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quarta-feira, 31 de julho de 2013
A primeira vista, é surpreendente que Jesus tenha dito que os discípulos estariam melhor depois que ele os deixasse (16:7). Mas os homens seriam capazes de fazer coisas mais grandiosas por Deus quando o Espírito Santo viesse e habitasse nos discípulos do que poderiam fazer com a presença física de Jesus no meio deles; pois a vinda do Espírito significou a infusão de um novo poder divino. É à luz deste fato que devemos compreender a declaração de que os discípulos de Jesus deveriam realizar obras maiores do que as dele, "porque eu vou para o Pai" (14:12). 

Tais obras maiores, com toda a certeza, localizam-se na esfera espiritual, e não na esfera física. Nenhuma pessoa pode realizar uma obra maior, na esfera física, do que ressuscitar os mortos, como Jesus fez com Lázaro, que já estava morto havia quatro dias. As "obras maiores" consistem da transformação de vidas, operada pelo Espírito Santo, como um resultado da pregação do evangelho. Inclui-se, nesta fase, o ministério, que resulta no perdão dos pecados (João 20:23). Jesus, antecipando o Pentecostes, prometeu, aos seus discípulos, a outorga do Espírito Divino, pelo qual eles deveriam ser engajados no ministério de pregar o evangelho. Aqueles que aceitassem a mensagem deles experimentariam o perdão dos pecados; mas aqueles que os rejeitassem não obteriam esse perdão. Somente à medida que o representante de Cristo for dotado pelo Espírito de Deus pode engajar-se com sucesso, nesse ministério de fazer com que os homens abandonem seus pecados. E digno de nota o fato de que João nada diz a respeito das manifestações de êxtase ou de maravilhas com relação à vinda do Espírito. A missão primária do Espírito é exaltar a pessoa de Jesus e interpretar a obra realizada por ele para a salvação dos homens.

George E. Ladd
In: Teologia do Novo Testamento.
terça-feira, 30 de julho de 2013
Quando se expõe o solene e bendito tema da pré-ordenação divina, e o da eterna escolha feita por Deus de algumas pessoas para serem amoldadas à imagem do Seu  Filho,  o diabo envia alguém para argumentar que a eleição se baseia na presciência de Deus, e esta "presciência" é interpretada no sentido de que Deus previu que alguns seriam mais dóceis que outros, que responderiam mais prontamente aos esforços do Espírito e que, visto que Deus sabia que eles creriam, por conseguinte, predestinou-os para a salvação. Mas tal declaração é radicalmente errônea. Repudia a verdade da depravação total, pois defende que há algo bom em alguns homens. Tira a independência de Deus, pois faz com que seus decretos se apoiem naquilo que Ele descobre na criatura. Vira completamente ao avesso as coisas, porquanto ao dizer que Deus previu que certos pecadores creriam em Cristo e, por isso, predestinou-os para a salvação, é o inverso da verdade. As Escrituras afirmam que Deus, em Sua soberania, escolheu alguns para serem recipientes de Seus distinguidos favores (Atos 13:48) e portanto, determinou conferir-lhes o dom da fé. A falsa teologia faz do conhecimento prévio que Deus tem da nossa fé a causa da eleição para a salvação, ao passo que a eleição de Deus é a causa, e a nossa fé em Cristo, o efeito

PINK, A. W.
In: Os Atributos de Deus, Editora Fiel.
Em Jesus nós encontramos a personalidade perfeita. Ramm assinala: “Se Deus fosse um homem, esperaríamos que a Sua personalidade encarnasse a humanidade verdadeira. Somente Deus poderia dizer-nos como deveria ser um verdadeiro homem. Na piedade do Antigo Testamento, por exemplo, há antevisões do homem perfeito. Deve haver principalmente uma total consciência de Deus, aliada a uma completa dedicação e consagração da vida a Ele. Depois, na ordem de importância, vêm as outras virtudes, graças e atributos que caracterizam a humanidade perfeita. A inteligência não deve sufocar a piedade, a oração não pode ser um substituto do trabalho, o zelo não será o fanatismo irracional, e a discrição não se transformará em impassividade. Em Cristo nós temos a amálgama perfeita dos traços da personalidade, porque como Deus Encarnado Ele é a humanidade perfeita".

Schaff descreve o nosso Senhor, com referência a este ponto da nossa discussão, da seguinte forma: "Seu zelo nunca degenerou em paixão, nem Sua perseverança em obstinação, nem sua benevolência em fraqueza, nem sua ternura em sentimentalismo. Seu apego a coisas celestiais era isento do indiferentismo, da falta de sociabilidade ou da intimidade inconveniente; Sua abnegação era sem mau-humor; Sua moderação, livre da severidade. Ele combinava a inocência infantil com o vigor másculo, a devoção entusiasmada a Deus com um infatigável interesse pelo bem-estar do homem, o terno amor pelo pecador numa inflexível severidade contra o pecado, a dignidade dominadora com uma humildade cativante, a coragem destemida com uma cautela inteligente, a obstinada firmeza com uma suave bondade!”

Paul Litlle
In: Você pode explicar sua fé?
segunda-feira, 29 de julho de 2013
Este post é parte de um artigo maior. Se ainda não o fez, clique aqui para ler a primeira parte.

