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segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Nós precisamos de um avivamento ou de uma reforma? A pergunta induz ao erro de pensarmos que as duas coisas são alternativas independentes ou até mutuamente excludentes. Mas reforma e avivamamento estão tão intimamente ligados que fica difícil estabelecer os limites entre eles e é impossível anelar por um sem querer experimentar a outra. Pois reforma começa com avivamento interior e avivamento sem reforma não é avivamento. Portanto, avivamento e reforma são quase que intercambiáveis.
Estou entre os que anseiam por um verdadeiro avivamento e estou ciente de que isso não se dará à parte de uma nova reforma. Podem ocorrer simultaneamente, ou então de forma sucessiva, mas certamente ocorrerão interligadas. O resultado de uma reforma é avivamento e o teste do verdadeiro avivamento é haver reforma. Pois avivamento da perspectiva de Deus é o céu invadindo a igreja e tornando-a consciente da presença do Senhor. Da perspectiva humana, reconhecer a presença de Deus é voltar ao primeiro amor por Jesus e consequentemente, à mudança de vida. Isso o que ocorreu nos dias de Lutero, e bem antes dele, nos dias do rei Josias.
Lutero nasceu em 10 de novembro de 1483, em Eisleben, Na Alemanha. Era filho de um mineirador de prata, de classe média. Estudou para ser advogado, mas tornou-se monge agostiniano. Descobriu a justificação pela fé na Carta aos Romanos e isso o colocou em rota de colisão com a Igreja Romana e sua venda de indulgências. Em 31 de outubro de 1517, fixou as conhecidas 95 Teses na porta da Igreja em Witenberg, marcando o início do movimento que passaria à história como Reforma Protestante, da qual comemoramos hoje 494 anos.
Josias foi o 16o rei de Judá, neto Manassés e filho do ímpio Amon. Era de se esperar que um garoto colocado no trono aos oito anos de idade viesse a seguir o caminho mau de seus antecessores. Mas aos 16 anos “sendo ainda moço, começou a buscar o Deus de Davi, seu pai” e aos 20 “começou a purificar a Judá e a Jerusalém” (2Cr 34:3) expurgando o falso culto e reestabelendo a verdadeira adoração ao único Deus vivo e verdadeiro. Em comum, Josias e Lutero tem o encontro com um livro que estava perdido: a Bíblia Sagrada. Da experiência deles, tiramos lições para o avivamento e reforma necessários.
A reforma de Josias começou com a descoberta da Lei do Senhor. "E, tirando eles o dinheiro que se tinha trazido à casa do SENHOR, Hilquias, o sacerdote, achou o livro da lei do SENHOR, dada pela mão de Moisés" (2Cr 34:14). Não quero alegorizar, mas chama atenção que o livro estivesse escondido sob montes de dinheiro e vejo um paralelo com nossa época, em que o dinheiro tem levado muitos a esconder a Palavra do povo. Nos dias de Lutero, fazia-se o comércio de indulgências, arrecadando-se dinheiro para construir a basílica de São Pedro. E proibia-se o livre exame das escrituras.
O livro encontrado não foi exposto como uma relíquia, mas lido, inclusive aos ouvidos do rei. "Além disto, Safã, o escrivão, fez saber ao rei, dizendo: O sacerdote Hilquias entregou-me um livro. E Safã leu nele perante o rei" (2Cr 34:18). Nunca os crentes tiveram tanta disponibilidade de Bíblias como hoje. São traduções e versões para os mais variados gostos, sem contar as inúmeras Bíblias de Estudo e as disponíveis eletronicamente. Porém, a leitura devocional e o exame cuidadoso das Escrituras tem sido negligenciado. A formação espiritual de nosso povo é feito à base de louvores com a profundidade de um pires e chavões de vendilhões do templo.
Mas, se lida, a Escritura produz resultados e um deles é o quebrantamento do coração, o primeiro sinal do avivamento iminente. “Sucedeu que, ouvindo o rei as palavras da lei, rasgou as suas vestes” (2Cr 34:19). A Bíblia é a ferramenta que o Espírito utiliza para trazer convicção do pecado “porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4:12) e para levar ao arrependimento e confissão dos pecados “porque grande é o furor do SENHOR, que se derramou sobre nós; porquanto nossos pais não guardaram a palavra do SENHOR, para fazerem conforme a tudo quanto está escrito neste livro” (2Cr 34:21).
Lutero percebeu isso. Ele disse certa vez: “simplesmente ensinei, preguei, escrevi a Palavra de Deus; não fiz mais nada... a Palavra fez tudo”. Se os pregadores de hoje tão somente pregassem a Palavra de Deus, com ardor e fidelidade, o povo seria conduzido ao arrependimento e estaria pronto para o avivamento.
Uma vez a Bíblia redescoberta e lida, precisa ser obedecida. Primeiro, Josias proclamou a Palavra: “Então o rei mandou reunir todos os anciãos de Judá e Jerusalém. E o rei subiu à casa do SENHOR, com todos os homens de Judá, e os habitantes de Jerusalém, e os sacerdotes, e os levitas, e todo o povo, desde o maior até ao menor; e ele leu aos ouvidos deles todas as palavras do livro da aliança que fora achado na casa do SENHOR” (2Cr 34:29-30). Importante notar que a Palavra foi anunciada a todos, independente de classe social, ofício, sexo, faixa etária. E não deve passar despercebido que foram anunciadas “todas as palavras do livro”. Toda Escritura anunciada a todas as pessoas, este é o objetivo dos ministros do evangelho.
Com isso, o povo é levado a renovar a sua aliança com o Deus de seus pais. “E pôs-se o rei em pé em seu lugar, e fez aliança perante o SENHOR, para seguirem ao SENHOR, e para guardar os seus mandamentos, e os seus testemunhos, e os seus estatutos, com todo o seu coração, e com toda a sua alma, cumprindo as palavras da aliança, que estão escritas naquele livro. E fez com que todos quantos se achavam em Jerusalém e em Benjamim o firmassem; e os habitantes de Jerusalém fizeram conforme a aliança de Deus, o Deus de seus pais” (2Cr 34:31-32). O compromisso foi renovado. Tinham voltado ao primeiro amor, estavam dispostos a serem fiéis, e o foram, pelo menos durante o reinado de Josias.
Consequentemente, a verdadeira adoração foi purificada. Josias retirou do culto, tudo aquilo que estava errado. “E Josias tirou todas as abominações de todas as terras que eram dos filhos de Israel; e a todos quantos se achavam em Israel obrigou a que servissem ao SENHOR seu Deus. Enquanto ele viveu não se desviaram de seguir o SENHOR, o Deus de seus pais” (2Cr 34:33). Ao mesmo tempo, restaurou o que era certo e estava esquecido. “Então Josias celebrou a páscoa ao SENHOR em Jerusalém; e mataram o cordeiro da páscoa no décimo quarto dia do primeiro mês” (2Cr 35:1). Josias promoveu a maior limpeza em todo o reino, mas não fez apenas a destruição da idolatria, restabeleceu o verdadeiro culto a Deus, como Ele havia prescrito em Sua Palavra.
O que Deus fez nos dias de Josias e também nos dias de Lutero, pode fazer nos dias de hoje. Mas assim como Ele fez através de pessoas como Josias e Lutero, quer fazer através de nós. É claro que não precisa de nós, como não precisava de Josias e Lutero. Mas Ele decidiu não agir diretamente, mas através de instrumentos fracos como nós. Os passos que devemos dar estão bem delineados: primeiro, buscar a Deus em nossos corações, segundo ler e deixar-se influenciar por Sua Palavra e terceiro, estar disposto a obedecer a qualquer custo o que ele nos manda fazer. Quando isso for feito, o avivamento virá, ou talvez seja melhor dizer, já terá vindo.
Mas, se lida, a Escritura produz resultados e um deles é o quebrantamento do coração, o primeiro sinal do avivamento iminente. “Sucedeu que, ouvindo o rei as palavras da lei, rasgou as suas vestes” (2Cr 34:19). A Bíblia é a ferramenta que o Espírito utiliza para trazer convicção do pecado “porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4:12) e para levar ao arrependimento e confissão dos pecados “porque grande é o furor do SENHOR, que se derramou sobre nós; porquanto nossos pais não guardaram a palavra do SENHOR, para fazerem conforme a tudo quanto está escrito neste livro” (2Cr 34:21).
Lutero percebeu isso. Ele disse certa vez: “simplesmente ensinei, preguei, escrevi a Palavra de Deus; não fiz mais nada... a Palavra fez tudo”. Se os pregadores de hoje tão somente pregassem a Palavra de Deus, com ardor e fidelidade, o povo seria conduzido ao arrependimento e estaria pronto para o avivamento.
