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sábado, 27 de dezembro de 2008
Supõe-se de modo geral que o arminianismo resulta da leitura das Escrituras de uma maneira "natural", sem preconceitos e sofisticações, e que o calvinismo é um desenvolvimento desnatural, menos produto dos próprios textos sagrados do que da lógica profana que se alicerça nos textos bíblicos, distorcendo o sentido claro dos mesmos e perturbando-lhes o equilíbrio, ao forçá-los para dentro de um arcabouço sistemático que a própria Bíblia não ensina. Apesar de que isso possa exprimir uma verdade acerca de alguns calvinistas, nada poderia estar mais afastado da verdade, no tocante a uma generalização do calvinismo.
Certamente, o arminianismo é "natural" em certo sentido, isto é, que representa uma perversão característica do ensino bíblico por parte da mentalidade decaída do homem, que, até no que concerne à salvação, não pode suportar ter de renunciar à ilusão de ser o dono de seu destino e o capitão de sua própria alma. Essa perversão já havia aparecido antes no pelagianismo e no semi-pelagianismo do período patrístico, e, posteriormente, no escolasticismo, tendo reaparecido, desde o século XVII, tanto na teologia católica-romana quanto entre os grupos protestantes, em vários tipos de liberalismo racionalista e dentro do moderno ensino evangélico. Não duvidamos que essa perversão sempre haverá de continuar entre nós, neste mundo. Enquanto a mente humana caída for o que é, a maneira arminiana de pensar continuará a ser um tipo natural de equívoco. Porém, a interpretação arminiana não é natural em qualquer outro sentido.
De fato, o calvinismo é que compreende as Escrituras em seu sentido natural, ou, conforme poderíamos afirmar, em seu sentido inescapável. O calvinismo é que sustenta o que a Bíblia realmente diz. O calvinismo é que insiste em levar a sério as assertivas bíblicas de que Deus salva, e que Ele salva àqueles aos quais escolheu para serem salvos, salvando-os através da graça, sem o concurso das obras humanas, de tal maneira que ninguém possa jactar-se, porquanto Cristo lhes é dado como um perfeito Salvador, e que a salvação inteira deles deriva-se da cruz, que a obra remidora deles foi concluída na cruz. É o calvinismo que dá a devida honra à cruz. Assim, quando um calvinista canta:
ele realmente assim entende as coisas. Ele não diz que o propósito salvador de Deus, na morte de Seu Filho, foi de eficácia, cujo cumprimento depende da vontade do homem de crer, de tal maneira que, apesar de tudo quanto Deus podia fazer, Cristo poderia ter morrido sem que ninguém fosse salvo. O calvinista, pois, insiste que a Bíblia vê a cruz como a revelação do divino poder de salvar, e não a impotência divina. Cristo não obteve uma salvação hipotética para crentes hipotéticos, uma mera possibilidade de salvação para qualquer indivíduo que quisesse crer. Antes, proveu uma salvação real para todo o Seu povo escolhido. O precioso sangue de Cristo realmente "salva a todos nós"; desse sangue deriva-se o efeito tencionado de Sua auto-oferta, por causa daquilo que a cruz envolve. Seu poder salvador não depende da adição da fé; seu poder salvador é de tal natureza que a fé flui desse poder. A cruz garante a plena salvação de todos aqueles por quem Cristo morreu.
J. I. Packer
In: O antigo Evangelho.
Certamente, o arminianismo é "natural" em certo sentido, isto é, que representa uma perversão característica do ensino bíblico por parte da mentalidade decaída do homem, que, até no que concerne à salvação, não pode suportar ter de renunciar à ilusão de ser o dono de seu destino e o capitão de sua própria alma. Essa perversão já havia aparecido antes no pelagianismo e no semi-pelagianismo do período patrístico, e, posteriormente, no escolasticismo, tendo reaparecido, desde o século XVII, tanto na teologia católica-romana quanto entre os grupos protestantes, em vários tipos de liberalismo racionalista e dentro do moderno ensino evangélico. Não duvidamos que essa perversão sempre haverá de continuar entre nós, neste mundo. Enquanto a mente humana caída for o que é, a maneira arminiana de pensar continuará a ser um tipo natural de equívoco. Porém, a interpretação arminiana não é natural em qualquer outro sentido.