O que é pentecostalismo

Visto de forma isolada, o Movimento Pentecostal é o fenômeno religioso de maior destaque do século XX (REID, 199; MENZIES, 2002). Em 1900, o movimento não existia. Cem anos depois, em conjunto com os renovados, o grupo é maior que todos os outros evangélicos somados, ficando atrás apenas da Igreja Católica Romana em números absolutos (BARRET, 1982). Ao invés de se deixar ser tomado pelo triunfalismo, muitos pentecostais reconhecem que a sua influência não tem correspondido ao crescimento numérico, o que tem trazido perigos e desafios. 

Como movimento, o pentecostalismo encontra sua origem no trabalho do evangelista da santidade e pregador de cura divina, Charles F. Parham. Enquanto dirigia uma pequena escola bíblica em Topeka, Kansas, Parham instruiu seus alunos a lerem o livro de Atos em busca de uma evidência bíblica do batismo com o Espírito Santo. A pesquisa chegou a um espetacular resultado quando, no primeiro dia do ano de 1901, uma estudante, Agnes Ozman, falou em línguas (REID, 1990). Embora haja relatos de pessoas falando em línguas antes de 1901 e a terminologia batismo com o Espírito Santo tenha sido usada por evangélicos tradicionais antes disso, o ocorrido em Topeka é significativo por estabelecer a ligação entre batismo com o Espírito Santo como revestimento de poder e a evidência associada ao falar em línguas (MENZIES, 2002). 

Pouco anos depois um pregador negro do movimento de santidade, William J. Seymour foi convencido da experiência pentecostal e passou a pregá-lo em Los Angeles, onde finalmente estabeleceu uma missão pentecostal na Rua Azusa, na qual negros e brancos cultuavam juntos. Devido a localização estratégica de Los Angeles para viagens internacionais e a divulgação pela imprensa local do que acontecia nos cultos da igreja, muitos tiveram conhecimento e contato com a experiência pentecostal, que se espalhou pelo globo, embora manifestações pentecostais tenham surgido em várias regiões do mundo sem uma influência direta de Azusa (MENZIES, 2002).

O movimento pentecostal se distingue de outros ramos do protestantismo por dois pontos doutrinários: a crença no Batismo com o Espírito Santo como experiência distinta da conversão e na atualidade dos dons espirituais, especialmente o falar em línguas. Em geral, os pentecostais adotam uma soteriologia arminiana, são credobatistas, aceitam a cura divina e advogam uma escatologia premilenar. Contudo, tais convicções vieram do contexto onde o pentecostalismo surgiu e não são essenciais à pneumatologia pentecostal.

O Batismo com o Espírito Santo é definido como a experiência definitiva, subsequente à salvação, na qual a terceira pessoa da Divindade vem sobre o crente para ungir e conceder poder para o serviço (DUFFIEND, 1983). A experiência é relatada no Novo Testamento como o Espírito “caindo sobre”, “vindo sobre” ou sendo “derramado sobre” o crente, de forma repentina e sobrenatural. Os cristãos tradicionais enfatizam o aspecto soteriológico da obra do Espírito Santo (com o que os pentecostais concordam), e consideram o batismo com o Espírito Santo como experiência inseparável da regeneração, definindo-o como o ato do Espírito de Deus que coloca os crentes no Corpo de Cristo, a Igreja (KARLEEN, 1987). Os pentecostais enfatizam a separalidade e, não raro, a subsequência do batismo com o Espírito Santo em relação à experiência da conversão, recorrendo aos relatos de Atos para demonstrar que os que receberam o batismo com o Espírito Santo eram crentes, tinham se arrependido e entrado numa nova vida com Cristo antes disso (HORTON, 1996).

Apesar do Batismo com o Espírito Santo e o falar em línguas estarem relacionado entre si, expressando a singularidade da origem do movimento pentecostal (MENZIES, 2002), são questões separadas. Há quatro posições possíveis relacionadas ao Batismo com o Espírito Santo e com o falar em línguas como sinal (HORTON, 1996). Já nos referimos aos tradicionais que consideram o Batismo com o Espírito Santo indistinto da conversão, para estes não há evidência inicial, como o falar em línguas. Para os Unicistas, que também consideram o Batismo com o Espírito Santo como parte da conversão, o falar em línguas é evidência inicial obrigatória (JACKSON, 1984). Há os grupos que consideram o Batismo com o Espírito Santo usualmente como posterior à conversão, mas que nem sempre são acompanhadas do falar em línguas, como a Igreja O Brasil Para Cristo (CONVENSUL, sd). Finalmente, há os que defendem o Batismo com o Espírito Santo geralmente após a regeneração e sempre acompanhado do falar em línguas, posição das igrejas Assembléias de Deus (CPAD, sd). Mesmo estes últimos admitem outras evidências do Batismo com o Espírito Santo, como o fruto do Espírito, várias manifestações carismáticas e o poder dinâmico do Espírito Santo na vida do crente (HORTON, 1996). De qualquer modo, os pentecostais em geral creem na atualidade do dom de falar em línguas, seja como sinal inicial, seja como evidência contínua. 