Uma vez a Bíblia redescoberta e lida, precisa ser obedecida. Primeiro, Josias proclamou a Palavra: “Então o rei mandou reunir todos os anciãos de Judá e Jerusalém. E o rei subiu à casa do SENHOR, com todos os homens de Judá, e os habitantes de Jerusalém, e os sacerdotes, e os levitas, e todo o povo, desde o maior até ao menor; e ele leu aos ouvidos deles todas as palavras do livro da aliança que fora achado na casa do SENHOR” (2Cr 34:29-30). Importante notar que a Palavra foi anunciada a todos, independente de classe social, ofício, sexo, faixa etária. E não deve passar despercebido que foram anunciadas “todas as palavras do livro”. Toda Escritura anunciada a todas as pessoas, este é o objetivo dos ministros do evangelho.
Com isso, o povo é levado a renovar a sua aliança com o Deus de seus pais. “E pôs-se o rei em pé em seu lugar, e fez aliança perante o SENHOR, para seguirem ao SENHOR, e para guardar os seus mandamentos, e os seus testemunhos, e os seus estatutos, com todo o seu coração, e com toda a sua alma, cumprindo as palavras da aliança, que estão escritas naquele livro. E fez com que todos quantos se achavam em Jerusalém e em Benjamim o firmassem; e os habitantes de Jerusalém fizeram conforme a aliança de Deus, o Deus de seus pais” (2Cr 34:31-32). O compromisso foi renovado. Tinham voltado ao primeiro amor, estavam dispostos a serem fiéis, e o foram, pelo menos durante o reinado de Josias.
Consequentemente, a verdadeira adoração foi purificada. Josias retirou do culto, tudo aquilo que estava errado. “E Josias tirou todas as abominações de todas as terras que eram dos filhos de Israel; e a todos quantos se achavam em Israel obrigou a que servissem ao SENHOR seu Deus. Enquanto ele viveu não se desviaram de seguir o SENHOR, o Deus de seus pais” (2Cr 34:33). Ao mesmo tempo, restaurou o que era certo e estava esquecido. “Então Josias celebrou a páscoa ao SENHOR em Jerusalém; e mataram o cordeiro da páscoa no décimo quarto dia do primeiro mês” (2Cr 35:1). Josias promoveu a maior limpeza em todo o reino, mas não fez apenas a destruição da idolatria, restabeleceu o verdadeiro culto a Deus, como Ele havia prescrito em Sua Palavra.
O que Deus fez nos dias de Josias e também nos dias de Lutero, pode fazer nos dias de hoje. Mas assim como Ele fez através de pessoas como Josias e Lutero, quer fazer através de nós. É claro que não precisa de nós, como não precisava de Josias e Lutero. Mas Ele decidiu não agir diretamente, mas através de instrumentos fracos como nós. Os passos que devemos dar estão bem delineados: primeiro, buscar a Deus em nossos corações, segundo ler e deixar-se influenciar por Sua Palavra e terceiro, estar disposto a obedecer a qualquer custo o que ele nos manda fazer. Quando isso for feito, o avivamento virá, ou talvez seja melhor dizer, já terá vindo.
Soli Deo Gloria
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domingo, 30 de outubro de 2011
Para terminar, devemos observar que não podemos pretender ligar a Deus a alguma circunstância, da mesma forma que nesta oração dominical nos ensina a não submetê-lo a nenhuma lei nem impor-lhe nenhuma condição.
Antes de dirigi-lhe em nosso favor alguma oração, dizemos primeiramente: "Seja feita a tua vontade". Deste modo submetemos de antemão nossa vontade à dEle para que, detida e retida como por uma brida, não tenha a presunção de querer submetê-lo ou dominá-lo.
Se, uma vez educado nossos corações nesta obediência, nos deixarmos governar pelo bom querer da divina providência, aprenderemos com facilidade a perseverar na oração e a esperar no Senhor com paciência, rejeitando a realização de nossos desejos até que soe a hora de sua vontade. Estaremos também seguros de que, ainda que às vezes possa parecer-nos outra coisa, Ele está sempre presente junto de nós, e que a seu devido tempo manifestará que jamais fez ouvidos surdos a nossas orações, embora segundo o juízo dos homens tenha podido parecer que as menosprezava.
Finalmente, se depois de uma longa espera, inclusive nossos sentidos não chegam a captar de que nos tem servido orar, nem percebem fruto algum de nossa oração, nossa fé contudo nos garantirá o que nossos sentidos não podem perceber: que conseguimos tudo o que era necessário. Pela fé possuiremos então abundância na necessidade e consolo na dor. De fato, embora tudo nos falte, Deus jamais nos abandonará, pois não pode frustrar a espera e a paciência dos seus; e Ele sozinho substituirá todas as coisas, já que contém em si mesmo todos os bens, o qual nos revelará totalmente no futuro.
Antes de dirigi-lhe em nosso favor alguma oração, dizemos primeiramente: "Seja feita a tua vontade". Deste modo submetemos de antemão nossa vontade à dEle para que, detida e retida como por uma brida, não tenha a presunção de querer submetê-lo ou dominá-lo.
Se, uma vez educado nossos corações nesta obediência, nos deixarmos governar pelo bom querer da divina providência, aprenderemos com facilidade a perseverar na oração e a esperar no Senhor com paciência, rejeitando a realização de nossos desejos até que soe a hora de sua vontade. Estaremos também seguros de que, ainda que às vezes possa parecer-nos outra coisa, Ele está sempre presente junto de nós, e que a seu devido tempo manifestará que jamais fez ouvidos surdos a nossas orações, embora segundo o juízo dos homens tenha podido parecer que as menosprezava.
Finalmente, se depois de uma longa espera, inclusive nossos sentidos não chegam a captar de que nos tem servido orar, nem percebem fruto algum de nossa oração, nossa fé contudo nos garantirá o que nossos sentidos não podem perceber: que conseguimos tudo o que era necessário. Pela fé possuiremos então abundância na necessidade e consolo na dor. De fato, embora tudo nos falte, Deus jamais nos abandonará, pois não pode frustrar a espera e a paciência dos seus; e Ele sozinho substituirá todas as coisas, já que contém em si mesmo todos os bens, o qual nos revelará totalmente no futuro.
João Calvino
In: Breve Instrução Cristã
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sexta-feira, 28 de outubro de 2011
Qual é o antídoto para a divisão secular/sagrado? Como ter a certeza de que nossa caixa de ferramentas contém as ferramentas conceituais fundamentadas na Bíblia para cada assunto que encontrarmos? Temos de começar estando completamente convencidos de que há perspectiva bíblica sobre tudo, não apenas sobre assuntos espirituais.
O Antigo Testamento nos fala diversas vezes que "o temor do SENHOR é o princípio da sabedoria" (Sl 111.10; Pv 1.7; 9.10; 15.33). De modo semelhante, o Novo Testamento ensina que em Cristo "estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência" (Cl 2.3). Interpretamos estes versículos no sentido de sabedoria espiritual, porém o texto não estabelece limitação ao termo. "A maioria das pessoas tem a tendência de ler estas passagens como se dissessem que o temor do Senhor é o fundamento do conhecimento religioso", escreve Clouser. "Mas o fato é que fazem afirmação radical — a afirmação de que, de alguma maneira, todo o conhecimento depende da verdade religiosa."
Esta afirmação é mais fácil de entender quando nos damos conta de que o cristianismo não é único sob este aspecto. Todos os sistemas de crença trabalham do mesmo modo. Como vimos, o que quer que um sistema proponha como auto-existente é, em essência, o que se considera divino. E esse compromisso religioso funciona como o princípio controlador para tudo o que vem depois. O temor de algum "deus" é o princípio de cada sistema de conhecimento proposto.
Assim que entendermos como o primeiro princípio trabalha, fica claro que toda a verdade tem de começar em Deus. A única realidade auto-existente é Deus, e tudo o mais depende dEle para sua origem e existência contínua. Nada existe separado da sua vontade; nada está fora do escopo dos pontos decisivos centrais na história bíblica: a criação, a queda e a redenção.
Nancy Pearsey
In: Verdade Absoluta
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quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Na noite de 29 de abril de 1920, eu estava sozinho em meu quarto, lutando para decidir se creria ou não no Senhor. No princípio fiquei hesitante, mas quando tentei orar, vi a magnitude dos meus pecados e a realidade e eficácia de Jesus como o Salvador. Enquanto visualizava as mãos do Senhor estendidas na cruz, pareceu-me que elas me acenavam com boas-vindas e que o Senhor dizia: "Eu estou esperando aqui para receber-te.” Percebendo a eficácia do sangue de Cristo para purificar os meus pecados e sendo vencido por aquele amor, aceitei-O ali. Anteriormente eu zombava de pessoas que haviam aceitado a Jesus, mas naquela noite a experiência se tornou real para mim, e eu chorei e confessei os meus pecados, buscando do Senhor o perdão. Enquanto fazia a minha primeira oração, conheci alegria e paz como nunca antes. Luz parecia inundar o quarto e eu disse ao Senhor: "Ó Senhor, Tu foste de fato gracioso para comigo.”
