Popular Posts

Blogger templates

Blogger news

Blogroll

About

Blog Archive

Tecnologia do Blogger.

Seguidores

Pesquisar

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A polêmica da hora no meio evangélico pentecostal, especialmente entre assembleianos, é a publicação da The Dake Bible pela CPAD, com o título Bíblia de estudo Dake, anunciada como a "principal fonte de consulta dos pregadores pentecostais" nos últimos 40 anos. Ainda segundo a editora, "os ricos apontamentos" de Dake, "revisados com todo o rigor doutrinário e teológico, tornam claras leituras obscuras". Então, porque a polêmica em torno do lançamento?

A discussão toda começou quando alguém lembrou que Finis Jennings Dake defendeu heresias que o colocam como patrono de muitos expoentes da teologia da prosperidade, além de identificá-lo com heresias mórmons. Tais heresias foram denunciadas no Brasil no livro Cristianismo em Crise, de Hank Hanegraaff, publicado pela própria CPAD! Estabelecida a controvérsia, assembleianos de expressão se posicionaram, alguns de forma bastante ambígua.

Um dos críticas mais ácidos da publicação é o Pr. Robson Aguiar, para quem o lançamento é uma vergonha para a CPAD. O sempre lúcido Gutierres Siqueira assumiu que não gostou "do lançamento da Bíblia de Estudo Dake. Ora, Finis Jennings Dake influenciou bastante o “Movimento da Fé”. Alguém que certamente contribui para o maior mal da igreja evangélica no final do século XX, não é um tanto recomendável". Questionado por Sidnei Moura a respeito, o Pr. Silas Daniel (comentários) defendeu a obra, afirmando que "os detentores do direito de publicação da obra de Dake autorizaram a CPAD retirar da Bíblia Dake os erros doutrinários", que ele classifica como "pequenos trechos equivocados da obra". O Pr. Altair Germano defendeu a publicação, considerando a supressão de tais trechos, mas defende que numa próxima edição seja indicado que a CPAD não endossa a totalidade dos ensinos de Dake na presente obra. O pastor Ciro Zibordi, sempre enfático em seus ataques ao neopentecostalismo e sua nefasta teologia da prosperidade, foi algo ambíguo na sua recomendação da obra, tanto que um dos seus leitores pergunta qual é a posição dele, afinal.

Chamam atenção algumas afirmações feitas pelos envolvidos no debate. Alguns afirmam que se Silas Malafaia, como vice-presidente da CGADB pode lançar sua Bíblia de Batalha Espiritual e Vitória Financeira, sem ser questionado oficialmente, então porque a CPAD não pode lançar uma obra de mesmo jaez? Lembram também que a CPAD já publicou no passado outras obras que continham erros, como é o caso do Antigo Testamento versículo por versículo, de Champlin. E finalmente, encontram apoio para a publicação até no fato das livrarias da CPAD venderem obra de reformados!

Quem já leu alguns posts meus sabe que não sou entusiasta de Bíblias de Estudo. A propósito, recomendo a leitura da primeira parte de Mais uma bíblia de estudo?, de Daladier Lima. Mas vejo com preocupação o movimento pendular da CPAD, ora publicando obras teológicas de pentecostais e de reformados sérios e ora dando expressividade a autores pelagianos (caso do Finney) e heréticos em suas teologia própria e cristologia (caso do Dake). Seria a pressão do mercado?

Post Scriptum

O debate tomou corpo no blog Point Rhema, com a participação de quase todos os mencionados acima. Quando escrevo esta nota, os comentários passam de 350.
domingo, 29 de novembro de 2009
123. Qual é a segunda petição?

R. "Venha o teu reino". Quer dizer: Governa-nos por tua palavra e por teu Espírito, de tal maneira que, cada vez mais, nos submetamos a Ti (1) ;conserve e aumenta tua igreja (2) ;destrói as obras do diabo, e todo poder que se levanta contra Ti, e todos os maus planos que são inventados contra tua santa Palavra (3) ;até que venha a plenitude de teu reino (4) ,em que Tu serás tudo em todos (5).

(1) Sl 119:5; Sl 143:10; Mt 6:33. (2) Sl 51:18; Sl 122:6,7. (3) Rm 16:20; 1Jo 3:8. (4) Rm 8:22,23; Ap 22:17,20. (5) 1Co 15:28.
sábado, 28 de novembro de 2009
Ainda que, como monge, eu levasse uma vida irrepreensível, sentia que era um pecador perante Deus, e tinha uma consciência extremamente perturbada. Não podia acreditar que Deus era aplacado com as satisfações que eu lhe dava. Eu não amava, mas sim, odiava a justiça de Deus que pune pecadores e, secretamente, se não com blasfêmia, com certeza murmurando muito, estava irado contra Deus e disse: “Como se não bastasse que miseráveis pecadores, eternamente perdidos por causa do pecador original, sejam esmagados por toda espécie de calamidade pela Lei do Decálogo, Deus tivesse de acrescentar dor em cima de dor pelo Evangelho, e também com o Evangelho nos ameaçando com sua ira justa!” Deste modo, eu me irava, com uma consciência furiosa e perturbada. Todavia, persistentemente golpeava aquela passagem de Paulo, querendo ardentemente entender o que ele quis dizer com “a justiça de Deus”.

Finalmente, pela misericórdia de Deus, meditando de dia e de noite, consenti ao contexto das palavras, a saber: “Porque no Evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: O justo viverá pela fé”. Então comecei a entender [que] a justiça de Deus é aquela pela qual o justo vive por um dom de Deus, em outras palavras, pela fé. E este é o significado: no Evangelho, é revelada a justiça de Deus, isto é, a justiça passiva com a qual [o] Deus misericordioso justifica-nos pela fé, como está escrito: “O justo viverá pela fé”. Foi quando senti como se tivesse nascido de novo e entrado no paraíso por portões abertos. Aqui, me foi mostrada uma face completamente diferente da Escritura. Com base nisso, percorri outra vez, de memória, os textos das Escrituras (...) E, exaltei minha palavra amabilíssima com um amor tão grande quanto o ódio com o qual antes havia odiado “a justiça de Deus”. Portanto, aquela passagem em Paulo tornou-se para mim verdadeiramente o portão para o paraíso.

Martinho Lutero
In: Prefácio aos Escritos em Latim, LW, 34:336-37, via Fé Reformada
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Não temos duvida que tudo aquilo que plantarmos vamos colher, você pode viver numa boa sem dificuldades financeiras com saúde desfrutando seus bens, porém existe algo mais além da morte que dinheiro algum pode comprar.

Enquanto isso vamos nos distraindo por aqui acreditando que podemos “engravidar” de um carro, emprego, em determinar um dente de ouro, em tomar posse dos dons espirituais, etc...

Existem regras deixadas por Deus em sua Santa Palavra que NINGUEM tem o direito de profaná-la! Nenhum bispo, apóstolo, pastor, reverendo, doutor tem o direito de dar uma nova roupagem para os ensinos já estabelecidos.

Se você quer discernimento, então estude a Bíblia e pare de ser marionete nas mãos daqueles que acham estar inovando para o crescimento da obra e salvação de vidas, entenda que todo fervor, sinais, misticismo, não fundamentado no cristianismo bíblico produz um resultado desastroso com a execução da vida eterna, daqueles que profanaram o nome de Deus.

A coisa é muito séria, não aja às cegas, busque instruções na bíblia, não deposite sua vida eterna na ignorância dos homens, não desafie o que esta escrito, não aumente nem diminua, tenha Cristo como Senhor, Advogado, Amigo e Orientador.

Fogo estranho atrai fogo consumidor, corra disto e lembre-se: Só o Senhor tem o poder para dar e tirar a vida e o evangelho é a balança de seu futuro além tumulo, pese-se e mude de lado enquanto é tempo!

Marcelo e Eunice
In: Caminhando na graça, de graça
quinta-feira, 26 de novembro de 2009

"Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade" Ec 1:2

A palavra vaidade é uma daquelas que levam as pessoas a incorrerem em equívocos. Pois embora relacionadas, o uso moderno e coloquial da palavra vaidade difere daquele usualmente utilizado nas Escrituras. Portanto, ao sermos perguntados sobre a vaidade, devemos ser cuidadosos quanto ao sentido em que o termo é utilizado. De maneira rudimenar, vou me referir a três "dimensões" do termo vaidade: vaidade espiritual, vaidade terrena e vaidade estética. É uma classificação ao gosto pessoal, sem rigor científico.