O dom de línguas é o dom do Espírito Santo que consiste em habilitar uma pessoa para falar num idioma que não é seu (LOCKWARD, 2003). A exata natureza do dom de línguas é matéria controversa. Para os primeiros pentecostais, tratava-se de hetero-glossolália, a capacidade de falar idiomas desconhecidos por quem fala, mas compreensíveis para os ouvintes. Agnes Ozman falou o idioma chinês e outros alunos falaram em cerca de outros 20 idiomas diferentes. Para a maioria dos pentecostais, contudo, o dom de línguas é glossolália, a capacidade de falar num idioma desconhecido, tanto para quem fala quanto para quem ouve, daí a necessidade do dom de interpretar (DEIROS, 1997). O dom de línguas é utilizado para expressar adoração a Deus ou para pronunciar mensagens proféticas, neste último caso, por poucas pessoas e sucessivamente, sempre se fazendo acompanhar do dom de interpretação.

domingo, 28 de julho de 2013
A doutrina do arrependimento está ligada ao Evangelho. Pois assim diz o Senhor no Evangelho: “Que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações” (Luc 24.47).

Que é arrependimento? Por arrependimento entendemos uma volta atrás da mente no pecador provocado pela Palavra do Evangelho e pelo Espírito Santo, e recebida pela verdadeira fé, com o que o pecador imediatamente reconhece a sua corrupção inata e todos os seus pecados denunciados pela Palavra de Deus; e entristece-se por eles em seu coração, e não apenas os lamenta e francamente confessa diante de Deus com um sentimento de vergonha, mas também com indignação os abomina; cuidando agora zelosamente de emendar-se, num esforço constante em busca da inocência e da virtude, no qual esforço se exercita santamente em todo o resto de sua vida.

O arrependimento é verdadeira conversão a Deus. E este é o verdadeiro arrependimento, uma sincera volta para Deus e para todo o bem, e uma profunda aversão ao Diabo e a todo o mal.

O arrependimento é dom de Deus. Dizemos expressamente que este arrependimento é puro dom de Deus e não uma realização de nossas forças. O apóstolo ordena a um fiel ministro que diligentemente instrua aqueles que se opõem à verdade, “na expectativa de que Deus lhes conceda o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade” (II Tim 2.25). Lamenta os pecados cometidos. Aquela mulher que lavou os pés do Senhor com suas lágrimas, e São Pedro, que chorou amargamente e lamentou ter negado o Senhor (Luc 7.38; 22.62) mostram claramente como deve ser o espírito de um homem arrependido, lamentando seriamente os pecados que cometeu. Confessa os pecados a Deus. E o filho pródigo e o publicano no Evangelho, quando comparados com o fariseu, apresentam-nos as fórmulas mais adequadas de confessar os nossos pecados a Deus. O primeiro disse: “Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores” (Luc 15.18 ss). E o segundo, não ousando erguer os olhos ao céu, bate no peito, dizendo: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador!” (cap. 18.13). E não temos duvida de que foram aceitos em graça por Deus, pois o apóstolo São João diz: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso e a sua palavra não está em nós” (I João 1.9 ss).
sábado, 27 de julho de 2013
Clique na capa para ver o livro
E, agora, S. Paulo leva-nos à origem e à fonte, ou melhor, ao principal motivo que levou Deus a nos conceder seu favor. Não era suficiente que Deus revelasse os tesouros de sua bondade e misericórdia para nos atrair à esperança da vida celeste por meio do evangelho — ainda que isto signifique muito. Se S. Paulo tivesse omitido o que vemos aqui agora, as pessoas poderiam supor que a graça de Deus é comum a todos os homens e que Ele a oferece a todos sem exceção, e, conseqüentemente, que cada homem tem o poder de recebê-la de acordo com seu livre-arbítrio, o que significa que poderia haver algum mérito em nós... Entretanto, a fim de eliminar todo mérito da parte do homem, e para mostrar que tudo vem da pura bondade e graça de Deus, S. Paulo diz que Deus nos abençoou de acordo com sua prévia eleição.


João Calvino
In: Lawson L. Steven. A arte expositiva de João Calvino. São José dos Campos, SP: Editora Fierl, 2008.
sexta-feira, 26 de julho de 2013
Se Jesus é Deus, como alegou ser, então todas as coisas que Ele fez revelam a natureza e o caráter de Deus. Se Ele não é Deus, então o coração e a alma do Cristianismo não existem. Não há mais nada além de cascas mortas e vazias; e não a vibrante e viva fé que resgata homens dos seus pecados, restaurando sua relação com Deus. 

Vimos Jesus se relacionando com as pessoas dos Seus dias. Nós o vimos como mestre e realizador de milagres. Nós o ouvimos dizer: "Eu Sou", identificando a Si mesmo como Deus em relação aos homens. Consideremos agora quatro coisas que Cristo fez e que somente Deus pode fazer. 

Ele perdoou pecados. Um homem paralítico foi trazido a Jesus e descido até o salão por um buraco no teto (Marcos 2:1-12). Cristo viu que sua primeira necessidade era espiritual, não física, e disse-lhe: "Filho, os teus pecados te são perdoados" (v. 5); e então o curou. Mais tarde, enquanto Jesus comia na casa de um fariseu, uma mulher veio e lavou seus pés com suas lágrimas, enxugando-os com seus cabelos e ungindo-os (Lucas 7: 36-50). Jesus lhe disse: "Seus pecados estão perdoados" (v. 48). Em ambas as ocasiões os espectadores perguntaram: "quem é este?" Eles sabiam que somente Deus pode perdoar pecados. Somente Deus pode fazer isto. 

Ele outorgou vida. Quando Jesus falou de Si mesmo como "o pão da vida" (João 6: 35) e "a vida" (João 14:6), Ele estava dizendo que a vida tem sua origem nEle. Ele prometeu a vida eterna para o jovem rico e disse que "o Filho concede vida a quem Ele desejar" (João 5:21). A respeito dEle, disse Pedro: "vocé tem as palavras de vida eterna" (João 6:68). Jesus outorga vida. Somente Deus pode fazer isto. 

