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segunda-feira, 30 de julho de 2012
"Longe de ti que faças tal coisa, que mates o justo com o ímpio; que o justo seja como o ímpio, longe de ti. Não faria justiça o Juiz de toda a terra?"
Nesta passagem Abraão apela em favor de seu sobrinho Ló e de sua família. Deus havia dito que destruiria as cidades da planície, onde Ló morava. Abraão argumenta com Deus que não seria justo que o justo perecesse juntamente e por causa do ímpio. Deus então concede que se fosse encontrado ali dez justos Ele pouparia as cidades, mas o relato diz que não havia tantos justos ali. E por isso destruiu as cidades, não sem antes tirar dali Ló e sua família. O texto não fala de uma predestinação universal, nem de livre-arbítrio, portanto não serve à tese do professor. Por outro lado, o fato de Deus não encontrar ali dez justos pesa em favor da depravação total, que nega o livre-arbítrio do homem. Além disso, o registro de que "aqueles homens lhe pegaram pela mão, e pela mão de sua mulher e de suas duas filhas, sendo-lhe o Senhor misericordioso, e tiraram-no, e puseram-no fora da cidade" (Gn 19:16) é uma boa ideia da eleição graciosa e da chamada eficaz. E a afirmação de que "destruindo Deus as cidades da campina, lembrou-se Deus de Abraão, e tirou a Ló do meio da destruição" (Gn 19:29) representa bem a segurança que os salvos desfrutam por causa da justiça de Cristo. Portanto, se a passagem reforça alguma doutrina, reforça as chamadas doutrinas da graça.


Soli Deo Gloria

Posts da Série: [Gn 3:15] [Gn 12:3
domingo, 29 de julho de 2012
Todos os crentes durante esta vida se encontram numa guerra contínua, opondo-se ao pecado, a si mesmos, ao mundo e ao diabo; e estão expostos a toda classe de aflições, tribulações e perseguições e assim estarão até que Cristo venha em seu Reino, sendo assim predestinados. Tudo que os santos desfrutam e possuem de Deus durante esta vida, é unicamente pela fé.

Artigo 31
Primeira Confissão Londrina, 1642/44

sábado, 28 de julho de 2012
A Bíblia conta acerca do nardo puro. Deus, deliberadamente usou este termo "puro" na Sua palavra para mostrar que é verdadeiramente espiritual. Mas se o vaso de alabastro não for quebrado, o nardo puro não fluirá. 

Por estranho que pareça, muitos ainda estão valorizando demasiadamente o vaso de alabastro, pensando que seu valor excede o do unguento. Muitos pensam que seu homem exterior é mais precioso do que seu homem interior. Este fica sendo o problema na igreja. Uma pessoa tem em grande estima sua habilidade, pensando que é bem importante; outra valoriza suas próprias emoções, e se estima como pessoa importante; outras têm alta consideração por si mesmas, e sentem que são melhores do que as demais, que sua eloquência ultrapassa a das demais, que sua rapidez de ação e exatidão de julgamento são superiores, e assim por diante. 

Nós, porém, não somos colecionadores de antiguidades; somos aqueles que desejamos cheirar somente a fragrância do unguento. Sem quebrar o exterior, o interior não surgirá. Deste modo, individualmente não temos qualquer fluir, como também a igreja não tem um caminho vivo. Por que, pois, devemos considerar-nos tão preciosos, se nosso interior retém a fragrância, ao invés de liberá-la?

Watchman Nee
A liberação do Espírito
sexta-feira, 27 de julho de 2012

O jovem rico amava tanto as suas riquezas que elas lhe serviram de impedimento para aceitar a vida eterna oferecida pelo Filho de Deus. Ao falar sobre a impossibilidade desse tipo de pessoas entrarem no reido de Deus, Jesus empregou a ilustração que é a impossibilidade de um camelo passar pelo buraco de uma agulha. Alguns tem imaginado que o buraco da agulha referido fosse uma portinhola, no muro de Jerusalém, atravé do qual pudesse finalmente passar um camelo, depois de muitos puxões e empurrões.

O grego de Mateus 19:24 e de Marcos 10:25 fala de uma agulha usada com linha, enquanto que o de Lucas 18:25 usa o termo médico que indicava uma agulha usada nas operações cirúrgicas. E evidente que ali não é considerada nenhuma portinhola, mas sim, o pequeno buraco de uma agulha de costura. Provavelmente era um provérbio comum para ilustrar cosias impossíveis. O Talmude fala por duas vezes de um elefante para o qual é impossível passar pelo buraco de uma agulha. Por conseguinte, quem quer que ame as riquezes, a ponto de isso impedi-lo de confiar em Jesus Cristo como Salvador, está impossibilitado de ser salvo.

Em resposta à pergunta feita pelos discípulos: "Então quem pode ser salvo?", Jesus respondeu: "Os impossíveis dos homens são possíveis para Deus" (Lucas 18:27). Nessa frase, as palavras "dos" e "para" são uma só no original, cujo sentido literal é "ao lado". Tome-se o lado do homem, na questão das riquezas, e torna-se impossível a salvação. Porém, tome-se o lado de Deus sobre a questão e a impossibilidade anterior se transforma em possibilidade.

Kenneth S. Wuest
Jóias do Novo Testamento Grego

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Nas palavras de John Stott: "O cristianismo é, em sua essência, a religião da ressurreição. O conceito de ressurreição constitui seu cerne. Remover esse conceito é destruir o cristianismo".

A ressurreição de Jesus Cristo declara que ele é, de fato, o Filho de Deus, conforme afirmou ser (Rm 1:4). Também prova que seu sacrifício pelo pecado foi aceito e que a obra da salvação foi completada (Rm 4:24, 25). Os que crêem no Salvador podem andar em "novidade de vida", pois ele está vivo e lhes dá poder (Rm 6:4; Gl 2:20). A ressurreição de Cristo também mostra que ele é o Juiz que, um dia, virá e julgará o mundo (At 17:30, 31).

Não é de surpreender, portanto, que Satanás tenha atacado a verdade da ressurreição. A primeira mentira de Satanás é a idéia de que os discípulos entraram no túmulo e roubaram o corpo de Cristo (Mt 28:11-15), algo extremamente improvável. O túmulo ficou sob forte vigilância (Mt 27:61-66); teria sido praticamente impossível aos apóstolos dominarem os soldados, abrirem o túmulo e pegarem o corpo. Mas o maior obstáculo era o fato de os próprios apóstolos não crerem que ele ressuscitaria! Tendo em vista sua incredulidade, por que roubariam o corpo e tentariam fraudar essa ressurreição?

A segunda mentira é a idéia de que, na verdade, Jesus não morreu na cruz, mas apenas desmaiou e recobrou a consciência ao ser colocado no túmulo, onde a temperatura era mais baixa. Mas Pilatos fez questão de confirmar a morte com o centurião (Mc 15:44), e os soldados romanos que quebraram as pernas dos dois ladrões sabiam que Jesus havia morrido (Jo 19:31-34). Além disso, de que maneira um "túmulo mais fresco" poderia transformar o corpo de Cristo de modo que fosse capaz de aparecer e de desaparecer bem como de atravessar portas fechadas?

