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sábado, 23 de fevereiro de 2013
Os lábios de Isaías tocados pelo fogo,
por 
Benjamin West
Em Março de 2007, eu preguei sobre o “amor como regulador dos dons espirituais” baseado em 1 Coríntios 13. Naquele culto havia um rapaz que ouviu toda a minha pregação com bastante atenção, mas ele estava claramente nervoso. Quando eu acabei de falar, o jovem levantou do banco da “mocidade” e foi até o púlpito onde “profetizou” a minha brevíssima morte e deu uma sentença: eu iria morar no inferno por pregar heresias!

Em nenhum momento, graças ao bom Deus, deixe-me levar pela falsa profecia. No dia seguinte, o pastor local pediu ao jovem profeta que citasse nas Escrituras as minhas “heresias”. Ele limitou-se a dizer: “Pergunte para Jesus”. Infelizmente, aquele jovem não se retratou e continuou a “profetizar” outras mortes até sair daquela congregação. 

Hoje, quando lembro desse fato, sinto pena desse rapaz, assim como de inúmeras pessoas que acreditam em falsas profecias. 

Voltando ao título e respondendo a questão levantada. Posso julgar uma profecia? Não somente pode, mas deve! Não nos esqueçamos que é uma obrigação cristã analisar todas as profecias. O apóstolo Paulo escreveu: “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.” [1 Coríntios 14.29]. O apóstolo João fala que devemos “provar os espíritos”: “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”. [1 João 4:1]. Em apenas dois textos vemos claramente um mandamento. 

Nós, também, não podemos desprezar as profecias, mas isso não impede de examinarmos aquilo que ouvimos. Paulo ainda diz: “Não extingais o Espírito. Não desprezeis as profecias. Examinai tudo. Retende o bem” [1 Tessalonicenses 5.19-21]. Veja que mesmo quando Paulo alerta sobre o “não desprezar”, ele nos lembra sobre a necessidade de examinar. Ou seja, uma prática não extingue a outra. Portanto, receba toda profecia com respeito, mas nunca deixe de analisá-la e, também, despreze a falsa profecia.

Muitas vezes, erroneamente, se coloca na cabeça do povo que é errado analisar (provar, julgar etc.) uma profecia. O erro é justamente deixar de fazer tal análise. E qual o critério para verificar uma profecia? A Palavra de Deus! Diante de uma profecia (ou qualquer outra palavra dita em nome de Deus) sempre devemos perguntar: Isso condiz com as Sagradas Escrituras?

O critério, repito, é a Palavra de Deus. Veja que não é um “sentir” ou um “arrepio” e nem qualquer outra manifestação do sistema sensorial. Além disso, não é porque você “vai com a cara” do profeta que a profecia seja de Deus (e o contrário, também, é verdadeiro). 

Vejamos algumas profecias claramente antibíblicas:

a) Profecias de casamento. Ora, profecia não é horóscopo e nem serve para determinar decisões que devem ser tomadas pelo critério da sabedoria e discernimento. O mesmo serve para outras decisões (abertura de um negócio, por exemplo) que são terceirizadas para profetas. 

b) Profecias de morte. O apóstolo Paulo mostra que a profecia tem um triplo objetivo: “Mas quem profetiza o faz para a edificação, encorajamento e consolação dos homens.” [1 Coríntios 14.3 NVI]. Onde que uma profecia de morte “edifica, encoraja ou consola” um ouvinte?

c) Profecias de vontade própria. O pregador que manda a igreja profetizar certamente nunca entendeu a natureza da profecia. Ora, a profecia não é fruto de vontade própria. A profecia deve ser pronunciada quando recebida, mas nunca sob coerção ou incentivo. Quem manda a profecia é Deus e não a minha ou a sua vontade. Além disso, é um completo absurdo marcar hora para profecias em cultos temáticos ou programas midiáticos.

d) Profecias com meias verdades. Essas são as mais perigosas. Já diz o provérbio chinês que toda “meia verdade é sempre uma mentira inteira”. Muitas vezes Deus até deu a profecia para uma pessoa, mas em sua empolgação, o portador do dom acaba exagerando na mensagem a ser transmitida [cf. I Crônicas 7. 1-4] . É bom lembrar que Deus impulsiona a mensagem, mas não cada palavra a ser dita. Leia 2 Samuel 12 e veja, por exemplo, que o profeta Natã usa uma parábola para complementar a mensagem da profecia. A profecia não é uma espécie de psicografia. 

Sejamos, portanto, cautelosos com a profecia, pois uma falsa palavra transmitida sempre causa inúmeros prejuízos para a igreja local.

Gutierres Fernandes Siqueira

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