O significado de vaidade

Modernamente, vaidade pode ser definida como uma preocupação exagerada com a aparência, manifestada na maneira de se vestir, pentear e no uso de maquiagem e adornos. Porém, biblicamente, os termos hebraicos ('awen, shaw') e gregos (kenos, mataiotes) traduzidos por vaidade denotam mais uma ausência de conteúdo e inutilidade, ou seja, caracterizam aquilo que é vazio de significado ou que não atinge os objetivos. A relação entre o uso moderno do termo e seu sentido original fica por conta de que, em última análise, a preocupação em demasia com a aparência física é vã.

Vaidade espiritual

Resolvi chamar assim as tentativas do homem buscar refúgio nos ídolos. Assim, lemos "não vos desvieis; pois seguiríeis coisas vãs, que nada aproveitam e tampouco vos podem livrar, porque vaidade são" (1Sm 12:21). Davi reconhece que Deus aborrece "os que adoram ídolos vãos" (Sl 31:6), pois os ídolos "vaidade são, obra ridícula; no tempo do seu castigo, virão a perecer" (Jr 10:15). Além de um ídolo que "de si mesmo, nada é no mundo", os rituais religiosos também são inúteis. Aos que queriam oferecer-lhes sacrifícios um indignado Paulo diz "senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos, e vos anunciamos o evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles" (At 14:15). É vã (vaidade) qualquer tentativa do homem de satisfazer-se espiritualmente fora de Deus e sem a mediação de Jesus Cristo.

Vaidade terrena

Esta é a vaidade referida pelo Pregador. O termo aparece 28 vezes em Eclesiastes (ARA) e significa inutilidade. Porém, antes de assumirmos a posição extrema e existencialista do ponto vista de Salomão, devemos lembrar que ele escreve limitando o seu campo de pesquisa ao que ocorre "debaixo do sol", ou seja, nada do que excede o tempo e o espaço foi considerado. Ele diz "apliquei o coração a esquadrinhar e a informar-me com sabedoria de tudo quanto sucede debaixo do céu" (Ec 1:13). Além disso, ele recorreu unicamente à sua inteligência para analisar os fatos observados, não tirando nenhuma conclusão que fosse além da razão. A conclusão a que se chega é que a busca pelo sentido da vida, sem recorrer a Deus e sem considerar a Sua revelação é pura futilidade, ou nas palavras do sábio, "vaidade e correr atrás do vento" (Ec 2:11). Sem a revelação de Deus e de seus propósitos a busca do conhecimento (Ec 1:12-18), de prazeres (Ec 2:1-11), de realizações (Ec 2:12-16), do trabalho (Ec 2:17-26) e das riquezas (Ec 5:8-6:2) leva à frustração extrema, pois Deus "pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o princípio até ao fim" (Ec 3:11). A menos que em algum ponto entre seu nascimento e morte Deus se revele ao homem, este entrará nesta vida por uma porta onde estará escrito "tudo é vaidade" (Ec 1:2) e sairá por outra onde também estará escrito "tudo é vaidade" (Ec 12:8).

Isto é assim porque a própria "criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou" (Rm 8:20). Como parte da criação arruinada, o homem caído é, ele mesmo, destituído de sentido. "Somente vaidade são os homens plebeus; falsidade, os de fina estirpe; pesados em balança, eles juntos são mais leves que a vaidade" (Sl 62:9), conclui Davi. Assim, podemos dizer que tudo o que diz respeito à esta vida e a este mundo é vaidade, no sentido que carecem de sentido intrínseco e são incapazes de satisfazer o homem mesmo quando consideradas apenas as suas necessidades terrenas. Por isso Paulo ordenou "buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus" (Cl 3:1), "pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo" (Fp 3:20).

Porém, veja só que interessante. Quando buscamos as coisas que são de cima, as coisas terrenas que antes eram vãs, passam a ter sentido e utilidade. O salmista disse "quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me compraza na terra" (Sl 73:25) pois havia descoberto que a partir do momento que encontramos Deus, passamos a ter prazer na terra. Jesus também disse algo a respeito, quando orientou "buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Mt 6:33). Há uma diferença enorme entre buscar sentido para nossa vida nas coisas terrenas, que são vaidades, e desfrutar dessas coisas com o sentido encontrado em Deus, pois descobrimos que "toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do Pai das luzes" (Tg 1:17) e como "tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças, nada é recusável" (1Tm 4:4).

Vaidade estética

A Escritura diz que "enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR, essa será louvada" (Pv 31:30). Entendida em seu contexto, a palavra vaidade (ARC) significa que a beleza da mulher é inútil para ela ser reconhecida como virtuosa. Porém, não devemos nos apressar em coibir que a mulher apresente-se bela. Primeiro, porque formosura aqui está relacionada a beleza natural e não ao enfeitar-se apenas. E também porque a formosura em si não é vista de forma negativa nas Escrituras, basta uma leitura do livro dos Cânticos para nos convencer disso. Fiquemos apenas com a firmação bíblica de que a beleza não torna a mulher virtuosa, pelo contrário "como jóia de ouro em focinho de porco, assim é a mulher formosa que não tem discrição" (Pv 11:22).

Quanto ao cuidado com a aparência, parece-me que isto é orientado pelas Escrituras, quando diz "em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e jamais falte o óleo sobre a tua cabeça" (Ec 9:8). O conselho de Noemi a Rute ainda parece atual "banha-te, e unge-te, e põe os teus melhores vestidos" (Rt 3:3) e Jesus condenou o andar molambento para aparentar religiosidade quando disse "tu, porém, quando jejuares, unge a cabeça e lava o rosto, com o fim de não parecer aos homens que jejuas" (Mt 6:17-18). Porém, especialmente se tratando de mulheres cristãs no culto, o bom senso é mandamento divino, pois "as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso" (1Tm 2:9). Isto para que "não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus" (1Pe 3:3-4). A verdadeira e real beleza não é obtida por vestidos caros e jóias caras, mas pela atitude do coração, pois "o coração alegre aformoseia o rosto, mas com a tristeza do coração o espírito se abate" (Pv 15:13).

Conclusão

A vaidade é condenável e se caracteriza por um vazio de significado e uma inutilidade de propósito. Dessa forma, a idolatria é a essência da vaidade. Da mesma forma, a busca por significado nas coisas terrenas é vaidade inútil. E preocupar-se exageradamente com a aparência pessoal pode constituir-se vaidade. Por outro lado, o prazer em Deus, o desfrute da criação com ações de graça e o cuidado pessoal são, além de desejáveis, mandamentos divinos.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009
A Nani descobriu que o Mateus 7 "é o super trunfo dos falsos profetas", pois oferece blindagem a criticas, dá base para a teologia da prosperidade e para o pragmatismo usado na defesa do que é indefensável. Isto satisfaz aqueles a quem interessa uma camadinha de verniz sobre a podridão de suas doutrinas e práticas bizarras.

Porém, a Nani azeda o caldo dos falsos profetas ao fazer o que eles nunca fazem: toma os textos em seus contextos e demonstra que o sermão do monte não é bem uma garantia de imunidade à crítica, de endosso à aberrações teológicas e práticas esdrúxulas. Pelo contrário, é uma pedra no sapato.

Por isso tudo, vale a pena você dar um pulinho até o blog dela e ler o artigo O capítulo 7 de Mateus, se é que ainda não o fez.

terça-feira, 24 de novembro de 2009
Um selo era usado para diferentes propósitos: marcar a propriedade de uma pessoa, garantir seus tesouros ou autenticar uma escritura. No primeiro sentido, o Espírito distingue os crentes como o povo peculiar de Deus; no segundo, ele os guarda como suas jóias preciosas; no terceiro, ele confirma ou ratifica o direito deles à salvação...

Um penhor é uma parte dada como segurança da posse futura de tudo. O Espírito Santo é o penhor da herança celestial, porque começa aquela santidade na alma que será aperfeiçoada no céu e reparte aquelas alegrias que são prelibações de sua bem-aventurança.

Dick’s Theology, vol. iii. p. 524- 525
segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Um irmão pediu que eu analisasse o texto "A verdade sobre a predestinação", atribuído ao professor Azenilto Brito, adventista bastante conhecido nos fóruns e listas teológicas da Internet. Pela extensão do texto e pela profusão de argumentos, não poderei oferecer uma análise pormenorizada, limitando-me aos pontos principais. Alguns dos argumentos listados já foram objeto de análises no blog Cinco Solas e não serão repetidos aqui.

Na primeira parte de seu estudo, Azenilto apresenta o calvinismo e o arminianismo como as duas teorias básicas sobre predestinação. Assumindo como sua a posição arminiana, visto que objeta apenas a calvinista, o professor foge a regra e faz uma apresentação do calvinismo que se não é totalmente precisa, também não é uma distorção. Haveria poucos reparos a fazer na exposição que ele faz do calvinismo, pelo que não vale a pena esclarecer as imprecisões identificadas.