Watchaman Nee
In: O testemunho de Watchaman Nee
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quarta-feira, 26 de outubro de 2011
A passagem do Evangelho segundo João, cap 3;8 a 11, não mostra Jesus dizendo à mulher que ela não pecou, nem mesmo que os acusadores dela eram cruéis e pecadores, por quanto a acusavam de adultério. Cristo também não perdoou aquela mulher porque havia (eventualmente) falhas no processo de acusação, ou tão pouco por falta de provas.
Também não é correto imaginar que a não condenação foi causada por ser Cristo sabedor do tamanho da pecaminosa humana e ao considerar o insignificante (ou quem sabe apenas comum) pecado (de adultério), concluí não ser justo punir a adúltera visto que a triste condição da humanida não podia (mesmo que apenas no momento) ser resolvida. Ou mesmo porque ele achava que a sentença era dura de mais.
Cristo não inocentou a mulher e nem deu desculpas para seu pecado, não contemporizou ou contextualizou o caso. Não falou da carga emocional que essa mulher sofria; nem recorreu a uma sociedade dominadora e machista para lhe tirar a culpa. Não questionou a criação errada e a má educação dada por seus pais (líderes religiosos e escolas confessionais), nem mesmo à falta disso foi levantada!
Cristo não buscou refúgio em nenhum dos artifícios que conhecemos: não disse que o problema dela era sociológico – ou quem sabe, psicológico – não lhe ofereceu conforto na negação de sua atitude repugnante, não minimizou sua má conduta pelas falhas do caráter do marido ou apenas culpou sua instabilidade emocional, e nem concluiu que a pobre mulher fora enganada por um amante espertalhão.
Ele não deu um jeitinho para não parecer tão mal! Ele não se isentou da pecha de juiz e nem fugiu de dar uma opinião ou veredicto! E embora soubesse claramente da maligna intenção daquele grupo, não usou deste expediente para liberar a acusada.
As palavras dele foram claras: “nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais”. Numa leitura mesmo que simples, se perceberá que o padrão de santidade exigido {por Deus} não mudou! Cristo declara aquela mulher como pecadora, e mais, pecadora da acusação levantada – ela era uma adúltera, ele sabia disso! Mas Cristo simplesmente não a condena. Não aplicar a pena que lhe era devida, pena justa – crime previsto e sentença acertada e conhecida. Não foi uma mudança de paradigma, nem mesmo um novo mandamento. Ele não burlou a Lei mosaica e nem se apoio numa brecha legalista.
Maravilhosamente, Cristo, teatraliza o perdão proposto pelo Pai ao enviar seu Filho à morte e morte de cruz. Em escala menor Cristo demonstra a clareza do seu oficio e a grandeza de seu trabalho. Cristo amavelmente lança sobre si a culpa dessa mulher, culpa essa real! Ele toma para si a maldição da morte e a justa exigência da Lei. Ele resolve livremente conceder, antecipadamente, preciosas gotas de seu sangue redentor, a essa adúltera. Num bendito escopo reduzido, mas não menos verdadeiro, do que ele fez por mim naquela Cruz! Cristo encenou ali de forma bem menos violenta o que estava disposta a fazer, por qualquer pecador que fosse (ou que for) levado à sua presença sem disfarce ou mascara que escondesse sua condição.
Enfim, Cristo não é seduzido por nosso moralismo e nem constrangido pela nossa parca noção de justiça. Nem mesmo é subjugado por alguma façanha humana, e nem ele é oprimido pelos nossos pressupostos ou controlado pela nossa lógica. Cristo o Senhor, demonstrou nessa passagem misericórdia não por ela simplesmente, mas por nós. Ali, num profético ato, Ele nos declarou livres da morte e nos advertiu contra o pecado.
Sejamos nós arautos dessa história! Não ofereçamos alivio ao pecador na diminuição da santidade exigida, nem falemos da isenção da culpa, pelo mimetismo sócio-político, ou da negação do pecado pelo fortalecimento psicológico, nem mesmo ignoremos o confronto do Cristo e sua Lei à nossa sociedade pecaminosa e diabolicamente doente, que em nome de um amor (ultrajante) a tudo permite. Anunciemos a cura e libertação o perdão proposto em Cristo Jesus, pois como nos foi dito: ele foi desprezado e rejeitado por todos nós, mas certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças, ele foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniqüidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados.
Todos nós, tal qual ovelhas, nos desviamos, cada um de nós se voltou para o seu próprio caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele à iniqüidade de todos nós. Ele foi oprimido e afligido, contudo não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca. Com julgamento opressivo ele foi levado, pois ele foi eliminado da terra dos viventes por causa da nossa transgressão. Contudo foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer, e, embora o Senhor faça da vida dele uma oferta pela nossa culpa, ele verá sua prole e prolongará seus dias, e a vontade do Senhor prosperará em sua mão, porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. (Is 53 e Jo 3;16 - NVI adaptada)
Esli Soares
In: A Cruz Online
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terça-feira, 25 de outubro de 2011
Chegamos agora à quarta tendência, que é o desafio do narcisismo. Narciso, na mitologia grega, foi um jovem que viu seu reflexo em um lago, apaixonou-se por sua própria imagem, caiu dentro d’água e se afogou. Assim, “narcisismo” é um amor excessivo, uma admiração desmedida por si mesmo.
Nos anos 70, o narcisismo se expressou por meio do Movimento Potencial Humano, que enfatizava a necessidade da autorrealização. Nos anos 80 e 90, o Movimento da Nova Era imitou o Movimento Potencial Humano. Shirley MacLaine pode ser considerada símbolo do movimento, pois era cega de paixão por si mesma. De acordo com ela, a boa notícia é essa:
Sei que existo; portanto, eu sou.
Sei que a força divina existe; portanto, ela é.
Já que sou parte dessa força, sou o que sou.
Parece uma paródia deliberada da revelação que Deus faz de si mesmo a Moisés: “Eu sou o que sou” (Êx 3.14). Assim, o Movimento da Nova Era nos convida a olhar para dentro de nós mesmos e nos explorar, pois a solução para os nossos problemas está em nosso interior. Não precisamos que um salvador surja em algum lugar e venha até nós; podemos ser o nosso próprio salvador.
Infelizmente, uma parte desse ensinamento tem permeado a igreja e há cristãos recomendando que devemos não somente amar a Deus e ao próximo, mas também a nós mesmos. No entanto, isso é um erro por três razões. Em primeiro lugar, Jesus falou do “primeiro e grande mandamento” e do “segundo”, mas não mencionou um terceiro. Em segundo lugar, amor próprio é um dos sinais dos últimos tempos (2Tm 3.2). Em terceiro lugar, o significado do amor ágape é o sacrifício próprio em benefício de outros. Sacrificar-se a serviço de si mesmo é, nitidamente, um contrassenso. Então, qual deve ser a atitude para conosco? Um misto de autoafirmação e autonegação — afirmar tudo em nós que vem da nossa criação e redenção, e negar tudo que pode ser ligado à queda.
É aliviador se livrar de uma preocupação doentia consigo mesmo e voltar-se para os saudáveis mandamentos de Deus (incorporados e reforçados por Jesus): amar a Deus de todo o coração e ao nosso próximo como a nós mesmos. Pois a intenção de Deus para a sua igreja é que ela seja uma comunidade de amor, de adoração e de serviço. Todos sabem que o amor é a maior virtude do mundo, e os cristãos sabem o motivo: é porque Deus é amor.
O cortesão espanhol do século 13, Raimundo Lúlio (missionário entre os muçulmanos no Norte da África), escreveu que “aquele que não ama, não vive”. Pois viver é amar, e sem amor a personalidade humana se desintegra. É por isso que todos procuram autênticos relacionamentos de amor.
John Stott
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segunda-feira, 24 de outubro de 2011
A música Gerando Sonhos tem sido cantada nas igrejas e até coreografias (moças rodopiantes com roupas esvoaçantes) tem sido montadas com essa trilha sonora. Isso prova que os evangélicos em geral (graças a Deus pelas exceções) aceitam de bom grado músicas que se aproximam perigosamente da feitiçaria ao invés das verdades bíblicas. É o caso da música em questão. Mas justiça seja feita à cantora, ela não é a única a servir veneno de rato ao povo e, sem fazer juízo de sua inteligência, duvido que ela faça isso conscientemente. Na verdade, espero que seja assim.
A mensagem da música é que “Deus sonhou os teus sonhos”, que tais sonhos “são gerados em seu coração” e a ordem para você agora é “vai gerando, dando forma ao que Deus sonhou”, pois “o fruto que há dentro de ti é o fruto do Espírito de Deus”. Daí a repetida ordem “gere os sonhos de Deus, gere os sonhos de Deus” pois “Deus faz nascer os seus sonhos e vai te exaltar sobre a terra”. Resumindo: Deus sonhou, pôs o sonho dentro de você, você deve incubá-lo até que o sonho nasça e você seja exaltado sobre a terra. Apesar do palavreado tão gospel-contemporâneo, a teologia que subjaz é simples feitiçaria repaginada. Antes de explicar este ponto, deixe-me mostrar que a letra não tem suporte bíblico.