A mensagem do evangelho baseia-se na morte de Cristo e em sua ressurreição (1Co 15:1-8). Os apóstolos foram enviados como testemunhas de sua ressurreição (At 1:22), e a ênfase do Livro de Atos é sobre a ressurreição de Jesus Cristo.

Isso explica por que Lucas escolhe como ponto culminante de seu Evangelho o relato de algumas das aparições de Jesus depois de haver ressuscitado. Sua primeira aparição foi a Maria Madalena (Jo 20:11-18); depois, apareceu às "outras mulheres" (Mt 28:9, 10) e, em seguida, aos dois homens no caminho de Emaús (Lc 24:13-22). Em algum momento, também apareceu a Pedro (Lc 24:34) e ao meio-irmão, Tiago (1 Co 15:7).

Naquela noite, apareceu aos apóstolos (Lc 24:36-43), quando Tomé não estava presente (Jo 20: 19-25). Uma semana depois, voltou a aparecer aos apóstolos, com o objetivo específico de ser visto por Tomé (Jo 20:26-31). Apareceu a sete dos apóstolos quando estavam pescando no mar da Galiléia (Jo 21). Antes da ascensão, também se encontrou várias vezes com os apóstolos, a fim de ensiná-los e de prepará-los para o ministério (At 1: 1-12).

Aos verdadeiros discípulos de Jesus, saber que o Senhor estava vivo fez toda a diferença.

Warren W. Wiersbe
Comentário Bíblico Expositivo
quarta-feira, 25 de julho de 2012
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A grande razão pela qual os homens morrem e morrem para sempre é porque eles querem. Eles querem ser os escravos do pecado, embora a morte seja o pagamento que certamente receberão pelo seu fatigante e laborioso trabalho. Os pecadores não querem ser purificados. "...ai de ti Jerusalém! Não te purificarás? Até quando ainda?" (Jer. 13:27). Não querem ser juntados debaixo das asas de Cristo, embora seja o único lugar de refúgio, tanto do furor de satanás quanto da ira de Deus. "Jerusalém, Jerusalém que mata os profetas, e apedreja os que te são enviados! quantas vezes quis eu juntar os teus filhos, como a galinha junta os seus pintos, debaixo das asas e tu não quisestes!" (Mat. 23:37). 

Não apenas isso, os desejos de muitos que freqüentemente já têm desprezado as admoestações e chamados de Moisés e dos profetas tendem tão desesperadamente para o pecado, que, embora pudessem ver as chamas e os tormentos que fazem outros sofrerem, mesmo assim não seriam persuadidos a desistir. "E disse ele: Não, pai Abraão; mas, se algum dos mortos fosse ter com eles, arrepender-se-iam. Porém Abraão lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tão pouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscitem". (Luc. 16:30-31).

Meu trabalho ao expor esta doutrina será, primeiro, demonstrar a verdade contida nela, que os homens morrem porque querem; segundo, para evidenciar que a incapacidade do homem fazer o que é bom, tão freqüentemente mencionada nas Escrituras, não contradiz esta doutrina.

Os argumentos para demonstrar que os desejos dos homens são a grande causa de sua morte e perdição são estes:

1. Um argumento será deduzido da corrupção natural e depravação da vontade do homem. E essa corrupção se evidencia na vontade do homem afastar-se de Deus, a Fonte da vida e da paz, e inclinar-se para o que é mal, embora o pecador (ai dele!) chame de bem aquilo que é mal e imagina ser doce aquilo que provará ser amargo e venenoso como toda picada de áspide.

Os pelagianos talvez assemelhem a vontade do homem a uma virgem pura, a qual escapou de ser deflorada na sua primeira apostasia, mas sabemos pelas Escrituras e pela experiência que o pecado original revela-se mormente na vontade. Aquele que não entende que seu coração é desesperadamente corrupto (Jer. 17:9), mostra um sinal de que seu coração o engana e ele nem sabe disso. Quanta incredulidade, quanto orgulho, quanta alienação da vida de Deus, quanta inimizade contra o mandamento, o qual é santo, justo e bom, existem na vontade do homem natural! Vejam Romanos, capítulo 7. A vontade, então, sendo tão completamente corrupta e exercendo tanta influência como exerce, impede a conversão a Deus e a santidade, o que a contraria muito. E conseqüentemente ela tem grande responsabilidade na perdição dos filhos dos homens.

2. Outro argumento será deduzido da reprovação e ira justas de Deus. Certamente Ele não os repreenderia tão duramente, Sua ira não fumegaria tanto contra eles por causa de suas teimosias e obstinações nos seus maus caminhos, se tivessem uma vontade sincera e faltasse apenas a força para fazer o que é bom. Quando o Senhor infligiu julgamentos sobre o Seu povo antigo, Ele falou da obstinação dele, da recusa em entender e ser regenerado, e isto Ele fez para vindicar a retidão de Suas mais severas maneiras de lidar com ele. Nós lemos que o Senhor testificou contra Israel pelos Seus profetas e videntes dizendo: "...convertei-vos de vossos maus caminhos, e guardai os meus mandamentos. Porém não deram ouvidos, antes endureceram a sua cerviz como a cerviz de seus pais, que não creram no Senhor seu Deus". (II Reis 17:13-14,18).

Agora, após sua obstinação, seguiu-se, e muito justamente, a ira de Deus e a destruição deles. Portanto, o Senhor estava muito irado com os filhos de Israel e os afastou de Sua vista.

Em segundo lugar, vou provar que a inabilidade dos homens em fazer o que é bom não frustra a doutrina de que os seus pecados e misérias permanecem à porta da vontade deles. O Espírito Santo, Aquele que torna humilde os filhos dos homens, põe por terra a opinião que eles têm de seu próprio poder e justiça e os faz usar a linguagem do profeta Isaías: "Certamente no Senhor tenho justiça e força..." - inferindo, portanto, que o homem em seu estado degenerado e pecaminoso é incapaz de fazer o que é espiritualmente bom. Por conseguinte, somos considerados fracos - "Não que sejamos capazes por nós, de pensar alguma coisa como de nós mesmos, mas a nossa capacidade vem de Deus". (Rom. 5:6; II Cor. 3:5). Somos considerados cansados e sem vigor (Is 40:29), e nosso Senhor nos afirma claramente em João 15:5: "Sem mim nada podeis fazer". Mas por tudo isso, embora nos falte a força para fazer o que é bom, nossa vontade é culpada do mal cometido por nós.

Não se pode imaginar que as Escrituras mencionem a incapacidade do pecador em fazer o bem como uma desculpa para ele fazer o mal, mas sim para dirigí-lo a Cristo quem pode fortalecê-lo a fazer todas as coisas (Fil. 4:13).

É verdade que o homem é incapaz, porém ele também não está disposto a fazer o que Deus requer dele, apesar de ser para o seu próprio bem. A razão pela qual ele continua no pecado e é subjugado por ele não é somente porque o homem não pode converter-se a si mesmo, e sim também, e principalmente, porque ele não está disposto a ser convertido.