Logo de início o autor pergunta "se Deus dá a salvação para quem Ele quer; se o homem nada tem a ver com a salvação, ou seja, se não depende do homem, por que Deus não salva a todos os homens?", listando a seguir uma série de passagens bíblicas que presumivelmente ensinam que Deus deseja a salvação de todos os homens. Dentre as passagens mencionadas estão 1Tm 2:4; Tt 2:11; At 2:21; Rm 5:18; 2Pe 3:9; Jo 3:16; Mt 25:41 e Jo 2:2.

Algumas dessas passagens não são pertinentes ao tema. Por exemplo, "todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo" e "Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho Unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça" não ensinam o universalismo hipotético, pois qualificam os salvos como sendo uma parte do todo e nada dizem sobre como as pessoas crêem. Outras não se referem a todas as pessoas, mas a todos os crentes. É o caso de "ele é longânimo para convosco, não querendo que ninguém se perca", o "ninguém" refere-se aos crentes ou eleitos, haja vista que quando Pedro refere-se aos perdidos não o faz de forma inclusiva. Já a passagem de Mateus é totalmente irrelevante para o tema, a menos que pensemos que quando Deus preparou o inferno não sabia que o homem pecaria ou que nem todos se salvariam, fato negado pelo próprio autor do artigo.

Outras passagens, contudo, são relevantes e parecem ensinar a redenção universal. Porém, a aparência desaparece quando olhamos para o contexto. Por exemplo, quando Paulo diz que a "a graça de Deus se manifestou trazendo salvação a todos os homens", o contexto imediato esclarece que se trata de todo tipo de homem e João escreve a judeus dizendo que Jesus fez a propiciação, não apenas dos judeus (ele e seus leitores) mas pelos do mundo inteiro (os não judeus). Advogar uma propiciação por todos os homens do mundo, sem exceção, leva infalivelmente ao universalismo, o que duvido que o autor, mesmo sendo aniquilacionista, esteja disposto a aceitar.

Mas é com 1Tm 2:4 que o meu amigo Azenilto se complica. Primeiro, Ele diz que "Deus quer que todos os homens sejam salvos" e pergunta "se Deus é Onipotente, grande em poder (pode todas as coisas), por que não salva a todos os homens?". Se Deus quer salvar a todos os homens e pode fazer isso, então porque Ele não o faz? Só há duas saídas para o Azenilto: ou nega que Deus de fato pode todas as coisas ou defende o universalismo. Ignorando as implicações lógicas de seu esquema, ele afirma que "se Deus não salva a todos, é porque nem todos crêem". Mas se a fé é dom de Deus, conforme ele mesmo admite, então porque Deus não dá a fé a todos? Percebam como é inconsistente o raciocínio do professor.

Na segunda seção de seu artigo ele se propõe a analisar a doutrina da predestinação em si. Ele tanto defende a posição da eleição corporativa, como a predestinação como consequência do ato de crer. Basicamente, seu argumento é que quando crê a pessoa passa a ser parte da igreja e esta é que está predestinada. Nas palavras dele, "Paulo está dizendo que Deus, em sua presciência, “conheceu” de antemão que um grupo de pessoas aceitaria a Palavra, e por essa razão, foi predestinado para a salvação". E completa que "qualquer pessoa pode, então, ser um “predestinado”. Basta crer e confessar a Cristo como Salvador".

Há três erros cruciais na linha de pensamento do ilustre adventista. Primeiro, que Ele substima a onisciência divina, fazendo crer que Deus conhece de antemão um grupo sem conhecer cada indivíduo que faz parte desse grupo. E se Deus conhece cada indivíduo, então desde sempre Ele sabe exatamente quem irá crer. Portanto, se o decreto divino não torna certa a salvação daqueles que Ele quis salvar, a presciência o faz. Em segundo lugar, ele deve desconhecer que no grego "se o sujeito é coletivo, então se usa a forma singular do verbo para o grupo como um todo. Mas se o grupo é considerado segundo a individualidade dos seus membros, é usado o plural" (Gramática Sintática do Grego do Novo Testamento). Portanto, o fato de Paulo referir-se aos predestinados no plural, reforça o fato que Deus predestinou indivíduos.

O terceiro ponto, porém, representa uma negação do ensino bíblico da precedência da eleição em relação a fé. Atos 13:48 coloca isso de forma incontestável ao registrar que "creram todos quantos haviam sido destinados para a vida eterna". Mais a frente em seu ministério Paulo afirma que Deus "nos salvou, e chamou com uma santa vocação, não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e a graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos" (2Tm 2:19). Dizer que a pessoa se torna predestinada ao crer é colocar o carro da história antes dos bois da eternidade.

Tendo embaralhado versículos e idéias para combater o ensino direto e claro da eleição, Azenilto empunha as armas em defesa do livre-arbítrio. Embora admita que "você não encontra escrito literalmente na Bíblia a expressão livre-arbítrio" ele afirma que o mesmo "está presente em todo o ensinamento bíblico", mas não diz onde. Ele concebe o livre-arbítrio como direito de todos os homens e como capacidade de crer. Suas bases não são bíblicas, mas conjecturais, do tipo "como é que Deus iria manifestar o desejo de que todos se arrependessem, se Ele mesmo não tivesse dado esse direito a todos?" e "se Deus chama a todos, indistintamente, ao arrependimento, fica óbvio que ele dá o direito de todos se arrependerem! A isto chamamos LIVRE-ARBÍTRIO". Sobre o livre-arbítrio como capacidade, ele afirma que "qualquer um pode crer", pois "há uma graça geral, dada na cruz, que confere a todos os homens a capacidade de buscarem a Deus" e por isso "todos os seres humanos podem vir a crer".

A fato da Bíblia não mencionar o termo livre-arbítrio e não declarar em nenhuma parte a idéia de tal faculdade humana deveria nos mover à prudência ao invés de estimular à especulação a partir de idéias humanistas e atéias. Pior, devia frear nossa presunção de reinvidicar um direito que a Bíblia diz que não temos. Nada relacionado à salvação é apresentado em termos de direito, mas tudo o que é necessário nos é dado graciosamente e "se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça" (Rm 11:6). O direito é contrário à graça, pois "o salário não é considerado como favor, e sim como dívida" (Rm 4:4). E Deus não deve nada ao homem, menos ainda o anti-bíblico livre-arbítrio.

Tão contrário ao ensinamento bíblico quanto a idéia de livre-arbítrio como direito humano é a idéia de livre-arbítrio como capacidade. O professor, perdido em seus raciocínios, afirma que qualquer um pode crer e que todos tem capacidade de crer em Deus. Não é este, absolutamente, o ensino das Escrituras. O diagnóstico geral é que "o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos; para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados" (Mt 13:15). Jesus disse "não quereis vir a mim para terdes vida" (Jo 5:40). Jesus disse ainda "ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer" (Jo 6:44) e reafirmou "por causa disto, é que vos tenho dito: ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido" (Jo 6:65). Para que não digam que isto foi antes de Jesus morrer na cruz, e que a situação do homem mudou a partir dela, trago o testemunho de Paulo, escrito muito após a ascensão de Jesus: "não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer" (Rm 3:11-12).


O que leva uma pessoa a investir tempo e energia para negar ou modificar uma doutrina que é expressamente declarada nas Escrituras, enquanto se esforça outro tanto para defender uma idéia humanista e atéia que não é declarada nem naturalmente extraída dela? Não há outra explicação, além da que os paladares modernos tornaram-se por demais delicados às verdades bíblicas e a idéia de um Deus que decide e controla todas as coisas, inclusive o destino dos homens, é absolutamente intragável ao orgulho humano. Porém, é necessário que olhemos para o Deus da Bíblia e, se o brilho de sua soberana magestade fere nossos olhos acostumados a contemplar as pálidas belezas da natureza humana, não voltemos nosso olhar para a vil criatura, compremos dEle colírio para que possamos admirar a beleza de Sua Pessoa.


Soli Deo Gloria

PS.: Conforme esclarecido em comentário feito pelo Prof. Azenilto, o mesmo não é o autor do referido artigo. Caso alguém saiba quem é o autor, ficarei grato pela informação.
domingo, 22 de novembro de 2009
P. 122. Qual e a primeira petição?

R. "Santificado seja o teu nome". Quer dizer: Faze primeiro, com que Te conheçamos em verdade (1) e Te santifiquemos, honremos e glorifiquemos em todas as tuas obras (2) , em que brilham tua onipotência, sabedoria, bondade, justiça, misericórdia e verdade. Faze, também, com que dirijamos toda a nossa vida -nossos pensamentos, palavras e obras- de tal maneira que teu nome não seja blasfemado por nossa causa, mas honrado e glorificado (3).