A Bíblia jamais disse que Deus sonha. Sonho é a representação de alguma coisa ou fato na mente enquanto a pessoa dorme ou é um anelo, uma aspiração, algo que se quer alcançar. Deus não dorme (Sl 121:4), portanto, Deus não sonha como nós sonhamos. E como “o Senhor faz tudo o que lhe agrada, nos céus e na terra, nos mares e em todas as suas profundezas” (Sl 135:10) não fica acalentando sonhos “faz todas as coisas segundo o propósito da sua vontade” (Ef 1:11). Desde a eternidade, Deus determinou tudo o que vai acontecer e agora está conduzindo a História para o fim que Ele estabeleceu: “Desde o início faço conhecido o fim, desde tempos remotos, o que ainda virá. Digo: Meu propósito ficará de pé, e farei tudo o que me agrada” (Is 46:10). Se a Bíblia não diz que Deus sonha e como “o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou” (Rm 1:19), não devemos afirmar sobre Ele o que a Bíblia não afirma.
A Bíblia jamais disse que Deus coloca sonhos nas pessoas. É verdade que Deus deu sonhos a Abraão, Jacó, José, Faraó, aos profetas, à mulher de Pilatos e muitos outros. No Antigo Testamento o substantivo halôm sempre significa sonho “no sentido simples de quando a pessoa dorme” ou como uma visão profética, de caráter revelacional. Esse sentido, de sonho como meio de revelação, encontra-se na primeira ocorrência do termo, em Gn 20:3: “Certa noite Deus veio a Abimeleque num sonho e lhe disse: Você morrerá! A mulher que você tomou é casada" (Gn 20:3). No Novo Testamento, os termos onar e enupnion significam “visão no estado em que a pessoa dorme” e “o que aparece no sonho”, respectivamente. Quando se refere ao sentido revelacional, o termo horama é utilizado. Os sonhos são prontos, não são um ovo que precisa ser incubado, gestados no crente até que nasçam. Essa idéia é estranha à Escritura.
Gerar sonhos é alquimia xamanista. A ideia que sonhos são como um ovo fecundado que o crente deve gestar até que se realizem (nasçam) não é encontrada nas Escrituras. De onde então os compositores tiraram essa idéia, que não passa de alquimia mental? Do mau e antigo xamanismo, vestido de uma roupagem moderna pelos psicólogos “transpessoais” e difundidos pelos ativistas da Ciência Cristã e Nova Era. De acordo com o Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo, Xamã é o "feiticeiro ou curandeiro que se torna intermediário entre o mundo espiritual e o material". O xamanismo visa criar ou manipular a realidade através de visualizações criativas, que é a mesma coisa que “sonhar e gerar os sonhos de Deus”.
O pastor Morton Kelsey admite a prática xamanista como benigna. Ele acredita que a feitiçaria, a bruxaria e outras formas de xamanismo não são más em si, mas são legítimas na medida que as usamos em amor e para o bem. Para ele, Xamã é “alguém em quem o poder de Deus está concentrado e pode, assim, fluir para outros”. O pastor pentecostal Paul Yonggi Cho comprou a idéia, mas atribuiu-a ao Espírito Santo, e escreveu que “visualizando e sonhando você pode incubar o seu futuro e chocar os resultados... assim os homens [crentes e ocultistas] explorando a esfera espiritual da quarta dimensão pelo desenvolvimento de visões e sonhos concentrados em sua imaginação, podem pairar sobre a terceira dimensão e incubá-la, influenciando-a e transformando-a” (A Quarta Dimensão). Na mesma obra, Cho diz que “precisamos aprender... a visualizar e sonhar a resposta já completa quando vamos ao Senhor em oração... podemos incubar aquilo que queremos que Deus faça por nós”.
Dave Hunt e T. A. McMahon, em sua obra A Sedução do Cristianismo, da qual retiramos a maior parte das citações acima, traçam a trajetória dessas técnicas psicoespirituais desde o paganismo antigo, passando pelo xamanismo primitivo, chegando à psicologia transpessoais e finalmente aterrissando no terreno evangélico via importação de expoentes da Nova Era. A popularização através de louvores contemporâneos apenas mostra o quanto é lamentável que os crentes tenham deixado de lado a Bíblia e levado o povo a praticar algo que se não é feitiçaria pura, tem muito a ver.
Soli Deo Gloria
Segue abaixo a letra completa da música Gerando os Sonhos de Deus, com grifos meus:
No fundo do teu coração são gerados os sonhos de Deus
Deus sonhou os teus sonhos e muitas das vezes querem matar.
Mas os sonhos gerados em teu coração só você e Deus conhecem,
Se você sonha dentro de um poço
Deus invade o calabouço e restaura os teus sonhos...
Vai gerando,
Dando forma ao que Deus sonhou,
Não desista dos sonhos de Deus,
Deus reaviva dentro de você...
Mesmo que venham palavras pra ti afligir,
O fruto que há dentro de ti
É o fruto do Espírito de Deus
Em você são gerados os sonhos de Deus...
Ninguém vai matar,
ninguém vai destruir o que Deus planejou.
Em teu coração são gerados os sonhos de vitória,
Ousadia para glória de Deus...
Pode gerar
Sonhos em um poço não vão sufocar,
Deus faz nascer teus sonhos e vai te exaltar sobre a terra,
Deus cumpre as promessas,
Gere os sonhos de Deus...
Gere os sonhos de Deus...
Mesmo que lágrimas desçam,
mesmo que pareça infinito,
Não desista,
Jamais se frustre,
Porque Deus é contigo,
É contigo...
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domingo, 23 de outubro de 2011
Não pedimos aqui não ter que sofrer nenhuma tentação. Temos grandíssima necessidade de que as tentações nos despertem, estimulem e sacudam, pois corremos o perigo de converter-nos em seres amorfos e preguiçosos se permanecermos numa calma excessiva. Cada dia o Senhor prova seus escolhidos, adestrando-os por meio da ignomínia, a pobreza, a tribulação e outras classes de cruzes.
Porém nossa demanda consiste em pedir que o Senhor nos dê também, ao mesmo tempo que as tentações, o meio de sair delas, para não sermos vencidos e esmagados; antes, fortalecidos com a força de Deus, poder manter-nos constantemente contra todos os poderes que nos assaltam.
Mais ainda: uma vez salvaguardados e protegidos por Ele, santificados com as graças de seu Espírito, governados pela sua direção, seremos invencíveis contra o Diabo, a morte e toda classe de artifício do inferno — que é o que significa estarmos livres do mal u do Maligno.
Porém nossa demanda consiste em pedir que o Senhor nos dê também, ao mesmo tempo que as tentações, o meio de sair delas, para não sermos vencidos e esmagados; antes, fortalecidos com a força de Deus, poder manter-nos constantemente contra todos os poderes que nos assaltam.
Mais ainda: uma vez salvaguardados e protegidos por Ele, santificados com as graças de seu Espírito, governados pela sua direção, seremos invencíveis contra o Diabo, a morte e toda classe de artifício do inferno — que é o que significa estarmos livres do mal u do Maligno.
Devemos perceber como quer o Senhor que nossas orações estejam conformes à regra do amor, pois não nos ensina a pedir cada um para si o que é bom, sem olharmos para o nosso próximo, senão que nos ensina a preocupar-nos pelo bem de nosso irmão como do nosso próprio.
João Calvino
In: Breve Instrução Cristã
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sexta-feira, 21 de outubro de 2011
Qualquer tratado que se proponha a falar sobre a vontade humana, sua natureza e suas funções, tem de abordar a questão de acordo com três homens diferentes: Adão, antes da queda, o pecador e o Senhor Jesus Cristo. A vontade de Adão, antes da queda, era livre, livre em ambas as direções — para fazer o bem e para fazer o mal.
A situação do pecador, porém, é bem diferente disso. O pecador nasce com uma vontade sem condições de equilíbrio moral, porque existe nele um coração enganoso, "mais do que todas as cousas, e desesperadamente corrupto" (Jr 17.9); isso lhe empresta a tendência para o mal. Da mesma forma, a situação do Senhor Jesus era completamente outra. Ele era radicalmente diferente do primeiro homem antes da queda.
O Senhor Jesus Cristo não podia pecar porque era o "Santo de Deus". Antes de Cristo ter nascido, foi dito a Maria: "Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus" (Lc 1.35). Falando com toda a reverência, poder-se-ia dizer que a vontade do Filho do homem não estava em equilíbrio moral, isto é, capaz de pender para o bem como para o mal.
A vontade do Senhor Jesus estava predisposta para o que é bom, pois, lado a lado com a sua humanidade impecável, santa e perfeita, havia a sua eterna divindade. Ora, em distinção à vontade do Senhor Jesus, que tendia para o bem, e à vontade de Adão, que, antes de sua queda, estava em condição de equilíbrio moral — capaz de pender tanto para o bem como para o mal — a vontade do pecador é predisposta para o mal, estando, portanto, livre em uma só direção, a saber, na direção do mal. A vontade do pecador está escravizada, porque, conforme já dissemos, está sujeita a um coração depravado.
