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domingo, 24 de fevereiro de 2013
Imagens de Deus. Visto que Deus como Espírito é, em essência, invisível e imenso, não pode, certamente, ser expresso por qualquer arte ou imagem. Por essa razão, não tememos afirmar com a Escritura que imagens de Deus não passam de mentiras. Assim, rejeitamos não somente os ídolos dos gentios mas também as imagens dos cristãos.
Imagens de Cristo. Embora Cristo tenha assumo a natureza humana, não a assumiu para fornecer modelo a escultores e pintores. Afirmou que não veio “revogar a lei ou os profetas” (Mat 5.17). E as imagens são proibidas pela lei e pelos profetas (Deut 4.15; Is 44.9). Afirmou que a sua presença corporal não seria de proveito para a Igreja, e prometeu que estaria junto de nós, para sempre, pelo seu Espírito (João 16.7). Quem, pois, haveria de crer que uma sombra ou semelhança de seu corpo traria qualquer benefício para as almas piedosas? (II Co 5.5). Se ele vive em nós pelo seu Espírito, somos já os templos de Deus (I Co 3.16). Mas, “que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos?” (II Co 6.16).
Imagens de santos. E desde que os espíritos bem-aventurados e os santos do céu, quando viviam aqui na terra, rejeitaram qualquer culto de si mesmos (At 3.12 ss; 14.11 ss; Apoc 14.7; 22.9) e condenaram as imagens, poderá alguém achar plausível que os santos e anjos celestiais se agradem com suas imagens, diante das quais os homens se ajoelham, descobrem as cabeças e dispensam outras honras?
Para instruir os homens na religião e relembrá-los das coisas divinas e da sua salvação, o Senhor ordenou que se pregasse o Evangelho (Mc 16.15) - e não que se pintassem quadros para ensinar os leigos. Instituiu também os sacramentos, mas em nenhum lugar estabeleceu imagens.
A escritura dos leigos. Demais, para onde quer que volvamos os olhos, vemos as criaturas de Deus, vivas e verdadeiras ao nosso olhar, as quais, se bem examinadas como convém, causam ao observador uma impressão muito mais viva do que todas as imagens ou pinturas vãs, imóveis, frágeis e mortas, feitas pelos homens, das quais com razão disse o profeta: “Têm olhos, e não vêem” (Sal 115.5).
Lactâncio, Epifânio e Jerônimo. Por isso aprovamos a opinião de Lactânio, escritor antigo, que diz: “Indubitavelmente nenhuma religião existe onde há uma imagem”. Afirmamos, também, que o bem-aventurado bispo Epifânio procedeu bem quando, ao encontrar nas portas de uma igreja um véu no qual estava pintada uma figura que se dizia ser de Cristo ou de algum santo, rasgou-o e o arrancou dali, por ver, contra a autoridade da Escritura, a figura de um homem afixada na Igreja de Cristo. Por isso, ele ordenou que dali por diante tais véus, que eram contrários à nossa religião, não fossem afixados na Igreja de Cristo, mas antes fossem removidas essas coisas duvidosas, indignas da Igreja de Cristo e dos fiéis. Além disso, aprovamos esta afirmação de Santo Agostinho sobre a verdadeira religião: “Não seja a nossa religião um culto de obras humanas: os próprios artistas que as fazem são melhores do que elas; no entanto, não devemos adorá-los” (De Vera Religione, IV, 108).
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