Ele ensinou a verdade. Quando Jesus ensinava, Ele falava com tal sabedoria que as pessoas ficavam perplexas. "De onde vém a este estas coisas? Que sabedoria é esta que lhe foi dada?" (Marcos 6: 2). Eles respeitavam também a autoridade com a qual Ele falava (João 7:46). Ele não falava como os profetas, que diziam: "assim diz o Senhor". Antes, dizia Ele: "em verdade, em verdade vos digo" (João 7: 17, 18). Ele falou a verdade. Só Deus pode fazer isto. 

Ele julgará o mundo. Várias vezes Cristo disse que Ele voltaria como juiz. Em João 5:22, por exemplo, Ele disse que o Pai tem confiado a Ele o julgamento do mundo. Ele é Aquele que separará as ovelhas dos cabritos (Mateus 25: 31-46). E um dia Ele negará a todos os que o negaram, condenando-os à morte eterna! (Mateus 10: 32, 33). Jesus é o juiz justo. Somente Deus pode fazer isto!

Martin R. Haas
Cristo, a Palavra Viva
quinta-feira, 25 de julho de 2013
Fullerton¹ observa que Calvino pode ser chamado o primeiro intérprete científico da história da igreja cristã. Calvino cria que a Escritura cumpre três funções:

(1) Torna claro nosso critério de Deus; (2) revela elementos na relação com Deus que não pode ser conhecido por meio da natureza; e (3) fala de Deus como redentor.

A Escritura é autoridade absoluta para nosso conhecimento de Deus. Ele cria que a inspiração é uma doutrina explicativa de uma experiência que já temos. É incerto se ele sustentava um critério de inspiração mecânica ou não. Rechaçou o método alegórico e enfatizou a interpretação literal das Escrituras.

Calvino insistiu que era necessária a iluminação do Espírito para a interpretação da Palavra de Deus. A verdadeira exegese é confirmada pelo testemunho interno do Espírito. Ele acreditava que a voz do Espírito vivo de Deus fala ao intérprete nas Escrituras.    

Calvino insistiu que o primeiro interesse do intérprete é deixar que o autor dissesse o que tem que dizer em lugar de atribuir-lhe o que pensamos que deveria dizer. A tarefa do intérprete é mostrar a mente do escritor. Considerava um sacrilégio o uso das Escrituras para o prazer pessoal. Ele se recusou a ler seus conceitos teológicos em sua interpretação das Escrituras.

Calvino recomendava que o exegeta atuasse com cautela no que se refere à interpretação da profecia messiânica. Encorajou os intérpretes a investigar a localização histórica de todas as Escrituras proféticas e messiânicas. Quis evitar o descobrimento de Cristo no Antigo Testamento através da interpretação alegórica em passagens onde Cristo não podia ser encontrado; entretanto, cria que Deus não se manifestou se não por meio de seu Filho, mesmo no Antigo Testamento.

Os princípios de interpretação de Calvino incluíam o significado literal (Método histórico-gramatical); o princípio Cristocêntrico, por meio do qual tanto o Antigo Testamento como o Novo Testamento apontava para Cristo; o rechaço do método alegórico; e o testemunho interior do Espírito. Produziu um comentário sobre toda a bíblia que ainda hoje é extremamente valioso.

Nota:
¹ Kemper Fullerton, Prophecy and Authority (New York: The Macmillan Co., 1919), p. 133

Fonte: A Interpretação da Bíblia - Estudos Teológicos Programados
Weldon E. Viertel, Edição de 1979 - Juerp.
Via: Marcio Melânia (email)
segunda-feira, 22 de julho de 2013
Historicamente, a relação entre calvinistas e pentecostais não tem sido sempre amistosas. Em muitas obras publicadas o tom belicoso não foi evitado. Contudo, em tempos mais recentes e de forma crescente, pentecostais em busca de uma teologia mais robusta tem se aproximado do calvinismo, enquanto estes tem demonstrado maior abertura à liturgia pentecostal. Mesmo assim, essa crescente minoria tem sido vista com cautela, tanto por pentecostais como por calvinistas. E embora se admita que seja “muito possível que um crente individual, ou uma igreja, creiam firmemente nos cincos pontos do calvinismo e ao mesmo tempo creiam no batismo com o Espírito Santo como segunda experiência e na continuidade do dom de línguas” (MACLEOD, 2005), tais crentes e igrejas são vistas como inconsistentes. A questão, pois, é se os dois sistemas são necessariamente auto excludentes ou existe compatibilidade entre as doutrinas distintivas de pentecostais e calvinistas.

O presente artigo não pretende ser uma defesa da doutrina pentecostal ou da teologia calvinista. Ao invés de investigar se os dois sistemas resistem a uma análise bíblico-teológica, parte-se da premissa de que ambos, ou pelo menos um deles, são verdadeiros, confrontando-os para descobrir se as duas teologias são fundamentalmente incompatíveis entre si. Dessa forma, o interesse recai sobre os eventuais conflitos entre os sistemas e sobre objeções recíprocas que apresentam, deixando de lado as objeções gerais com que os adeptos de uma ou outra corrente se deparam continuamente.

Não é raro, nas controvérsias teológicas, haver más representações das posições em debate. No que diz respeito ao pentecostalismo e calvinismo não é diferente, mesmo em obras tidas como de referência, que deveriam ser imparciais ao máximo. Neste trabalho serão seguidas as definições que concordem ao máximo com as oferecidas pelos próprios movimentos.

