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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, também chamou; aos que chamou, também justificou; aos que justificou, também glorificou. Rm 8:29-30
Todos nós, acredito, gostamos de conhecer e de sermos conhecidos. Talvez isso explique parte do sucesso das redes sociais da Internet, onde uma pessoa conhece alguém que conhece alguém, que se torna nosso conhecido, e por aí vai. Mas nada se compara a conhecer e ser conhecido de Deus. Nada como ouvir Deus dizer "eu te conheço desde sempre"!

O termo traduzido pela NVI como "conheceu de antemão" deriva de uma palavra grega (proginosko), que é formada por uma preposição que significa "antes de um certo ponto" e um verbo que significa "conhecer". Daí, conhecer de antemão.  Mas a definição etimológica da palavra não transmite o seu real sentido.  Na linguagem das Escrituras, não significa simplesmente alguma coisa da qual Deus toma ciência antes de um certo ponto, mas envolve um relacionamento favorável da parte de Deus. Conforme assinala Vine, "a presciência de Deus envolve sua graça eletiva". Podemos dizer que é um conhecimento eletivo.

Observemos agora o objeto desse conhecimento prévio de Deus. É um erro comum considerar que tal conhecimento envolve coisas ou eventos, como por exemplo a fé que alguém terá ou a aceitação de Cristo por um pecador. O texto diz "aqueles", referindo-se a pessoas. E de fato, sempre que o termo ocorre no Novo Testamento tendo Deus como referência, são pessoas e nunca coisas ou eventos os objetos desse conhecimento. Em Atos 2:23 ("este homem") e 1Pe 1:20 ("cordeiro sem mancha e sem defeito"), a pessoa conhecida de antemão é o Senhor Jesus Cristo. Nas outras, os conhecidos de antemão são "aqueles" (Rm 8:29), "o seu povo" (Rm 11:2) e os "eleitos de Deus" (1Pe 1:1-2). A fé nunca aparece na Bíblia como algo antevisto por Deus no contexto em que o preconhecimento de Deus ocorre.

Alguém poderá dizer que sendo o conhecimento de Deus de todas as coisas exaustivo, é óbvio que Ele conhece todas as pessoas. Porém, aqui temos que lembrar que o conhecimento de Deus não é mera ciência de fatos acerca de pessoas, e sim de um conhecimento relacional, que envolve uma escolha e uma decisão de ser-lhes favorável. Neste sentido, Deus não conhece a humanidade inteira, mas apenas aqueles a quem escolheu para serem recipientes da Sua graça.

Por isso que Ele pode dizer para alguns "nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!" (Mt 7:23), enquanto dá certeza a outros dizendo "o firme fundamento de Deus permanece inabalável e selado com esta inscrição: 'O Senhor conhece quem lhe pertence'" (2Tm 2:19). Outra vez diz "as minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem" (Jo 10:27). 

Tendo compreendido isto, resta-nos atentar para a advertência do apóstolo: "mas agora, conhecendo a Deus, ou melhor, sendo por ele conhecidos, como é que estão voltando àqueles mesmos princípios elementares, fracos e sem poder? Querem ser escravizados por eles outra vez?" (Gl 4:9). Saber-se conhecido por Deus nos dá a segurança que nenhum outro sistema pode oferecer. Pelo contrário, ignorar este fato pode nos levar a submeter-nos de novo a rituais sem eficácia alguma, visando fazer alguma coisa ou evitar outra para granjear o favor divino. Mas sabendo que fomos conhecidos por Ele desde a eternidade nos dá a convicção de que desde a eternidade Ele já nos é favorável.

Soli Deo Gloria

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