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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Antes de Agostinho, o pensamento cristão tinha dado expressão à sua fé, afirmando que Jesus, considerado como a Revelação de Deus, era também a revelação do que o homem foi destinado a ser desde a criação. Sendo assim, algo parece estar errado. O homem, com suas muitas expressões de visão curta, seu ânimo vingativo, seus incessantes crimes, tanto de comissão como de omissão, encontra-se muitíssimo aquém de revelar o mesmo espírito que houve em Jesus. Em face disso, a ortodoxia tinha declarado que na verdade o homem decaíra. Adão, o primeiro homem, tinha feito uso da liberdade que Deus lhe dera para fazer uma escolha contrária à vontade expressa de Deus e, em conseqüência, comprometera todo o gênero humano. Cristo foi enviado ao mundo para restaurar o homem de modo que lhe seja possível retomar sua posição original.

A doutrina de Agostinho, como se verifica em outros enunciados da ordodoxia, foi elaborada tendo-se em vista uma heresia. A heresia que tinha de ser combatida era de responsabilidade do monge inglês Pelágio. Pelágio insistia em afirmar que todo homem se encontra absolutamente livre para escolher o bem ou o mal em qualquer momento de sua vida. Insistia em que a queda de Adão não tinha afetado a mais ninguém além dele mesmo. Contra tais afirmações, Agostinho opunha a negação de que o homem seja livre no sentido de poder fazer o bem ou o mal. Trabalhando com a intuição de princípios que nos fazem lembrar os enunciados da moderna psicologia do subconsciente, Agostinho ressaltava que os impulsos que caracterizam a raça humana em suas manifestações pecaminosas são mais fortes do que a doutrina Pelagiana admite. Não se pode acreditar que o indivíduo, no início, seja como uma folha em branco; ele tem consigo elementos que vêm do meio social e outros hereditários. Pelo fato de que a herança é pecaminosa, verifica-se que o homem é pecador, isto é, o homem tem propensões para o pecado; ele tem uma tendência tão forte para a pecaminosidade que, a não ser mediante o socorro da graça Divina, ele não pode se livrar do mal. Em vez de ser livre, o homem, de fato, encontra-se preso a uma conduta pecaminosa, e poderá tornar-se livre só na medida em que Deus lhe proporcione a graça suficiente para que rompa as correntes que o prendem.

Agostinho situou a fonte do pecado original, isto é, a fraqueza ou incapacidade de fazer o bem, no sentimento do orgulho humano. Em uma renovada alusão à narrativa Bíblica concernente a Adão, Agostinho ressaltou que Adão tinha sido livre. Ele tinha a sua disposição tudo quanto desejasse enquanto vivia no Jardim do Éden. Entretanto, Adão desejou algo mais: ele quis ficar independente de Deus. Ressentiu de estar em situação de dependência com relação ao Criador; ele desejou tomar o lugar de Deus. Assim, iludido pela serpente que lhe tinha passado a idéia de que ele podia tornar-se como Deus, ele comeu do fruto da árvore. Isto é, a recusa do homem de aceitar a posição de criatura que lhe foi determinada, de modo a acomodar-se ao fim para que foi formado, leva-o à descabida presunção de querer ser igual ao Criador. Recusando-se a dar a Deus o lugar próprio em sua vida, o homem descobre que o resultado disso é o prevalecimento da concupiscência ou ambição desmedida com relação às coisas que há no mundo. Em outras palavras, uma vez que Deus deixa de ser o próprio centro da vida, o homem degrada-se a ponto de cometer todas as demais formas de pecado: torna-se avarento, lascivo, capaz de roubar o próximo, assassinar e comportar-se egoisticamente. 

W. E. Hordern, W. E. Teologia Contemporânea.

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