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quarta-feira, 2 de outubro de 2013
“Que mais se podia fazer ainda à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? E como, esperando eu que desse uvas boas, veio a produzir uvas bravas?” (Is 5.4)

Algumas passagens bíblicas são tidas como inexplicáveis à luz do entendimento calvinista. Eu as chamo de “versículos arminianos” ou anticalvinistas. Certamente que vários calvinistas fizeram exegese dessas passagens, com grande êxito, diga-se. Sendo assim, ao considerá-las não pretendo preencher alguma lacuna, nem intenciono oferecer uma análise melhor, apenas expressar meu entendimento delas.

No caso de Isaías 5:4, a primeira coisa a ser feita é descobrir é “problema calvinista”, se é que ela apresenta algum. Considerando o verso isoladamente, ele não oferece dificuldade ao esquema calvinista. Senão vejamos. A depravação total não é negada, pelo contrário, a vinha produziu “uvas bravas”. Não trata da eleição soberana, nem da redenção particular. Se alguma tentativa de levantar versículo como objeção ao calvinismo, deve ser quanto à graça irresistível e a perseverança dos santos. Mas será que temos um problema real aqui?

A graça eficaz significa que nos eleitos a graça de Deus vence a resistência do homem, não por força violenta, mas renovando sua vontade e o inclinando às coisas de Deus. A doutrina da preservação dos santos diz que um regenerado será guardado pelo poder de Deus de modo a ser certamente salvo no final. Para que essas duas doutrinas sejam negadas pela passagem em apreço, a vinha referida na parábola deve ser eleita, ter sido regenerada e perdido a salvação no final. Vejamos se é o caso.

A explicação da parábola diz que “a vinha do SENHOR dos Exércitos é a casa de Israel, e os homens de Judá são a planta dileta do SENHOR; este desejou que exercessem juízo, e eis aí quebrantamento da lei; justiça, e eis aí clamor” (Is 5.7). Porém, devemos considerar que “nem todos os de Israel são, de fato, israelitas” (Rm 9.6). Poucos versos antes o Senhor se refere aos “de Israel que forem salvos” (Is 4:2), dizendo que “os restantes de Sião e os que ficarem em Jerusalém serão chamados santos; todos os que estão inscritos em Jerusalém, para a vida” (Is 4.3). Não são todos os de Israel que serão salvos, pois “no monte Sião e em Jerusalém, estarão os que forem salvos, como o SENHOR prometeu; e, entre os sobreviventes, aqueles que o SENHOR chamar” (Jl 2.32). Desses que foram inscritos para a vida e chamados pelo Senhor se diz que “o que escapou da casa de Judá e ficou de resto tornará a lançar raízes para baixo e dará fruto por cima” (Is 37.31), o fruto requerido pelo Vinhateiro.

A falibilidade da graça é alegada sob o falso argumento de que Deus fez tudo o que podia ser feito para salvar Israel. “Que mais se podia fazer ainda à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? E como, esperando eu que desse uvas boas, veio a produzir uvas bravas?” (Is 5.4). O que o Senhor estava dizendo era que no juízo, e é disso que se trata a parábola, Israel não poderia alegar que não produziu justiça por falta de condições adequadas. Ela produziu uvas bravas não por que a terra era ruim, mal preparada, tomada por pragas e vítima de invasões, mas porque era uma árvore má, pois “não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons” (Mt 7.18), por melhor adubada que seja. E Deus tratou Israel com distinguido cuidado. “São israelitas. Pertence-lhes a adoção e também a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas; deles são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne” (Rm 9.4–5). De Israel, mais do que qualquer outro povo sobre a terra, era justo esperar “que exercessem juízo, e eis aí quebrantamento da lei; justiça, e eis aí clamor” (Is 5.7). Mas afirmar que Deus não tinha poder para fazer mais é desonrar o Onipotente Senhor.

O juízo “tirarei a sua sebe, para que a vinha sirva de pasto; derribarei o seu muro, para que seja pisada” (Is 5.5) não implica perda da salvação, pelo fato já referido de que Israel não foi eleito como nação étnica para a salvação. Portanto, é desnecessário responder à objeção de que a parábola nega a segurança eterna dos salvos. Farei apenas a citação de uma passagem do Novo Testamento que corrobora o que foi dito anteriormente e deixa claro que o abandono da vinha por parte do Senhor não significa que os eleitos e eficazmente chamados perdem a salvação recebida e garantida gratuitamente:

“Deus não rejeitou o seu povo, a quem de antemão conheceu. Ou não sabeis o que a Escritura refere a respeito de Elias, como insta perante Deus contra Israel, dizendo: Senhor, mataram os teus profetas, arrasaram os teus altares, e só eu fiquei, e procuram tirar-me a vida. Que lhe disse, porém, a resposta divina? Reservei para mim sete mil homens, que não dobraram os joelhos diante de Baal. Assim, pois, também agora, no tempo de hoje, sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça. E, se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça. Que diremos, pois? O que Israel busca, isso não conseguiu; mas a eleição o alcançou; e os mais foram endurecidos” (Rm 11.2–7). 

Soli Deo Goria 

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