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sexta-feira, 10 de junho de 2011
O objetivo deste post é divulgar o mais recente livro do Pr. Franklin Ferreira, autor também de uma excelente Teologia Sistemática.
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De forma bem simples, pode-se dizer que “cosmovisão” é a nossa visão de mundo. “Uma cosmovisão é um comprometimento, uma orientação fundamental do coração, que pode ser expressa como uma história ou um conjunto de pressuposições (hipóteses que podem ser total ou parcialmente verdadeiras ou totalmente falsas), que detemos (consciente ou subconscientemente, consistente ou inconsistentemente) sobre a constituição básica da realidade e que fornece o alicerce sobre o qual vivemos, movemos e possuímos nosso ser”. Em outras palavras, cosmovisão é um conjunto de crenças básicas que se tornam nosso quadro de referência por meio do qual interpretamos, organizamos e vivemos nossas vidas.

É necessário deixar claro que todas as pessoas têm uma cosmovisão. Se ela é bem articulada ou contraditória, se é consistente ou ilógica, isso é outra questão. Fato é que todos têm uma cosmovisão. E a maior evidência disso é que constantemente interpretamos os eventos ou as realidades que acontecem ao nosso redor a partir dos pressupostos que constituem nossa cosmovisão.

Aqui é necessária uma palavra de cautela: não existem fatos ou dados neutros. Muitas vezes pressupomos que os acontecimentos ao nosso redor, e mesmo os textos que lemos, são autointerpretáveis, isto é, supomos que nossa interpretação deles tem um signifi cado unívoco e inquestionável. Raramente lembramos que muitas vezes confundimos nossa interpretação — tomada como unívoca — com o fato ou com o texto em si. Só que a construção de nosso conhecimento e de nossa interpretação da vida não é tão simples assim. Interpretamos o mundo não a partir dos fatos, mas a partir dos pressupostos. Já chegamos aos textos que lemos e aos fatos ao nosso redor com uma série de pré-compreensões ou hipóteses — verdadeiras, parcialmente verdadeiras ou falsas, conscientes ou inconscientes, coerentes ou incoerentes — que são comumente chamadas de pressupostos.

Todas as pessoas têm seus pressupostos, e elas vão viver de modo mais coerente possível com estes pressupostos, mais até do que elas mesmas possam se dar conta. Por pressupostos entendemos a estrutura básica de como a pessoa encara a vida, a sua cosmovisão básica, o fi ltro através do qual ela enxerga o mundo. Os pressupostos apoiam-se naquilo que a pessoa considera verdade acerca do que existe. Os pressupostos das pessoas funcionam como um fi ltro, pelo qual passa tudo o que elas lançam ao mundo exterior. Os seus pressupostos fornecem ainda a base para seus valores e, em consequência disto, a base para suas decisões. (Francis Schaeffer, Como viveremos?, p. 11)

São nossos pressupostos que nos guiarão não apenas na interpretação de praticamente tudo que está diante de nós, mas também na forma como interpretamos esses fatos: Há alguma coerência ou mensagem de apelo universal naquilo que lemos? Há alguma lógica que explique o que ocorre ao nosso redor? Ou os fatos da vida são desconexos, sem ligação entre si, e a vida não passa de uma paródia grotesca ou um grande absurdo? É verdade que o significado de um texto só encontra lugar em seu signifi cado para mim, sem importar o signifi cado autoral e a própria história do texto? Ou será que existe a possibilidade de descobrirmos o real e único signifi cado de um determinado texto?

O uso das palavras lógica e coerência é intencional, pois é a partir da busca por uma lógica ou coerência de nossos pressupostos que estabelecemos algum tipo de padrão de interpretação do que ocorre ao nosso redor. A partir dos pressupostos cristãos, afi rmamos que há uma ordem na criação, por isso aplicaremos regras elementares da lógica subordinada à revelação e santifi cada em nossa interpretação do mundo. Justamente o contrário dos não cristãos que acabam dependendo mais de sua intuição, de suas experiências místicas ou daquilo que Martinho Lutero chamou de “porca razão”, a razão autônoma, que supõe poder interpretar o mundo a partir de si mesma, sem referência a nada além dela, muito menos ao Deus transcendente que se revela na Escritura.

Franklin Ferreira
In: Teologia Cristã, Edições Vida Nova

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