O que é calvinismo

O calvinismo é a tradição doutrinanária associada ao reformador João Calvino (1509-1564), que forma a base teológica de igrejas reformadas e presbiterianas e define o conteúdo das confissões de fé clássicas como a Confissão Belga (1561), o Catecismo de Heidelberg (1563), os 39 Artigos da Igreja Anglicana (1562, 1571), os Sínodos de Dort (1619) e a Confissão de Fé de Westminster (1647), entre várias outras. As Institutas da Religião Cristã, escrita por Calvino em 1536 e ampliada em sucessivas edições, expõe as características centrais da teologia reformada. Além da obra de Calvino, os escritos de Theodore Beza (1519–1605), seu sucessor em Genebra e de Heinrich Bullinger (1504–1575), de Zurique, autor da Segunda Confissão Helvética, contribuíram para a formação da tradição reformada, que se espalhou rapidamente no continente europeu e inspirou o surgimento do puritanismo na Inglaterra (REID, 1990).

O calvinismo é também definido como uma visão de mundo fundamentada num único ponto, o qual determina sua perspectiva da história, política, artes e de cada detalhe da vida (REID, 1990): a total soberania de Deus sobre a Criação, a História e a Redenção. Apesar do seu aspecto abrangente, o calvinismo é muitas vezes definido em termos de cinco pontos: Total Depravation (Depravação Total); Unconditional Election (Eleição Incondicional); Limited Atonement (Expiação Limitada); Irresistible Grace (Graça Irresistível); e Perseverance of the saints (Perseverança dos Santos) (ANDRADE, 2002). A origem dessa representação em cinco pontos remonta ao Sínodo de Dort, reunido entre 1618 e 1619 nesta cidade da Holanda, com o propósito de apresentar uma resposta aos chamados Cinco Pontos da Remonstrância, documento elaborado por dissidentes que pediam revisão da doutrina da salvação reformada (BUSWELL JR, 1983).

Depravação Total refere-se à condição do homem depois da Queda e significa que o pecado em seu poder, influência e inclinação afeta o homem por inteiro. Nosso corpo está caído, nosso coração está caído e nossa mente está caída. Não há nenhuma parte de nós que escape da devastação de nossa natureza humana pecadora (SPROUL, 2005). Isto não significa que o homem é tão mau como poderia ser, mas que ele nunca é bom o tanto que deveria ser. Neste estado não pode fazer nada que agrade completamente a Deus e sem a ação decisiva da graça divina não pode lograr ser salvo. Um termo correlato é inabilidade, que é a incapacidade de sairmos do estado de depravação. O homem não pode mudar o seu caráter ou agir de forma diversa dele. Não é capaz de conhecer as coisas espirituais, obedecer a lei de Deus e em seu estado carnal não pode agradar a Deus em nada. C. S. LEWIS (2005) captou bem a inabilidade do homem ao dizer que “quanto pior você é, mais precisa do arrependimento e menos é capaz de arrepender-se”. A única forma de sair dessa condição desesperadora é através de uma operação divina, chamada regeneração (WOOD, 1996).

O segundo ponto é chamado Eleição Incondicional e “consiste em que, antes da Criação, Deus selecionou da raça humana, antevista comod ecaída, aqueles a quem Ele redimiria, traria à fé, justificaria e glorificaria em Jesus Cristo e por meio dele” (PACKER, 1998). A eleição é dita incondicional por ser uma expressão da graça livre e soberana, não constrangida nem condicionada por qualquer coisa naqueles que são os seus objetos. Para o teólogo pentecostal DUFFIELD (1983), a “eleição é um ato soberano de Deus porque, sendo Deus, não tem que consultar-se com, nem perguntar a opinião de ninguém mais.  E na medida em que a eleição teve lugar ‘antes da fundação do mundo’ (Ef 1:4), não havia ninguém com quem Deus pudesse consultar. E todo homem tendo pecado e sendo culpado diante de Deus, Ele não estava sob obrigação de prover salvação a ninguém. A eleição é um ato da graça de Deus por esta mesma razão”.

Expiação Limitada é a visão de que a obra de Cristo na cruz foi intencionada em favor dos eleitos apenas, embora pelo seu valor fosse suficiente para todos (KARLEEN, 1987). Este talvez seja o ponto mais controverso do sistema calvinista, em parte por má expressão ou compreensão. O que o calvinista limita não é o valor da morte de Cristo. De acordo com calvinista SPROUL (2005), “a expiação de Jesus Cristo é suficiente para todos os homens. O valor do sacrifício que Cristo ofereceu ao Pai é de valor infinito. Há mérito na obra de Cristo para cobrir os pecados de cada ser humano que já viveu. Assim, não há limite de valor no sacrifício que foi feito. Neste sentido, o que Cristo fez na cruz é suficiente, objetivamente considerado, para cobrir os pecados de cada indivíduo no mundo”. A questão tem a ver com o propósito que Deus tinha ao enviar seu Filho com a missão de morrer na cruz: era tornar possível a salvação de todos ou certa a salvação dos eleitos? Os calvinistas respondem afirmativamente a esta última parte.

