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sexta-feira, 8 de abril de 2011
Posso estar enganado, mas parece que há uma certa insistência em que o atirador que matou 12 crianças na escola de Realengo seja um fundamentalista islâmico. Veja este vídeo.

Talvez seja apenas impressão minha. Mas quando ouvi falar na triste tragédia, liguei a TV e ouvi que o senador José Sarney chamou o assassino de terrorista. Voltei para a internet e vi a notícia no UOL dando conta de que a Irmã de atirador diz que ele era ligado ao Islamismo. A mesma notícia dizia que a carta deixada pelo atirador apresentava conteúdo “fundamentalista islâmico”. Conclusão: o assassino era um terrorista islâmico.

Mas procurei o áudio da entrevista com a irmã do rapaz e nele quem sugere que ele estava envolvido com o islamismo é o jornalista, e não a irmã, que na verdade foi bastante evasiva sobre tudo, o que é natural dadas as circunstâncias. Pelas palavras dela, eu não concluiria que o rapaz tivesse ligado ao islã.

Porém, os sites de notícias evangélicos foram rápidos em divulgar que se tratava de um terrorista islâmico. O Gnotícias, do Gospel+, trouxe a enorme manchete Atirador que matou crianças em Realengo seria radical islâmico. Este seria primeiro atentado terrorista no Brasil. No corpo da notícia, a afirmação bastante sensacionalista de que "um fato pouco divulgado é que o atirador seria um radical islâmico, fato confirmado pela irmã do assassino em entrevista a Band News FM. No corpo do atirador foi encontrado uma carta com alto teor fundamentalista islâmico, onde o assassino anuncia suas intenções e motivos para a chacina em Realengo".

Outro jornal, o Notícias Gospel, diz que "os trechos da carta revelam que o assassino tinha possíveis ligações com o Islamismo, pois ele fala sobre o perdão de Deus e também sobre a volta de Jesus e a ressurreição dos mortos". Se isso indica motivação religiosa, então temos que admitir que era um fanático cristão, pois nada mais cristão e protestante do que falar sobre o perdão de Deus e sobre a volta de Jesus. Já o blog Olhar Cristão apresenta 10 evidências de que Wellington Bezerra de Oliveira era um fanático islâmico. As evidências, é claro, são ridículas. As melhores não passam de estereótipos.

Algumas reflexões sobre isso. Primeiro, não faz diferença para as vítimas e seus familiares,  e não deveria fazer para nós, se o assassino era muçulmano, cristão, ateu ou o que seja. A tragédia é, em si mesma, tão triste que qualquer motivação que o assassino tenha tido perde qualquer importância. Nada justificaria, nem explicaria ou amenizaria a dor dos que perderam seus filhos ou viveram a tragédia.

Segundo, que pessoas horríveis nós somos se nos servirmos desse tipo de coisa para mostrar que somos melhores que os outros. O cristianismo não se torna mais virtuoso porque alguns muçulmanos se explodem em ônibus ou chacinam crianças em escolas. Como não fica pior se a pessoa que faz esse tipo de coisa disse que ouviu a voz de Jesus mandando ele fazer a obra de Deus. Temos uma verdade a proclamar e esta verdade não rotula as pessoas como boas ou más conforme a religião que professa ou que faz em nome dela. Segundo a verdade que pregamos, todas as pessoas (nós inclusive) são más e Deus é o único bom, que nos salva por Sua bondade.

Terceiro, ligar por suposições a pessoa à religião islâmica não favorece a causa do evangelho. Os que nos ouvirem exacrar os fundamentalismo islâmico logo estarão levantando suas vozes contra o fundamentalismo religioso, que é o rótulo aplicado a todos que procuram viver de acordo com a moral bíblica, e não apenas aos que entram em escolas e matam meninas. Logo, o fato da carta insinuar motivação religiosa, tornará mais alto e mais forte o discurso do que se opõem à religião cristã. Detectores de metais em escolas e cerceamento da liberdade religiosa serão debatidos conjuntamente.

E, finalmente, espanta-me o pouco compromisso com a verdade demonstrado por aqueles que dizem seguir a Verdade. Fico com a impressão de que, desde que os alvos sejam mulçumanos ou testemunhas de jeová (a mãe do rapaz era dessa seita) não há problema em se faltar com a verdade ou, no mínimo, apresentar suposições como fatos. Não creio que deveria ser assim. Melhor esperar o trabalho de investigação, mesmo que para isso se perca visitas ao site por não aparecer nas pesquisas sobre o assunto.

Pode ser que as investigações demonstrem que o rapaz era ligado ao islã. Pode ser que não. Espero que não seja, e espero também que os cristãos não acabem incitando o ódio religioso pela divulgação de boatos e suposições precipitadas.

Soli Deo Gloria

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