De fato, o calvinismo é que compreende as Escrituras em seu sentido natural, ou, conforme poderíamos afirmar, em seu sentido inescapável. O calvinismo é que sustenta o que a Bíblia realmente diz. O calvinismo é que insiste em levar a sério as assertivas bíblicas de que Deus salva, e que Ele salva àqueles aos quais escolheu para serem salvos, salvando-os através da graça, sem o concurso das obras humanas, de tal maneira que ninguém possa jactar-se, porquanto Cristo lhes é dado como um perfeito Salvador, e que a salvação inteira deles deriva-se da cruz, que a obra remidora deles foi concluída na cruz. É o calvinismo que dá a devida honra à cruz. Assim, quando um calvinista canta:
"Uma colina verde existe além,
Sem ter os muros a lhe rodear
Onde o Senhor Jesus, o Sumo Bem,
Na cruz morreu para nos salvar.
"Pelo nosso pecado Ele morreu,
Para fazer bondoso o nosso coração.
E para o céu ganharmos, você e eu,
Seu sangue deu por nossa salvação",
Sem ter os muros a lhe rodear
Onde o Senhor Jesus, o Sumo Bem,
Na cruz morreu para nos salvar.
"Pelo nosso pecado Ele morreu,
Para fazer bondoso o nosso coração.
E para o céu ganharmos, você e eu,
Seu sangue deu por nossa salvação",
ele realmente assim entende as coisas. Ele não diz que o propósito salvador de Deus, na morte de Seu Filho, foi de eficácia, cujo cumprimento depende da vontade do homem de crer, de tal maneira que, apesar de tudo quanto Deus podia fazer, Cristo poderia ter morrido sem que ninguém fosse salvo. O calvinista, pois, insiste que a Bíblia vê a cruz como a revelação do divino poder de salvar, e não a impotência divina. Cristo não obteve uma salvação hipotética para crentes hipotéticos, uma mera possibilidade de salvação para qualquer indivíduo que quisesse crer. Antes, proveu uma salvação real para todo o Seu povo escolhido. O precioso sangue de Cristo realmente "salva a todos nós"; desse sangue deriva-se o efeito tencionado de Sua auto-oferta, por causa daquilo que a cruz envolve. Seu poder salvador não depende da adição da fé; seu poder salvador é de tal natureza que a fé flui desse poder. A cruz garante a plena salvação de todos aqueles por quem Cristo morreu.
"Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo" (Gl. 6:14).
J. I. Packer
In: O antigo Evangelho.
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9 comentários:
Clovis,
mais uma vez obrigado por teus posts
A profunda reflexão de J. I. Packer In: O antigo Evangelho nos leva a considerar a mediocridade da justiça humana em contraste com a gloriosa justiça de nosso Deus. Humilhando-nos debaixo da potente mão de Deus conforme bem nos aconselhava o apóstolo. Graças a Ele por não precisar depender de meus esforços que com certeza seriam inúteis.Obrigado Senhor por ter me escolhido para andar contigo ainda que não tenha mérito algum em mim para isto.
Soli Deo Gloria
Lourival Nascimento
Pr. Lourival,
Como diz Packer, o calvinismo é uma posição inescapável. Apresenta um Deus que salva e não um Deus que tenta salvar. Por seguinte, os que Ele salva, são salvos, não apenas estão salvos.
Em Cristo,
Clóvis
Packer não conhece o Arminianismo. Fora todas essas deturpações, ele diz nesta introdução que o Arminianismo surgiu da crença que "a soberania divina é incompatível com a liberdade humana, e, portanto, também com a responsabilidade humana". Nunca um arminiano disse isso. Muito pelo contrário, são calvinistas (com exceção dos compatibilistas) que acreditam que a soberania divina é incompatível com a liberdade humana.
O próprio Packer foi condenado pelos calvinistas porque disse em seu livro A Evangelização e a Soberania de Deus que a soberania divina e a responsabilidade humana são aparentemente incompatíveis. Parecem uma contradição mas não é. A crítica a Packer foi que, se esta é uma contradição aparente, como podemos distinguir uma contradição aparente de uma contradição real? Packer foi muito infeliz nesta afirmação.
Além disso, Packer é um sujeito muito estranho.
Ele começa dizendo que "que a doutrina da redenção universal é antibíblica e
destrutiva para o evangelho", porém pertence à Igreja Anglicana, cuja confissão de fé diz que "A oblação de Cristo uma só vez consumada é a perfeita redenção, propiciação, e satisfação por todos os pecados, tanto originais como atuais, do mundo inteiro".
Este hino que ele cita é de ninguém menos que Charles Wesley, um convicto arminiano que, entre tantos outros, escreveu hinos contra o Calvinismo.