Graça Irresistível é o conceito teológico que denota que a obra de Deus na salvação de um indivíduo procede primeiramente de Deus e que não falha em trazer a pessoa para baixo dos benefícios da cruz, uma vez que não pode ser frustrada por seres humanos (KARLEEN, 1987). Assim, Deus sozinho é o autor da salvação, do início ao fim. Porém, o termo Graça Irresistível não é isento de confusão. Pode transmitir que a graça de Deus não sofre resistência, enquanto a Bíblia se refere aos que sempre resistem a graça divina. Por isso, alguns preferem o termo Graça Invencível, o que indica que a graça, embora possa ser resistida é finalmente eficaz nos eleitos. A Graça Irresistível tem a ver com a regeneração, que na visão calvinista é monergística, vale dizer, é um ato simples e exclusivo de Deus, no qual a alma do homem permanece passiva (HODGE, 2001).

A Perseverança dos Santos é a crença de que uma pessoa regenerada e verdadeiramente justificada pela fé em Cristo tem a salvação eterna e não pode perde-la (REID, 1990). É uma decorrência lógica dos pontos anteriores. Se Deus elegeu incondicionalmente um povo para salvar e se proveu uma expiação que assegura essa salvação, é inevitável que os eleitos para a vida eterna irão chegar a essa vida eterna. Em outras palavras, negar a perseverança dos santos é negar a graça soberana de Deus na eleição incondicional (BUSWELL JR, 1983). Novamente, argumenta-se que o termo Perseverança dos Santos não é o mais adequado, preferindo-se Perseverança do Salvador ou Preservação dos Santos. De qualquer modo, a perseverança é o aspecto visível da eleição e da expiação.  O que não significa que um crente regenerado não possa cair parcial ou temporariamente da fé. Nem que “uma vez salvo, salvo para sempre”, não importando a vida de santidade ou no pecado. Mas que se ele foi de fato salvo, então será reconduzido à fé e ao arrependimento, para alcançar a santidade necessária para ver o Senhor.

domingo, 21 de julho de 2013
Que é propriamente o Evangelho? E, embora nossos pais tivessem dessa maneira, nos escritos dos profetas, o Evangelho, pelo qual alcançaram a salvação em Cristo pela fé, contudo, o que se chama propriamente “Evangelho” são as notícias alegres e felizes pelas quais, primeiro por João Baptista, depois por Cristo, o Senhor, e depois pelos apóstolos e seus sucessores, se anunciou aos homens que Deus já realizou o que ele prometera, desde o princípio do mundo, e nos mandou, ou melhor nos deu o seu único Filho e nele a reconciliação com o Pai, a remissão dos pecados, toda a plenitude e a vida eterna. Portanto, a história apresentada pelos quatro evangelistas, explicando como isso foi realizado ou cumprido por Cristo, o que Cristo ensinou e praticou, e que aqueles que crêem nele têm toda a plenitude, e exatamente o que se chama “Evangelho”. A Pregação e os escritos apostólicos, nos quais os apóstolos nos expõem como o Filho nos foi dado pelo Pai, e nele tudo o que diz respeito à vida e à salvação, são também o que se chama corretamente “doutrina evangélica”, de modo que ainda hoje, se sinceramente pregada, não perde o direito a tão preclara designação.

Do espírito e da letra. Essa mesma pregação do Evangelho é também chamada pelo apóstolo “o espírito” e “o ministério do espírito”, porque pela fé ela se torna eficaz e viva nos ouvidos, ou melhor, nos corações dos crentes iluminados pelo Espírito Santo (II Co 3.6). A letra, que se opõe ao Espírito, significa tudo o que é externo, mas especialmente a doutrina da Lei, que, sem o Espírito e a fé, produz ira e excita o pecado nas mentes daqueles que não têm uma fé viva. Por isso o apóstolo chama a isso «o ministério da morte». Aqui é pertinente a palavra do apóstolo: “A letra mata, mas o Espírito vivifica”. Falsos apóstolos também pregavam um Evangelho corrompido, misturando-lhe a Lei, como se sem a Lei Cristo não pudesse salvar.

As seitas. Assim, afirmavam os ebionitas, descendentes espirituais do herege Ébion, e os nazaritas, que anteriormente eram chamados mineus. A todos estes nós condenamos, e pregamos ao mesmo tempo o puro Evangelho, ensinando que os crentes são justificados só pelo Espírito, e não pela Lei. Uma exposição mais detalhada deste assunto virá sob o título de “justificação”.

O ensino do Evangelho não é novo, mas muito antigo. Embora o ensino do Evangelho, comparado com o dos fariseus sobre a Lei, tenha parecido ser uma nova doutrina quando pregado por Cristo a primeira vez, o que também Jeremias profetizou a respeito do Novo Testamento, contudo, ele, na realidade não só era como ainda é, uma velha doutrina (que hoje ela é chamada nova pelos papistas, quando comparada com a doutrina agora recebida entre eles), mas na verdade é a mais antiga de todas no mundo. Com efeito Deus predestinou desde a eternidade salvar o mundo por Cristo, e manifestou ao mundo, através do Evangelho, esta sua predestinação e o seu conselho eterno (II Tim 2.9 ss). Disso é evidente que a religião e a doutrina evangélica, entre quantas já existiram, existem e virão a existir, é a mais antiga de todas. Por isso, afirmamos que todos os que dizem que a religião e a doutrina evangélica é uma fé surgida recentemente, e que não tem mais que trinta anos de existência, erram vergonhosamente e falam coisas indignas do conselho eterno de Deus. A eles se aplica a palavra de Isaías, o profeta: “Ai dos que ao mal chamam bem, que fazem da escuridade luz, e da luz escuridade; põem o amargo por doce, e o doce por amargo!” (Is 5.20).
sexta-feira, 19 de julho de 2013
Exercício interessante que fazemos em nossos cursos é pesquisar na Bíblia problemas enfrentados por alguns dos líderes mais proeminentes e a atitude que eles demonstraram. Um dos casos pesquisados foi o de Moisés. No decorrer da pesquisa, foram levantados sete problemas e a “resposta” de Moisés a cada um deles.

