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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
Em minha denominação (O Brasil Para Cristo) há um movimento em favor da aprovação da ordenação de mulheres ao ministério pastoral. Por ser minoria, o movimento não tem logrado êxito em aprovar na Assembleia Nacional a sua petição, que aliás sofre grande rejeição por parte da maioria dos ministros. Em vista disso, tem sido adotada uma estratégia no mínimo sorrateira para tornar o termo pastora mais palatável no arraial brasilparacristiano: atribuir o título de pastora às esposas de pastores. De uma hora para outra, centenas de mulheres viraram pastoras e são assim distinguidas nas congregações e em congressos, simplesmente por terem se casado com pastores.

As razões apresentadas geralmente são três. São esposas de pastoras, logo, compartilham do ministério de seus maridos. Elas exercem funções que são próprias ao ministério pastoral, logo, são pastoras. E, finalmente, participam das agruras ministeriais de seus maridos, então é justo que sejam honradas tal qual eles são com o título de pastor.

Em relação ao primeiro argumento, é bom que se diga que a chamada para o ministério é pessoal ou melhor dizendo, individual. Pedro era casado, mas quando foi chamado para o apostolado, o chamado dizia respeito a ele somente. Mesmo que sua esposa a acompanhasse em suas viagens ministeriais, não era apóstola nem era chamada assim pela igreja. Paulo ao referir-se ao fato de Pedro e outros oficiais se fazerem acompanhar de suas esposas, não as chama de pastoras. “Porventura não temos o direito de levar conosco uma crente como esposa, como também os outros apóstolos, e os irmãos do Senhor, e Cefas?” (1Co 9:5). O fato de serem esposas de apóstolos não as distinguia como apóstolas. Elas são “uma crente esposa”, ou mais literalmente, “uma irmã esposa”. O casamento que faz homem e mulher uma só carne, não os torna um só ministério.

A mulher casada com um pastor não exerce por isso a função pastoral. Embora possa exercer na igreja algumas atividades que seu marido pastor também exerce, ela não faz na condição de pastor. É justo e ordenado que ela ensine as mulheres mais jovens, pois Paulo ordena “que instruam as mulheres moças a amarem seus maridos e seus filhos” (Tt 2:4). Podem e devem seguir o exemplo de Eunice que ensinou seu filho ao qual Paulo disse “desde a infância sabes as sagradas letras que te podem instruir para a salvação pela fé que é em Cristo Jesus” (2Tm 3:15). Porém, o mesmo Paulo vedou a elas o ensino autoritativo na congregação, atribuição do pastor: “não permito à mulher que ensine, nem que tenha domínio sobre o homem” (1Tm 2:12). Outros homens na congregação desenvolvem ministérios que se assemelham em aspectos ao ministério pastoral, mas nem por isso são ou devam ser chamado de pastores.

Alega-se, ainda, que ser esposa de pastor exige sacrifícios extras e que por isso é justo que ela seja honrada com o nome de pastora. Porém, alguma coisas devem ser ditas em relação a isso. A primeira, é que o termo pastor (e seus equivalentes presbíteros e bispos) não se refere a títulos honoríficos nas Escrituras, mas a função que essas pessoas exercem. Apóstolo, pastores, bispos, presbíteros etc. nunca aparecem antecedendo o nome da pessoa, como em títulos, mas sempre depois deles, como as funções. Em segundo lugar, se sofrimento e sacrifício rendesse título, o mais apropriado seria o de mártir, e não de pastor. Em terceiro lugar, não é apenas a esposa do pastor, mas toda a família afetada pelo ministério. Os filhos também o são, mas nem por isso devem ser chamados de pastorzinhos na igreja. Na lista de qualificações para o pastorado consta “que saiba governar bem a sua casa, tendo seus filhos em sujeição com todo o respeito” (1Tm 3:4), ou seja, esposa e filhos afetam e são afetados pelo ministério do marido e pai, mas não a ponto de reinvidicarem serem honrados ou distinguidos na igreja com títulos.

Disso tudo se desprende que é incabível esposa de pastor serem chamadas de pastora. A intenção disso é distinguir entre irmãos na igreja, o que é sempre danoso ao Corpo. Temos funções diversas, pois o Espírito nos usa com uma diversidade de dons, ministérios e operações, conforme Ele quer. Mas jamais devemos nos basear nisso para distinguirmos entre irmãos, pois isso, no dizer de Paulo, é pura carnalidade. Nenhum tratamento é mais honroso e deve ser mais almejado do que ser chamado de irmão e irmã.

Soli Deo Gloria

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