Popular Posts

Blogger templates

Blogger news

Blogroll

About

Blog Archive

Tecnologia do Blogger.

Seguidores

Pesquisar

segunda-feira, 26 de novembro de 2012
“Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (Tt 2:11)
Muita discussão surge em torno da palavra “todos” e correlatas. Por exemplo, diante do verso acima rapidamente se conclui que todos os homens significa “todos e cada um dos homens, sem exceção”. Porém, nem sempre a palavra todos significa uma totalidade de indivíduos. Vejamos alguns exemplos na Bíblia.

Às vezes, "todos" significa uma parte. Nas pragas do Egito é dito que todo o rebanho dos egípcios morreu” (Ex 9:6), porém é certo que o rebanho não foi exterminado, como vemos no versículo 10.  Êxodo 32:3 diz que todo o povo tirou das orelhas as argolas”, mas é claro que foram apenas os que usavam esse tipo de adorno. Quando a Escritura diz que “entrou Absalão às concubinas de seu pai perante os olhos de todo o Israel” (2Sm 16:22) não quer dizer que todos os pares de olhos de Israel estavam na platéia. E quando o mesmo “Absalão passou o Jordão, ele e todo o homem de Israel com ele” (2Sm 17:24) não poderiam todo e cada um dos homens de Israel, pois dois versos antes é dito que “Davi e todo o povo que com ele estava se levantou, e passaram o Jordão” (2Sm 17:22). Em Jr 26:9 está dito que “ajuntou-se todo o povo contra Jeremias, na Casa do Senhor”. Isto não pode significar cada pessoa sem exceção, porque no mesmo ajuntamento “disseram os príncipes e todo o povo aos sacerdotes e aos profetas: Este homem não é réu de morte, porque, em nome do Senhor, nosso Deus, nos falou” (Jr 26:16).

Também no Novo Testamento “todos” às vezes significa grande ou a maior parte e não a totalidade. Assim, “ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão” (Mt 3:5) e toda aquela cidade saiu ao encontro de Jesus” (Mt 8:34). Marcos nos informa quetoda a cidade se ajuntou à porta” (Mc 1:33). É claro que em cada um desses casos nem todos os indivíduos iam ter com João Batista, assim como é improvável que 100% da população da cidade encontrou-se com Jesus e é claro que não foram todos os indivíduos que se juntaram à porta de Jesus. Como também nem todos os que nasceram antes de Jesus eram delinquentes, que seria o caso se fosse admitido de modo absoluto as palavras de Jesus:todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores" (Jo 10:8).

Outras vezes, a palavra “todos” significa “de todo tipo” ou “de toda espécie”. Quando o servo de Abraão partiu em busca de uma esposa para Isaque, partiu “levando consigo de todos os bens dele” (Gn 24:10). É claro que não deixou Abraão na miséria. Na promessa pentecostal de Joel Deus garante “derramarei o meu Espírito sobre toda a carne” (Jl 2:28), referindo-se, claro, a todo tipo de pessoas e de todas as nações, mas não a cada indivíduo sobre a terra. E quando Nínive for assolada, “no meio dela, repousarão os rebanhos, todos os animais dos povos” (Sf 2:14), disse Deus. É claro que o profeta não estava contando que todas os indivíduos de todas as espécies de animais se abrigariam nas ruínas da cidade e sim que todos os tipos de animais lá estariam. 

Igualmente no Novo Testamento, é dito que Jesus percorria a Judéia “curando todas as enfermidades” (Mt 4:23), o que obviamente significa enfermidade de todo tipo. João registra a fala de Jesus dizendo “quando for levantado da terra, todos atrairei a mim” (Jo 12:32), mas sabemos que nem todos os homens da terra são atraídos para Jesus, embora pessoas de todos os tipos o sejam. Algo parecido pode ser dito da expressão todo aquele que”, tomada por muitos como significando todas as pessoas sem exceção. Porém, essa expressão sempre traz alguma condição qualificadora, que limita o escopo dos envolvidos. Todo aquele que nele crer” (Jo 3:16), exclui os que não creem, portanto a palavra todo na expressão não significa a totalidade da raça humana.

Por outro lado, palavras denotando universalidade nem sempre afirmam o particular. Os discípulos “tendo partido, pregaram em toda parte” (Mc 16:20), não em todos os lugares do mundo, mas em toda parte a que foram. Quando Jesus falou sobre “o dever de orar sempre não estava dizendo que deveríamos somente orar o tempo todo, mas em toda oportunidade. Consoante modo, “estavam sempre no templo” (Lc 24:53) não significa que passavam o tempo todo lá, mas que iam frequentemente ou com regularidade.

Isto tudo sido dito, qual o significado de todos em Tt 2:11? Registre sua conclusão nos comentários.
domingo, 25 de novembro de 2012
A autoridade civil é uma ordem de Deus, estabelecida por Deus para castigar aos malfeitores e para recompensar aos que fazem o bem. Quando ela faz as coisas legalmente, as pessoas devem se submeter a ela no Senhor. Devemos fazer orações e suplicas pelos reis e por todos os que estão em posição de autoridade, para que sob eles possamos viver uma vida calma e pacífica, com piedade e honestidade.

Artigo 48
Confissão de Fé Batista 1642/44
sábado, 24 de novembro de 2012
Certos novos teólogos questionam o pecado original, que constitui a única parte da teologia cristã que pode realmente ser provada. Alguns seguidores do rev. R. J. Campbell, em sua espiritualidade quase exigente demais, admitem a ausência de pecado em Deus, que não podem ver nem em sonhos. Mas eles essencialmente negam o pecado humano, que eles podem ver na rua. 

Os santos mais poderosos, assim como os mais poderosos céticos, tomaram o mal positivo como ponto de partida de sua argumentação. 

Se for verdade (como certamente é) que o homem pode sentir uma felicidade extraordinária em esfolar um gato, então o filósofo religioso só pode fazer uma dentre duas deduções. Ou ele deve negar a existência de Deus, como fazem todos os ateus; ou deve negar a presente união entre Deus e o homem, como fazem todos os cristãos. Os novos teólogos parecem pensar que uma solução altamente racionalista é negar o gato.

