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quinta-feira, 23 de junho de 2011
A primeira característica que quero considerar sobre o discípulo radical é o “inconformismo”. Deixe-me explicar.

A igreja tem uma dupla responsabilidade em relação ao mundo ao seu redor. Por um lado, devemos viver, servir e testemunhar no mundo. Por outro, devemos evitar nos contaminar por ele. Assim, não devemos preservar nossa santidade fugindo do mundo, nem sacrificá-la nos conformando a ele.

Tanto o escapismo quanto o conformismo são proibidos para nós. Esse é um dos temas principais da Bíblia, ou seja, Deus está convocando um povo para si e o desafiando a ser diferente de todos. “Sejam santos”, diz ele repetidamente ao seu povo, “porque eu sou santo” (Lv 11.45; 1Pe 1.15-16).

Esse tema fundamental se repete nas quatro principais seções da Bíblia: a lei, os profetas, o ensino de Jesus e o ensino dos apóstolos. Darei um exemplo de cada. Primeiro, a lei. Deus diz ao seu povo por meio de Moisés:

Não fareis segundo as obras da terra do Egito, em que habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Canaã, para a qual eu vos levo, nem andareis nos seus estatutos. Fareis segundo os meus juízos e os meus estatutos guardareis, para andardes neles. Eu sou o Senhor, vosso Deus. Levíticos 18.3-4

Semelhantemente, a crítica de Deus ao seu povo por meio do profeta Ezequiel é que “não andastes nos meus estatutos, nem executastes os meus juízos; antes, fizestes segundo os juízos das nações que estão em redor de vós” (Ez 11.12).

O mesmo acontece no Novo Testamento. No Sermão do Monte, Jesus fala dos hipócritas e pagãos e acrescenta: “Não vos assemelheis, pois, a eles” (Mt 6.8). Finalmente, o apóstolo Paulo escreve aos romanos: “Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente” (Rm 12.2).

Aqui está o chamado de Deus para um discipulado radical, para um inconformismo radical à cultura circundante. O convite para desenvolver uma contracultura cristã, para um engajar-se sem comprometer-se.

John Stott

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