em seu túmulo, durante uma porção de três dias. Foi declarado que a aceitação seria assim: o Fiador seguiria Seu caminho assim que os compromissos da Sua fiança estivessem cumpridos. Agora, imaginem suas mentes o Cristo sepultado. Ele está no sepulcro. É verdade que Ele pagou toda a dívida, mas o recibo ainda não foi dado. Ele está adormecido naquele túmulo apertado. Preso com um selo em uma enorme pedra, ele dorme ainda em Seu sepulcro. Não foi ainda a aceitação dada por Deus. Os anjos ainda não desceram do céu para dizer: “O trabalho está cumprido. Deus aceitou Teu sacrifício”. Agora é a crise deste mundo! Ele está suspenso, trêmulo, na balança. Aceitará Deus o resgate, ou não? Veremos. Um anjo vem do céu com um colossal esplendor. Ele faz com que a pedra deslize de sua frente. E sai o Cativo, sem nenhuma algema em Suas mãos, com os trajes sepulcrais deixados para trás! Ele está livre, para nunca mais sofrer, nunca mais morrer. Agora —

“Se não tivesse Cristo pagado a dívida,
Ele nunca teria sido posto em liberdade”

Se Deus não aceitasse Seu sacrifício, Ele estaria no sepulcro neste momento! Ele nunca ressurgiria dos mortos! Mas Sua Ressurreição foi a garantia da Sua aceitação por Deus – Ele disse: “Eu tinha uma reclamação sobre você para este momento. Agora, ela está paga. Tome o Teu caminho”. E a Morte entregou o seu Cativo real, a pedra foi rolada para o jardim e o Vitorioso saiu, levando cativo o cativeiro!

E, além disso, Deus deu uma segunda prova de aceitação, pois Ele tomou novamente seu Filho Primogênito aos Céus e O colocou à Sua destra, muito acima de qualquer principado ou potestade! E isso significava dizer: “Sente-se no Trono, pois tendes feito o ato eficaz. Todos os Teus trabalhos e todas as Tuas misérias foram aceitos como o Resgate dos homens”. Ó meus amados, pensem que grandiosa visão deve ter sido quando Cristo ascendeu à Glória! Que nobre comprovação da aceitação de Seu Pai deve ter sido! Vocês não acham que veem a cena na terra? É muito simples. Alguns poucos discípulos estão em pé sobre uma colina e Cristo se eleva no ar lenta e solenemente, como se um anjo apressasse o seu caminho de forma suavemente gradual, como uma névoa exalada do lago até o céu. Vocês podem imaginar o que está acontecendo mais acima? Podem, por um momento, conceber como, quando o poderoso Conquistador adentrou pelas portas do Céu, os anjos O receberam —

“Trouxeram Sua carruagem do alto,
Para ao Seu Trono carregá-Lo,
Suas asas triunfantes bateram e clamaram:
‘Está feito o glorioso trabalho!’”

Vocês podem imaginar quão alto foram os aplausos quando Ele entrou pelas portas do Céu? Vocês podem conceber como os anjos se apertavam para observar, de seu voo, como Ele vinha conquistando? Podem ver Abraão, Isaque, Jacó e todos os santos remidos virem para contemplar ao Salvador e Senhor? Eles haviam desejado vê-Lo e, agora, seus olhos o contemplam em carne e sangue, Aquele que venceu a morte e o Inferno! Vocês podem vê-Lo, com o Inferno à roda dos Seus carros, com a Morte arrastada, como um cativo, pelas ruas reais do Céu? Ó, que espetáculo ali, naquele dia! Nenhum guerreiro romano jamais teve um triunfo tal! Ninguém jamais viu uma visão tão majestosa quanto aquela! A pompa de um universo inteiro, a realeza de toda a criação – querubins, serafins e todos os poderes criados – intensificaram aquela manifestação! E o próprio Deus, o Eterno, totalmente lhe coroou quando apertou Seu Filho ao peito e disse: “Muito bem! Muito bem! Tu terminou a obra que dei-Lhe a fazer. Aqui descanse para sempre, meu Único Aceito”. Ah, mas Ele nunca teria aquele triunfo se Ele não houvesse pago toda a dívida. A menos que Seu Pai tivesse aceito o Resgate, Ele nunca teria sido tão honrado! Mas, porque ele foi aceito, por isso Ele obteve tanta honra!

Charles Spurgeon