Packer é fã de C. S. Lewis, que, todos sabem, era arminiano. Numa de suas palestras ele chegou a dizer que Lewis não era arminiano, mas um "calvinista inconsistente". Em outra, ele também diz que John Wesley não era arminiano mas um "calvinista confuso".
Ele fala mal do Arminianismo mas se juntou a um arminiano para escrever um livro (One Faith, Uma Fé) que trata do consenso evangélico.
Mas ele não parou por aí. Ele defende a união entre protestantes e católicos. Ele diz que as nossas diferenças com os católicos são mínimas para justificar uma separação.
E tem mais: Ele escreveu um artigo na Christianity Today abrindo a possibilidade de que pagãos que nunca ouviram o Evangelho podem se salvar, algo que o Calvinismo rejeita.
É, parece que ultimamente Packer vem distanciando bem do Calvinismo.
Acho melhor parar por aqui.
Paulo Cezar,
Muito obrigado pela sua participação aqui. Saiba que me sinto honrado e feliz em interagir com o irmão.
Pela escassez de espaço, não vou me estender muito nas suas afirmações sobre a pessoa do J. I. Packer, que você considera "um sujeito muito estranho":
1. Por ele crer na redenção particular sendo membro de uma igreja que confessa, segundo a sua interpretação do Artigo 31 crê na redenção universal. Mas a sua posição depende do sentido em que se toma a expressão "mundo inteiro". A menos que a Igreja Anglicana advogue o universalismo (e há quem assim creia dentro dela), essa expressão deve ser entendida, à luz do Artigo 17, como pois "eleitos do mundo inteiro": "A predestinação para a vida é o eterno propósito de Deus, pelo qual (antes de lançados os fundamentos do mundo) tem constantemente decretado por seu conselho, a nós oculto, livrar da maldição e condenação os que elegeu em Cristo dentre o gênero humano, e conduzi-los por Cristo à salvação eterna, como vasos feitos para a honra."
2. Por citar um hino de "Charles Wesley, um convicto arminiano" que "escreveu hinos contra o Calvinismo". Ora, meu herói pessoal é John Wesley, admiro vários arminianos e os cito com alegria. Nada há de estranho em calvinistas cantarem hinos compostos por arminianos, estranho deveria ser arminianos escrever hinos contra o calvinismo, sendo que hinos deveriam servir ao propósito de louvar a Deus.
3. Eu também sou um fã de C. S. Lewis, um arminiano. Nada demais, pois também sou fã de Jacó Armínio, que empresta o nome ao arminianismo. E sou um fã confesso seu, o mais legítimo arminiano que conheço. Também sou estranho!
4. Eu também se tivesse capacidade para tal, escreveria um livro juntamente com um arminiano. Wesley era arminiano, Whitefield calvinista e a rusgas teológicas que tiveram não os impediu de cooperarem no evangelho.
5. Você também mencionou que ele "defende a união entre protestantes e católicos" e que a nossas "diferenças com os católicos são mínimas". Não tenho conhecimento dessa posição dele, mas é compreensível em sendo ele ministro de uma igreja que se define como inclusiva, onde uma ala protestante convive com outra ala católica, sendo admissível rezar ave-marias, acender velas, etc. Estranho para você e para mim, mas não para o contexto em que ele está.
6. Sobre ele abrir a possibilidade de "pagãos que nunca ouviram o Evangelho podem se salvar" é algo que eu gostaria de ler. Se puder me citar a fonte agradeceria, pois apreciaria ver os argumentos que ele utiliza, embora "abrir possibilidade" não seja, necessariamente, defender.
7. Acho melhor parar por aqui.
É uma pena que tenha parado antes de abordar o texto em si, limitando-se a falar negativamente do autor.
Em Cristo,
Clóvis
Vamos lá, então. Somente os pontos principais.
Certamente, o arminianismo é "natural" em certo sentido, isto é, que representa uma perversão característica do ensino bíblico por parte da mentalidade decaída do homem.
Em primeiro lugar, esse palavreado não ajuda em nada o ecumenismo que ele tanto defende. Será que ele gostaria se eu dissesse o mesmo a seu respeito?
Em segundo lugar, se o Arminianismo é resultado da mentalidade decaída do homem, como explicar a existência de pessoas regeneradas em Cristo que são arminianas?
Ele diz que o arminiano "não pode suportar ter de renunciar à ilusão de ser o dono de seu destino e o capitão de sua própria alma".
Nenhum arminiano tem essa ilusão para um dia poder renunciar. Nenhum arminiano acredita que é o dono de seu destino. Se fosse, talvez eu escolheria passar o resto da eternidade em Porto de Galinhas-PE. Ali é um paraíso.