G. K. Chersterton
Ortodoxia
sexta-feira, 23 de novembro de 2012

“Olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado á destra do trono de Deus.” Hebreus 12:2
O texto da Escritura no topo desta página é adequado para fornecer bons pensamentos para o Natal. Em uma ocasião como esta, quando somos especialmente convidados a lembrar como nosso Senhor bendito veio ao mundo, e nasceu da Virgem Maria, com certeza não podemos fazer nada melhor do que nos perguntarmos o que sabemos de “olhar para Jesus.” O cristianismo que o mundo requer é um cristianismo de todos os dias. Nenhuma outra religião jamais receberá uma atenção tão sincera dos seres humanos. Ela pode até existir; mas nunca terá raízes profundas e atingirá almas.

Uma simples religião de domingo não é o suficiente. Algo que colocamos e tiramos com nossas roupas de domingo é impotente. Os homens sabem que há sete dias na semana, e que a vida não é feita só de domingos. A ronda diária de formalidades e cerimônias nos edifícios consagrados não é o bastante. Os homens espertos lembram que há um mundo de obrigações e aflições fora das paredes da igreja, no qual eles devem exercer o seu papel. Eles querem algo que possam levar consigo neste mundo.

Uma religião monástica nunca conseguiria. Uma fé que não pode florescer fora de uma estufa eclesiástica, uma fé que não pode encarar o ar frio dos negócios do mundo, e frutificar, exceto se for por trás do muro do isolamento e do asceticismo – tal fé é uma planta que o nosso Pai Celestial não plantou, e ela não leva nenhum fruto à perfeição.

Uma religião de entusiasmo espasmódico e histérico não consegue. Ela pode servir para mentes fracas e sentimentais por um tempo; mas ela raramente dura, e não satisfaz a vontade de muitos. Ela enfraquece ossos e músculos, e geralmente termina em morte, pela força da reação. Não é o vento, nem o fogo, nem o terremoto, mas a voz, ainda que pequena, que mostra a real presença do Espírito Santo.

O Cristianismo que o mundo requer, e que a Palavra de Deus revela, é de um tipo bem diferente. É uma religião útil para todos os dias. É uma planta saudável, forte e viril, a qual pode viver em qualquer posição, e florescer em qualquer atmosfera, exceto a do pecado. É uma religião que o homem pode levar com ele aonde ele for, e nunca precisa deixar para trás. No Exército ou na Marinha, na escola pública ou na faculdade, no anfiteatro de um grande hospital ou no bar, na fazenda ou na feira comercial, no mercado ou nas trocas, no parlamento ou na corte, o Cristianismo puro e verdadeiro viverá e não morrerá. Ele vai durar, permanecer e prosperar em qualquer clima, no inverno e no verão, no calor e no frio. Tal religião encontra os desejos do homem.

J. C. Ryle
quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Já vimos como nosso Senhor nos ensina a obediência por meio da revelação do segredo de como Ele mesmo a aprendeu, em Sua permanente dependência do Pai. Já vimos como Ele nos ensina a usar o Sagrado Livro como Ele o usou, como uma revelação divina daquilo que Deus tem preparado para nós, com o Espírito Santo revelando e capacitando.

Se agora considerarmos o lugar que o crente ocupa na escola da obediência como aluno, haveremos de entender melhor o que Cristo, o Filho, requer para efetuar em nós a Sua obra com eficácia. Num aluno dedicado há várias coisas que despertam e estimulam sua simpatia para com um professor confiável. Ele se submete completamente à sua liderança. Ele deposita perfeita confiança no professor. O aluno lhe dedica tanto tempo e atenção quanto o professor requer. É quando nos apercebemos de que Cristo tem direito a tudo isso, e nos dobramos a isso, que podemos aguardar a experiência de quão maravilhosamente Ele pode nos ensinar uma obediência como a que Ele mesmo viveu.

1. O verdadeiro aluno, quer seja de um grande músico ou de um pintor, dedica a seu mestre uma confiante submissão de todo o seu coração. Quer seja na prática das escalas quer seja na mistura das cores, no lento e paciente estudo dos elementos de sua arte, ele entende que é sábio obedecer com simplicidade e inteireza. É essa submissão de todo o coração à direção do Mestre, essa submissão implícita à Sua autoridade, que Cristo requer. Nós nos achegamos a Ele suplicando que nos ensine a perdida arte de obedecer a Deus assim como Ele o fez. Ele nos pergunta se estamos dispostos a pagar o preço. Isso significa completa e total renúncia de si mesmo! Isso significa abrir mão de nossa vontade e de nossa vida até a própria morte! Isso significa estar pronto a fazer o que quer que Ele mande!

A única maneira de aprender algo é pela prática. A única maneira de aprender a obediência de Cristo é abrir mão de sua vontade para Ele, e fazer da vontade dEle o grande desejo e prazer do seu coração. A não ser que você se comprometa com a absoluta obediência no momento em que você entra nesta sala da escola de Cristo, será impossível fazer qualquer progresso.

2. O verdadeiro discípulo de um grande mestre considera fácil render-lhe essa obediência sem reservas pelo simples fato de que ele confia no mestre. Ele sacrifica com gratidão a sua própria sabedoria e vontade para ser guiado por outra superior. É dessa confiança que precisamos para com nosso Senhor Jesus. Ele veio do ceu para aprender a obediência, para que fosse capaz de ensiná-la bem. A Sua obediência é o tesouro pelo qual não só o débito da nossa desobediência passada é pago, mas por meio do qual a graça da nossa presente obediência é suprida.

