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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A oração é imperativa: prega a palavra! E segundo a gramática, o imperativo é usado para indicar uma ordem, pedido ou exortação. Não há dúvida alguma de que essa é uma ordem de Paulo, e pesquisar o significado de “pregar a palavra” no contexto bíblico deveria ser nossa primeira preocupação para saber como responder à sua ordem. Será que “pregar a palavra” teria o mesmo significado de hoje, ou estaríamos agindo de uma maneira completamente diferente do que foi ordenado?

É comum utilizarmos a expressão pregar a palavra como sinônimo de evangelizar.
— Hoje tive a oportunidade de pregar a palavra ao meu vizinho...
— Fui convidado por meu irmão para pregar a palavra a seus amigos de trabalho...

Podemos até dizer que uma exposição bíblica doutrinária do pastor dirigida aos membros foi uma ótima pregação (substantivo), palavra ou sermão; mas dificilmente vejo o emprego da expressão pregar a palavra aos membros da igreja como referência a doutrinamento.
— Hoje, meu sermão será sobre mordomia.
— Durante o congresso de pastores, tive a oportunidade de trazer uma palavra sobre liderança nos moldes de Cristo.
— O irmão seminarista poderia preparar uma palavra sobre serviço para o encontro de diáconos da próxima semana?

É estranho dizer que um pastor pregou a palavra a outros pastores. O objeto indireto do verbo pregar parece estar invariavelmente impregnado pela ideia de ser alguém ainda não convertido, ou no mínimo desviado. Mesmo sem diferença alguma no significado das palavraspregação e pregar, não sei por que fazemos essa distinção entre elas, que são apenas diferentes em classe: uma é substantiva, e a outra, verbo. E acredito que, pelo mesmo motivo inexplicável, algumas pessoas são levadas a atribuir o significado de evangelização à ordem de Paulo para pregar a palavra.


André R. Fonseca

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