A situação do pecador, porém, é bem diferente disso. O pecador nasce com uma vontade sem condições de equilíbrio moral, porque existe nele um coração enganoso, "mais do que todas as cousas, e desesperadamente corrupto" (Jr 17.9); isso lhe empresta a tendência para o mal. Da mesma forma, a situação do Senhor Jesus era completamente outra. Ele era radicalmente diferente do primeiro homem antes da queda.
O Senhor Jesus Cristo não podia pecar porque era o "Santo de Deus". Antes de Cristo ter nascido, foi dito a Maria: "Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus" (Lc 1.35). Falando com toda a reverência, poder-se-ia dizer que a vontade do Filho do homem não estava em equilíbrio moral, isto é, capaz de pender para o bem como para o mal.
A vontade do Senhor Jesus estava predisposta para o que é bom, pois, lado a lado com a sua humanidade impecável, santa e perfeita, havia a sua eterna divindade. Ora, em distinção à vontade do Senhor Jesus, que tendia para o bem, e à vontade de Adão, que, antes de sua queda, estava em condição de equilíbrio moral — capaz de pender tanto para o bem como para o mal — a vontade do pecador é predisposta para o mal, estando, portanto, livre em uma só direção, a saber, na direção do mal. A vontade do pecador está escravizada, porque, conforme já dissemos, está sujeita a um coração depravado.
A. W. Pink
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quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Um prisioneiro recentemente libertado, depois de anos de trabalho forçado, sem uma Bíblia, alimentou-se espiritualmente das passagens da Escritura que ele decorara desde a sua conversão, quando rapazinho. Uma que ele mencionou em particular foi o Salmo 66.
Ao ler este salmo, fiquei impressionado pelo fato de o salmista não reconhecer causas secundárias. Começando com o versículo 10, diz ele: "Pois Tu, ó Deus, nos tens posto à prova; tens nos afinado, como se afina a prata." Versículo 11: "Fizeste-nos entrar no laço do caçador; pesada carga puseste sobre as nossas costas." Versículo 12: "Tu fizeste que os homens cavalgassem sobre as nossas cabeças; passamos pelo fogo e pela água, mas nos trouxeste para a abundância."
Na Escritura, vemos que isso também se aplica ao caso de Jó. Ele não sabia que Satanás tinha que obter permissão de Deus para poder tocar nele e nos seus bens. No entanto, quando Jó perdeu tudo, não disse ele "Jeová deu e o demônio tirou", mas sim "Jeová deu e Jeová tirou; bendito seja o nome de Jeová". (Jó 1:21).
Assim, quando somos magoados, é importante lembrar que o próprio Deus o permitiu, com algum propósito.
Billy Graham
In: A segunda vinda de Cristo
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quarta-feira, 19 de outubro de 2011
Todos os que leem a Bíblia sabem que a condição para a salvação é a fé. Não há outra condição senão a fé. O homem, por ter caído e ser corrupto, por seus pensamentos serem tortuosos e por estar sua carne na esfera da lei, pensa que deve fazer algo para que seja salvo. Contudo, a Bíblia nos mostra que a única condição para nossa salvação é a fé. Além da fé não há outra condição. O NT diz-nos claramente, pelo menos cento e quinze vezes, que quando o homem crê, ele é salvo, tem a vida eterna e é justificado. Quando o homem crê, ele tem todas essas coisas. Somando-se a essas cento e quinze vezes, outras trinta e cinco vezes a Bíblia diz que o homem é justificado pela fé, ou torna-se justo por meio da fé. No primeiro caso, temos o verbo crer. No segundo caso, temos o substantivo fé.
O verbo crer é usado cento e quinze vezes. Uma vez que o homem crê, ele é salvo (At. 16:31). Uma vez que o homem crê, tem a vida eterna (Jo. 3:36). Uma vez que o homem crê, ele é justificado (Rm. 4:3). Além desses versículos, há trinta e cinco ocorrências em que o substantivo fé é usado. O homem é salvo mediante a fé (Ef. 2:8). Ele recebe vida eterna pela fé , e é justificado mediante a fé (Rm. 5:1). Portanto, em todo NT, pelo menos cento e cinquenta vezes é dito que o homem é salvo, justificado e tem a vida eterna unicamente por meio da fé. Não é uma questão de quem a pessoa seja, do que ela faça ou do que possa fazer. Tudo depende de crer. Tudo depende da fé.
Outra questão que merece especial atenção é que em todas essas cento e cinquenta ocorrências da fé e do crer, nenhuma outra condição é adicionada. Esses versículos não dizem que o homem deve crer e a seguir fazer algo para receber a vida eterna. Eles não dizem que o homem deve crer e fazer algo antes que possa ser justificado. Tampouco dizem que o homem deve crer e fazer algo antes que possa ser salvo. A Palavra de Deus menciona a fé de maneira clara e definida. Nada além é misturado ou vinculado à condição da fé. Portanto, a Bíblia nos mostra claramente que do ponto de vista de Deus, não há outra condição para a salvação além de crer.
Se alguém ler o Evangelho de João cuidadosamente, verá que João escreveu esse livro com o único propósito de dizer-nos como o homem pode receber vida e ser salvo e como ser liberto da condenação (Jo. 20:30-31). O Evangelho de João menciona oitenta e seis vezes que é por fé somente, e por nada mais, que o homem recebe a vida, é justificado e não entra em condenação. Portanto, a Bíblia nos mostra clara, adequada e simplesmente que a salvação não é baseada no que o homem é, no que ele tem nem tampouco no que fez. A Bíblia nos mostra que quando o homem crê, ele recebe (Jo. 1:12). Ele recebe por meio do crer.
Vimos que a salvação e a redenção são realizados por Deus. Mesmo a maneira e o plano para cumpri-los são arranjados por Deus. Vimos também que a graça é cumprida por Deus por meio do Senhor Jesus. Temos de lembrar que se do lado de Deus é graça, então do nosso lado deve ser fé. A maneira de receber deve ser a mesma usada para dar. A maneira como algo é recebido deve ser a mesma como foi enviado.
De acordo com a Bíblia, graça é o que Deus nos deu por intermédio de Jesus Cristo (I Co. 1:4). Para Ele, fazer isso está no princípio da graça. Uma vez que esteja no princípio da graça do lado de Deus, então, do nosso lado, está no princípio da fé. Fé e graça são dois princípios inseparáveis. Graça é Deus dando algo a nós, e fé é o nosso receber algo da parte de Deus. Fé nada mais é que receber o que Deus nos deu em espírito. Isso é totalmente independente de obra. Somente dessa maneira o homem pode receber a graça de Deus. Se recorrermos a quaisquer outros meios, não seremos capazes de receber a graça de Deus.
Watchman Nee
Recebido por email
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terça-feira, 18 de outubro de 2011
Há algo que vem me intrigando ao longo destes anos. Ao observar vários ministérios com um carisma atuante, especialmente no que se refere à cura e expulsão de demônios, noto que estes não demonstram profundidade no conhecimento e no ensino da Palavra. As mensagens que expõem são sempre as mesmas e em torno da prática de seu próprio ministério, cuja ênfase é a salvação e não raramente inclui o dinheiro como um assunto central. Na mesma proporção, os que expõem a palavra demonstrando deter um conteúdo profundo são, por vezes, vazios quanto a agir em favor de cura de enfermidades e de expulsão de demônios.
Sei que devo aceitar de antemão que o Espírito Santo distribui de maneira diferente seus dons, conforme lhe apraz e, evidentemente, não seria benéfico ao corpo que uma só pessoa acumulasse todos os dons. Daí a necessidade de os ministérios agirem de maneira complementar. No entanto ambos caminham com uma atitude de menosprezo ao outro e agem como se se bastassem a si mesmos. Por não compreenderem a falta que têm um do outro, evidencia-se o prejuízo dessa caminhada dicotômica, pois os praticantes do ministério de cura e libertação estão, de uma maneira geral, resvalando em exageros, apelando ao sincretismo religioso brasileiro, em detrimento do embasamento bíblico. Já aqueles que exercem o “ministério da Palavra” tornam-se tão acadêmicos que a fé parece ser absolutamente teórica, alimentando-se apenas de discursos (perfeitamente alicerçados na Bíblia), fazendo parecer que o Reino de Deus é algo dissociado dos eventos terrenos.
Não bastasse o desprezo de um pelo outro, não são raras as vezes em que se digladiam em acusações mútuas e públicas, criticando, de um lado, o show e, de outro, o discurso vazio, sem qualquer contribuição para o Reino de Deus, além de lançar ainda mais confusão entre os não convertidos.