(1) Sl 119:105; Jr 9:24; Jr 31:33,34, Mt 16:17; Jo 17:3; Tg 1:5. (2) Êx 34:6,7; Sl 119:137,138; Sl 145:8,9; Jr 31:3; Jr 32:18,19; Mt 19:17; Lc 1:46-55; Lc 1:68,69; Rm 3:3,4; Rm 11:22,23; Rm 11:33. (3) Sl 71:8; Sl 115:1; Mt 5:16.
sábado, 21 de novembro de 2009


Descoberto a partir da dica de Lindembergh Ferreira
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
“Nós sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, dos que são eleitos segundo seus designios. Os que de antemão conheceu, também os predestinou a serem conformes à imagem de seu Filho […]. E aos que predestinou, a esses também chamou. E aos que chamou, também justificou. E aos que justificou, a esses também glorificou. O que diremos, pois, a essas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”

Pregar a glória divina, mencionada no capítulo 8º da Epístola de São Paulo aos Romanos, como sendo predeterminada por Deus, e rechaçar a dedução do poder terreno da Igreja era uma heresia no século 15, podendo ser punida com a morte. O reformador Jan Hus atacava assim a essência do cristianismo medieval.

Ele pregava o ideal da pobreza e condenava o patrimônio terreno dos príncipes da Igreja. Ele defendia a autoridade da consciência e tentava aproximar a Igreja do povo, através das pregações. E isso não era tudo: as suas pregações eram feitas na língua tcheca e não em latim, como determinava a Igreja oficial na época.

Jan Hus só reconhecia a autoridade da Bíblia nas questões da fé, repudiava os tribunais da Inquisição e os juízes terrenos. Um verdadeiro herege, que suscitava a cólera e o ódio das autoridades eclesiásticas.

Insatisfação popular – A doutrina de Jan Hus encontrou solo fértil na Boêmia. Ela se baseava na justiça social e expressava a insatisfação de todos os cidadãos tchecos. Na época, a agitação envolveu todas as camadas sociais.

A maior parte da população estava insatisfeita com a política financeira e de poder das autoridades eclesiásticas: negociantes e mestres artesãos disputavam as riquezas oriundas da mineração de prata, os camponeses queriam libertar-se da servidão feudal e os nobres tentavam assegurar duradouramente os seus privilégios.

As tensões sociais agravavam-se ainda através do rápido aumento de preços, que beneficiava sobretudo os cidadãos ricos, empobrecendo os camponeses e os nobres sem terra.

Conflitos entre alemães e tchecos – E as profundas barreiras sociais entre as populações alemã e tcheca faziam florescer sentimentos nacionalistas. Os ricos alemães eram vistos pelos tchecos como exploradores e concorrentes. Da sua parte, os alemães mostravam-se interessados em manter a situação reinante e, especialmente, em usar o poder da Igreja em proveito próprio. Por volta de 1400, tanto a recém-fundada Universidade de Praga como a alta hierarquia da Igreja eram inteiramente dominadas pelos alemães.

Com Jan Hus começou a agitação. Quando a disputa entre alemães e tchecos agravou-se, em 1409, os alemães foram postos para fora da Universidade de Praga e Hus foi escolhido como seu reitor. A atividade docente do reformador aumentou ainda mais as tensões com a Igreja e culminou em Praga, três anos mais tarde, com o confronto entre os protestantes tchecos e os católicos alemães.

A fim de manter a situação sob controle, o rei Venceslau baniu o reitor rebelde da universidade. Mas Jan Hus insistiu em que a sua doutrina era a correta: continuou pregando a imprescindibilidade da pobreza e da humildade da Igreja.

Propagação da doutrina continuou – As conseqüências vieram logo. Em 1414, Hus foi convocado a apresentar-se ao Concílio de Constança e a renegar a sua doutrina. O reformador negou-se a cumprir a exigência, reafirmando a crença na sua doutrina. No dia 6 de julho de 1415, Hus foi então executado na fogueira.

Não foi atingido, porém, o propósito da Inquisição, de liquidar o movimento protestante de Hus através da morte do seu líder. As revoltas esparsas transformaram-se numa rebelião geral dos protestantes da Boêmia, que durou 20 anos. Só em 1434 é que o movimento pôde ser aniquilado, em decorrência de traições e intrigas nas próprias fileiras.

Barbara Fischer
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
A história dos pentecostais, no sentido moderno da palavra, tem seu ponto de partida na escola bíblica de Parham, em Topeka, Kansas, em 1901. A despeito da controvérsia sobre as origens e a época exata em que Parham começou a dar ênfase ao dom de línguas, todos os historiadores concordam que o movimento começou no início de 1901, quando o mundo adentrava o século XX. Em consequência do Pentecoste que eclodia em Topeka, Parham formulou a doutrina de que as línguas eram a “evidência bíblica” do batismo no Espírito Santo.

Pelo fato de ensinar que as línguas eram uma concessão divina de idiomas humanos com vistas à evangelização mundial, Parham também defendia a ideia de que os missionários não precisavam estudar nenhum idioma estrangeiro, uma vez que estariam miraculosamente capacitados a pregar em línguas em qualquer lugar do mundo. Municiado com essa nova teologia, ele implantou um movimento eclesiástico intitulado Fé Apostólica e desencadeou um verdadeiro furacão avivalista em sua turnê pelo meio-oeste dos Estados Unidos com vistas a promover a nova experiência.

O pentecostalismo, no entanto, não chamou a atenção do mundo até 1906. Isso aconteceu com o avivamento da Rua Azusa, em Los Angeles, liderado pelo pastor William Joseph Seymour. Ele tomou conhecimento do batismo no Espírito Santo com línguas em 1905, numa das escolas bíblicas de Parham, em Houston, Texas.

Em 1906, Seymour foi convidado a pastorear uma igreja holiness negra em Los Angeles. As famosas reuniões da Rua Azusa começaram em abril de 1906, no antigo prédio da Igreja Episcopal Metodista Africana, situada na Rua Azusa, 312, no centro de Los Angeles.

Os acontecimentos relacionados ao avivamento da Rua Azusa fascinaram os historiadores durante décadas e até hoje não foram plenamente entendidos e explicados. A Missão da Fé Apostólica da Rua Azusa realizava três cultos por dia, sete dias por semana, durante três anos e meio. Milhares de pessoas receberam o batismo no Espírito Santo com a evidência inicial do falar em línguas.

O periódico Apostolic Faith [Fé Apostólica], que Seymour enviava gratuitamente a cerca de 50 mil leitores, divulgava a mensagem do avivamento. Da Rua Azusa, o pentecostalismo espalhou-se com rapidez pelo mundo e cresceu a ponto de se tornar a maior força da cristandade. William J. Seymour liderou o avivamento da Rua Azusa em 1906, o qual espalhou o pentecostalismo por todo o mundo. Os cultos da Rua Azusa notabilizaram-se também pela harmonia inter-racial.

O movimento da Rua Azusa parece ter sido uma fusão da religião branca holiness com os estilos de adoração da tradição cristã negra dos Estados Unidos, que se iniciou nos tempos da escravidão no Sul. O louvor e a adoração expressivos da Rua Azusa, caracterizados por danças e clamores, eram comuns tanto entre os brancos apalachianos quanto entre os sulistas negros.

A mistura de línguas e outros dons carismáticos, música de brancos e negros e variados estilos de adoração deu origem a uma forma local de pentecostalismo. Essa nova expressão de vida cristã provou-se extremamente atrativa para as pessoas discriminadas nos Estados Unidos e em outras nações.

A posição inter-racial da Rua Azusa era uma admirável exceção ao racismo e à segregação da época. O fenômeno que reunia brancos e negros para a adoração sob a liderança de um pastor negro parecia inacreditável para quem estava de fora.

O lugar de William Seymour como uma das mais importantes figuras religiosas do século XX parece estar assegurado. Sidney Ahlstrom, notável historiador da Universidade de Yale, em seu clássico A Religious History of the America People [Uma história religiosa dos povos da América], de 1972, põe Seymour no topo da lista dos líderes religiosos negros dos Estados Unidos, declarando que a piedade desse homem “exerceu a maior influência sobre a história religiosa dos Estados Unidos”. Seymour e Parham podem ser considerados cofundadores do pentecostalismo mundial.

Vinson Synan
In: O século do Espírito Santo, Editora Vida
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
“O evangelho é um fato, portanto, vamos expô-lo com simplicidade. O evangelho é alegre; portanto, vamos falar dele com alegria. Ele nos foi confiado; portanto, vamos expô-lo com fidelidade. É a manifestação de um momento infinito; portanto, vamos expô-lo fervorosamente. Fala de um infinito amor; portanto, vamos expô-lo com sentimento. É de difícil compreensão para muitos; portanto, vamos expô-lo com ilustrações. O evangelho é a revelação de uma Pessoa; portanto, vamos pregar a Cristo”.