Nathanael Vincent
In: Os puritanos e a conversão
terça-feira, 24 de julho de 2012
segunda-feira, 23 de julho de 2012
A doutrina da eleição é um fato bíblico para arminianos e calvinistas. Eles podemo divergir se essa eleição é condicional ou incondicional, individual ou corporativa. Mas se alguém nega a doutrina da eleição, nega um ensinamento claro das Escrituras, pois os termos eleição, eleitos e escolhidos ocorrem quase uma centena de vezes na Bíblia, boa parte relacionada a uma escolha feita por Deus, na eternidade. Portanto, um cristão não pode afirmar crer na Bíblia e rejeitar a doutrina da eleição, nem dizer que é arminiano.

Outro ponto em que há acordo entre arminianos e calvinistas é quanto à perseverança final dos eleitos. Nenhum arminiano que queira ser consistente em suas convicções sobre a eleição de Deus estará disposto a admitir que um eleito não irá perseverar na fé até o final. Aliás, a eleição condicional requer isso, pois Deus elege aqueles que desde a eternidade Ele anteviu que iriam crer e perseverar na fé. Portanto, a doutrina da perseverança dos eleitos é um ponto pacífico entre arminianos e calvinistas.

Espere aí, em que então discordam calvinistas e arminianos quanto à perseverança? De fato, uma parte dos arminianos concordam com os calvinistas nesse ponto, porém, outra parte, talvez a maioria deles, não hesitam em afirmar que um crente que está salvo hoje pode perder a sua salvação amanhã. O ponto de discórdia entre arminianos e calvinistas não é quanto a se um eleito pode perder a salvação, e sim se um regenerado a pode perder. Para os arminianos que rejeitam a segurança eterna, um crente regenerado pode cair da graça e perder sua salvação. Assim, é a graça da regeneração que pode ser perdida.

A conclusão inevitável é que no esquema arminiano a regeneração é inconsistente com a eleição e com a perseverança dos santos. Todo eleito será infalivelmente regenerado,mas nem todo regenerado foi eleito. E embora todos os que alcançarão a salvação final tenham sido regenerados, nem todos os regenerados perseverarão até o fim e serão salvos. Assim, a regeneração não é prova da eleição, tampouco garantia de perseverança. Disso tudo resulta que o novo nascimento não é algo assim tão importante no arminianismo.

Soli Deo Gloria
domingo, 22 de julho de 2012

Todos os crentes, pelo conhecimento da vida que é dada pelo Pai e que procedeu do sangue de Cristo, têm como um grande privilégio do Novo Pacto, paz com Deus e reconciliação. Assim eles, que estavam fora, são incluídos dentro, por aquele sangue e têm uma paz que está além de toda compreensão. Sim, e alegria em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por quem temos recebido a propiciação.

Artigo 30
Confissão de Fé Batista 1642/44
sexta-feira, 20 de julho de 2012

A obra do Espírito de Deus na regeneração da alma dos homens deve ser analisada diligentemente pelos pregadores do evangelho e por todos a quem a Palavra é outorgada.

Quanto aos pregadores, eles têm uma razão peculiar para atentarem a este dever, pois são usados e empregados nesta obra pelo Espírito de Deus, que os utiliza como instrumentos para a realização deste novo nascimento e vida. O apóstolo Paulo se intitulou pai daqueles que foram convertidos a Deus ou regenerados por meio da Palavra de seu ministério: “Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus” (1 Co 4.15). Ele foi usado no ministério da Palavra para a regeneração daqueles crentes e, portanto, era seu pai espiritual; e somente ele o era, embora mais tarde o trabalho tenha sido levado adiante por outros.

E, se homens são, no evangelho, pais de convertidos a Deus por meio do ministério pessoal deles, não há qualquer vantagem para alguém ter assumido, um dia, esse título se não teve qualquer envolvimento nessa obra, nem no seu sucesso. Assim, falando sobre Onésimo, que foi convertido por ele na prisão, Paulo o chama de seu filho, a quem havia gerado entre algemas (Fm 10). E declarou que isso lhe havia sido prescrito como o principal objetivo de seu ministério, que incluía a comissão de pregar o evangelho (At 26.17-18). Cristo disse-lhe: “Eu te envio, para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus”; essas palavras descrevem a obra que estamos considerando. Essa também é a principal finalidade de nosso ministério.

Certamente, é dever dos ministros compreender, tanto quanto puderem, a obra com a qual estão ocupados, para que não trabalhem no escuro nem combatam de forma incerta, como homens que desferem golpes no ar. O que as Escrituras revelam sobre esta obra, a sua natureza e a maneira como se realiza, suas causas, efeitos, frutos, evidências — tudo isso eles devem analisar diligentemente. Ser espiritualmente habilitado nisso é a principal arma de qualquer um para a obra do ministério. Sem esta habilidade, ele nunca estará apto a manejar bem a Palavra nem a apresentar-se como obreiro que não tem de que se envergonhar. Contudo, é raro imaginarmos com que fúria e perversidade de espírito, com que expressões de zombaria toda esta obra é mal interpretada e exposta ao desprezo.

Dizem a respeito daqueles que exercem esta função que eles “prescrevem longas e entediantes conferências de conversão, para declararem precisos e sutis processos de regeneração, visando encher a cabeça das pessoas com inúmeros medos e escrúpulos supersticiosos sobre os devidos graus da contrição piedosa, e os sintomas de uma humilhação completa”. Se algum erro quanto a essas coisas ou a prescrição de regras sobre a conversão a Deus e a regeneração pudesse ser atribuído a certas pessoas específicas que não são asseguradas pela Palavra da verdade; se tudo isso pudesse ser cobrado de pessoas em particular, não seria errado refletir sobre essas regras e refutá-las. Entretanto, a intenção dessas expressões é evidente, e a reprovação contida nelas é lançada na própria obra de Deus. E devo confessar que acredito na degeneração que se aparta da verdade e do poder do cristianismo, na ignorância das principais doutrinas do evangelho e no desprezo lançado, por meio destas e de expressões semelhantes, sobre a graça de nosso Senhor Jesus Cristo por aqueles que não somente se declaram ministros, e também declaram possuir um nível mais elevado que o dos outros, e que serão tristemente agourentos quanto a toda a situação da igreja reformada entre nós, se não forem reprimidos e corrigidos em tempo. Mas, no presente, o que afirmo sobre este assunto é:

1. O dever indispensável de todos os ministros do evangelho é inteirar-se totalmente com a natureza de seu trabalho, para que possam aquiescer à vontade de Deus e à graça do Espírito em sua realização na alma daqueles a quem ministram a Palavra. Também não podem cumprir seu trabalho e obrigação, de maneira correta, sem conhecimento apropriado dele. Se todos que os escutam nasceram mortos em delitos e pecados, se Deus os destinou para serem instrumentos de regeneração dessas pessoas, é uma loucura, da qual será necessário prestar contas um dia, negligenciar uma constante análise da natureza desta obra e dos meios pelos quais ela é realizada. A ignorância e a negligência quanto a esta necessidade, aliadas à carência de uma experiência do poder desta obra na alma deles é uma grande causa da falta de vida e do ministério não aproveitável entre nós.