Só o fato de existir dois destinos possíveis (céu ou inferno) mostra que o arminiano não deve se considerar tão dono de seu destino assim. Aliando ao fato de que a salvação é fornecida sob os termos de Deus e não do homem, dizer que alguém é dono de seu destino seria uma grande bobagem.
O que um arminiano crê é que Deus oferece a salvação a todos, e que quem crer será salvo, quem não crer será condenado. Mas nem isso foi uma decisão humana, foi divina. Deus quis que fosse assim. Ele soberanamente escolheu fazer dessa forma. Fazer o quê?
Ele não diz que o propósito salvador de Deus, na morte de Seu Filho, foi de eficácia, cujo cumprimento depende da vontade do homem de crer, de tal maneira que, apesar de tudo quanto Deus podia fazer, Cristo poderia ter morrido sem que ninguém fosse salvo.
Os arminianos não crêem que a eficácia da morte de Cristo é limitada pela vontade do homem de crer. Se há alguém que pode colocar alguma limitação, esse Alguém é Deus, e se foi da vontade de Deus prover salvação para todos e conceder àquele que crer, não será o Packer nem ninguém que irá impedir isso.
Agora, será que Deus faria um plano de salvação para todos que finalmente se mostraria ser um fracasso total? Só na cabeça dele.
Cristo não obteve uma salvação hipotética para crentes hipotéticos, uma mera possibilidade de salvação para qualquer indivíduo que quisesse crer.
E quanto àquela repetida afirmação calvinista de que "os não-eleitos têm a possibilidade de salvação contanto que creiam em Cristo", se Cristo não tornou possível a salvação de todo mundo? As duas afirmações não podem ser mantidas juntas.
Seu poder salvador não depende da adição da fé.
Amém. Certamente a fé não tem o poder de apagar pecados, de mudar a natureza do homem, de santificá-lo, etc. Mas ninguém pode negar que, embora não seja a causa eficiente, a fé é a causa instrumental da salvação.
Poderia dizer mais mas por enquanto é só.
Paulo Cezar,
Vamos a alguns pontinhos mais:
"Obrigado pelas palavras de consideração"
São merecidas, no âmbito humano, pois tudo é apra glória de Deus.
"... você tenta retratar o Arminianismo exatamente como ele é, diferenciando o Arminianismo de Arminius do que é vulgarmente chamado Arminianismo."
Sim, pois uma coisa é ser arminiano, outra bem diferente é dizer "sou contra a eleição" e "não existe predestinação".
"Naturalmente eu tenho algumas correções a fazer. Por exemplo, em outro lugar você diz que Arminius cria na Perseverança dos Santos."
Elas são sempre bem vindas. Quero ser acusado de discordar do arminianismo, mas jamais de distorcê-lo ou caricaturizá-lo. Quanto à perseverança dos santos, até onde eu saiba ele morreu afirmando que o assunto merecia maior investigação. Sendo que sua posição anterior era de que o regenerado não poderia perder sua salvação, parece-me correto supor que ele manteve essa posição, pelo menos provisoriamente.
"Quero dizer que espero não ter parecido estar depreciando o Packer."
A mim pareceu, e estranhei, pois você sempre atacou idéias e não pessoas, embora não tivesse depreciado o Packer fez uma avaliação negativa dele, ao meu ver. Agora está esclarecido.
"3. Não diga isso, não! A palavra 'fã' vem de 'fanático' :)"
Não chego ao ponto de pedir autógrafo, mas te respeito muito e o considero um irmão amado em Cristo.
7. Não tenho o artigo de Packer mas ele foi lançado em 86 na revista Christianity Today com o título "Good Pagans and the God's Kingdom".
Vou procurar, mas concordo com o Packer. Creio "calvinisticamente" aqui, mas não creio que possa fechar a porta para aquilo que a Bíblia fala tão pouco.
"Mas você tem razão. Seria melhor que eu tivesse comentado o texto. O grande problema é que eu costumo escrever bastante e deste minúsculo texto de Packer resultaria um comentário gigante, pois tenho muito a dizer sobre praticamente cada frase sua, principalmente do segundo parágrafo em diante."
Fique a vontade para escrever o texto grandão. E se ficar muito grande para postar como um comentário, me envie que publico como um post.