Archibald Brown
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Ao amanhecer do dia seguinte, o Sr. Bienvenu estava andando pelo seu quintal. A sra. Magloire correu até ele, totalmente fora de si.

"Monsenhor, Monsenhor", gritou ela, "Vossa Senhoria sabe onde estaria o cesto da prataria?"

"Sei", respondeu o bispo.

"Deus seja louvado!" disse ela. "Não sabia o que havia acontecido com ele".

O bispo havia achado o cesto há pouco no canteiro de flores. Deu-o à sra. Magloire e disse: "Aqui está".

"Sim", disse ela, "mas não há nada nele. Onde está a prataria?"

"Ah!", disse o bispo. "É a prata que lhe preocupa. Não sei onde está".

"Santo Deus! Foi roubado. Aquele homem que veio aqui ontem à noite a roubou!" E em um piscar de olhos, a sra. Magloire, com toda a agilidade que a idade permitia, correu ao oratório, foi à sacada e voltou até onde estava o bispo, encurvado, com alguma tristeza, sobre a cocleária de Guíllons que fora quebrada pelo cesto, ao cair. Ergueu os olhos ao escutar o grito da sra. Magloire:

"Monsenhor, o homem se foi! A prata foi roubada!"

Enquanto exclamava, seus olhos caíram sobre um canto do jardim onde havia sinais da fuga. A pedra superior do muro fora deslocada.

"Vês? Foi por aqui que escapou; saltou para a viela Cochefilet. Que patife! Roubou nossa prata"!

Por um momento, o bispo ficou silencioso após o que levantou os olhos sérios e se dirigiu, com brandura, à sra. Magloire: "Em primeiro lugar, essa prata nos pertencia?".

A sra. Magloire estava boquiaberta. Após alguns momentos, o bispo continuou: "Sra. Magloire, fiquei com essa prataria por muito tempo. Ela pertencia aos pobres. Quem era esse homem? Com certeza, um homem pobre".

"Alas! Alas!", replicou a sra. Magloire, "não é para mim ou para a senhorita; para nós é tudo a mesma coisa. Mas para o senhor, monsenhor. Com o que o senhor vai comer agora"?

O bispo olhou espantado para ela: "Mas, será que não dispomos de travessas de estanho?". A sra. Magloire encolheu os ombros e disse: "Estanho fede".

"Bem, então algo de ferro". A sra. Magloire fez uma careta. "Ferro tem um gosto esquisito."

"Bem, então", argumentou o bispo, "utensílios de madeira".

Em poucos minutos estava à mesa, em que João Valjean sentara-se na noite anterior, tomando seu café da manhã. Enquanto fazia seu desjejum, monsenhor Bienvenu comentou, amavelmente, com sua irmã, que não disse nada, e a sra. Magloire, que murmurava, dizendo que realmente não havia necessidade nem mesmo de uma colher ou um garfo de madeira para mergulhar um pedaço de pão no copo de leite.

"Que idéia"!, disse consigo mesma a sra. Magloire enquanto andava de lá pra cá. "Hospedar esse tipo de gente e dar uma cama ao seu lado; e o que ganhamos em troca? Que maldição, pois ele não fez nada a não ser roubar! Oh, bom Deus! Arrepio-me toda só de pensar!"

Quando o irmão e a irmã levantam-se da mesa alguém bateu à porta.

"Entre", disse o bispo.

A porta se abriu. Um grupo estranho e vigoroso apareceu à porta. Três homens segurando um quarto pela gola. Os três homens eram guardas; o quarto, João Valjean. O tenente dos guardas, que estava na liderança do grupo, estava perto da porta. Ele se aproximou do bispo com uma continência militar.

"Monsenhor", disse ele.

João Valjean, ao ouvir isso, sombrio e parecendo totalmente abatido, ergueu a cabeça, com ar estupefato. Murmurou: "Monsenhor! Então, não é o vigário!".

"Silêncio!", disse o guarda. "E Vossa Excelência. O bispo."

Enquanto isso, monsenhor Bienvenu aproximou-se tão rápido quanto sua idade avançada permitia: "Ah, aí está você!", disse ele enquanto olhava para João Valjean. "Feliz em vê-lo. Mas também lhe dei os castiçais, eles também são de prata como o resto. Valem duzentos francos. Porque não os levou juntamente com os talheres?".

João Valjean abriu os olhos e olhou para o bispo com uma expressão indescritível. "Monsenhor", disse o tenente, "então o que esse homem contou é verdade? Nós o encontramos. Ele agia como um fugitivo e o prendemos para verificação. Ele estava com essa prataria".

"E ele lhes contou", interrompeu o bispo com um sorriso no rosto, "que isso lhe fora dado por um bispo idoso e bom, em cuja casa se hospedara. Entendi. E vocês o trouxeram de volta para cá? Pois foi apenas um engano".

"Se for assim", disse o tenente, "podemos deixá-lo ir".

"Por favor", replicou o bispo. Os guardas soltaram João Valjean que recuou.

"E verdade que estão me deixando livre?", murmurou como se falasse em sonho.

"Sim! Você pode ir. Entendeu?", disse o guarda.

"Meu amigo", disse o bispo, "antes de partir, aqui estão os seus castiçais, leve-os consigo".

Ele pegou os dois castiçais na prateleira, acima da lareira, e entregou-os para João Valjean. As duas mulheres observavam sem dizer uma só palavra, ou fazer qualquer gesto ou olhar, que pudesse perturbar o bispo.

João Valjean tremia. Pegou distraidamente os dois castiçais com expressão estupefata.

"Agora", disse o bispo, "vá em paz. A propósito, meu amigo, quando vier novamente, não precisa vir pelos fundos. Sempre pode entrar e sair pela porta da frente. Ela fica apenas fechada com um trinco, dia e noite". Depois, voltando-se para os guardas disse: "Senhores, podem ir". Os guardas se foram.

João Valjean saiu como se estivesse a ponto de desmaiar.

O bispo aproximou-se dele e disse em voz baixa: "Não se esqueça, nunca, que você me prometeu usar essa prata a fim de se tornar um homem honesto".

João Valjean, que não se lembrava de nenhuma promessa desse tipo, estava confuso. O bispo enfatizara bem as palavras ao pronunciá-las. Ele continuou solene: "João Valjean, meu irmão, você não mais pertence ao mal, mas ao bem. É sua alma que estou comprando para você. Eu a removo dos maus pensamentos e do espírito da perdição e a entrego a Deus!".

Victor Hugo
In: Os miseráveis
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Com muita freqüência diz-se que Deus cega e endurece os réprobos, volve-lhes o coração, o inclina e o impele, como ensinei mais extensivamente em outro lugar. De que natureza seja isso, de forma alguma se explica, caso se recorra à presciência ou à permissão. Portanto, respondemos que isso se dá de duas maneiras. Primeira como se, com efeito, removida sua luz, nada resta senão trevas e cegueira; ou, retirado seu Espírito, em pedra se torna nosso coração; ou, cessando-lhe a direção, à tortuosidade se transvia, com razão se diz que ele cega, endurece, inclina àqueles a quem priva da capacidade de ver, de obedecer, de seguir retamente. A segunda maneira, a qual se aproxima muito mais à propriedade dos termos, é que, para executar seus juízos, mediante o ministro de sua ira, Satanás não só lhes determina os desígnios, como lhe apraz, mas ainda lhes desperta a vontade e firma os esforços.

João Calvino
In: Operação de Deus em cada ato
domingo, 15 de novembro de 2009
120. Por que Cristo nos ordenou dizer a Deus "Pai nosso"?

R. Porque Cristo quer despertar em nós, logo no início como base da oração, respeito e confiança, como uma criança para com Deus. Pois Deus se tornou nosso Pai, por Cristo. E muito menos do que nossos pais nos recusam bens materiais, Ele nos recusará o que Lhe pedirmos com verdadeira fé (1).

(1) Mt 7:9-11; Lc 11:11-13

121. Por que se acrescenta: "que estás nos céus"?

R. Porque assim Cristo nos ensina a não ter idéia terrena da majestade celestial de Deus (1) e a esperar, da onipotência dEle, tudo o que é necessário ao nosso corpo e a nossa alma (2).

(1) Jr 23:23,24; At 17:24-27. (2) Rm 10:12.
sábado, 14 de novembro de 2009
O clima espiritual em que muitos cristãos modernos nascem não favorece crescimento espiritual vigoroso. Na verdade, todo o mundo evangélico é, em grande extensão, desfavorável ao cristianismo sadio. E não estou pensando no modernismo, de modo ne¬nhum. Tenho em vista antes a multidão de crentes na Bíblia, e crentes que usam o nome da ortodoxia... O fato é que não estamos produzindo santos hoje. Estamos conseguindo conversos a um tipo de cristianismo impotente, que tem pouca semelhança com o do Novo Testamento. O cristão bíblico, assim chamado, em seu tipo comum em nossos tempos, não passa de uma infeliz paródia da verdadeira santidade. Contudo, colocamos milhões de dólares atrás de movimentos para perpetuar esta degenerada forma de religião, e atacamos o homem que se atreve a desafiar a sabedoria dela.