2. Por semelhante modo, todos a quem a Palavra é pregada têm o dever de investigá-la. É para estes que o apóstolo fala: “Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados” (2 Co 13.5). A preocupação de todo cristão ou do que professa a religião cristã é provar e examinar em si mesmo a obra que o Espírito de Deus efetuou em seu coração. Ninguém o impedirá de fazer isso, exceto aqueles que desejam enganá-los e levá-los à perdição.

a) A doutrina da obra de pregação nos foi revelada e ensinada: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Dt 29.29). Não falamos em investigar ou informar-nos, com curiosidade, sobre as coisas ocultas, ou secretas, ou as ações encobertas do Espírito Santo. Falamos apenas sobre um esforço correto para pesquisar e compreender o ensino concernente a esta obra, tendo em vista esta finalidade: que possamos entendê-la.

b) É muito importante para todos os nossos deveres e confortos que tenhamos um entendimento apropriado da natureza da obra de pregação e de nosso próprio interesse nela. A análise de ambas essas coisas não pode ser negligenciada sem a maior insensatez; a isso podemos acrescentar:

c) O perigo de que os homens sejam enganados quanto ao assunto da regeneração, ou seja, a base sobre a qual se firmam e dependem o seu estado e condição eternos. É certo que, no mundo, muitos se enganam neste assunto; evidentemente, vivem num destes erros perniciosos: a) que os homens vão para o céu ou que podem “entrar no reino de Deus” sem nascer de novo, o que é contrário ao que nosso Salvador disse (Jo 3.5). b) Outro erro é o pensamento de que os homens podem nascer de novo e continuarem vivendo no pecado, mas isso contradiz 1 João 3.9.

John Owen
quinta-feira, 19 de julho de 2012

“Que nos salvou e nos chamou com santo chamado; não segundo as nossas obras, mas conforme seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho”. 2Tm 1:9-10

Há alguns homens nestes dias, que ficariam felizes se a verdade de Deus fosse destruída. Tais homens lutam contra o Espírito Santo, como bestas loucas, e se esforçam por suprimir as Sagradas Escrituras. Há mais honestidade nos papistas, do que nesses homens. Porque a doutrina dos papistas é muito melhor, mais santa, e concorda mais com as Escrituras Sagradas, do que a doutrina desses homens vis e perversos, os quais abatem a santa eleição de Deus; esses cães que latem para ela, e porcos que a dilaceram.

No entanto, sustentemos firmemente o que aqui nos é ensinado: Deus tendo nos escolhido antes do mundo ter seu inicio, devemos atribuir a causa da nossa salvação à Sua livre bondade. Devemos confessar que Ele não nos toma para sermos Seus filhos, por qualquer mérito de nós mesmos, pois não tínhamos nada para nos recomendar à seu favor. Portanto, devemos colocar a causa e a fonte da nossa salvação somente Nele e fundamentar a nós mesmos sobre isso, caso contrário, tudo que construirmos, virá a ser nada.

Devemos reparar aqui o que Paulo conecta, a saber, a graça de Jesus Cristo, com o conselho eterno de Deus Pai, e então ele nos traz nosso chamado, para que nós possamos ter a certeza da bondade de Deus e da Sua vontade, que teria permanecida oculta de nós, a menos que tivéssemos um testemunho disso.

Paulo diz em primeiro lugar, que a graça que repousa sobre o propósito de Deus, e que é compreendida nele, é dada em nosso Senhor Jesus Cristo. Como se dissesse: “Vendo que nós merecemos ser rejeitados e odiados como inimigos mortais de Deus, era preciso que fossemos enxertados, por assim dizer, em Jesus Cristo, para que Deus pudesse nos conceder e nos reconhecer como sendo Seus filhos. Caso contrário, Deus não poderia olhar para nós, a não ser para nos odiar, porque não há nada senão miséria em nós; estamos cheios de pecado, e estufados, por assim dizer, com todos os tipos de iniquidade”.

Deus, que é a própria justiça, não pode consentir conosco, enquanto considera nossa natureza pecaminosa. Portanto, quando Ele quis nos adotar antes do inicio do mundo, foi requisitado que Jesus Cristo fosse colocado entre nós e Ele, para que fossemos escolhidos em Sua pessoa, pois Ele é o Filho mui amado: quando Deus nos uniu a Ele, fez como Lhe aprouve. Vamos aprender a ir diretamente a Jesus Cristo se nós quisermos não duvidar da eleição de Deus: porque Ele é o verdadeiro espelho onde devemos contemplar nossa adoção.

Se Jesus Cristo é tirado de nós, então Deus é um juiz de pecadores, de modo que não podemos esperar por qualquer bondade ou favor em Suas mãos, mas, ao invés, esperar a vingança, porque sem Jesus Cristo, Sua majestade será sempre terrível e temível para nós. Se ouvirmos menção ao seu propósito duradouro, não podemos deixar de ter medo, como se já estivesse armado para nos mergulhar na miséria. Mas quando sabemos que toda graça reside em Jesus Cristo, então podemos estar certos de que Deus nos amou, embora fossemos
indignos.

João Calvino
In: Eleição, via Projeto Spurgeon
quarta-feira, 18 de julho de 2012

Aos eleitos Deus se revela e é por eles recebido, independentemente de quaisquer condições humanas: "Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado" (Mt 11.25-26).

Os postulados da fé, revelados nas Escrituras, são dádivas de Deus, não criações da inteligência humana ou resultados de seu misticismo. A mais extraordinária formulação confessional das origens do cristianismo foi emitida por Pedro: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" O Mestre, porém, lhe assegurou que tal declaração procedia da revelação e não de suas conclusões teológicas: "Não foi carne e sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus" (Mt 16.16-17). O mesmo Deus que se revela nas Escrituras e por elas manifesta sua vontade, também ilumina os seus escolhidos para entendê-las, aceitá-las e por elas se conduzirem, espiritual e eticamente.

A igreja é filha e serva da Palavra de Deus. Deus, autor da revelação, o é igualmente da fé, da regeneração e da santificação: "Assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor" ( Ef 1.4 ). A fé reformada firma-se, portanto, na revelação bíblica e na confissão magistralmente sumariada no Credo dos Apóstolos, base estrutural da monumental obra de Calvino, as Institutas.

O crente reformado sabe que todas as coisas procedem do Criador, são sustentadas e administradas por ele, tanto na ordem material ou cósmica como na espiritual. Conhecemo-lo, porque ele se revela a nós; temo-lo, porque ele se deu a nós; cremos nele, porque nos outorgou o maravilhoso dom da fé; caminhamos esperançosos, porque ele, na pessoa de seu Filho, é-nos caminho, verdade e vida; temos a vida eterna, porque ele, em Cristo, matou a morte; ressuscitaremos no último dia, porque ele ressuscitou, abrindo o caminho para a eternidade; estaremos com ele, porque ele nos chamou para estar com ele no seu reino.

Não cremos na Igreja nem no seu clero, porque o mesmo Deus da Igreja é o Senhor de cada um de nós. Cristo habita o seu corpo, mas também habita cada um de seus membros verdadeiros. A Igreja não é objeto de nossa fé, nem o que ela ensina fora e à margem das Escrituras deve ser matéria de crença; nossa confiança é depositada única e exclusivamente em Cristo Jesus, autor e consumador de nossa fé, Mediador de nossa redenção e de nossas orações. O livro da Igreja e o de cada um de seus membros é a Bíblia (Sola Scriptura), que é por ela e por todos os seus congregados autênticos tomada como única regra de fé e norma de conduta.

