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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
No decurso da história do Cristianismo, sempre houve pessoas que buscaram "algo mais" em sua peregrinação espiritual, e que, ocasionalmente, eram levadas a indagar acerca do significado do batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais. A erudição recente tem lançado mais luz sobre os movimentos carismáticos, demonstrando que o interesse pela obra do Espírito Santo tem perdurado através da história da Igreja.

Pelo menos dois reavivamentos no século XIX podem ser considerados precursores do moderno pentecostalismo. O primeiro ocorreu na Inglaterra, em torno de 1830, durante o ministério de Edward Irving; o segundo, no extremo sul da índia, por volta de 1860, mediante a influência da teologia dos Irmãos de Plymouth e sob a liderança do leigo indiano J. C. Aroolappen. Documentos contemporâneos a respeito de ambos os movimentos incluíam referências ao falar noutras línguas e à profecia.

As conclusões dessa pesquisa corrigem, em parte, a crença existente em alguns círculos teológicos de que os dons espirituais cessaram na Era Apostólica. Opinião esta, aliás, proposta enfaticamente por Benjamin B. Warfield em Counterfeit Miracles (1918). Warfield argumentava que a autoridade escrita e objetiva das Escrituras, que são inspiradas pelo Espírito Santo, seria inevitavelmente subvertida por aqueles que ensinassem um conceito subjetivo do mesmo Espírito. Nos últimos anos, essa perspectiva vem perdendo terreno nos círculos evangélicos.

Com a chegada do reavivalismo, no fim do século XVII e início do século XVIII, na Europa e na América do Norte, os pregadores calvinistas, luteranos e arminianos passaram a enfatizar o arrependimento e a piedade na vida cristã. Qualquer estudo do Pentecostalismo tem de se ater aos eventos desse período, especialmente à doutrina da perfeição cristã ensinada por João Wesley, o pai do Metodismo, e pelo seu assistente, João Fletcher. A publicação por Wesley de A Short Account of Christian Perfection (1760) conclama seus seguidores a buscarem uma nova dimensão espiritual. Essa segunda obra da graça, posterior à conversão, libertaria os crentes de sua natureza moral imperfeita, que os tem induzido ao comportamento pecaminoso.

Essa doutrina chegou à América do Norte, e inspirou o crescimento do Movimento da Santidade. A ênfase voltada à vida santificada, mas sem mencionar o falar noutras línguas, registrado nas Escrituras ("derramamento do Espírito", "batismo no Espírito Santo", "línguas de fogo"), tornou-se "marca registrada" da literatura e hinódia do Movimento da Santidade. Uma das principais líderes da ala metodista do movimento, Phoebe Palmer, editou o Guide to Holiness e escreveu, entre outros livros, The Promise of the Father (1859). Outro escritor popular, William Arthur, escreveu Tongue ofFire (1856), um grande sucesso literário.

Aos que procuravam receber a "segunda bênção" era ensinado que cada cristão precisa "esperar" (Lc 24-49) pela promessa do batismo no Espírito Santo. E, assim, seria que¬brado o poder do pecado que domina a pessoa desde o seu nascimento, levando-a a viver cheia do Espírito. Além disso, Joel profetizou que, como resultado do derramamento do Espírito de Deus, "vossos filhos e vossas filhas profetizarão" nos últimos dias (Jl 2.28).

A crença numa segunda obra da graça não ficou confinada ao círculo metodista. Charles G. Finney, por exemplo, acreditava que o batismo no Espírito Santo provesse o revestimento do poder divino para se obter a perfeição cristã. Sua teologia, porém, não se encaixava nem na categoria wesleyana, nem na reformada. Embora a teologia da Reforma haja identificado o batismo no Espírito com a conversão, alguns reavivalistas, dentro dessa tradição, aceitavam o conceito de uma segunda obra da graça para revestir os cristãos do poder do alto. Entre eles se encontravam Dwight L. Moody e R. A. Torrey. Apesar desse revestimento de poder, acreditavam, a santificação mantinha-se em sua obra progressiva. Outro personagem-chave, um ex-presbiteriano, A. B. Simpson, fundador da Aliança Cristã e Missionária, cuja forma de pensar teve grande impacto na formação doutrinária das Assembleias de Deus, enfatizava nitidamente o batismo no Espírito Santo.

Semelhantemente, as conferências em Keswick, na Grã-Bretanha (que tiveram início em 1875), também influenciaram grandemente o Movimento da Santidade na América do Norte. Os conferencistas em Keswick acreditavam que o batismo no Espírito Santo produzia uma vida de contínua vitória (a vida "mais sublime" ou "mais profunda"), caracterizada pela "plenitude do Espírito". Esta veio a ser a interpretação preferida ao conceito wesleyano, que sustentava que o batismo no Espírito produzia a perfeição cristã.

No século XIX, a ciência médica avançava lentamente e pouca ajuda oferecia aos que se achavam gravemente enfermos. A fé no poder miraculoso de Deus para a cura física era acolhida em alguns círculos. Na Alemanha do século XIX, os ministérios que ressaltavam a oração pelos enfermos (especialmente os de Dorothea Trudel, Johann Cristoph Blumhardt e Otto Stockmayer) chamavam a atenção dos norte-americanos. A teologia da Santidade, com sua crença na purificação instantânea do pecado ou no revestimento de poder do Espírito Santo, produziu um ambiente receptivo aos ensinos da cura imediata através da fé.

Para muitos cristãos, o batismo no Espírito restaura plenamente o relacionamento espiritual que Adão e Eva tinham com Deus no jardim do Éden. De modo significante, a vida mais sublime em Cristo podia, também, inverter os efeitos físicos da queda, capacitando os cristãos a adquirir autoridade sobre as enfermidades do corpo. Os defensores da cura divina, tais como Charles C. Cullis, A. B. Simpson, A. J. Gordon, Carrie Judd Montgomery, Maria B. Woodworth-Etter e John Alexander Dowie, baseavam boa parte dessa crença em Isaías 53.4,5, bem como nas promessas neotestamentárias de cura divina. Posto que Cristo não somente perdoava os pecados, mas também curava as enfermidades, os que viviam pela fé na promessa de Deus (Ex 15.26) já não precisavam de assistência médica. Caso lançassem mão desta, estariam demonstrando falta de fé.

As características cada vez mais "pentecostais" do movimento da Santidade deixavam seus adeptos dispostos a considerar os dons do Espírito na vida da Igreja. Embora a maioria deles cresse que o falar noutras línguas tivesse cessado na Igreja primitiva, os demais dons, inclusive a cura miraculosa, estavam à disposição dos cristãos. A partir daí, somente a incredulidade poderia impedir fosse a Igreja do Novo Testamento restabelecida em santidade e poder.

Quando, porém, o pregador wesleyano radical da Santidade, Benjamin Hardin Irwin, começou, em 1895, a ensinar sobre as três obras da graça, os problemas começaram a surgir. Segundo Irwin, a segunda bênção iniciava a santificação, e a terceira trazia o "batismo do amor ardente" (o batismo no Espírito Santo). A maior parte do movimento da Santidade condenava essa "terceira bênção", classificando-a como heresia (a qual, entre outras coisas, criava o problema das evidências distintivas entre a segunda e a terceira bênçãos). Não obstante, a noção que Irwin possuía de uma terceira obra da graça - o revestimento do poder no serviço cristão - firmou-se como alicerce do Movimento Pentecostal.

Gary B. Mc Gee
In: Teologia sistemática: uma perspectiva pentecostal

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