A. W. Tozer
In: De Deus e o homem
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Não é de admirar que Deus se mantenha fiel à sua dádiva, porém, quanto a sermos, por nós mesmos, igualmente inabaláveis em nossa fé, isso é algo que está além do poder humano. Todavia, Paulo nos ensina que Deus tem a cura para nossa fraqueza ou defeito (como ele o chama), porque corrige nossa infidelidade e nos fortalece através de seu Espírito. Assim podemos glorificá-lo por meio de uma fé firme e constante.

João Calvino
In: Comentário de Segunda a Coríntios, 1:20
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Um dos meus hábitos na Internet é percorrer site de editoras, namorando os lançamentos e reparando como continuam belos os livros antigos. Foi assim, meio por acaso que me deparei com um lançamento: Henri Nouwen de A a Z.

Confesso que fiquei surpreso, pois embora o nome fosse levemente familiar, não me lembrava de ter lido alguma coisa dele. Minha surpresa aumentou quando após uma busca no Google eu descobri que se tratava de um padre católico romano. Confesso que depois de ler Calvino de A a Z e Agostinho de A a Z eu esperava um Lutero de A a Z ou então um Armínio de A a Z.

Fazendo um esforço para vencer meu preconceito, procurei algo escrito por ele e sobre ele na net. Descobri que ele tem admiradores entusiasmados no meio evangélico, entre eles Philip Yancey e muitos pastores. E realmente o homem parece ter uma envergadura espiritual enorme.

O blog Conhecer e Seguir a Jesus traz vários textos de Henri Nouwen e o Daniel's Site reproduz uma entrevista com ele e Richard Foster. Um texto mais acadêmico é Espiritualidade para o século XXI: o pensamento de Henri Nouwen. Para uma pesquisa mais abrangente, clique Aqui.

Ainda não me decidi se vou investir 34,90 para deixar minha coleção completa, mas digamos que estou interessado. Se este for o seu caso, visite o site da Editora Vida e se decidir ler, me diga o que achou.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Oh! Como precisamos conhecer a nós mesmos! Somos salvos? Estamos vivos em Cristo? Existe somente um instrumento que cria, detecta e confirma a vida eterna na alma do homem — ou seja, a Palavra de Deus. Portanto, o que Hebreus 4.12 afirma a respeito da Palavra é importantíssimo.

“A Palavra de Deus”

A expressão “Palavra de Deus” pode significar uma palavra falada por Deus sem um porta-voz humano. Mas, no Novo Testamento, esta expressão normalmente significa uma palavra ou mensagem que um homem fala como representante de Deus. Por exemplo, Hebreus 13.7 diz: “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram”. Portanto, a expressão, “Palavra de Deus”, em Hebreus 4.12, provavelmente se refere à verdade de Deus revelada nas Escrituras e que homens falaram uns para os outros na dependência da ajuda de Deus para entendê-la e aplicá-la.

“Viva e eficaz”

A Palavra de Deus não é morta ou ineficaz. Ela tem vida. E, devido a isso, ela produz resultados. Existe algo sobre a Verdade revelada por Deus, que a conecta com Deus como a fonte de toda a vida e poder. Deus ama a sua Palavra. Ele tem predileção por sua Palavra. Ele a honra com sua presença e poder. Se queremos que nosso ensino e testemunho produza efeitos, devemos permanecer fiéis a Palavra revelada de Deus.

“Mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas.”

O que faz esta Palavra viva e eficaz? Ela penetra. Com que propósito? Para dividir. O quê? Alma e espírito. O que isto significa?

O escritor sagrado nos dá uma analogia. É semelhante a dividir juntas e medulas. As juntas são a parte mais grossa, dura e exterior do osso. As medulas são a parte mais mole, macia, viva e interior do osso. Isso é uma analogia de “alma e espírito”. A Palavra de Deus é como uma espada bastante afiada, capaz de cortar diretamente da parte exterior, dura e grossa do osso até à sua parte interior, macia e viva. Algumas espadas, menos afiadas, podem atingir um osso, resvalar e não penetrar. Outras espadas penetram somente até ao meio das juntas grossas e duras de um osso. Mas uma espada pontuda, bem afiada, de dois gumes (afiados em cada lado da ponta), penetrará a junta até alcançar a medula. “Alma e espírito” são como juntas e medulas de ossos. “Alma” é aquela dimensão invisível da vida que somos por natureza. “Espírito” é aquilo que somos pelo novo nascimento sobrenatural. Jesus disse: “O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3.6). Sem o poder vivificador, criador, regenerador do Espírito de Deus em nós, somos apenas um “homem natural”, e não um “homem espiritual” (1 Co 2.14-15). Por conseguinte, o “espírito” é aquela dimensão invisível de nossa vida que somos por meio da obra regeneradora do Espírito Santo.

Qual é o principal ensino da afirmativa de que a “Palavra de Deus” penetra até ao ponto de “dividir alma e espírito”? O principal ensino desta afirmativa é que a Palavra de Deus revela o nosso verdadeiro “eu”. Somos espirituais ou naturais? Somos nascidos de Deus e estamos espiritualmente vivos? Ou enganamos a nós mesmos e ainda estamos espiritualmente mortos? “Os pensamentos e propósitos” de nosso coração são espirituais ou apenas naturais? Somente a “Palavra de Deus” pode “discernir os pensamentos e propósitos do coração”, como afirma Hebreus 4.12.

Falando em termos práticos, quando lemos ou ouvimos a Palavra de Deus, sentimos que ela penetra em nós mesmos. O efeito deste penetrar é revelar se há espírito ou não. Existe medula e vida em nossos ossos? Ou somos apenas um esqueleto sem medula viva? Existe “espírito” ou somente “alma”? A Palavra de Deus penetra fundo o suficiente, para mostrar-nos a verdade de nossos pensamentos e motivos, e o nosso próprio “eu”.

Renda-se a esta Palavra de Deus, a Bíblia. Use-a para conhecer a si mesmo e confirmar sua própria vida espiritual. Se existe vida, haverá amor, gozo e um coração obediente à Palavra. Dedique-se a esta Palavra, de modo que suas palavras se tornem a Palavra de Deus para outros e revelem a condição espiritual em que eles estão. Então, sobre a ferida causada pela Palavra, derrame o bálsamo da Palavra.

John Piper
Penetrado pela Palavra, Editora Fiel
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Quando as pessoas, mesmo as cristãs, atribuem o bem a Deus e o mal a Satanás, elas estão afirmando a heresia do dualismo. Este ensina Deus e o diabo são poderes independentes, como se fossem dois titãs lutando igualmente pelo domínio do universo. Muitos cristãos, por causa dessa cosmovisão dualista, pensam que Satanás hoje está no controle porque o mal anda prevalecendo.

Algumas pessoas crêem nesse tipo de dualismo porque tentam proteger de Deus e tornar a crença deles mais fácil de ser absorvida. Tentam evitar que Deus, de alguma forma, esteja ligado à presença do mal no mundo. Fazendo isso, isto é, atribuindo toda a responsabilidade final do mal a Satanás, tornam a crença do aparecimento do mal uma doutrina mais digerível. Obviamente, é muito mais fácil pensar em Deus como o “sumo bem” e de Satanás como o “sumo mal”. Ainda que essas pessoas consideram o primeiro mais forte e mais poderoso que o segundo, não é assim que a Escritura apresenta o quadro do governo do mundo.

Heber Carlos de Campos
In: A providência e sua realização histórica
segunda-feira, 9 de novembro de 2009


Fui berranteiro e ao me ver passar
Você surgia acenando a mão
Até que um dia eu aqui fiquei
Prezo no laço do seu coração
Vê ali esta, o meu berrante no morão do ipê
Vou cuidar melhor, porque foi ele que me deu você
Berrante por berrante, prefiro o do Sérgio Reis. Primeiro que o som é menos estridente, tem mais corpo, enfim, é mais sonoro. Segundo porque o instrumento em si é mais imponente. Se for para homens sair exibindo chifres por aí, pelo menos que seja um chifre responsa! Terceiro, que a música acompanhada pelo som de guampas do sertão é mais bonita que as melosidades dos shofaleiros.