Assim, nós, os reformados, temos uma fé salvadora, que é dom de Deus, e uma fé confessional, firmada estritamente nas Escrituras Sagradas e solidamente orientada por nossos símbolos religiosos.

Autor Desconhecido
terça-feira, 17 de julho de 2012

O que mais a igreja necessita neste momento é de homens, homens do tipo certo, corajosos. O que se fala é que precisamos de um avivamento, que temos necessidade de um novo batismo no Espírito Santo - e Deus bem sabe que dessas duas coisas necessitamos - mas Deus não trará um avivamento para os ratos. Nem encherá os coelhos com o Espírito Santo.

Ansiamos por homens que se sintam prescindíveis na guerra da alma por já terem morrido para com as tentações deste mundo. Tais homens são os que foram libertos das compulsões que controlam os que são mais fracos. Eles não serão forçados a fazer coisas pela imposição das circunstâncias. Sua única compulsão virá do seu próprio interior - ou de cima.

Essa liberdade é necessária, se é que queremos ter profetas em nossos púlpitos novamente, em vez de mascotes. Esses homens libertos servirão a Deus e aos homens com uma motivação ao elevada que não será compreendida pelas pessoas comuns religiosas que entram e saem do santuário. Eles nada decidirão compelidos pelo medo, nada farão simplesmente para agradar, não aceitarão serviço algum por razões financeiras, não realizam nenhum ato religioso simplesmente por ser um hábito, nem se deixarão ser influenciados pelo amor à publicidade ou pelo desejo de alcançarem uma boa reputação.

Muito do que a igreja - até mesmo a igreja evangélica está fazendo hoje em dia está sendo feito porque ela tem medo caso não faça. Associações ministeriais assumem projetos por terem sido levadas pelo medo a assumilos. Seja o que o seu reconhecimento bisbilhoteiro e o seu medo os levar a acreditar - ou a temer, crendo que é o que o mundo espera que eles façam, isso estarão fazendo na segunda-feira seguinte com todo tipo de zelo forjado e de demonstração de piedade. E a pressão da opinião pública que chama esses profetas, não a voz do Senhor.

A verdadeira igreja nunca sonda quais são as expectativas das pessoas em geral, antes de se lançar a realizar alguma campanha. Seus líderes ouvem a voz de Deus e vão em frente, quer tenham apoio popular
quer não o tenham. Agem por saberem que é a vontade de Deus, e os que com eles estão os seguem - às vezes para o triunfo, mas com frequência para o recebimento de insultos e perseguição pública - sendo a sua única recompensa a satisfação de estarem fazendo o que é certo num mundo errado.

A. W. Tozer
In: Este mundo: lugar de lazer ou campo de batalha?
segunda-feira, 16 de julho de 2012

Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento. Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem. Para com estes, cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para vida. Quem, porém, é suficiente para estas coisas? Porque nós não estamos, como tantos outros, mercadejando a palavra de Deus; antes, em Cristo é que falamos na presença de Deus, com sinceridade e da parte do próprio Deus. 2Co 2:14-17

Indo direito ao ponto, a pregação moderna é triunfalista e falsa. Triunfalista por estar contaminada e comprometida com o chamado evangelho da prosperidade. Falsa por estar divorciada do puro evangelho, o evangelho da glória de Deus. Da pouca pregação que há nas igrejas, a maior parte é diluída para agradar o paladar dos que não suportam a sã doutrina e poluída com filosofias humanistas, para atender a interesses monetários dos profetas da confissão positiva.

E os tais não são poucos, pois Paulo se referiu aos "tantos outros" que estavam "mercadejando a Palavra de Deus". Se em seus dias era assim, nos nossos a proporção de mascates da fé parece ter aumentado, cumprindo-se o alerta de que viria um "tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências" (2Tm 4:3). Hoje, a sã doutrina não apenas é negligenciada, mas acusada de ser causa de divisão na igreja. Por isso rareiam os que firmam posição ao lado da verdade e pululam os que buscam popularidade e ganho fácil junto aos que preferem uma mensagem conforme às suas concupiscências.

Tais pregadores estão “mercadejando a Palavra de Deus”. Mercadejar refere-se a vendedores ambulantes, que percorriam ruas e cidades oferecendo suas mercadorias. Eles não tinham escrúpulos em adulterar seus produtos para lucrar mais, por isso o termo tanto significa comercializar como falsificar. Apropriadamente, a ARC os chama de "falsificadores da palavra de Deus”. O que a Bíblia está dizendo é que tais pregadores não apenas falsificam a Escritura, mas o fazem de forma deliberada com o sórdido objetivo de obter lucro para si. São comerciantes da Palavra de Deus, e comerciantes desonestos.

É o caso quando usam a declaração "graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos conduz em triunfo" (2Co 2:14) para afirmar que Deus faz o crente triunfar "sempre" (em todo o tempo, constantemente) e "em todo lugar". Pois não é isso que Paulo está ensinando. Pelo contrário, ele refere-se ao desfile em triunfo que um general romano fazia ao retornar vitorioso de uma batalha, trazendo despojos e cativos. Ele desfilava pela cidade, seguido pelos prisioneiros, enquanto o povo o aclamava e queimava incenso. Para os prisioneiros que seriam poupados e serviriam como escravos, o perfume era agradável, pois significava a vida, mas para os que estavam destinados à execução, era um cheiro de morte. Paulo se incluía entre os primeiros, colocando-se como um escravo voluntário do Conquistador Jesus.

Assim, mesmo aparentando estar frustrado com os resultados da sua pregação em Trôade, ele diz "graças sejam dadas a Deus", pois sendo um escravo conquistado e poupado da morte por Jesus, reconhecia o Seu direito de o levar num desfile triunfal por onde quisesse. Mas o triunfo, reitere-se, é de Jesus e não do escravo, que se contenta em ser "para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos como nos que se perdem", pois o Senhor, "por meio de nós, manifesta em todo lugar a fragrância do seu conhecimento". E isso se dá pela pregação fiel.

Esse tipo de pregação fiel apresenta algumas características que a distingue da pregação triunfalista. Começa com o reconhecimento da posição do pregador como escravo conquistado e conduzido numa procissão triunfal, como vimos. Ele não prega onde quer ou quando quer, mas onde o seu Senhor o levar. E reconhece a própria incapacidade de responder à altura de seu chamado, dizendo: "quem, porém, é suficiente para estas coisas?". Reconhece também que a fonte de sua mensagem não é ele próprio, nem os engodos dos profetas da prosperidade, pois fala "da parte do próprio Deus". Sendo a mensagem de Deus, ele a prega ciente da supervisão divina, prega "na presença de Deus". E pregando na presença de Deus, não lhe resta outro modo de pregar que não seja "em sinceridade".