Minhas reservas aumentam na medida em que assisto na televisão aos espetáculos de cura e libertação, mas não ouso cerrar fileira com os críticos, por uma simples razão: não possuo uma alternativa para resolver os problemas daqueles pobres angustiados que, depois de muito peregrinarem em busca de uma solução, encontram no sobrenatural um alívio para suas aflições e, pelo que me parece, de forma satisfatória a eles. Imagino o que deve significar alguém se livrar de um demônio que por anos a fio se apossou de seu corpo. Em minha perplexidade, não poucas vezes senti-me tentado a buscar explicação teológica na psicologia ou parapsicologia para aquilo que eles chamam de fenômenos. Afinal não há como negar que os mesmos ministros que são usados para operar sinais e maravilhas também cometem desvios grosseiros à sã doutrina.
Fico embevecido quando leio ou ouço pessoas, igualmente cheias do Espírito Santo, discorrerem sobre o propósito eterno de Deus, apresentando sua atuação na história e conduzindo a explanação com segurança, tornando compreensível o papel que nos cabe cumprir em dado momento. Se o assunto é comunhão com Deus, as palavras ficam ecoando em meu coração e me acompanham aonde quer que eu esteja. Mas, de repente, encontro, como ocorreu com Pedro e João na porta do Templo chamada Formosa, alguém que necessite da manifestação do Reino de Deus não apenas em palavras, mas também em poder; a frustração, então, toma conta, e fico perguntando a Deus: até quando sofreremos?
Quando João Batista mandou perguntar a Jesus se era ele mesmo que haveria de vir ou se deveria esperar outro, Jesus respondeu que os doentes eram curados, demônios expulsos e o evangelho pregado. Tanto em Jesus como nos apóstolos havia uma integralidade entre o ministério da Palavra e a cura e expulsão de demônios. Não se tratava de escolher entre isto ou aquilo, mas de um e outro juntos: pregação e sinais, andando de mãos dadas.
Não há dúvidas de que o ministério da palavra precisa, novamente, andar junto com o de cura e libertação. Isso tanto evitará desvios aos que praticam a cura e a libertação como também fará com que o ensino da palavra deixe de ser insosso. Mas, para isso acontecer, será necessária uma dose de humildade, sabendo que a teologia não explica tudo e que, ao mesmo tempo, se não houver visão, o poder se corrompe.
O desprezo e o combate de um ao outro só tem exacerbado ainda mais as deficiências e os erros. Alguém precisa dar o primeiro passo ao encontro do outro. Isso será mais proveitoso do que tentarmos estigmatizar a ênfase oposta, com atitudes como proibir alguém de atuar no ministério porque não anda conosco ou porque não pensa como nós. Que maravilhoso seria ver os cristãos realmente sentindo necessidade uns dos outros e tendo a oportunidade de usar dons tão diferentes, mas tão importantes, para se complementarem e não para competirem! Seria demais sonhar e orar para isso acontecer?
Pedro Arruda
In: Revista Impacto
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segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Este artigo é uma continuação de "Falar em línguas: natureza e atualidade - Parte 1". O espaço não permite uma análise detalhada das passagens relevantes para a questão. Mas o que será dito aqui poderá ser ampliado, aprofundado e melhor corroborado posteriormente. A passagem a que nos ateremos neste é Marcos 16, posteriormente trataremos de Atos 2 e 1Coríntios 12 e 14, se Deus quiser.
No evangelho de Marcos temos o registro da promessa do dom de línguas. “E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas” (Mc 16:17). O termo “novas” que qualifica línguas não é neos, comumente utilizado “para expressar novo no aspecto de tempo, indicando aquilo que é recente, mas da mesma natureza do antigo” e sim kainos, que indica algo de "um tipo novo, sem precedentes, inédito". Já tratei dessa passagem no artigo “Falarão novas línguas”, então não me deterei mais na expressão “glōssais ... kainais”, voltando minha atenção para outra questão envolvida, qual seja, a cessação dos sinais mencionados em Mc 16:17-18.
A promessa do Senhor é “e estes sinais seguirão aos que crerem...”. O Senhor havia ordenado e prometido anteriormete: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16:15-16). Creio que ninguém diria que pregar o evangelho para o mundo todo não é mais necessário, menos ainda que a promessa de salvação ao que crê perdeu a validade. Tampouco há lógica em afirmar que os sinais que seguiriam aos que crerem cessariam com a morte dos apóstolos ou a conclusão do Novo Testamento. Não há nenhum elemento textual que aponte nesse sentido.
A palavra traduzida “seguirão” é parakolouthesei, formada por para, “ao lado de” e akoloutheo, “seguir ou juntar-se a alguém”, significando mais precisamente “seguir alguém de modo a estar sempre do seu lado” e num sentido metafórico “estar sempre presente, acompanhar alguém a qualquer parte que ele vá” (Strong). O texto diz que os sinais seguiriam “aos que crerem”. Alguns identificam as pessoas dotadas com o poder para realizar milagres com os apóstolos apenas. Mas o contexto não estabelece esse limite. Os que creem são identificados no verso 16 como sendo todos aqueles que em todo o mundo, ouvem e crêem no evangelho.
Alguns vêem no verso 20 uma prova de que os sinais eram próprios dos apóstolos e não dos crentes em geral. “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram” (Mc 16:20). Para demonstrar que a operação de sinais não era exclusiva ao ofício de apóstolo, basta lembrar que pessoas que não eram dos 12 apóstolos realizavam tais sinais, como Estêvão (At 6:8), Barnabé (At 15:12) e os crentes de Corinto (1Co 12:10, 28). Estes são fatos bíblicos incontestáveis.
Outros, diante da inevitabilidade de aceitar os sinais como acompanhando a todos os que crêem, tentam desqualificar de algum modo a passagem, utilizando muitas vezes uma lógica estranha. Por exemplo, alguns dizem que como a Bíblia não registra pessoas bebendo coisas mortíferas e sobrevivendo, então os sinais não iriam perdurar até a volta de Cristo. Mas nem tudo o que ocorreu na igreja primitiva foi registrado. Há quem identifique o dom de línguas como o novo jeito do cristão falar, dominando a sua língua, em contraste como falar impróprio de antes de sua conversão. Chega-se a afirmar que o dom de línguas foi substituído pelas diversas traduções da Bíblia, não sendo mais necessário!
Mais simples e mais bíblico é afirmar que os sinais prometidos acompanhariam a pregação do evangelho onde e enquanto o evangelho fosse necessário. Não precisamos recorrer a artifícios complexos nem adotar uma lógica forçada, se tão somente aceitarmos o que a Bíblia diz, da forma como o diz.
A promessa do Senhor é “e estes sinais seguirão aos que crerem...”. O Senhor havia ordenado e prometido anteriormete: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16:15-16). Creio que ninguém diria que pregar o evangelho para o mundo todo não é mais necessário, menos ainda que a promessa de salvação ao que crê perdeu a validade. Tampouco há lógica em afirmar que os sinais que seguiriam aos que crerem cessariam com a morte dos apóstolos ou a conclusão do Novo Testamento. Não há nenhum elemento textual que aponte nesse sentido.
A palavra traduzida “seguirão” é parakolouthesei, formada por para, “ao lado de” e akoloutheo, “seguir ou juntar-se a alguém”, significando mais precisamente “seguir alguém de modo a estar sempre do seu lado” e num sentido metafórico “estar sempre presente, acompanhar alguém a qualquer parte que ele vá” (Strong). O texto diz que os sinais seguiriam “aos que crerem”. Alguns identificam as pessoas dotadas com o poder para realizar milagres com os apóstolos apenas. Mas o contexto não estabelece esse limite. Os que creem são identificados no verso 16 como sendo todos aqueles que em todo o mundo, ouvem e crêem no evangelho.
Alguns vêem no verso 20 uma prova de que os sinais eram próprios dos apóstolos e não dos crentes em geral. “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram” (Mc 16:20). Para demonstrar que a operação de sinais não era exclusiva ao ofício de apóstolo, basta lembrar que pessoas que não eram dos 12 apóstolos realizavam tais sinais, como Estêvão (At 6:8), Barnabé (At 15:12) e os crentes de Corinto (1Co 12:10, 28). Estes são fatos bíblicos incontestáveis.
Outros, diante da inevitabilidade de aceitar os sinais como acompanhando a todos os que crêem, tentam desqualificar de algum modo a passagem, utilizando muitas vezes uma lógica estranha. Por exemplo, alguns dizem que como a Bíblia não registra pessoas bebendo coisas mortíferas e sobrevivendo, então os sinais não iriam perdurar até a volta de Cristo. Mas nem tudo o que ocorreu na igreja primitiva foi registrado. Há quem identifique o dom de línguas como o novo jeito do cristão falar, dominando a sua língua, em contraste como falar impróprio de antes de sua conversão. Chega-se a afirmar que o dom de línguas foi substituído pelas diversas traduções da Bíblia, não sendo mais necessário!