À parte destes motivos, prefiro mesmo o berrante do Sérgio Reis porque ele não fica inventando pretextos religiosos para convencer pessoas a comprar e tocar berrante. Não diz que a igreja primitiva tocava berrante nos cultos, que o som do berrante espanta capeta ou que lembra a Jesus que ele tem que voltar logo. Não inventa que tocar berrante melhora a vida espiritual e faz o que nem oração e meditação na Palavra é capaz.

Seus motivos são mais simples e mais honestos. É um menino da porteira que pede para ouvir o som, é uma mulher que foi conquistada indiretamente por causa do berrante ou então uma saudade do tempo em que a boiada era conduzida por som de berrante e não confinada em carretas boiadeiras.

Por isso tudo e por gostar do evangelho simples e poderoso, que prescinde de firulas e frescuras, é que estou satisfeito com o berrante do Sérgio Reis e não quero ouvir nenhum shofar na igreja ou no vizinho.
domingo, 8 de novembro de 2009
116. Por que a oração e necessária aos cristãos?

R. Porque a oração é a parte principal da gratidão, que Deus requer de nós (1). Além disto, Deus quer conceder sua graça e seu Espírito Santo somente aos que continuamente Lhe pedem e agradecem, de todo o coração (2).

(1) Sl 50:14,15. (2) Mt 7:7,8; Lc 11:9,10; 1Ts 5:17,18.

117. Como devemos orar, para que a oração seja agradável a Deus e Ele nos ouça?

R. Primeiro: devemos invocar, de todo o coração (1) , o único e verdadeiro Deus, que se revelou a nós em sua palavra (2) , e orar por tudo o que Ele nos ordenou pedir (3). Segundo: devemos muito bem conhecer nossa necessidade e miséria (4) , a fim de nos humilharmos perante sua majestade (5). Terceiro: devemos ter a plena certeza (6) de que Deus, apesar de nossa indignidade, quer atender à nossa oração (7) , por causa de Cristo, como Ele prometeu em sua Palavra (8).

(1) Sl 145:18-20; Tg 4:3,8. (2) Jo 4:22-24; Ap 19:10. (3) Rm 8:26; Tg 1:5; 1Jo 5:14. (4) 2Cr 20:12; Sl 143:2. (5) Sl 2:11; Sl 51:17; Is 66:2. (6) Rm 8:15,16; Rm 10:14; Tg 1:6-8. (7) Dn 9:17-19; Jo 14:13,14; Jo 15:16; Jo 16:23. (8) Sl 27:8; Sl 143:1; Mt 7:8.

118. 0 que Deus ordenou pedir a Ele?

R. Tudo o que é necessário ao nosso corpo e a nossa alma (1) , como Cristo, o Senhor, o resumiu na oração que Ele mesmo nos ensinou.

(1) Mt 6:33; Tg 1:17.

119. Que diz esta oração?

R. "Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome;venha o teu reino,faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu;o pão nosso de cada dia dá-nos hoje;e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores;e não nos deixes cair em tentação, mas livra nos do mal; pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre. Amém" (Mateus 6:9-13; Lucas 11:2-4).
sábado, 7 de novembro de 2009
Enquanto o Espírito Santo procura convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8), certos pregadores apregoam a teologia da prosperidade.

O problema não é de hoje. É multissecular. O profeta Jeremias fazia o que podia para convencer os reis e o povo de Israel da famosa tríade que estava para chegar a qualquer momento: a guerra, a fome e a peste (Jr 14.12; 21.7; 24.10; 27.8; 29.17; 32.24; 34.17; 38.2; 42.17; 44.13). Enquanto isso, o profeta Hananias, no mesmo lugar e para o mesmo público, profetizava “prosperidade” (Jr 28.9, NVI e BP), ou “paz” (NTLH, ARA e BV), ou “felicidade” (Tradução da CNBB). Um e outro usavam a mesma introdução: “Assim diz o Senhor”.

Uma das notas de rodapé da Edição Pastoral Catequética explica: “Os falsos profetas lisonjeiam habitualmente o povo mediante promessas de prosperidade”. Outra nota, desta vez da Edição Pastoral, reforça: “Hananias é um falso profeta que recorre à demagogia, procurando dizer o que os ouvintes ‘gostam’ de ouvir e não aquilo que o povo ‘precisa’ ouvir”. Uma terceira nota de rodapé insiste: “[A prosperidade é] em geral a mensagem dos falsos profetas” (Bíblia de Estudos da NVI).

Jeremias não é o único profeta impopular da história de Israel. Todo verdadeiro profeta, por uma questão de compromisso, quase sempre diz o que não agrada. Mas sempre diz a verdade!

Fonte: Revista Ultimato, nr. 313 (Jul-Ago 2008)
Via: Bereianos
sexta-feira, 6 de novembro de 2009


Via: Voltemos ao Evangelho onde você encontra links para baixar o video para seu computador ou mp4.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
"Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo." Ap 3.20

O versículo de Ap 3:20 é comumente utilizado para comprovar que Jesus está à porta batendo e é o homem que decide abrir ou não a porta. A aplicação feita é sempre em defesa do livre arbítrio do homem, em contraposição à doutrina da graça eficaz, pela qual Deus não apenas dá o desejo como a capacidade de crer nEle. A interpretação arminiana desse versículo é bem expressa numa figura onde Jesus está do lado de fora de uma porta, segurando com uma mão uma luz e com a outra batendo numa porta sem trinco pelo lado de fora. Uma legenda normalmente informa que a falta de trinco se explica pelo fato de que a porta do coração só se abre pelo lado de dentro.

Vamos estudar esse versículo sob dois aspectos, primeiro de forma isolada e depois em seu contexto e veremos se o mesmo ensina o que se alega ensinar.

O versículo de forma isolada não ensina o livre arbítrio

O versículo coloca Jesus à porta, batendo e falando para que a abram. O que leva alguém abrir a porta é o ouvir a voz dEle. Uma vez aberta a porta, Ele entra na casa e faz uma refeição com quem abriu a porta. Mais longe que isso não se pode ir na interpretação isolada dessa passagem.

É importante notar que palavras como livre arbítrio, vontade, querer e escolha sequer aparece no texto, embora fique implícito que há duas possibilidade: abrir e não abrir. Mas não há uma declaração positiva a respeito do livre arbítrio nem uma interpretação natural e necessária que requeira isso.

Voltando ao ato condicionante do abrir a porta: o ouvir a voz de Cristo. O texto bíblico não diz "ao ouvir" mas "se ouvir", deixando claro que nem todos ouvem. Na pregação do Evangelho, o ouvir é fator determinante:

"Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi" Isaías 55:3

"Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos os pés dos que anunciam a paz, dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos obedecem ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem creu na nossa pregação? De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus." Romanos 10:14-17

O fato é que embora o Evangelho seja pregado a todos, sem distinção, nem todos ouvem o Evangelho, no sentido bíblico do termo:

"Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo"
Isaías 6:10


"Porque o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos; para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados" Mateus 13:15

Jesus deixa bem claro, no Evangelho de João, que nem todos ouvem Sua voz, crêem em Suas palavras e O seguem. E dá a razão disso:

"Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão"
João 10:26-28


"Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama pelo nome as suas próprias ovelhas e as conduz para fora. Depois de fazer sair todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e elas o seguem, porque lhe reconhecem a voz"
João 10:3-4


"Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor" João 10:16

"Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora e já chegou, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a ouvirem viverão" João 5:25

"Qual a razão por que não compreendeis a minha linguagem? É porque sois incapazes de ouvir a minha palavra" João 8:43

"Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso, não me dais ouvidos, porque não sois de Deus" João 8:47

Das palavras acima fica claro que nem todos ouvem a voz de Jesus, que aquelas que ouvem é porque são as suas ovelhas e que aqueles que não ouvem, não ouvem porque não "sois das minhas ovelhas" e "não sois de Deus". Como o ouvir não é uma ação autônoma do homem, mas algo operado por Deus nele, fica claro que Ap 3:20, visto isoladamente, não ensina o livre arbítrio.

Mas estudar uma texto de forma isolada não é uma boa prática de interpretação, pois o todo texto deve ser lido e entendido à luz de seu contexto. E quando colocamos o texto em questão dentro de seu contexto percebemos claramente que o mesmo não é dirigido a não crentes e que, portanto, não é uma passagem evangelística.

O versículo em seu contexto não se refere a evangelismo

Vejamos o contexto bíblico imediato e mediato do texto em consideração:

"Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo. Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas." Apocalipse 3:14-22

A série de sete cartas são dirigidas não a descrentes, mas aos crentes das igrejas estabelecidas na Ásia:

"Dizendo: O que vês escreve em livro e manda às sete igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia" Apocalipse 1:11

Da mesma forma, ao concluir cada carta, há um aviso solene:

"Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas" Apocalipse 3:22

Todo o texto contido nas cartas apocalípticas se dirigem e se referem à igreja, portanto a crentes. Não é um texto evangelístico no sentido que está falando a pecadores não crentes que precisam abrir a porta de seus corações a Jesus. Se bem que é verdade que as pessoas devem ser instadas a crerem na mensagem do Evangelho e a aceitarem a Jesus, mas o texto em apreço não é um apelo dirigido a quem ainda não se converteu.