O pregador fiel não tem dúvidas quanto aos resultados de seu ministério. Sabe que a Palavra não volta vazia, antes cumpre o que Deus determinou. Nos eleitos, produzirá fé salvadora, como “aroma de vida para vida”. Mas para os réprobos, a mesma pregação produz mais endurecimento, como um “cheiro de morte para morte”. De uma forma ou de outra, Deus é glorificado e o pregador regozija-se nisso. Logo, o pregador fiel não se ilude quanto à levar multidões à fé, nem se aflige se os resultados parecem poucos, pois não se desespera sabendo que nenhum eleito deixará de ouvir e crer no Senhor. E que os que não derem crédito à pregação e forem após os vendilhões de um evangelho corrompido é porque foram entregues à operação do erro, por não aceitarem a verdade.

Soli Deo Gloria
domingo, 15 de julho de 2012

Todos os crentes compõem um povo santo e santificado. Sua santificação é um dom do Novo Pacto e do efeito do amor de Deus manifestado na alma. Por este dom o crente está separado, em verdade e em realidade, tanto em sua alma como em seu corpo, de todo pecado e obras mortas, pelo sangue do Pacto Eterno, pelo qual obedece com perfeição evangélica e celestial a todos os mandamentos que Cristo, como Cabeça e Rei deste Novo Pacto, tem-lhe imposto.

Artigo 29
Primeira Confissão Londrina, 1642/44
quinta-feira, 12 de julho de 2012

Na igreja protestante, há dois segmentos: o Calvinismo e o Arminianismo. O Calvinismo enfatiza a eleição divina; o Arminianismo o livre arbítrio humano. O Calvinismo ensina que Cristo morreu para efetivar nossa salvação; o Arminianismo ensina que Cristo morreu para possibilitar a nossa salvação. Para um arminiano Deus escolhe o homem para a salvação, quando este crê; para um calvinista o homem crê porque foi escolhido. Vamos, examinar, agora, à luz de Efésios capítulo 1, versículo 4, a doutrina da eleição: “Assim como nos escolheu, nele, [em Cristo], antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele…”.

Em primeiro lugar, o autor da eleição. Deus é o autor da eleição e não o homem. Foi Deus quem nos escolheu e não nós a ele. Na verdade, jamais poderíamos escolher a Deus. Estávamos mortos em nossos delitos e pecados. Éramos ímpios, fracos, pecadores e inimigos de Deus. Por isso, a escolha de Deus é incondicional. Deus não nos escolheu por causa dos nossos méritos, mas apesar dos nossos deméritos. Deus não nos escolheu porque éramos bons, mas apesar de sermos maus. Deus não nos escolheu porque cremos em Cristo; cremos em Cristo porque Deus nos escolheu (At 13.48). A fé não é causa da eleição, mas seu resultado. Deus não nos escolheu porque éramos santos; Deus nos escolheu para sermos santos. A santidade não é causa da eleição, mas sua consequência. Deus não nos escolheu por causa da nossas boas obras; Deus nos escolheu para as boas obras. Somos feitura de Deus, criados em Cristo Jesus para as boas obras.

Em segundo lugar, o tempo da eleição. O apóstolo Paulo diz que Deus nos escolheu antes da fundação do mundo. Não havia em nós qualquer mérito que justificasse essa escolha, uma vez que Deus colocou o seu coração em nós antes de nós colocarmos nosso coração nele. Sua escolha foi livre, soberana, incondicional e cheia de graça. Ele não deixaria de ser Deus pleno e feliz em si mesmo se não tivesse nos escolhido. Mas, ele, por amor, nos amou com amor eterno e nos atraiu para si com cordas de amor. E isso, desde os refolhos da eternidade. Ainda não havia estrelas brilhando no firmamento. Ainda os anjos de Deus não ruflavam suas asas cumprindo as ordens suas ordens. Ainda o sol não havia dado a sua claridade, e Deus já havia nos amado e nos escolhido para a salvação.

Em terceiro lugar, o agente da eleição. O apóstolo Paulo diz que Deus nos escolheu em Cristo. Ele é o amado de Deus, o escolhido do Pai. Nele somos amados. Nele somos eleitos. Nele somos perdoados. Nele somos remidos. Nele somos salvos. Não há salvação fora de Cristo. Não há nenhum outro nome dado entre os homens pelo qual importa que sejamos salvos. Jesus é único caminho para Deus. Ele é o único Mediador entre Deus e os homens. Jesus é a porta do céu. Não há eleição fora de Cristo. Vivemos pela sua morte. Somos purificados do pecado pelo seu sangue. O mesmo Deus que escolheu nos salvar, elegeu também nos salvar por intermédio de Cristo. Ninguém pode ser salvo e ninguém pode confirmar sua vocação e eleição, a menos que se renda a Cristo e o confesse como Salvador e Senhor.

Em quarto lugar, o propósito da eleição. O apóstolos Paulo afirma, categoricamente, que Deus nos escolheu em Cristo, para sermos santos e irrepreensíveis. Se o autor da eleição é Deus, se a causa da eleição é a graça divina, se o agente da eleição é Cristo, o propósito da eleição é a santidade. Deus não nos escolheu para vivermos no pecado; mas para sermos libertos do pecado. Cristo não morreu para que aqueles que permanecem em seus pecados tenham a vida eterna; ele morreu para que todo o que nele crê seja santo com Deus é santo. Se a santidade não é a causa da eleição, é sua evidência mais eloquente. Ninguém pode afirmar que é um eleito de Deus, se não há evidências de santidade em sua vida. Por isso, a Palavra de Deus é oportuna em nos exortar: “Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição…” (2Pe 1.10).

Hernandes Dias Lopes
quarta-feira, 11 de julho de 2012

A fé redentora não procede de um seguro conhecimento da verdade revelada. Tal conhecimento pode fazer do homem um teólogo, mas não necessariamente um crente verdadeiro, salvo por Cristo. Fé, que liga a Cristo, também não pode ser “confiança” advinda da certeza racional, psicológica e emocional, resultado de experiências místicas ( curas, milagres, visões...), pois tais coisas são observadas nos cultos idolátricos, nos centros espíritas e nos terreiros de macumba. Fé remidora, por outro lado, não procede da obediência irrestrita a princípios ou códigos legais, como o mosaico, por exemplo. 

A Fé Salvadora é dom de Deus, uma dádiva da misericordiosa graça divina aos eleitos, chamados, regenerados, justificados e salvos por e em Cristo Jesus. Sobre esta questão, ouçamos a palavra autorizada das Escrituras: "Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não (vem) de obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2.8,9). Deus confere o dom da fé salvadora somente aos seus eleitos. Ninguém crê, se Deus não lhe instilar no ser e na mente o dom da fé salvadora. A fé, pois, desponta como ação do homem, mas por operação divina no seu interior.

Autor Desconhecido
segunda-feira, 9 de julho de 2012

“Que nos salvou e nos chamou com santo chamado; não segundo as nossas obras, mas conforme seu próprio propósito e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a imortalidade, mediante o evangelho”. 2Tm 1:9-10
Se quisermos conhecer a livre misericórdia de nosso Deus em nos salvar, temos de ir até o Seu conselho eterno, pelo qual Ele nos escolheu antes da fundação do mundo. Disso vemos que Ele não considerou nossas pessoas, nem a nossa dignidade, nem qualquer mérito que poderíamos possivelmente possuir. Antes de nascermos, fomos arrolados em Seu registro. Ele já havia nos adotado por Seus filhos.

