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terça-feira, 22 de março de 2011
Sei que "o trabalhador merece o seu salário" (Lc 10.7) e aqueles "que pregam o evangelho, que vivam do evangelho" (1Co 9.14). [...] No entanto, desejaria que os bem-intencionados ministros de Cristo levassem em consideração o que é aconselhável, e também o que é legítimo, sabendo-se que a salvação de uma alma é melhor que uma grande quantidade de dinheiro, e que nosso ganho, embora legítimo, é um ganho abominável, pois é pedra de tropeço para a alma de nosso rebanho. Tornemos o evangelho da graça tão pouco oneroso e incômodo quanto possível. Prefiro não aceitar o dízimo de meu rebanho que destruir as almas por quem Cristo morreu; e embora Deus tenha ordenado que aqueles "que pregam o evangelho, que vivam do evangelho" (1Co 9.14), prefiro sofrer todas as coisas que ser um obstáculo para o evangelho; e seria melhor morrer que permitir que algum homem transforme isso em minha honra inútil. [...] Se a necessidade das almas e a promoção do evangelho exigir isso, prefiro pregar o evangelho maltrapilho e faminto que contender implacavelmente pelo que é legítimo; e se eu assim agir, não terei do que me gloriar, pois a carência se abaterá sobre mim; sim, que o infortúnio me persiga, se não pregar o evangelho, embora jamais tenha recebido algo dos homens.

Quão impróprios são os mensageiros dessa graça e desse reino gratuitos se preferirem perder a alma e o coração de seu rebanho que perder um tostão daquilo que lhe é devido; se preferirem aborrecer as pessoas depondo contra a mensagem de Deus que tardar um pouco seus direitos, contendendo com elas em juízo pelo salário do evangelho, e transformando as boas novas que alcançam seu coração carnal parecer as tristes novas por causa desse fardo! Esse não é o caminho de Cristo e seus discípulos, nem a veneração da abnegada doutrina de entrega e de sofrimento que eles ensinaram. Fora com todas essas ações que vão contra o fim principal de nosso estudo e chamado de ganhar almas; e que o infortúnio acompanhe esse ganho que obstrui o ganhar pessoas para Cristo. Sei que a carne agora fará objeções por causa das necessidades, e a desconfiança não aceita argumentos; mas nós que temos o suficiente para responder às reservas de nosso povo, levemos algumas dessas respostas para casa para que ensinemos a nós mesmos antes de ensinar ao nosso rebanho. Quantas pessoas você conhece, por quem Deus sofreu, que passam fome na vinha do Senhor?

Richard Baxter
O descanso eterno dos santos

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