Veja o leitor a experiência de nosso “colega” Moisés, “pastor” da maior igreja que já existiu neste mundo: a congregação de Israel (a Qahal), em pleno deserto, e que foi alvo do seu ministério por quase quarenta anos: 

Problema 1:Incapacidade de comunicação, timidez (Êx 3.11-4.13).
Solução: Consciência do problema; aceitação da provisão de Deus: Arão; submissão e obediência.

Problema 2: Liderança centralizada (Êx 18.13-27) – Moisés liderava e julgava sozinho.
Solução: Aceitou assessoria; buscou a Deus; pôs em prática o conselho de Jetro (seu sogro e assessor) e delegou responsabilidade com autoridade.

Problema 3: Confrontação e contestação dos liderados – Rebeldia dos líderes mais próximos (Nm 12.1-16).
Solução: Manteve-se confiante em Deus e dependente de Deus; exercitou paciência e longanimidade; manteve-se convicto de seu chamado. E Deus cuidou de defendê-lo.

Problema 4: Idolatria do povo e desvio da fidelidade ao Senhor – Momento extremamente frustrante de seu ministério (Nm 32.1-36).
Solução: Santa indignação, intercessão pelo povo e identificação com ele. A disciplina veio de Deus. O líder não precisou explicá-la com as próprias mãos.

Problema 5: Oposição e resistência do adversário – no caso, Faraó (Êx 5-12).
Solução: Perseverança na missão, submissão ao Senhor e prontidão em fazer sua vontade e obedecer às suas ordens.

Problema 6: Problemas familiares – relutância em circuncidar o filho, separação da esposa e dos filhos que estiveram durante um tempo com o sogro (Êx 4.24-27).
Solução: Disposição de obedecer à Lei; ajuda do sogro e aceitação da esposa e dos filhos, de volta à sua tenda.

Problema 7: Sucessão do líder (Dt 31.1-8) – Sua própria sucessão.
Solução: Aceitou com humildade o fim da sua liderança; aproveitou e provisionou a pessoa certa que estivera junto dele desde o começo da jornada.

Dr. Irland Pereira de Azevedo
In: Quando a teologia faz diferença
terça-feira, 16 de julho de 2013
Não devemos nos deixar influenciar preconceituosamente pela ideia NÃO bíblica, mas popular, de que Deus nunca predestina as nossas decisões livres. 

Como seria possível que tamanho envolvimento divino na nossa vida não acabasse por influenciar profundamente as nossas decisões? Deus nos fez, por dentro e por fora. Para nos fazer como somos, Ele precisou controlar a nossa hereditariedade. Assim sendo, ele nos deu os pais que temos, e os seus pais e os pais deles. E para nos dar nossos pais, Deus precisou controlar muitas de suas decisões livres (como a decisão 'livre' dos pais de Jeremias em se casarem) e os seus pais e avós, etc. 

Além disso, vimos que Deus nos colocou no nosso ambiente, em situações que requerem de nós certas decisões. Ele decide quanto tempo iremos viver e faz acontecer nossos sucessos e fracassos, mesmo que esses acontecimentos dependam habitualmente de nossas livres decisões, em acréscimo a fatores externos. Visto que Deus havia planejado levar José ao Egito, e os seus irmãos não estavam, num sentido importante, livres para o matar, mesmo tendo a certa altura planejado faze-lo. Golias também não podia matar Davi, nem Jeremias poderia não ter existido. Os soldados romanos também não poderiam quebrar as pernas de Jesus quando ele estava pendurado naquela cruz, pois os profetas de Deus haviam declarado algo diferente.

As Escrituras nos ensinam diretamente que Deus causa nossas livres decisões. E não somente predestina o que acontece conosco, como também o que escolhemos fazer. A origem da decisão humana é o coração (Lc 6:45). Porem este coração está sobre o controle de Deus: "Como ribeiros de águas assim é o coração do rei na mão do Senhor; este, segundo o SEU querer, o inclina" (Pv 21:1). É isso que Deus fez como Ciro. Isso também é o que ele fez com Faraó do Êxodo (Rm 9:17; Êx 9:16). 

(...)

Deus controla as nossas decisões e atitudes livres, predizendo frequentemente essas decisões muito antes de acontecerem. Durante o exílio, Deus "fez" um chefe oficial babilônico, "conceder a Daniel misericórdia e compreensão" (Dn 1:9). Depois do exílio, o Senhor "os tinha alegrado, mudado o coração do rei da Assíria a favor deles (Israel)" (Ed 6:22). Frequentemente, e por vezes muito antes de o acontecimento ocorrer, Deus nos diz o que um ser humano decidirá livremente o que vai fazer. O ponto aqui NÃO é meramente que Deus tem conhecimento antecipado de um acontecimento, mas que Ele está cumprindo o Seu propósito por meio dele.