Portanto, vamos conceder tudo a Sua misericórdia, sabendo que não podemos nos orgulhar de nós mesmos, a não ser que venhamos furtar Dele a honra que lhe pertence.

Os homens têm se esforçado em inventar sofismas para obscurecer a graça de Deus. Porque eles dizem que, apesar de Deus escolher os homens antes do inicio do mundo, ainda assim foi de acordo com sua presciência que um seria diferente do outro. As Escrituras demonstram claramente que Deus não esperou ver se os homens eram dignos ou não, quando Ele os escolheu, mas os sofistas pensam que podem obscurecer a graça de Deus, dizendo que embora Ele não tenha considerado os méritos passados, Ele tinha um olho naqueles que estavam por vir. Pois dizem eles que embora Jacó e seu irmão Esaú não tivessem feito nem o bem nem o mal, e Deus tenha escolhido um e recusado a outro, ainda assim Ele previu – como todas as coisas são presentes para Ele – que Esaú seria um homem vicioso, e que Jacó seria como se mostrou posteriormente.

Mas essas são especulações tolas, porque elas simplesmente fazem de Paulo um mentiroso; os quais dizem que Deus não recompensa nossas obras quando Ele nos escolhe, porque Ele fez isso antes do inicio do mundo. Porém, embora a autoridade de Paulo fosse abolida, ainda assim a questão é muito clara e evidente, não só nas Sagradas Escrituras, mas também na razão, de modo que aqueles que fazem um escape desse tipo, se mostram homens vazios de toda a habilidade. Porque se buscarmos em nós mesmos à fundo, o que podemos encontrar de bom? Não foi toda a humanidade amaldiçoada? O que trazemos do ventre de nossa mãe, a não ser pecado?

Portanto, não diferimos nem um pouco uns dos outros, mas apraz a Deus tomar para Si aqueles que Ele quer. E por esse motivo, Paulo usa estas palavras em outro lugar, quando diz que os homens não têm do que se regozijar, pois nenhum homem se encontra melhor do que seus companheiros, a não ser porque Deus o distingue. Então, se confessarmos que Deus nos escolheu antes do inicio do mundo, segue-se necessariamente que Deus nos preparou para receber a Sua graça. Porque Ele concedeu sobre nós a bondade, que não estava em nós anteriormente. Porque Ele nos escolheu para sermos herdeiros do reino dos céus, mas também nos justifica e nos governa pelo Seu Espírito Santo. O cristão deve ser muito bem resolvido nesta doutrina, estando além de qualquer dúvida.

João Calvino
In: Eleição, via Projeto Spurgeon
domingo, 8 de julho de 2012

Os que são unidos com Cristo são justificados pelo sangue de Cristo, de todos os seus pecados, os do passado, os do presente e os que ainda estão por vir. Compreendemos que esta justificação é o perdão gratuito e livre dado por Deus, da culpabilidade de todo pecado. E que vem pela satisfação que Cristo fez com sua morte e aplicou ao pecador por meio da fé.

Artigo 28
Primeira Confissão Londrina, 1642/44.
sexta-feira, 6 de julho de 2012
Não há nenhuma pregação ou doutrina segura senão aquela que permanece fiel à Palavra de Deus. Segundo o mandamento divino, nenhuma outra doutrina deve ser pregada. Todo texto das santas e divinas Escrituras deve ser elucidado e explicado por outros textos. Esse Livro Santo é necessário, em todas as coisas, para o cristão; brilha claramente na sua própria luz e é vista iluminando as trevas. Estamos resolutos, pela graça de Deus e com a Sua ajuda, a permanecermos exclusivamente na Palavra de Deus, no santo evangelho contido nos livros do Antigo e do Novo Testamento. Somente essa Palavra deve ser pregada, e nada que seja contrário a ela. É a única verdade. É o juiz certo de toda doutrina e conduta cristã. Não pode nos enganar nem lograr.

Protestantes na Dieta de Speyer (1529)
quinta-feira, 5 de julho de 2012

Sendo um movimento bíblico e não uma religião organizada, os evangélicos têm existido desde os tempos dos Apóstolos. Pela providência de Deus, sempre tem havido os que rejeitam as tradições inventadas por homens, para crerem na mensagem da Bíblia concernente à salvação pela graça de Deus.

O acontecimento mais notável dos evangélicos teve lugar no século XVI com a Reforma Protestante. Este ocorreu porque alguns sacerdotes católicos e outros eruditos da época começaram a estudar a Bíblia seriamente para entender com mais precisão o ensino original de Jesus e dos Apóstolos. Descobriram sérias diferenças entre a Palavra de Deus e a Igreja Católica.

Protestaram sobre estas diferenças insistindo que a Igreja obedecesse à Bíblia. Porém a igreja os rejeitou. Isso nos faz lembrar Jeremias 6.16: “Assim diz o Senhor: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos”.

Este movimento protestante segue até os dias de hoje, talvez com mais de 55 milhões de membros no mundo. Os evangélicos aceitam a Bíblia como a única autoridade no tocante à doutrina e práticas religiosas. A Igreja Católica, contrariamente, aceita a tradição, os concílios e os decretos do Papa como autoridade final.

Manoel Canuto
In: A fé protestante
Luciano, do blog Ministério Cristão Apologético, apresentou uma refutação ao meu artigo Falarão Novas Línguas, intitulado As Novas Línguas, Segundo o Irmão Clóvis. O tom do artigo é amistoso, como deve ser nas controvérsias entre irmãos. Espero que ao apresentar esta tréplica eu consiga manter a cordialidade de nossa conversa.

Vamos repisar os argumentos apresentados por ambas as partes, embora seja recomendável que você leia os artigos referidos acima. Eu baseei minha defesa no fato de que Jesus diz que os crentes irão falar em novas línguas e não em outras línguas e mais decisivamente no fato de que kainos, o termo utilizado para novas, é utilizado para algo em si mesmo novo, inédito. É claro que para isso me apoiei nas distinções feitas pelos linguistas entre neos e kainos, uma vez que não tenho conhecimento para prescindir de tais apoios.

A réplica do Luciano, em síntese, é que em Atos 2 os discípulos falaram em idiomas terrenos, que Paulo usa “outras línguas” e não “novas línguas” em 1Co 14 e que kainos não se distingue de neos em Lc 22:20; Hb 8:8 e Hb 12:24. Antes de apresentar uma tréplica preciso dizer que gostei da abordagem dele, uma vez que não desqualifica simplesmente o que eu escrevo, mas procura apresentar contra-pontos bíblicos. Se parássemos por aqui, acho que já teríamos frutos. Mas, mesmo correndo o risco de estragar o conseguido até agora, vamos avançar um pouco mais.

