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quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Lendo as notícias de ontem sobre o protesto em frente ao Mackenzie fiquei feliz e espantado. Feliz porque o ato transcorreu sem violência e até onde fui em minha leitura, sem maiores transtornos que os tradicionais "congestionamento e confusão no trânsito".

Mas espantei-me com alguns fatos. Um deles é o desencontro entre o que dizia a nota publicada pelo Chanceler Augustus Nicodemus Lopes e contra o que protestavam os cerca de 500 manifestantes. Minha avó diria "tanto barulho por tão pouco". Não que o texto publicado pelo Augustus não fosse relevante. Era e é, além de oportuno, apesar de ser de 2007. Mas o estardalhaço me pareceu desproporcional. De qualquer forma, eles fizeram uso da liberdade de consciência e de expressão, defendida na nota divulgada.

Outra coisa que me chamou a atenção é que nenhum dos manifestantes entrevistados, nos jornais e sites que li, fizeram menção a algum trecho do documento. Uma das entrevistadas diz "estamos indignados". Ou comentou "nos sentimos ofendidos com o texto publicado pelo chanceler. Esse é um ato de resposta. Lutamos por liberdade". Ora, a liberdade que eles já tem, tanto que a usaram para gritar "abaixo o chanceler!". Representativa de muitos que ali estavam é Soninha Francine, jornalista e política, que "embora não conhecesse o conteúdo da manifestação de Augustus Nicodemus Gomes Lopes, foi "gritar junto" porque ficou sabendo que haveria um protesto contra a homofobia". Dããã!

Agora, espantado mesmo fiquei ao ler a notícia no site da Igreja Universal, o R7. Diferentemente de outros sites, que fizeram uma cobertura até que isenta e imparcial, o canal do bispo mais uma vez fez das dele. Depois da manchete, o site "informava" que "Chanceler do Mackenzie discorda de projeto que criminaliza violência contra gays". No corpo da notícia, dizia que "o ato foi marcado depois que o chanceler e reverendo da instituição, Augustus Nicodemus Gomes Lopes, divulgou na internet uma carta se colocando contrário à aprovação do PLC (Projeto de Lei da Câmara), que propõe a criminalização de atos de violência física e verbal contra pessoas homossexuais". Em nenhum outro site se fazia a insinuação de que Augustus Nicodemus é contra a criminalização da violência contra homossexuais.

Segue abaixo a nota que causou todo esse barulho:

Manifesto Presbiteriano sobre a Lei da Homofobia

"Leitura: Salmo
O Salmo 1, juntamente com outras passagens da Bíblia, mostra que a ética da tradição judaico-cristã distingue entre comportamentos aceitáveis e não aceitáveis para o cristão. A nossa cultura está mais e mais permeada pelo relativismo moral e cada vez mais distante de referenciais que mostram o certo e o errado. Todavia, os cristãos se guiam pelos referenciais morais da Bíblia e não pelas mudanças de valores que ocorrem em todas as culturas.

Uma das questões que tem chamado a atenção do povo brasileiro é o projeto de lei em tramitação na Câmara que pretende tornar crime manifestações contrárias à homossexualidade. A Igreja Presbiteriana do Brasil, a Associada Vitalícia do Mackenzie, pronunciou-se recentemente sobre esse assunto. O pronunciamento afirma por um lado o respeito devido a todas as pessoas, independentemente de suas escolhas sexuais; por outro, afirma o direito da livre expressão, garantido pela Constituição, direito esse que será tolhido caso a chamada lei da homofobia seja aprovada.