Em Seu divino amor e perfeita identificação com a natureza humana, em Seu divino poder sobre nosso coração e vida, Ele convida, Ele merece, Ele conquista nossa confiança. É pelo poder da admiração pessoal, pela afeição à Sua Pessoa, é pelo poder do seu divino amor, por toda obra efetuada em nosso coração pelo Espírito Santo, despertando em nós um amor que corresponde ao dEle, que Ele desperta nossa confiança, e comunica a nós o verdadeiro segredo do sucesso na Sua escola. Tão absolutamente como confiamos nEle como o Salvador que nos resgata da nossa desobediência, assim confiemos nEle como o Mestre que nos guiará para longe da desobediência. Cristo é nosso Profeta ou Professor.

Um coração que com entusiasmo creia no Seu poder e capacidade como Professor descobrirá, para a alegria dessa fé, que é fácil obedecer. É a presença de Cristo conosco todo o dia que será o segredo da obediência verdadeira.

3. Um aluno dedica a seu mestre toda a atenção e aplicação que ele solicitar. É o mestre que diz quanto tempo tem de ser devotado ao contato pessoal e à instrução. A obediência a Deus é uma espécie de arte celestial, nossa natureza é tão completamente avessa a ela, o caminho em que o Filho aprendeu a obediência foi tão lento e longo, que não nos devemos admirar se o aprendizado não vem de uma só vez.

Nem devemos nos admirar se for necessário muito mais tempo aos pés do Mestre em meditação, e oração, e espera, em dependência e auto-sacrifício, do que a grande maioria está disposta a dar. Mas disponhamos nosso coração a dar esse tempo.

Em Cristo Jesus, a obediência celestial se tornou humana outra vez, a obediência se tornou nosso direito de nascença e nossa natureza: apeguemo-nos a Ele, creiamos na Sua presença em nós e roguemos por ela. Com Jesus Cristo, que aprendeu a obediência como nosso Salvador, com Jesus Cristo, que ensina a obediência como nosso Mestre, podemos viver uma vida de obediência. A Sua obediência — não podemos estudar a lição com excessivo fervor — Sua obediência é a nossa salvação; nEle, no Cristo vivo, encontramos essa obediência e dela participamos momento após momento.

Supliquemos a Deus que nos mostre como Cristo e Sua obediência são de fato a nossa vida a cada momento: isso fará de nós alunos que Lhe dão totalmente o coração e todo o seu tempo. E Ele há de nos ensinar a guardar os Seus mandamentos e permanecer no Seu amor, da mesma forma que Ele guardou os mandamentos do Seu Pai e permaneceu no Seu amor.

Andrew Murray
A escola da obediência
quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A maior necessidade de nossos dias é esta: Reavivamento. Precisamos do item real - o despertamento que desça sobre nossas congregações, que jazem no sono da morte, e coloque-nos de joelhos diante do Deus vivo.

A palavra Reavivamento evoca diferentes idéias a diferentes povos. No Sul dos Estados Unidos, onde vivo, significa uma semana de encontros na igreja, dirigida por um poderoso evangelista. Cada um destes reavivamentos tem como prioridade alcançar os ímpios para Cristo.

Tudo isto é ótimo. Mas é Reavivamento? Evangelismo não é Reavivamento. É regeneração. Reavivamento é o fortalecimento dos crentes na igreja. Alcançar os não-salvos é o subproduto do Reavivamento. Este é o trabalho soberano de Deus em seu próprio povo, trazendo completo fervor espiritual aos corações dormentes. J.I. Packer define Reavivamento como a visitação de Deus que traz vida aos cristãos dormentes. Somente o Reavivamento restaura-nos o profundo senso da presença e da santidade de Deus. Tão somente este movimento do Espírito, reaviva o senso de pecado e o profundo exercício do arrependimento no coração de cada crente. Também reaviva a adoração e o amor com transbordamento evangelístico.

Stephaen Olford escreve: “Reavivamento é aquele trabalho extraordinário e soberano de Deus, onde Ele visita as pessoas - restaurando, reanimando e libertando-as com suas completas bênçãos". Tal intervenção acarretará em evangelismo. E o trabalho de Deus entre os crentes, individualmente.

Um trabalho soberano e misterioso de Deus.Exatamente como o novo nascimento. Não pode ser coagido ou manipulado. É trabalho sobrenatural de Deus em sua igreja restaurando sua pureza perdida, devoção e poder. O Reavivamento restaura a saúde da vida espiritual da Igreja. É o trabalho de renovação, purificação e reabastecimento do Espírito Santo na vida da Igreja.

Na realidade, Reavivamento é o momento da visitação divina. E uma invasão do céu que manifesta a presença e o poder de Deus na Igreja. Acarreta uma renovação da consciência quanto à espantosa santidade do Senhor que produz santidade na Igreja.

Steven J. Lawson
Alerta Final

terça-feira, 20 de novembro de 2012
Clique na imagem para ir ao site da Editora
Deus decreta a salvação sem desprezar esforço (2Ts 2:13). Orígenes, em seu livro contra Celsus, observa um sutil argumento daqueles que discutem sobre sorte e destino. Alguém deu um conselho ao seu amigo doente de que não fosse para o médico porque, ele disse, está escrito pelo destino se você vai se recuperar ou não. Se for seu destino recuperar-se então você não precisa do médico, e se não for seu destino, então o médico não lhe fará nenhum bem.

A mesma falácia é usada pelo diabo contra os homens. Ele os induz a não se empenharem. Se Deus tiver decretado que eles serão salvos, eles serão salvos e não há necessidade de porfiar. Se Ele não tiver decretado sua salvação, então o trabalho deles não lhes fará nenhum bem. Este é um argumento retirado do pensamento do diabo. Mas dizemos que Deus decreta o fim usando os meios. 

Deus decretou que Israel entraria em Canaã, contudo primeiro eles deveriam lutar contra os filhos de Anaque. Deus decretou que Ezequias deveria recuperar-se de sua doença, porém ordenou que colocasse pasta de figos como emplasto sobre as chagas. (Is. 38:21). Não usamos tais argumentos em outros assuntos. Um homem não diz: "Se Deus decretou que eu terei uma colheita este ano, eu terei uma colheita este ano! Por que eu terei que arar, semear ou adubar a terra?". Não, ele usará os meios e esperará pela colheita. Embora "a bênção do Senhor é que enriquece" (Prov. 10:22), e isso é uma verdade, "a mão dos diligentes enriquece" (Prov. 10:4).