A carta em que Jesus diz estar batendo à porta é dirigida ao "anjo da igreja" de Laodicéia, o que creio seja o pastor da igreja. Com isso, a mensagem é dirigida a todos os crentes laodicenses. Jesus é direto ao dizer "conheço as tuas obras" e ao taxá-los de mornos. Eram crentes autoconfiantes, visto não sentirem falta de coisa alguma, sem perceberem a sua realidade de pobreza espiritual. Apesar disso Jesus os ama e por isso a disciplina seria certa. Conclama-os ao zelo e ao arrependimento. Todas essas palavras deixam claro que Jesus está se dirigindo a crentes e não a descrentes. Pois somente as obras de crentes tem valor gradual, a dos descrentes não tem valor algum, somente os filhos são disciplinados e somente crentes podem ser ter zelo com as coisas de Deus. Após dirigir essas duras palavras, e no mesmo fôlego, Jesus diz "eis que estou à porta e bato". Não há nada no texto que sugira, nem de longe, que Jesus mudou os destinatário de suas palavras. Ele continua falando com crentes, o que fica claro por dizer em seguida "ao vencedor", título somente atribuível aos feitos mais que vencedores por Cristo e pelo aviso solene para ouvir o que o Espírito diz "às igrejas".

A conclusão é que Apocalipse 3:20 não é dirigido a inconversos, mas a uma igreja que confiante em seus próprios recursos torna-se independente de Jesus, negando o Seu senhorio e, na prática, deixando-o de fora de seus assuntos. É um igreja em que Jesus bate à porta, querendo assumir a posição de centralidade que lhe é de direito, como aquele que é o cabeça da igreja. Concluir que Jesus está batendo à porta do coração de pecadores é fazer uma aplicação com demasiada liberdade de um texto fora de seu contexto.

Conclusão

Um texto deve ser compreendido à luz de seu contexto, apoiado sempre por passagens paralelas e em conformidade com o ensino geral das Escrituras, tendo em mente que a revelação bíblica é progressiva.

Assim, a análise isolada de um texto não serve para referendar uma doutrina, exceto se a mesma for ensinada claramente em outras passagens bíblicas. Não é o que ocorre com o popular, mas extra-bíblico, livre arbítrio. Não há nas Escrituras uma só passagem que o declare, e mesmo as inferências feitas a partir de algumas passagens como a de Apocalipse 3:20, após melhor exame, demonstram-se totalmente falhas. Isto porque, ao chegar ao texto pressupondo existir o livre arbítrio, até parece que o mesmo é ensinado em tal passagem. Mas posto à prova, o pressuposto mostra-se um equívoco.

Assim é que mesmo analisado de forma isolada, Apocalípse 3:20 não ensina nem dá apoio à filosofia humanista do livre arbítrio. E quando iluminado pelo contexto, tal passagem sequer está se referindo ou dirigindo a não crentes, mas a crentes mornos que negligenciaram o senhorio de Cristo e desenvolveram um falso senso de auto-suficiência.

De uma forma ou de outra, o fato é que Apocalipse 3:20 não apóia, nem indiretamente, o precioso livre arbítrio humano.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Temos todas as oportunidades de aprender a respeito da vida e ensinos de Paulo, mas onde estão os Paulos do século vinte? Onde estão os homens preparados como ele e os seus companheiros para enfrentarem o frio, os naufrágios e os ladrões por amor do evangelho, e para agradecer a Deus os vergões que lhes dilaceravam as costas? Temos muitos servos de Deus sinceros e muitos e grandes pregadores. Mas onde estão aqueles que podem dizer com Paulo que não cessava noite e dia de admoestar a homens e mulheres, com lágrimas? É muito difícil, senão impossível, encontrar tais homens. Por quê? A razão, creio eu, está em que nós temos separado as nossas convicções bíblicas do nosso viver diário. Paulo nunca fez isso.

George Verwer
In: Vida em profundidade
terça-feira, 3 de novembro de 2009

No deserto, você recebe o "pão de cada dia", e não a "abundância de riquezas". É um tempo em que nada lhe falta para o suprimento físico e material, mas você não ganha tudo o que quer. Deus sabe do que você precisa para o suprimento espiritual, e nem sempre ele dá o que você acha que precisa!

Quando temos falta de alguma coisa, dizemos: "o Diabo atravessou o meu caminho". O problema é que nossa definição de necessidades e desejos difere da realidade. Achamos que o que queremos é uma "necessidade", quando a realidade é bem outra!

A Igreja tem de aprender o sentido das palavras de Paulo em Filipenses 4:11-13:

"Digo isto, não por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de es¬cassez; tudo posso naquele que me fortalece"

Paulo aprendeu que, na força de Cristo, poderia viver alegre na pobreza e na abundância. Entretanto, aqui na América, os crentes pensam diferente! Os que vivem na fartura sentem-se mais infelizes do que aqueles que sofrem necessidades diárias.

Se não possuímos algo do qual podemos nos gabar de que é nosso, achamos que alguma coisa nos "falta". Julgamos a fé de uma pessoa e mensuramos sua espiritualidade por aquilo que ela possui, quando deveríamos atentar para o carácter dela, e não para suas posses. Os israelitas fugiram do Egipto com muita riqueza; ouro, prata e tecidos finíssimos. Contudo, usaram o precioso metal para fazer ídolos no deserto, e os tecidos e jóias, como adorno, para dançar diante deles.

Na realidade, o bem que possuíam não era sinal de santidade! Somente duas pessoas, dentre as milhares que saíram do Egipto com idade acima de 20 anos, tinham o carácter necessário para entrar na terra prometida. Josué e Calebe entraram na terra porque tinham "espírito diferente". Seguiam a Deus de verdade (Nm 14:24)!

John Bevere
In: Vitória no deserto
segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A eleição é vista por muitos crentes sinceros e zelosos como uma nuvem negra que encobre a glória de Deus, quando não uma nódoa horrível em seu caráter. Pensam que a doutrina da eleição faz de Deus um ser arbitrário, injusto e cruel. Mas Paulo não tinha esse tipo de preocupação, muito pelo contrário. Ele apresenta a doutrina da eleição associando-a às mais elevadas qualidades de Deus, como o amor, a misericórida, a graça e a sabedoria.

Amor

O Deus que elege é um Deus de amor. Paulo escreve que "em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade" (Ef 1:4-5). O caráter amoroso da eleição também é percebido na palavra "beneplácito", que algumas versões traduzem como "desígnio benevolente", "bom propósito", "prazer" e "benevolência". Por isso Paulo refere-se aos crentes "como eleitos de Deus, santos e amados" (Cl 3:12) adicionando "reconhecendo, irmãos, amados de Deus, a vossa eleição" (1Ts 1:4).


Misericórdia

Quando Paulo escreve sobre a eleição, tomando Jacó e Esaú como exemplo, diz que "não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal (para que o propósito de Deus, quanto à eleição, prevalecesse)" (Rm 9:11), conclui que "não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia" (Rm 9:16). Os que pedem uma eleição justa se esquecem que a Escritura não faz da eleição um ato de justiça, mas de misericórdia. Porém, nem por isso é injusta, pois é sem negar o que é de direito de todos que Deus elege a quem não merece ser escolhido.


Graça


O apóstolo da graça é também o apóstolo da eleição. Por isso é com naturalidade que ele escreve que "no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça" (Rm 9:5). Paulo não poderia ser mais claro, mesmo assim esclarece mais, dizendo que "se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça" (Rm 9:6). Fazer a eleição depender de algo que o homem faz, seja o que for, até mesmo um ato de fé, não apenas deturpa a eleição em si, mas atenta contra a natureza da graça.


Sabedoria


Rejeitar a eleição apenas porque a mesma está mergulhada em mistério é falta de fé num Deus que é infinitamente sábio. Paulo preferia louvar a sabedoria de Deus nos aspectos que não compreendia na eleição. "Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus!" (Rm 11:33), exclamou. A incondicionalidade da eleição é exaltada na pergunta "Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído?" (Rm 8:35) e na conclusão "porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!" (Rm 8:36).


Concluímos que para o apóstolo Paulo o Deus da eleição é o Deus de amor e misericórdia que age graciosa e sabiamente. Isso deveria bastar para tranquilizar as mentes e corações que não conseguem aceitar um Deus arbitrário que elege sem nenhum fundamento. Pois o Deus da eleição soberana e graciosa não é assim.


Soli Deo Gloria