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segunda-feira, 25 de março de 2013

Meu irmão Rick,

Esta é a terceira carta que lhe escrevo (leia a primeira e a segunda) sobre o assunto que lhe causa inquietação. Espero que a demora em dar continuidade no assunto não aparente descaso. Na verdade, ao mesmo tempo que desejo lhe dar tempo para refletir e orar sobre o assunto, não quero que pense que estou afoito para convencê-lo. Você já crê em Jesus Cristo, e isto é o que há de mais urgente. Quanto ao nosso assunto, podemos ir com prudente vagar.

Lembra-se que na sua segunda carta você disse que predestinação “não era bem assim” e apresentou algumas razões que, segundo você, mostrava que a predestinação não poderia ser entendida como um decreto eterno de Deus, que implica na salvação dos objetos de sua eleição soberana. Vou procurar responder rapidamente às suas objeções. Espero conseguir transferir para as letras o amor com que lhe escrevo mais esta resposta.

Você disse que não é justo Deus escolher alguns e não todos. Ao falar da eleição, Paulo antecipou essa objeção: “Que diremos, pois? Há injustiça da parte de Deus? De modo nenhum! Pois ele diz a Moisés: Terei misericórdia de quem me aprouver ter misericórdia e compadecer-me-ei de quem me aprouver ter compaixão” (Rm 9:14-15). Basicamente, o apóstolo está dizendo que a eleição está baseada na misericórdia, e esta não pode ser injusta, uma vez que não é devida a ninguém. Assim, se Ele não salvasse nenhuma pessoa, não seria injusto, se salvasse a todos, não seria mais justo por isso. Logo, salvar a uns e não a todos não o torna injusto.

A este argumento você emendou que Deus não faz acepção de pessoas. Na verdade, há algumas passagens que afirmam isso textualmente. Por outro lado, Deus diz “Amei Jacó, porém me aborreci de Esaú” (Rm 9:13). E esse amor discriminador não dependeu do que eles fizeram, pois está registrado que isso se deu quando “ainda não eram os gêmeos nascidos, nem tinham praticado o bem ou o mal” (Rm 9.11). Como resolver a aparente contradição? Deus realmente não faz acepção baseado naquilo que as pessoas são, tem ou na posição que ocupam, uma vez que as razões de Sua escolha encontram-se Nele mesmo e não nos escolhidos.

Outros questionamentos seus tem a ver com a redenção e a aplicação da salvação. Você diz que se Deus já escolheu a quem salvar, não tinha porque Jesus morrer na cruz. Na verdade, não há dificuldade aqui. A eleição tem a ver com o propósito divino, a morte de Jesus é o meio para isso. Em outras palavras, na eleição decide salvar, na expiação Deus torna isso possível. Deus tanto “nos predestinou para ele” (Ef 1:5) e enviou seu Filho “no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados” (Ef 1.7). Também questiona a necessidade de pregar o evangelho, se já existem pessoas escolhidas para a salvação. A resposta vai na mesma linha. Deus escolheu a quem salvar e determinou o meio pelo qual eles serão salvos: a pregação do evangelho. Primeiro vem “nele, digo, no qual fomos também feitos herança, predestinados...” (Ef 1.11) e em seguida “em quem também vós, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo nele também crido, fostes selados com o Santo Espírito da promessa” (Ef 1.13).

Como você pode ver, suas objeções foram antecipadas e respondidas pela própria Escritura. Assim temos que a Bíblia firma textualmente que Deus predestina soberana e graciosamente para a salvação, e isto não o torna injusto ou arbitrário, nem anula a necessidade da morte de Jesus, nem a pregação do evangelho. Pelo contrário, Jesus morreu porque Deus havia determinado salvar os seus eleitos e a pregação visa alcançar tais eleitos com os benefícios da morte de Jesus. Pense nisso, leia a Bíblia e ore a respeito.

Seu irmão em Cristo,

Clóvis

SGD

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