Os decretos de Deus são executados através de nosso trabalho.

Thomas Watson
In: Os puritanos e a conversão
segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Estamos estudando sequencialmente a carta de Paulo aos Colossenses. Hoje vamos considerar a oração desse prisioneiro da fé pela igreja que ele provavelmente nunca visitou, mas que amava e com quem se preocupava. Veremos especialmente os motivos que levam Paulo a interceder por essa igreja e o que ele pede a Deus para ela.

Paulo diz “Por esta razão” (1:9), em referência ao que ele já havia apresentado como características da igreja: santidade, fidelidade, fé, amor e esperança. Tais qualidades não ensejavam apenas ações de graças, mas súplicas para que fossem além em seu desenvolvimento como igreja. Então passou a orar “desde o dia em que ouvimos” (1:9), e o fez de forma perseverante, “não cessamos de orar” (1:9). O que o apóstolo pedia em favor da igreja?

Inteligência espiritual (1.9). O primeiro pedido do apóstolo é que a igreja transborde “de pleno conhecimento da sua vontade”. Esse conhecimento exato e preciso da vontade de Deus manifesta-se em sabedoria prática, “em toda sabedoria”, e compreensão espiritual, “entendimento espiritual”. Imersos numa sociedade que valorizava o conhecimento profundo como meio de salvação, os crentes de Colossos precisavam ter a verdadeira sabedoria, tanto para compreender as coisas espirituais como para pautar a sua vida quotidiana pela vontade de Deus.

Comportamento digno (1.10). A adoração pagã da Ásia geralmente estavam associadas à prosmicuidade sexual. Não era incomum uma mulher participar de um clube judaico durante o dia e servir como sacerdotiza no templo à noite. Porém, os crentes deveriam andar “de modo digno do Senhor”, vivendo “para seu inteiro agrado”, apresentando frutos “em toda boa obra”. Para que fossem capazes de dar tal testemunho a Deus e ao mundo é que Paulo intercedia por eles.

Vigor espiritual (1:11). Para conseguir alcançar tal estilo de vida em tudo agradável ao Senhor, precisavam de poder do alto. Paulo ora para que sejam “fortalecidos com todo o poder”.  A fonte desse poder é “a força da sua glória” e se manifesta num firmeza inabalável, em outras palavras, “em toda perseverança”. Perseverança é a capacidade de vencer a covardia e o desânimo, mesmo sob forte pressão, e certamente os crentes precisariam de tal poder. Mas, além disso, eles também precisavam de poder para tolerar aos outros, de “longanimidade”. Essa virtude tem a ver com não ser precipitado em reagir ao erro dos outros.

Gratidão (1:12). Sabedoria espiritual, conduta digna e poder espiritual não são coisas a serem buscadas em si mesmas, são dádivas recebidas de Deus. Daí a oração de Paulo. Portanto, a maneira correta responder a isso é “com alegria... dando graças ao Pai”. Afinal, foi Ele que os “fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz”. A verdade que sobressai de tudo isso é que é Deus quem provê, graciosamente, tudo o que eles precisarão para enfrentar a ameaça herética que preocupava Epafras. Por isso, a glória é todo dEle e nós devemos ser-Lhe gratos.

Em termos práticos, não devemos nos contentar com o que já temos experimentado em nossa vida espiritual. Podemos ser uma igreja que vive em santidade, que busca ser fiel, confia em Jesus, ama-se mutuamente e vive na expectativa da volta do Senhor. Mas ainda há mais para ser buscado. Discernimento espiritual nestes dias de confusão, conduta irrepreensível em meio a frouxidão moral, poder para ser firme sem deixar de ser longânimo e, sobretudo, uma vida de profunda gratidão a Deus. 

Soli Deo Gloria

Leia o primeiro artigo da série: Carta de um apóstolo verdadeiro a uma igreja fiel.
Leia o próximo artigo da série: A oração de um prisioneiro.
domingo, 18 de novembro de 2012

Ainda que cada congregação seja diferente, e que tenha muitos corpos independentes, e que cada igreja seja compacta e como uma cidade em si mesma, todas as Igrejas devem andar pela mesma regra, e por todos os meios benéficos compartilhar conselhos e ajuda nos assuntos da Igreja, como membros de um só corpo com uma fé comum sob Cristo sua única cabeça.

Artigo 47
Primeira Confissão Londrina, 1642/44
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
"Deus fez a sua parte. Inspirou a escrita de uma Bíblia descrevendo o seu projeto de salvação do homem com a precisão e engenhosidade que se espera de um Deus. Enviou o seu filho para cumprir a missão como idealizada. E agora fica lá, junto com os anjos na sala de controle da missão nos céus, roendo as unhas de ansiedade, esperando que a sorte, ou o homem com o seu livre-arbítrio, não coloque tudo a perder! Se Cristo pagou o preço, o pastor pregou bem o seu sermão evangelístico e tudo corre como o esperado de nossa parte – pensam os anjos – o pecador se arrependerá de seus pecados e Deus confirmará sua sorte no plano que idealizou..."

É assim que você entende Lc 15:10!?!? Então você entendeu tudo errado. Vá para este LINK, assiste a vídeo e veja o filme. Depois, glorifique a Deus.

Seu ponto fundamental foi: “Dê a Deus toda a glória do que quer que seja bom no homem”; e, “na tarefa da salvação, coloque Cristo tão alto, e o homem tão baixo, quanto possível”. Com esse ponto, ele e seus amigos em Oxford, os originais Metodistas, assim chamados, puseram-se a caminho. O grande princípio deles era: não existe poder (pela natureza) ou mérito no homem. Eles insistiram: todo poder para pensar, falar, e agir corretamente, está no Espírito de Cristo, e origina-se dEle; e todo mérito (não está no homem, por maior que seja na graça, mas meramente) no sangue de Cristo. Assim, ele e eles ensinaram: não existe poder no homem, até que lhe seja dado do alto, para fazer alguma boa obra, falar alguma boa palavra, e formar um bom desejo. Porque não é suficiente dizer, todos os homens estão doentes de pecado: não, nós estamos todos “mortos em delitos e pecados”. Segue-se que todos os filhos dos homens são “por natureza, filhos da ira”. Nós somos todos “culpados diante de Deus”, condenados tanto à morte temporal como eterna.