Em Cristo,
Clóvis
Paulo,
Você disse que:
"O próprio Packer foi condenado pelos calvinistas porque disse em seu livro A Evangelização e a Soberania de Deus que a soberania divina e a responsabilidade humana são aparentemente incompatíveis. Parecem uma contradição mas não é. A crítica a Packer foi que, se esta é uma contradição aparente, como podemos distinguir uma contradição aparente de uma contradição real? Packer foi muito infeliz nesta afirmação."
Acho que ele acertou na afirmação que fez. De fato, a soberania parece estar em contradição com a liberdade humana. Cotrell, por exemplo, reconhece isso:
"Um dos problemas mais desconcertantes na teologia é como Deus pode manter Sua absoluta soberania enquanto considerando o homem completamente responsável pelo seu pecado. Se Deus é soberano, ele não deve ser a causa última e determinante de tudo, incluindo os assim chamados atos livres dos homens? E se assim for, não devemos então concluir que o homem não é realmente livre e que ele não é responsável por suas ações?"
Existe formas erradas de enfrentar essa aparente contradição. Um exemplo calvinista é o Cheung, que afirma "Deus é soberano e o homem não é livre". Outro é o próprio Cotrell que redefine a soberania divina, retirando dela a providência e jogando tudo na conta da presciência e ajustes de curso.
Eu creio que a soberania de Deus e a liberdade do homem são verdades bíblicas que devem ser mantidas juntas, posto que ambas são bíblicas. Deus ordenou todas as coisas e o homem as escolhe livremente.
Como você me conhece, deve saber que me refiro à liberdade, e não à capacidade humana de escolher de si e por si igualmente entre o bem e o mal.
Em Cristo,
Clóvis
Clovis,
Quanto à perseverança dos santos, até onde eu saiba ele morreu afirmando que o assunto merecia maior investigação. Sendo que sua posição anterior era de que o regenerado não poderia perder sua salvação, parece-me correto supor que ele manteve essa posição, pelo menos provisoriamente.
Ele não teve uma posição anterior. Sua posição sempre foi que, como você disse, o assunto merecia maior investigação. Quem estabeleceu o pensamento arminiano sobre esta questão, na verdade, foram os remonstrantes.
Vou procurar, mas concordo com o Packer.
Eu coloquei uma palavrinha a mais. O nome correto é "Good Pagans and God's Kingdom".
Eu também, até certo ponto, concordo com ele, apesar de ser um pouco mais otimista que ele. Eu só citei este caso porque os calvinistas em geral são restritivistas e ver algum que não é me causou surpresa.
Acho que ele acertou na afirmação que fez.
Eu creio que ele errou feio. Se ele está certo, volto a perguntar, como distinguir uma contradição aparente de uma contradição real? Baseado nesse princípio, qualquer coisa pode ser defendida, inclusive os maiores absurdos, desde que alguém sempre acrescenta que são contradições aparentes, não reais.
Por exemplo, alguns dizem que, se Deus pré-conhece todas as coisas, o homem não é livre. Eu então posso apelar para a brilhante resposta de que, embora isto pareça uma contradição, ela não é.
O caso do Packer é diferente do caso do Cottrell, pois o último pelo menos tenta uma harmonização das duas idéias, da soberania divina e da responsabilidade humana. Já Packer não vê nenhuma solução possível e se recusa a pensar em uma.
O Cristianismo teria pouco crédito se sempre recusasse a tentar resolver suas aparentes contradições. Não há nenhum problema em manter aparentes contradições. O problema é se recusar a tentar oferecer uma resposta para elas.
Outro é o próprio Cotrell que redefine a soberania divina, retirando dela a providência e jogando tudo na conta da presciência e ajustes de curso.
Acho que você exagerou bastante. Cottrell não redefine a soberania, nem retira a providência, nem explica tudo como sendo resultado da presciência de Deus.
O que sem dúvida um arminiano faz é dizer que Deus limitou o exercício de sua soberania, não sua soberania. Eu já disse isso a você em outro lugar.
Um calvinista não tem como fugir dessa conclusão, ainda que a limita a certas situações apenas. Por exemplo, a existência do mal. Com exceção dos radicais, qualquer calvinista diz que Deus permite certas coisas. Ora, o que é permissão senão limitar o exercício de sua soberania? Permitir é soltar um pouco as rédeas. É retirar um pouco a mão e deixar alguém agir por conta própria. Quando um calvinista fala em permissão ele está invadindo solo arminiano.
E eu penso que os calvinistas estão certos na insistência de que Deus permite certas coisas. Não vejo outra explicação para o surgimento do mal senão que Deus limitou o exercício de sua soberania. Se você souber de uma, por favor me diga.
Acabei de ler este livreto ^^
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