1. As línguas faladas em Atos 2. Eu tratei um pouco mais extensamente do que farei aqui no artigo Falar em Línguas: Natureza e Atualidade - Parte 3, onde abordei a questão das línguas em Atos 2. Nele, admito que os galileus falaram em línguas que não tinham aprendido, e que os judeus oriundos da Diáspora e que então habitavam em Jerusalém os entenderam falando nos idiomas das terra onde nasceram. Porém, isso se deu como sinal para aqueles ouvintes, e não por necessidade evangelísticas, pois tratavam-se de judeus, que entendiam o aramaico e/ou o grego, falado pelos moradores da Palestina, inclusive Pedro, que aliás pregou-lhes o evangelho numa língua comum a eles. Portanto, o fato de as línguas faladas pelos crentes galileus em seu louvor a Deus terem sido entendidas pelos habitantes de Jerusalém não invalida o fato de que aquelas línguas eram novas no sentido primordial de kainos

2. Paulo não usa o termo novas línguas. Isto é um fato. Como é fato que Paulo não usa adjetivos para línguas, exceto na citação que faz de Isaías, referindo-se aos povos de língua estrangeira. Nas demais vezes, ou se refere à variedade de línguas (expressão que por si só não depõe contra ou a favor de nossos pontos de vistas) ou na maioria das vezes simplesmente línguas. Ora, é sabido que Paulo tem um vocabulário às vezes peculiar e nada sugere que ao não usar o qualificativo novas ele estivesse indicando que as línguas não eram novas em nenhum sentido. Temos aqui um simples argumento do silêncio, pois Paulo não usa kainos, como também não usa neos em relação à línguas.

3. Kainos não se distingue que neos. Acho que este ponto é mais decisivo na nossa disputa, uma vez que os habitantes de Jerusalém terem identificado as línguas faladas pelos galileus com seus idiomas maternos e Paulo não ter usado kainos/neos é pouco conclusivo. Para afirmar seu argumento, o irmão Luciano cita “Este é o cálice da nova [kainos] aliança...” (Lc 22:20), “...firmarei nova [kainos] aliança” (Hb 8:8) e “Mediador da nova [neos] aliança” (Hb 12:24). Devido a mesma aliança ser qualificada com kainos em Hb 8:8 e com neos em Hb 12:24, nosso irmão não vê distinção entre os dois termos. Mas será isso mesmo?

Em primeiro lugar, é reconhecido que kainos e neos são sinônimos e que ambos significam novo, sem serem mutuamente excludentes. Algo que é kainos pode ser chamado de neos, porém o inverso é improvável. No caso citado, a nova aliança é kainos no sentido que é qualitativamente superior à antiga, como também é neos, no sentido de que substitui e sucede a aliança da Lei. Assim, embora haja uma relação entre os dois termos sinônimos, eles não são simplesmente intercambiáveis.

Considere-se ainda que neos ocorre 20 vezes no Novo Testamento e kainos, 38. Nas 20 ocorrências de neos, o sentido é primariamente relativo ao tempo ou outro da mesma espécie: “vinho novo” (Mt 9:17; Mc 2:22; Lc 5:37-39), “moço” (Lc 15:12-13; 22:26; Jo 21:18; At 5:6; 1Tm 5:1-2,11,14; Tt 2:4,6; 1Pe 5:5), “nova massa” (1Co 5:7); “novo homem” (Cl 3:10). Já nas ocorrências de kainos, o sentido é primariamente relativo à qualidade, denotando superioridade ou ineditismo, algo que ainda não estreiou, não foi usado: “odres novos” (Mt 9:17; Mc 2:22; Lc 5:36,38), “coisas novas” (Mt 13:52; Ap 21:5), “nova aliança” (Mt 26:28; Mc 2:28; 14:24; Lc 22:20; 1Co 11:25; 2Co 3:6; Hb 9:15), “túmulo novo” (Mt 27:60; Jo 19:41), “nova doutrina” (Mc 1:27; At 17:19), “remendo novo” (Mc 2:21), “veste nova” (Lc 5:36), “novo mandamento” (Jo 13:34; 1Jo 2:7-8; 2Jo 1:5), “nova criatura” (2Co 5:17; Gl 6:15), “novo homem” (Ef 2:15; 4:24), “novos céus” (2Pe 3:13; Ap 21:1), “nova terra” (2Pe 3:13; Ap 21:1), “nome novo” (Ap 2:17; 3:12), “novo cântico” (Ap 5:9; 14:3), “nova Jerusalém” (Ap 21:2). Quando se examina o conjunto de ocorrências de neos e kainos é notório que o primeiro refere-se a outro da mesma classe, enquanto que o segundo se refere a outro de uma classe superior.

Essa distinção entre kainos e neos é reconhecida pelos dicionaristas. O Dicionário de Strong explica da seguinte maneira as nuanças entre os termos: “νεος é o novo quando contemplado sob o aspecto do tempo, aquilo que tem recentemente vindo à existência. καινος é o novo sob o aspecto da qualidade, aquilo que ainda não passou por revisão ou reparo. καινος, então, muitas vezes significa novo em contraste com aquilo que decaiu com a idade, ou gastou, sendo seu oposto παλαιος. Algumas vezes sugere aquilo que é pouco incomum. Implica freqüentemente em louvor, o novo como superior ao velho. Ocasionalmente, por outro lado, implica o oposto, o novo como inferior àquilo que é velho, porque o velho é familiar ou porque aperfeiçoou-se com a idade. Claro que é evidente que ambas νεος e καινος podem ser algumas vezes aplicadas ao mesmo objeto, mas de pontos de vista diferentes”.

Soli Deo Gloria
quarta-feira, 4 de julho de 2012

As Escrituras revelam-nos a graciosa ação divina no governo, na providência e na salvação dos escolhidos. A rebeldia da humanidade nas pessoas de Adão e Eva privou-nos do convívio direto com Deus, das relações benéficas da criatura com o Criador, do filho com o Pai, mas não eliminou a esperança, que se manteve na promessa da vinda de um Vencedor, humano como nós, que derrotaria Satanás. O anunciado foi sucessivamente e repetido, antes de realizar-se em Jesus Cristo, nascido de mulher e segundo a lei, na plenitude dos tempos. 

O advento do Messias decretou o fim do império satânico, pois o Diabo foi derrotado definitivamente, para que os eleitos fossem libertos. O Maligno governa sobre os réprobos, danificando-lhes o caráter e prejudicando-lhes o senso de justiça, de fraternidade, de honra e de caridade; indispondo-os contra Deus e seu povo, tornando-os egocêntricos e antropolátricos. Cristo, por outro lado, reina sobre os seus regenerados, santificando-os, irmanando-os na comunidade cristã, integrando-os internamente e gerando a fraternidade cristã pelos vínculos do Espírito Santo, que neles habita. O Diabo rege o mundo com seus mundanos; Cristo governa a sua Igreja com seus eleitos redimidos.

Autor Desconhecido
domingo, 1 de julho de 2012

Deus Pai, e o Filho e o Espírito, é um com todos os crentes, em sua plenitude, em suas relações, como cabeça e membros, como uma casa e seus moradores, como marido e esposa, um com Ele, como a luz e o amor, e um com Ele em sua herança e em toda a sua Glória. São filhos adotados por Deus, e herdeiros de Cristo, co-herdeiros com Ele da herança de todas as promessas nesta vida e na que está por vir.

Artigo 27
Primeira Confissão Londrina, 1642/44