Assim que todos estamos desamparados, tanto com respeito ao poder como à culpa do pecado. “Porque, quem pode tirar uma coisa pura de uma impura?”. Ninguém menos do que o Altíssimo. Quem pode ressuscitar esses dos mortos; espiritualmente mortos no pecado? Ninguém, a não ser Aquele que nos ressuscita do pó da terra. Mas, sobre que consideração fará isso? Não por obras de justiça que tehamos feito. “O morto não pode louvar a Ti, Ó, Senhor”; nem fazer coisa alguma, pela qual deveriam ser ressuscitados para a vida. O que quer, portanto, que Deus faça, Ele faz meramente por causa do seu bem-amado Filho: “Ele foi ferido por nossas transgressões; Ele foi moído por nossas iniqüidades”. Ele mesmo “carregou nossos pecados em seu próprio corpo no madeiro”. Ele “foi entregue por nossas ofensas, e ressuscitou novamente para nossa justificação”. Essa é, então, a única causa meritória de todas as bênçãos que desfrutamos e podemos desfrutar; em específico, do nosso perdão e aceitação para com Deus; da nossa completa e gratuita justificação. Mas, por quais meios nós nos tornamos interessados no que Cristo tem feito e sofrido? “Não pelas obras, a fim de que homem nenhum se vanglorie”; mas pela fé somente. “Nós concluímos”, diz o Apóstolo, “que um homem é justificado pela fé, sem as obras da lei”. E “a todos quanto” assim “o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus”

E, “exceto que o homem seja”, dessa forma, “nascido de novo, ele não pode ver o reino de Deus”. Mas todos que são assim “nascidos do Espírito”, têm “o reino de Deus entre eles”. Cristo estabelece Seu reino em seus corações; “retidão, paz, e alegria no Espírito Santo”. “Aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus”, capacitando-os a “caminhar como Cristo também caminhou”. O Espírito que neles habita os torna santos no coração e “santos em toda sua maneira de viver”. Mas ainda assim, vendo tudo isso como um dom gratuito, através da justiça e do sangue de Cristo, há eternamente a mesma razão para lembrar que “aquele que se glorifica, glorie-se no Senhor”.

Vocês não são ignorantes de que essas são as doutrinas fundamentais, nas quais ele insistiu a respeito, em todos os lugares. E elas não podem ser resumidas, por assim dizer, em duas palavras, o novo nascimento e a justificação pela fé? Perseveremos nelas com todo vigor, em todos os tempos, e em todos os lugares, em público (aqueles de nós chamados para isso), e em todas as oportunidades em particular. Fiquem perto dessas boas, velhas e antiquadas doutrinas, por mais que muitos contradigam e blasfemem. Sigam, meus irmãos, “fortalecidos no Senhor, e na força do Seu poder” com todo cuidado e diligência, “guardando o depósito que te foi confiado”; sabendo que “céus e terra passarão, mas esta verdade não passará”.

John Wesley
In: A morte de George Whitefield
NE.: George Whitefield nasceu em 16 de dezembro de 1714
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
“Se há algum conforto em Cristo, se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito, se alguns entranháveis afetos e compaixões, completai o meu gozo, para que sintais o mesmo” (Fp 2.1)
É como se dissesse: “A menos que você desaprove toda consolação em Cristo, trabalhe para manter a unidade do Espírito no vínculo da paz”. Que espetáculo jubiloso é esse para Satanás e sua facção, ver aqueles que são separados do mundo espedaçarem-se entre si! Nossa dissensão é a melodia de nosso inimigo.

Os que mais devem ser censurados são aqueles que, para objetivos particulares, afetam diferenças em relação a outros, e não admitem fechar as feridas da igreja e reuni-las juntamente. Isso não deve ser entendido como se os homens devessem dissimular seu julgamento em qualquer verdade onde há justa causa para se expressarem; pois a menor verdade é de Cristo e não nossa e, portanto, não devemos tomar liberdade para afirmar ou negar a nosso prazer. Dever algo como um pêni é tanto quanto dever uma libra, logo, devemos ser fiéis na mínima verdade, quando a hora o exigir. Então, nossas palavras serão “como maçã[s] de ouro em salvas de prata” (Pv 25.11). Uma palavra dita em seu tempo fará mais bem do que mil fora do seu. 

Porém, em alguns casos, mediante ter nossa fé em nós mesmos diante de Deus (Rm 14.22), é de maior conseqüência do que a discutível descoberta de algumas coisas que tomamos por verdadeiras, considerando que a fraqueza da natureza do homem é tal que dificilmente pode haver uma descoberta de qualquer diferença em opinião sem alguma desavença de afeição. Enquanto os homens não forem de uma só mente, dificilmente serão de um só coração, exceto onde a graça e a paz divinas tenham grande domínio no coração (Co 3.15). 

Por conseguinte, a exibição franca de divergência é somente boa quando é precisa, ainda que alguns, por um desejo de ser alguém, tornem-se assim e rendam-se a um espírito de contradição em si mesmos. Todavia, se Paulo puder ser juiz disso, eles ainda são “carnais” (1 Co 3.3). Se for sabedoria, é sabedoria de baixo: pois a de cima, visto ser pura, também é pacífica (Tg 3.17). 

Nosso bendito Salvador, quando estava para partir do mundo, o que ele impôs mais a seus discípulos do que paz e amor? E, em sua última oração, com que ardor ele implorou a seu Pai para que todos pudessem ser “um”, como ele e o Pai eram um (Jo 17.21). Mas, pelo que ele orou na terra, só desfrutaremos perfeitamente no céu. Que isso torne a meditação daquele tempo a mais meiga para nós.