Mais simples e mais bíblico é afirmar que os sinais prometidos acompanhariam a pregação do evangelho onde e enquanto o evangelho fosse necessário. Não precisamos recorrer a artifícios complexos nem adotar uma lógica forçada, se tão somente aceitarmos o que a Bíblia diz, da forma como o diz.
Soli Deo Glória
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domingo, 16 de outubro de 2011
Pedimos agora que se nos conceda graça e remissão de nossos pecados, pois são necessárias a todos os homens sem exceção alguma.
Chamamos de dívidas as nossas ofensas, pois devemos a Deus a pena como pagamento das mesmas, e não poderíamos de modo algum satisfazer por elas se não estivéssemos absolvidos por essa remissão que é um perdão gratuito de sua misericórdia.
E pedimos que nos seja dado o perdão como nós o damos aos nossos devedores, quer dizer: como nós perdoamos àqueles que nos magoaram de algum modo, que nos ofenderam com atos, ou que nos injuriaram com palavras. Não se trata aqui de uma condição que se agrega, como se merecêssemos, pelo perdão que concedemos a outrem, que Deus no-lo dê a nós. Senão que é uma prova que Deus nos propõe para testemunhar que o Senhor nos recebe em sua misericórdia com a mesma certeza que nós temos em nossas consciências de sermos misericordiosos com os outros, se é que nosso coração está também purificado de todo tipo de ódio, inveja e vingança.
Ao contrário, por esta prova ou sinal, Deus apaga do número de seus filhos àqueles que, deixando-se levar pela vingança e recusando-se a perdoar, mantêm suas inimizades arraigadas em seus corações. Que não pretendam os tais invocar a Deus como Pai deles, pois a indignação que abrigam a respeito dos homens cairá então sobre eles.
Chamamos de dívidas as nossas ofensas, pois devemos a Deus a pena como pagamento das mesmas, e não poderíamos de modo algum satisfazer por elas se não estivéssemos absolvidos por essa remissão que é um perdão gratuito de sua misericórdia.
E pedimos que nos seja dado o perdão como nós o damos aos nossos devedores, quer dizer: como nós perdoamos àqueles que nos magoaram de algum modo, que nos ofenderam com atos, ou que nos injuriaram com palavras. Não se trata aqui de uma condição que se agrega, como se merecêssemos, pelo perdão que concedemos a outrem, que Deus no-lo dê a nós. Senão que é uma prova que Deus nos propõe para testemunhar que o Senhor nos recebe em sua misericórdia com a mesma certeza que nós temos em nossas consciências de sermos misericordiosos com os outros, se é que nosso coração está também purificado de todo tipo de ódio, inveja e vingança.
Ao contrário, por esta prova ou sinal, Deus apaga do número de seus filhos àqueles que, deixando-se levar pela vingança e recusando-se a perdoar, mantêm suas inimizades arraigadas em seus corações. Que não pretendam os tais invocar a Deus como Pai deles, pois a indignação que abrigam a respeito dos homens cairá então sobre eles.
João Calvino
In: Breve Instrução Cristã
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sexta-feira, 14 de outubro de 2011
No meio do povo de Deus, muitos estão ficando angustiados por causa do espírito de irreverência e superficialidade que prevalece, hoje, em certas reuniões realizadas no nome do Senhor Jesus Cristo. À custa de sermos considerados atrasados, supercríticos e desinformados quanto ao tipo de mensagem e ambiente que atrai os jovens e traz multidões para a igreja – precisamos denunciar uma atitude e uma condição que, de acordo com nossa sincera convicção, não traz honra e, sim, desonra ao Senhor.
É evidente que a alegria é uma das marcas de quem nasceu de novo em Cristo. Um pequeno livro do Novo Testamento, a epístola aos Filipenses, emprega as palavras alegria e regozijar-se dezoito vezes. A pessoa que tem um encontro com Cristo tem o coração preenchido de alegria e segue seu caminho “cheio de júbilo”, assim como o eunuco etíope de Atos 8, após a conversão.
Entretanto, há uma grande diferença entre alegria e leviandade. E quando a Palavra de Deus e a mensagem solene da cruz são tratadas de maneira inconsequente e leviana, Deus deve ficar profundamente entristecido. Mesmo que as aparências indiquem um ministério de poder, sob tais circunstâncias há sérias dúvidas se o Espírito Santo terá condições de realizar um trabalho profundo e permanente.
Vivemos numa era enlouquecida por prazer. A febre por entretenimento e diversão alcançou seu ápice. Não é surpreendente, portanto, descobrir que as pessoas ao nosso redor geralmente são mais amantes do prazer do que de Deus. No entanto, quando membros da igreja verdadeira, o corpo de Cristo, conformam-se ao caminho do mundo, é muito trágico. E quando ministros do Evangelho acham necessário incrementar suas pregações com brincadeiras irreverentes e entreter os ouvintes como se fossem atores no palco de um teatro a fim de serem populares e atrair multidões, é fogo estranho que estão oferecendo ao Senhor.
Em outra época, num passado bem distante, um povo que professava pertencer ao Senhor estava festejando quando deveria estar lamentando e se arrependendo por causa da iminência do juízo divino. A eles, israelitas cativos em Quebar, Babilônia, Deus enviou uma mensagem por Ezequiel: “Assim diz o Senhor: A espada, a espada está afiada e polida. Está afiada para matar, está polida para reluzir. Por acaso ficaremos alegres?” (Ez 21.9-10). Um dia de juízo estava chegando, e não era hora de festejar.
Sumiu das igrejas hoje o altar de lágrimas que as gerações anteriores conheciam tão de perto. Num certo sentido, talvez, seja para o bem, já que ir ao altar de arrependimento adquiriu um significado meritório, como se as pessoas fossem salvas de acordo com a qualidade ou a quantidade de lágrimas que produzissem, e não pela fé no Filho de Deus e na completa eficácia de sua obra expiatória no Calvário. Contudo, seria espiritualmente muito mais proveitoso, em nossa opinião, se houvesse menos risos e mais lágrimas entre nós.
A conversão deve trazer, em alguma medida, um espírito genuíno de humilhação e confissão de pecados. Depois de ter uma verdadeira experiência com Deus, o novo convertido sentirá júbilo do Espírito, mas somente se antes se colocou de joelhos, em contrição e arrependimento. Precisa haver um Boquim (Jz 2.1-5), um lugar de pranto, para o pecador penitente que se torna consciente de sua total pecaminosidade, da perfeita santidade de Deus e da incomparável graça de Cristo em morrer pelo pecado e pelo pecador.
Sim, podemos continuar na nossa jornada, regozijando-nos como o povo redimido por Deus. Mas que Deus nos ajude a ficarmos conscientes, também, de sua santidade e da seriedade desta hora. "Quem sai andando e chorando enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes" (Sl 126.6).
Extraído de Arauto da Sua Vinda
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quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Quando leio sobre pregação de prosperidade nas igrejas, minha resposta é: “Se não estivesse dentro do Cristianismo, eu não desejaria estar”. Em outras palavras: se essa é a mensagem de Jesus, não, obrigado!
Atrair as pessoas a Cristo prometendo riqueza é tanto enganoso como mortífero. É enganoso porque quando o próprio Jesus nos chamou, ele disse coisas como: “Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:33). E é mortífero porque o desejo de ser rico faz com que as pessoas caiam “na ruína e perdição” (1 Timóteo 6:19). Assim, aqui está o meu apelo aos pregadores do evangelho.
1. Não desenvolva uma filosofia de ministério que torne difícil as pessoas entrar no céu. Jesus disse: “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!”. Seus discípulos ficaram estupefatos, como muitos no movimento de “prosperidade” deveriam ficar. Assim, Jesus aumentou ainda mais o assombro deles dizendo: “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus”. Eles responderam em descrença: “Então, quem pode ser salvo?”. Jesus disse: “Para os homens é impossível; contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível” (Marcos 10:23-27). Minha pergunta para os pregadores da prosperidade é: Por que você desejaria desenvolver um foco ministerial que torna difícil as pessoas entrar no céu?
2. Não desenvolva uma filosofia de ministério que atice desejos suicidas nas pessoas. Paulo disse: “De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores” (1 Timóteo 6:6-10). Assim, minha pergunta para os pregadores da prosperidade é: Por que você desejaria desenvolver um ministério que encoraja as pessoas a se atormentarem com muitas dores e se afogarem na ruína e perdição?
3. Não desenvolva uma filosofia de ministério que encoraje a vulnerabilidade à traça e à ferrugem. Jesus adverte contra o esforço de ajuntar tesouro na terra. Isto é, ele nos manda ser doadores, e não guardiões. “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam” (Mateus 6:19). Sim, todos nós guardamos algo. Mas dada a nossa tendência inerente em todos nós para com a ambição, por que deveríamos tirar o foco de Jesus e invertê-lo totalmente?
