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terça-feira, 6 de maio de 2014
A cultura pós-moderna é uma cultura fragmentada justamente porque não reconhece uma verdade absoluta, nem valores absolutos. Nesta quadra estão os que creem em X, naquela esquina estão os que creem em Y. Aqui estão os que praticam tal rito, ali estão os que já não praticam nenhum rito. "Naqueles dias não havia rei em Israel; cada um fazia o que bem lhe parecia" (Jz 21:25). E isto se dá muito mais ainda no mundo da religião - aquele campo que desde o Iluminismo tem sido visto como o campo das opiniões privadas, em contraste com o campo da verdade pública: a filosofia e a ciência. E a verdade é que como cristãos temos nos acomodado muito bem a esta realidade fragmentada. Não participamos dos debates públicos. Seria atrevimento nos pronunciarmos sobre temas da filosofia, da cultura, da economia. Na política nos metemos um pouquinho, mas é apenas pelos votos que como evangélicos podíamos mobilizar, não porque tínhamos um discurso cristão própria para o campo da política.

Parece que na América Latina as igrejas evangélicas tem abandonado a tarefa de serem contracultura, de ser resposta e alternativa à cultura imperante, e nos temos conformados em ser subcultura, uma fragmento a mais, uma opção a mais no supermercado de filosofias, seitas e religiões.

Nas últimas décadas tem se falado muito nos Estados Unidos da "guerra de culturas", uma guerra entre evangélicos conservadores e humanistas seculares sobre temas como o aborto, a educação pública e a religião, a homossexualidade e outra quantidade de temas controvertidos. Um autor cristão, ao comentar sobre esta guerra de culturas, faz a observação perspicaz de que os evangélicos perderam essa guerra faz tempo. Observa que os evangélicos nos EUA tem criado sua própria subcultura, com os mesmos valores da cultura dominante! Tem seus próprios programas e canais de televisão, sua diversão e entretenimento, sua publicidade paga, seus noticiários, revistas e ofertas especiais. Claro que ainda tem valores e princípios especiais, mas na realidade representam uma cópia da cultura que atacam. Tornaram-se uma subcultura e tem perdido a possibilidade de ser verdadeiramente uma contra-cultura.

Está é, também, a nossa realidade?

Theo G. Donner.
In: Fe y posmodernidad: Una cosmovisión cristiana para un mundo fragmentado.

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