Richard Sibbes
In: O caniço ferido
domingo, 11 de novembro de 2012

Sendo corretamente unida, estabelecida e seguindo na comunhão cristã e na obediência ao Evangelho de Cristo, ninguém deve separar-se da Igreja porque nela há faltas ou corrupções. Estas coisas acontecem porque ela consiste de homens sujeitos a erros, e de haver divergências mesmo nas Igrejas verdadeiramente constituídas. Ao invés disso, eles devem procurar corrigir essas coisas.

Artigo 46
Primeira Confissão Londrina, 1642/44
sábado, 10 de novembro de 2012
"Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou da parte de Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção". 1Co 1:30
Seja o que for que pensem, é a coisa mais desarrazoada no mundo deixar de crer em Jesus Cristo, a quem Deus enviou. Por que amigos, por que vocês hão de morrer? Por que não querem vir para Ele, a fim de terem vida? Ah, todos vocês que têm sede, venham às águas da vida e bebam gratuitamente; venham, comprem sem dinheiro e sem preço. 

Se aqueles privilégios abençoados que nosso texto menciona pudessem ser comprados com dinheiro, vocês poderiam dizer: somos pobres, e não podemos comprar; ou se fossem outorgados somente a pecadores de tal categoria ou posição social, vocês poderiam dizer: como poderão pecadores, tais como nós, esperar que sejam tão altamente favorecidos? Entretanto, Deus dá esses privilégios gratuitamente aos piores pecadores. Foram dados a nós, diz o apóstolo — a mim, um perseguidor, a vocês, coríntios, que eram impuros, beberrões, cobiçosos, idolatras. Por isso, cada miserável pecador pode perguntar: por que não a mim, então? Cristo teria uma só bênção para dar? E que dizer se Ele já abençoou a milhares de pessoas, ao desviá-las das suas iniqüidades? 

Todavia, Ele continua o mesmo. Ele vive para sempre a fim de interceder, e, portanto, abençoará a vocês, mesmo a vocês também. Embora, de modo semelhante a Esaú, vocês tenham sido profanos, e até agora tenham desprezado a primogenitura proveniente do seu Pai celestial, mesmo hoje, se crerem, Cristo Se tornará da parte de Deus para vocês "sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção".

George Whitefield
In: Cristo: sabedoria, justificação, santificação, redenção
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
"Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só" (Rm 3.10-12).
Deus não afirma que as pessoas ainda não regeneradas são cultas, ou refinadas, ou capazes, ou dóceis, ou generosas, ou caridosas, ou mesmo religiosas. Entretanto, ele de fato afirma que nenhuma delas é justa, nenhuma delas compreende Deus, nem o busca.

Aceitar o parecer divino acerca da natureza humana é uma das mais dolorosas provações da fé - perceber que nossos amigos tão cordiais e moralmente virtuosos, os quais não raramente são meticulosos no cumprimento de cada dever, cheios de simpatia para com as aflições e anseios da humanidade e vigorosos na afirmação dos direitos humanos são, a despeito de tudo isso, absolutos rejeitadores dos direitos de Deus e que jamais foram tocados pelo sacrifício de seu Filho, cuja divindade, com inexprimível insolência, negam, e cuja palavra, com desdém, rejeitam. Uma refinada e gentil dama que estremeceria de horror com a vileza da possibilidade de tratar um semelhante com mentiras, ainda assim, faz de Deus um mentiroso todos os dias! (Veja 1 João 1.10; 5.10.) E essa dificuldade é enormemente ampliada para milhares devido ao louvor que a humanidade recebe atualmente do púlpito.

Quão alarmante era o contraste entre aparência e realidade na época que antecedeu o dilúvio. "Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antigüidade, os homens de fama" (Gn 6.4). E assim parecia que o mundo estava ficando melhor, aos olhos dos homens. Provavelmente traçariam um melhoramento contínuo, e o aparente resultado do casamento profano entre o santo e o mundano foi o alçamento da natureza humana a alturas ainda maiores. Mas "viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente" (Gn 6.5).
"Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem" (Mc 7.21-23).
"Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente" (1 Co 2.14).
"Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus" (Rm 8.7,8).
"Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também" (Ef 2.3).
Pelo que foi exposto, parece que o homem não convertido possui uma tríplice inaptidão. Ele pode ser talentoso, ou culto, ou agradável, ou generoso, ou religioso. Pode pagar suas dívidas, ser honesto, confiável, trabalhador, um bom marido e pai - ou tudo isso conjuntamente - mas é incapaz de obedecer a Deus, de agradá-lo e de compreendê-lo.

C. I. Scofield
Manejando bem a Palavra da Verdade
quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Não acontecerá, naquele dia, diz o SENHOR, que farei perecer os sábios de Edom e o entendimento do monte de Esaú? Ob 1:8

Malgrado serem cegos em muitos aspectos os que Deus não guia pelo seu Espírito, sobre os quais não refulge com sua palavra, todavia, a pior cegueira é esta, quando os homens ficam inebriados com a falsa convicção de sabedoria. Logo, quando alguém se acha dotado de inteligência, de modo que consegue perceber tudo o que é necessário, não podendo ser iludido, sua sabedoria é insanidade e loucura extrema: certamente, ser-nos-ia melhor ser idiotas e tolos do que ficar inebriados dessa forma.

Visto pois que os sábios deste mundo são insanos, o Senhor declara que eles não terão ciência nenhuma quando o tempo da provação vier. Deus realmente permite aos ímpios que, por um longo período, congratulem-se devido à própria perspicácia e conselhos, como aturou que os idumeus continuassem em prosperidade. E há também muitos nos dias que correm que se congratulam com seus êxitos, quase adorando a própria esperteza.

(...)