4. Não desenvolva uma filosofia de ministério que faça trabalho duro significar acúmulo de riqueza. Paulo disse que não deveríamos roubar. A alternativa era trabalhar duro com as nossas próprias mãos. Mas o propósito principal não era meramente acumular ou mesmo ter. O propósito era “ter para dar”. “Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado” (Efésios 4:28). Isso não é justificação para ser rico a fim de dar mais. É um chamado para fazer mais e acumular menos, para que possa dar mais. Não há razão pela qual uma pessoa que ganha R$ 500.000,00 por ano deva viver diferentemente de uma pessoa que ganha R$ 200.000,00. Descubra um estilo de vida moderado; corte os seus gastos supérfluos; então, dê o restante. Por que você desejaria encorajar as pessoas a pensar que elas deveriam possuir riqueza para serem um doador generoso? Por que não encorajá-las a manter suas vidas mais simples e serem um doador ainda mais generoso? Isso não adicionaria à generosidade deles um forte testemunho que Cristo, e não as possessões, é o seu tesouro?
5. Não desenvolva uma filosofia de ministério que promova menos fé na promessa de Deus ser para nós o que o dinheiro não pode ser. A razão do escritor aos Hebreus nos mandar estarmos contentes com o que temos é que o oposto implica menos fé nas promessas de Deus. Ele diz: “Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?” (Hebreus 13:5-6). Se a Bíblia nos diz que estarmos contentes com o que temos honra a promessa de Deus nunca nos abandonar, por que desejaríamos ensinar as pessoas a desejarem ser ricas?
6. Não desenvolva uma filosofia de ministério que contribua para que o seu povo fique sufocado até a morte. Jesus adverte que a palavra de Deus, que tem o intento de nos dar vida, pode ser sufocada pelas riquezas. Ele diz que isso é como uma semente que cresce entre espinhos, e é sufocada até a morte: “A que caiu entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus frutos não chegam a amadurecer” (Lucas 8:14). Por que desejaríamos encorajar as pessoas a buscar a própria coisa que Jesus adverte que nos sufocará até a morte?
7. Não desenvolva uma filosofia de ministério que tire o sabor do sal e coloque a candeia debaixo da vasilha. O que existe nos cristãos que os torna o sal da terra e a luz do mundo? Não é a riqueza! O desejo e a busca por riqueza têm o mesmíssimo sabor e aparência do mundo. Isso não oferece ao mundo nada diferente daquilo que ele já crê. A grande tragédia da pregação da prosperidade é que uma pessoa não tem que ser espiritualmente vivificada para abraçá-la; a pessoa precisa ser apenas gananciosa. Ficar rico em nome de Jesus não é ser o sal da terra ou a luz do mundo. Nisso, o mundo simplesmente vê um reflexo de si mesmo. E se funciona, eles comprarão.
O contexto do discurso de Jesus nos mostra o que é o sal e a terra. Eles são a disposição alegre de sofrer por Cristo. Aqui está o que Jesus disse: "Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós. Vós sois o sal da terra…Vós sois a luz do mundo” (Mateus 5:11-14).
O que fará o mundo provar (o sal) e ver (a luz) de Cristo em nós não é que amamos a riqueza da mesma forma que eles o fazem. Antes, será a disposição e a capacidade dos cristãos amarem os outros mesmo durante o sofrimento, enquanto se regozijam porque a recompensa deles está no céu com Jesus. Isso é inexplicável em termos humanos. É sobrenatural! Mas atrair as pessoas com promessas de prosperidade é simplesmente natural. Essa não é a mensagem de Jesus. Ele não morreu para assegurar isso.
Atrair as pessoas a Cristo prometendo riqueza é tanto enganoso como mortífero. É enganoso porque quando o próprio Jesus nos chamou, ele disse coisas como: “Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo” (Lucas 14:33). E é mortífero porque o desejo de ser rico faz com que as pessoas caiam “na ruína e perdição” (1 Timóteo 6:19). Assim, aqui está o meu apelo aos pregadores do evangelho.
1. Não desenvolva uma filosofia de ministério que torne difícil as pessoas entrar no céu. Jesus disse: “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!”. Seus discípulos ficaram estupefatos, como muitos no movimento de “prosperidade” deveriam ficar. Assim, Jesus aumentou ainda mais o assombro deles dizendo: “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus”. Eles responderam em descrença: “Então, quem pode ser salvo?”. Jesus disse: “Para os homens é impossível; contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível” (Marcos 10:23-27). Minha pergunta para os pregadores da prosperidade é: Por que você desejaria desenvolver um foco ministerial que torna difícil as pessoas entrar no céu?
2. Não desenvolva uma filosofia de ministério que atice desejos suicidas nas pessoas. Paulo disse: “De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores” (1 Timóteo 6:6-10). Assim, minha pergunta para os pregadores da prosperidade é: Por que você desejaria desenvolver um ministério que encoraja as pessoas a se atormentarem com muitas dores e se afogarem na ruína e perdição?
3. Não desenvolva uma filosofia de ministério que encoraje a vulnerabilidade à traça e à ferrugem. Jesus adverte contra o esforço de ajuntar tesouro na terra. Isto é, ele nos manda ser doadores, e não guardiões. “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam” (Mateus 6:19). Sim, todos nós guardamos algo. Mas dada a nossa tendência inerente em todos nós para com a ambição, por que deveríamos tirar o foco de Jesus e invertê-lo totalmente?
4. Não desenvolva uma filosofia de ministério que faça trabalho duro significar acúmulo de riqueza. Paulo disse que não deveríamos roubar. A alternativa era trabalhar duro com as nossas próprias mãos. Mas o propósito principal não era meramente acumular ou mesmo ter. O propósito era “ter para dar”. “Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado” (Efésios 4:28). Isso não é justificação para ser rico a fim de dar mais. É um chamado para fazer mais e acumular menos, para que possa dar mais. Não há razão pela qual uma pessoa que ganha R$ 500.000,00 por ano deva viver diferentemente de uma pessoa que ganha R$ 200.000,00. Descubra um estilo de vida moderado; corte os seus gastos supérfluos; então, dê o restante. Por que você desejaria encorajar as pessoas a pensar que elas deveriam possuir riqueza para serem um doador generoso? Por que não encorajá-las a manter suas vidas mais simples e serem um doador ainda mais generoso? Isso não adicionaria à generosidade deles um forte testemunho que Cristo, e não as possessões, é o seu tesouro?
5. Não desenvolva uma filosofia de ministério que promova menos fé na promessa de Deus ser para nós o que o dinheiro não pode ser. A razão do escritor aos Hebreus nos mandar estarmos contentes com o que temos é que o oposto implica menos fé nas promessas de Deus. Ele diz: “Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as coisas que tendes; porque ele tem dito: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. Assim, afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei; que me poderá fazer o homem?” (Hebreus 13:5-6). Se a Bíblia nos diz que estarmos contentes com o que temos honra a promessa de Deus nunca nos abandonar, por que desejaríamos ensinar as pessoas a desejarem ser ricas?
6. Não desenvolva uma filosofia de ministério que contribua para que o seu povo fique sufocado até a morte. Jesus adverte que a palavra de Deus, que tem o intento de nos dar vida, pode ser sufocada pelas riquezas. Ele diz que isso é como uma semente que cresce entre espinhos, e é sufocada até a morte: “A que caiu entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus frutos não chegam a amadurecer” (Lucas 8:14). Por que desejaríamos encorajar as pessoas a buscar a própria coisa que Jesus adverte que nos sufocará até a morte?
7. Não desenvolva uma filosofia de ministério que tire o sabor do sal e coloque a candeia debaixo da vasilha. O que existe nos cristãos que os torna o sal da terra e a luz do mundo? Não é a riqueza! O desejo e a busca por riqueza têm o mesmíssimo sabor e aparência do mundo. Isso não oferece ao mundo nada diferente daquilo que ele já crê. A grande tragédia da pregação da prosperidade é que uma pessoa não tem que ser espiritualmente vivificada para abraçá-la; a pessoa precisa ser apenas gananciosa. Ficar rico em nome de Jesus não é ser o sal da terra ou a luz do mundo. Nisso, o mundo simplesmente vê um reflexo de si mesmo. E se funciona, eles comprarão.
O contexto do discurso de Jesus nos mostra o que é o sal e a terra. Eles são a disposição alegre de sofrer por Cristo. Aqui está o que Jesus disse: "Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós. Vós sois o sal da terra…Vós sois a luz do mundo” (Mateus 5:11-14).
O que fará o mundo provar (o sal) e ver (a luz) de Cristo em nós não é que amamos a riqueza da mesma forma que eles o fazem. Antes, será a disposição e a capacidade dos cristãos amarem os outros mesmo durante o sofrimento, enquanto se regozijam porque a recompensa deles está no céu com Jesus. Isso é inexplicável em termos humanos. É sobrenatural! Mas atrair as pessoas com promessas de prosperidade é simplesmente natural. Essa não é a mensagem de Jesus. Ele não morreu para assegurar isso.
John Piper
In: A holy ambition: to preach where Christ has not been named
Tradução: Felipe Sabino, do Monergismo.
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