John Frame
In: Não há outro Deus
domingo, 14 de julho de 2013
Os antigos tiveram promessas evangélicas. O Evangelho opõe-se à Lei. A Lei opera a ira e anuncia a maldição, enquanto o Evangelho prega a graça e a bênção. São João diz: “Porque a Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (João 1.17). Não obstante, é perfeitamente certo que aqueles que viveram antes da Lei e sob a Lei não estavam totalmente destituídos do Evangelho. Tinham insignes promessas evangélicas, tais como estas: “A semente da mulher te ferirá a cabeça” (Gen 3.15). “Nela serão benditas todas as nações da terra” (Gen 22.18). “O cetro não se arredará de Judá ... até que venha Silo” (Gen 49.10). “O Senhor teu Deus te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos” (Deut 18.15; At 3.22) etc.

Promessas dúplices. Reconhecemos que duas espécies de promessas foram reveladas aos antigos, como também a nós. Algumas eram de coisas presentes ou terrenas, tais como as promessas da Terra de Canaã e de vitórias, e como, ainda hoje, as promessas do pão quotidiano. Outras eram naquela ocasião, e são ainda agora, de coisas celestiais e eternas, como a graça divina, a remissão de pecados, a vida eterna por meio da fé em Jesus Cristo.

Os patriarcas tiveram promessas não só carnais, mas também espirituais. Os antigos não tiveram, em Cristo, apenas promessas externas ou terrenas, mas também espirituais e celestiais. São Pedro diz: “Foi a respeito desta salvação que os profetas indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada” (I Pe 1.10). Donde também o apóstolo São Paulo diz: “O Evangelho de Deus... foi... outrora prometido por intermédio dos seus profetas nas Sagradas Escrituras” (Rom 1.2). Por isso é bem claro que os antigos não foram inteiramente destituídos de todo o Evangelho.
domingo, 7 de julho de 2013
A vontade de Deus nos é exposta na lei de Deus. Ensinamos que a vontade de Deus nos é exposta na Lei de Deus: o que ele quer ou não quer que façamos, o que é bom e justo, ou o que é mau e injusto. Portanto, confessamos que a Lei é boa e santa.

A lei natural. Esta lei foi escrita nos corações dos homens pelo dedo de Deus (Rom 2.15), e é chamada a lei natural; foi também esculpida pelo dedo de Deus nas duas tábuas de Moisés e mais pormenorizadamente exposta nos livros de Moisés (Êx 20.1 ss; Deut 5.6 ss). Para maior clareza, distinguimos: a lei moral contida no Decálogo ou nas duas Tábuas e expostas nos livros de Moisés; a lei cerimonial, que determina as cerimônias e o culto de Deus; e a lei judiciária, que versa questões políticas e domésticas.

A lei é completa e perfeita. Cremos que toda a vontade de Deus e todos os preceitos necessários a cada esfera da vida são nesta lei ensinados com toda a plenitude. De outro modo o Senhor não nos teria proibido de adicionar-lhe ou de subtrair-lhe qualquer coisa; nem nos teria mandado andar num caminho reto diante desta Lei, sem dela nos declinarmos para a direita ou para a esquerda (Deut 4.2; 12.32, 5.32, cf. Num 20-17 e Deut 2.27).

Porque foi dada a lei. Ensinamos que esta Lei não foi dada aos homens para que fôssemos justificados pela sua observância, mas antes para que, pelo seu ensino, conhecêssemos nossa fraqueza, nosso pecado e condenação e, perdendo a confiança em nossas forças, nos convertêssemos a Cristo pela fé. O apóstolo diz claramente: “A Lei suscita a ira”; “pela Lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rom 4.15; 3.20); “porque, se fosse promulgada uma Lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade seria procedente da Lei; mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que mediante a fé em Jesus Cristo fosse a promessa concedida aos que crêem... De maneira que a Lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé” (Gal 3.21 ss).

A carne não cumpre a lei. Ninguém poderia ou pode satisfazer a Lei de Deus ou cumpri-la, por causa de fraqueza da nossa carne que adere e permanece em nós até nosso último suspiro. Outra vez diz o apóstolo: “O que fora impossível à Lei, no que estava enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado” (Rom 8.3). Portanto, Cristo é o aperfeiçoador da Lei e o nosso cumprimento dela (Rom 10.4), o qual, com o fim de remover a maldição da Lei, foi feito maldição por nós (Gal 3.13). Assim, ele nos comunica, pela fé, o seu cumprimento da Lei, e a sua justiça e obediência nos são imputadas.

Até que ponto foi a lei ab-rogada. A Lei de Deus é, pois, ab-rogada na medida em que ela não mais nos condena, nem opera ira em nós. Estamos debaixo da graça e não debaixo da Lei. Além disso, Cristo cumpriu todas as formas da Lei. Daí, vindo o corpo, cessaram as sombras, de modo que agora em Cristo temos a verdade e toda a plenitude. Contudo, de modo nenhum rejeitamos por isso a Lei. Lembramo-nos das palavras do Senhor, que disse: “Não vim para revogar, vim para cumprir” (Mat 5.17). Sabemos que na Lei nos são ensinados os padrões de virtudes e vícios. Sabemos que a Lei escrita, quando explicado pelo Evangelho, é útil à Igreja, e que, portanto, sua leitura não deve ser excluída da Igreja. E, embora a face de Moisés estivesse recoberta com um véu, no entanto o apóstolo diz que o véu foi retirado e abolido por Cristo.

As seitas. Condenamos tudo o que os heréticos, antigos e modernos, ensinaram contra a Lei.