Porém, somos avisados por essas palavras de que, se nos sobressairmos em entendimento, não devemos abusar desse singular dom divino, como vemos se dar com os ímpios, os quais tornam em esperteza toda sabedoria que Deus lhes há conferido. Dificilmente se encontra um em cem que não busque ser ladino e caviloso quando sobrepuja em entendimento. Eis uma coisa muito lamentável. Que grande tesouro não é a sabedoria? Todavia, vemos que o mundo perverte esse excelente dom divino: mais razão há para labutarmos para que a nossa sabedoria seja encontrada em verdadeira simplicidade. Isso é uma coisa. Depois, devemos também nos acautelar ao confiar em nossa própria inteligência e desprezar nossos inimigos, julgando que podemos nos precaver contra todo mal que paire sobre nós; mas sempre busquemos do Senhor, para que sejamos favorecidos em todos os tempos com o espírito de sabedoria, para que sejamos guiados até o final de nossa vida; uma vez que ele pode, a qualquer momento, tirar de nós tudo o que nos houver dado, expondo-nos assim à vergonha e ao opróbrio.

João Calvino
In: Comentário de Obadias
terça-feira, 6 de novembro de 2012
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
Epafras foi visitar “Paulo, o velho” (Fm 1:9) na prisão em Roma. Queria lhe fazer companhia, mas também trazia-lhe boas e más notícias sobre a igreja em Colossos. Sabia o quanto o apóstolo era sensível à situação das igrejas, seja exultando, seja se angustiando, conforme fosse o caso. Dada a situação crítica de seu pai na fé, ele deve ter hesitado sobrecarregá-lo com mais esse peso. Mas o desafio era grande demais para ele, precisa da ajuda do grande líder. Então faz um relato fiel da situação interna da igreja e da heresia que ameaçava a saúde da igreja. O velho apóstolo então escreve uma carta, para aquela igreja que ele não fundou e que possivelmente jamais visitou. E começa dando graças a Deus por ela.

“Desde que ouvimos da vossa fé”, diz ele, “damos sempre graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós” (v.3). Transparece nessas palavras que ele sempre orava e agradecia pela igreja. E quando ouviu as notícias que Epafras “também nos relatou” (v.8) sobre a igreja, ele viu mais motivos ainda para louvar a Deus pela vida dos irmãos colossenses. Ele o faz e apresenta tais motivos.

Primeiro, ele agradecia a Deus porque o evangelho verdadeiro chegou até eles. O evangelho que estava sendo anunciado “em todo o mundo está produzindo fruto e crescendo... chegou até vós” (v.6). Mesmo não tendo sido anunciado diretamente por um apóstolo, era a “palavra da verdade” (v.5), que trazia “graça de Deus na verdade” (v.6). De forma quase anônima, Epafras pregou o evangelho com fidelidade em Colossos e vizinhança, onde floresceram várias igrejas. Paulo reconhecia a mão de Deus na expansão do evangelho e dava-Lhe graças por isso. Pois se os crentes da Frígia criam, isso era obra de Deus.

Em segundo lugar, eles foram “instruídos por Epafras” (v.7). Como “fiel ministro de Cristo” (v.7) Epafras demonstrou séria preocupação com a saúde doutrinária da igreja, por isso não apenas pregou o evangelho, mas ensinou os novos convertidos. Instruir é o mesmo que disciplinar, tornar discípulo. Epafras não foi somente um obstetra  trazendo os colossenses à luz da fé, mas foi um pediatra dedicado, nutrindo-os com a sã doutrina, para que se tornassem imitadores de Jesus Cristo. O resultado é que eles de fato tiveram o mesmo sentimento de cristo, ou seja, demonstraram “amor no Espírito” (v.8).

Fruto dessa instrução na Palavra, temos o terceiro motivo de ações de graças apresentado por Paulo. Eles apresentavam em suas vidas as três maiores virtudes cristãs: “a fé, a esperança e o amor” (1Co 13:13). Eles tem “fé em Cristo Jesus” (v.4). Não é a fé na fé tão comum nos dias de hoje. A fé carece de um objeto, e a fé salvífica tem como objeto a pessoa e a obra de Jesus. A fé em Cristo Jesus não apenas é necessária, como absolutamente suficiente, como veremos no decorrer desta série de estudos. Eles também nutriam um profundo amor “para com todos os santos” (v.4). Eles amavam não apenas os crentes de sua igreja local, mas todos os santos, ou seja, amavam a igreja do Senhor Jesus. E no que dizia respeito ao futuro, tinham a “esperança que vos está preservada nos céus” (v.5). Pelo ensino, a igreja ancorou sua fé em Jesus, dedicou seu amor à igreja e tinha firme esperança futura.

Concluímos com uma renovada confiança no poder do evangelho. Quando ouvido, crido e aprendido, ele produz o fruto do Espírito. Ele “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1:16). Recorrer a artifícios humanos para produzir crescimento da igreja é se envergonhar do evangelho, é descrer no poder de Deus. E se “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3:16-17), o ensino sistemático da Bíblia é o método adequado do desenvolvimento espiritual da igreja. Cremos que se confiarmos no poder do evangelho e na suficiência da Escritura na formação do cristão, colocando-a em prática, teremos igrejas fortalecidas na fé e que vivem em comunhão amorosa.

Soli Deo Glora

Leia o primeiro artigo da série: Carta de um apóstolo verdadeiro a uma igreja fiel.
domingo, 4 de novembro de 2012
Aos que Deus tem dado dons, estes sendo provados pela Igreja, podem e devem por ordem da congregação, profetizar, segundo a proporção da fé e ensinar publicamente a Palavra de Deus, para a edificação, exortação e consolo da Igreja.

Artigo 45
Primeira Confissão Londrina, 1642/44
sábado, 3 de novembro de 2012

A verdadeira doutrina da eleição é a seguinte. Deus se agradou em escolher alguns homens e mulheres para serem salvos por Jesus Cristo, através seu conselho, que nos é secreto. Ninguém é salvo, a não ser aqueles que são escolhidos. Por essa razão, as escrituras chamam o povo de Deus, em várias passagens, de "eleitos de Deus" e a escolha dessas pessoas para a vida eterna de "eleição de Deus".