A Universidade Presbiteriana Mackenzie, sendo de natureza confessional, cristã e reformada, guia-se em sua ética pelos valores presbiterianos. O manifesto presbiteriano sobre a homofobia, reproduzido abaixo, serve de orientação à comunidade acadêmica, quanto ao que pensa a Associada Vitalícia sobre esse assunto:

“Quanto à chamada LEI DA HOMOFOBIA, que parte do princípio que toda manifestação contrária ao homossexualismo é homofóbica, e que caracteriza como crime todas essas manifestações, a Igreja Presbiteriana do Brasil repudia a caracterização da expressão do ensino bíblico sobre o homossexualismo como sendo homofobia, ao mesmo tempo em que repudia qualquer forma de violência contra o ser humano criado à imagem de Deus, o que inclui homossexuais e quaisquer outros cidadãos.
Visto que: (1) a promulgação da nossa Carta Magna em 1988 já previa direitos e garantias individuais para todos os cidadãos brasileiros; (2) as medidas legais que surgiram visando beneficiar homossexuais, como o reconhecimento da sua união estável, a adoção por homossexuais, o direito patrimonial e a previsão de benefícios por parte do INSS foram tomadas buscando resolver casos concretos sem, contudo, observar o interesse público, o bem comum e a legislação pátria vigente; (3) a liberdade religiosa assegura a todo cidadão brasileiro a exposição de sua fé sem a interferência do Estado, sendo a este vedada a interferência nas formas de culto, na subvenção de quaisquer cultos e ainda na própria opção pela inexistência de fé e culto; (4) a liberdade de expressão, como direito individual e coletivo, corrobora com a mãe das liberdades, a liberdade de consciência, mantendo o Estado eqüidistante das manifestações cúlticas em todas as culturas e expressões religiosas do nosso País; (5) as Escrituras Sagradas, sobre as quais a Igreja Presbiteriana do Brasil firma suas crenças e práticas, ensinam que Deus criou a humanidade com uma diferenciação sexual (homem e mulher) e com propósitos heterossexuais específicos que envolvem o casamento, a unidade sexual e a procriação; e que Jesus Cristo ratificou esse entendimento ao dizer, “. . . desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher” (Marcos 10.6); e que os apóstolos de Cristo entendiam que a prática homossexual era pecaminosa e contrária aos planos originais de Deus (Romanos 1.24-27; 1Coríntios 6:9-11).

A Igreja Presbiteriana do Brasil MANIFESTA-SE contra a aprovação da chamada lei da homofobia, por entender que ensinar e pregar contra a prática do homossexualismo não é homofobia, por entender que uma lei dessa natureza maximiza direitos a um determinado grupo de cidadãos, ao mesmo tempo em que minimiza, atrofia e falece direitos e princípios já determinados principalmente pela Carta Magna e pela Declaração Universal de Direitos Humanos; e por entender que tal lei interfere diretamente na liberdade e na missão das igrejas de todas orientações de falarem, pregarem e ensinarem sobre a conduta e o comportamento ético de todos, inclusive dos homossexuais.

Portanto, a Igreja Presbiteriana do Brasil reafirma seu direito de expressar-se, em público e em privado, sobre todo e qualquer comportamento humano, no cumprimento de sua missão de anunciar o Evangelho, conclamando a todos ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo”.

Rev. Dr. Augustus Nicodemus Gomes Lopes
Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie"

Sites que li:

http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2010/11/manifestantes-caminham-ate-local-onde-homossexuais-foram-agredidos.html

http://www.estadao.com.br/noticias/geral,grupo-protesta-contra-posicao-de-universidade-de-sp,644818,0.htm

http://gestao.redebrasilatual.com.br/temas/cidadania/2010/11/protesto-diante-do-mackenzie-pede-combate-a-homofobia-em-sp

http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/universitarios+protestam+contra+texto+sobre+homofobia+em+sp/n1237838427773.html

http://www.band.com.br/jornalismo/cidades/conteudo.asp?ID=100000371833

http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2010/11/jovens-protestam-contra-homofobia-em-frente-ao-mackenzie-em-sp.html

http://noticias.r7.com/sao-paulo/noticias/estudantes-fazem-protesto-contra-a-homofobia-emfrente-a-uma-universidade-particular-de-sp-20101124.html

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