Esses homens e mulheres escolhidos por Deus para toda a eternidade são chamados pelo Espírito Santo, no tempo devido. Ele os convence do pecado. Ele os guia a Cristo. Ele trabalha para que se arrependam e tenham fé. Ele os converte, renova e santifica. Ele os mantém, pela sua graça, de cair na perdição e, finalmente, traz a todos para a glória, salvos. Resumindo, a eleição de Deus é o primeiro elo na salvação do pecador, cujo fim é a glória celeste. Portanto, ninguém se arrepende, crê e nasce de novo, a não ser os eleitos. A causa principal e original para que um santo seja da forma que é, é justamente a eleição de Deus.

J. C. Ryle
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
O impacto da Reforma Protestante para o avanço missionário do cristianismo foi muito grande. Podemos dimensionar isso a partir do aspecto teológico. O combate a uma soteriologia enferma e corrompida e a defesa do ensino da Palavra de Deus, que estabelece graça de Deus, acessada pela fé, como critério único e definitivo para a salvação (Efésios 2.8), jogaram por terra as heresias que ameaçavam prender a Salvação ao juízo de Roma. Isso foi determinante na construção da mensagem, bem como da ação missiológica na Europa e, a partir daí, em todo o mundo.

Por outro lado, é muito importante dar à Reforma, mais especificamente a Lutero, o crédito da extraordinária obra de colocar a Bíblia nas mãos das pessoas, o que ele conseguiu fazer ao traduzir as Escrituras, das línguas originais, para o alemão. Até então, o texto mais próximo do entendimento estava em latim (a Vulgata), mas Lutero foi ao hebraico, ao aramaico e ao grego e traduziu a Bíblia para o alemão. Agora o povo podia ler e entender, pela ação do Espírito Santo, o significado da mensagem de Deus. O impacto deste fato em Missões é imensurável.

Apenas estes dois aspectos já bastam para que entendamos o impacto da Reforma Protestante em Missões, pois a um só tempo, a Reforma combateu e derrubou a heresia que ameaçava aprisionar a graça salvadora de Deus ao critério do interesse econômico de Roma e libertou as Escrituras Sagradas do seu monopólio eclesiástico.

Roma arvorou-se guardiã da soteriologia e das Escrituras e de sua hermenêutica. De guardiã, Roma tornou-se controladora, manipuladora, passando até a faturar financeiramente em cima da suposta autoridade que fazia crê que tivesse para dizer quem seria perdoado ou não. Obviamente que, para manter esta pretensa e falsa soberania espiritual, precisou acorrentar a Bíblia à exclusividade sacerdotal e, em muitos casos, exclusivamente papal.

A Reforma cuidou de remover estes grandes obstáculos, facilitando assim o avanço da obra missionária, pregando a salvação pela graça, por meio da fé, a partir do exame pessoal e livre das Escrituras Sagradas, que hoje já está traduzida para centenas de línguas em todo o mundo.

Pr. Lécio Dornas
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Por que o pentecostalismo não pode ser colocado como um grupo marginalizado do protestantismo? A resposta está nos “cinco solas”, ou seja, nas máximas latinas que definem a essência de uma Igreja Protestante. 

1) Uma igreja protestante não é definida pela liturgia. A Igreja Anglicana tem uma liturgia muito diferente da Igreja Congregacional. 2) Não é definida pela arquitetura. Os templos clássicos presbiterianos são bem diferentes das igrejas reformadas emergentes como a Mars Hill Church. 3) Não é definida pelo regime de governo. A Igreja Batista é congregacional, enquanto a Igreja Metodista é normalmente episcopal. 4) Não é definida pelas doutrinas secundárias. A Igreja Presbiteriana é calvinista, enquanto que os metodistas são arminianos. 

Então, o único ponto de toque entre todas as denominações protestantes são os “cinco solas”. E, por isso, as principais igrejas pentecostais são herdeiras legítimas da Reforma. O pentecostalismo não é deuterorreformacional, mas está ligada intimamente às ideias a seguir:
  • Sola fide (Somente a fé);
  • Sola scriptura (Somente a Escritura);
  • Solus Christus (Somente Cristo);
  • Sola gratia (Somente a graça);
  • Soli Deo gloria (Glória a Deus somente).
Quer um exemplo? Vejamos o Sola fide (Somente a Fé). As principais igrejas pentecostais trabalham com a doutrina da justificação pela fé. Vejamos o que a Confissão de Fé das Assembleias de Deus diz: 
Cremos... No perdão dos pecados, na salvação presente e perfeita e na eterna justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cristo em nosso favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26 e Hb 7.25; 5.9).
A Confissão de Fé da Igreja O Brasil para Cristo diz:
Cremos que o homem, havendo caído em pecado, foi destituído da glória de Deus, e que todos foram sujeitos à mesma condenação, para que unicamente por Jesus Cristo, desde de que em arrependimento e fé geradora de obras, fossem restaurados a Deus. E que, para tanto, necessitam os homens do novo nascimento, o que ocorre segundo o poder atuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus. Que o homem, nascido de novo, já tem seus pecados perdoados para não viver mais segundo o poder do pecado, mas segundo a salvação presente e eterna justificação provida graciosamente por Deus segundo a fé no sacrifício de Jesus Cristo em seu favor (Rm 3:23; At 3:19; 2:38; Jo 3:5-7; Rm 5:1,2; Tt 3:4-7). 
E um parênteses: Acho totalmente errado usar o termo “reformado” para designar somente calvinistas. Acho errado, mas uso o termo nesse sentido na maior parte das vezes. Infelizmente, o conceito já se consolidou. É errado porque “reformado”, como disse acima, está relacionado aos Solas e não à TULIP. 

Portanto, reforço o post anterior e manifesto o meu protesto para aqueles que esquecem do pentecostalismo como uma Reforma continuada. Era Calvino que dizia: “Igreja reformada, sempre se reformando”?

Gutierres Siqueira