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terça-feira, 28 de agosto de 2012

O apóstolo também afirma que o plano de Deus — mesmo quando o Senhor estende sua salvação a grandes grupos de pessoas, como Israel, no passado, e os gentios, no presente —, também chama pela resposta individual de judeus e de gentios. Esse é o ponto que ele tentou mostrar na segunda parte do versículo 6: nem todo indivíduo da nação de Israel vivenciou a salvação como também nem todos das nações gentias a vivenciavam atualmente. Essa seletividade também faz parte do plano de salvação de Deus.

Essa escolha divina de algumas pessoas para a salvação, em geral, chamada de eleição (9.11), era (e é) compreensivelmente perturbadora para as pessoas e levanta perguntas sobre a justiça e a eqüidade de Deus. Sensível a essa preocupação, Paulo apresenta duas perguntas nessa passagem para tratar do assunto (w. 14,19). Primeiro, ele pergunta com candura: “Que há injustiça da parte de Deus?” (v. 14). A sugestão por trás dessa pergunta fundamenta-se na descrição dos versículos precedentes (w. 10-13) da escolha por parte de Deus de Jacó, e não de Esaú. Neles, Paulo afirma de forma corajosa que o plano de Deus foi feito “não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama)”. Em outras palavras, a escolha de Deus não se baseou no tipo de vida que os irmãos tinham ou viveriam. Paulo não afirma que Deus, por assim dizer, examina os túneis do tempo e escolhe o mais nobre dos dois irmãos com base nas decisões e obras que caracterizariam a vida de cada um deles. Sem dúvida, nem Paulo nem seus leitores fariam nenhuma pergunta a respeito da justiça e eqüidade de Deus, se Ele tivesse feito suas escolhas dessa maneira. Contudo, parece que Paulo acredita que, de fato, exatamente o oposto é a verdade, a saber, que a escolha de Deus não se baseou nos méritos nem deméritos perceptíveis da vida de cada irmão. E, assim, levanta-se o óbvio ponto de tensão na pergunta: “Que há injustiça da parte de Deus?” (v. 14).

A resposta de Paulo é consistente com sua antropologia, sua visão de que todas as pessoas se encontram em um caminho correndo para longe de Deus e em direção à destruição certa e garantida. Paulo encontra na antiga Israel uma ilustração dessa tendência e uma afirmação da resposta de Deus que é sua resposta para a questão da eleição. Depois da libertação de Israel de sua escravidão no Egito, eles foram para a península do Sinai, onde Deus transmitiu a Moisés sua vontade para o povo. Enquanto Moisés estava ausente do povo e na presença de Deus, o Senhor disse-lhe que o povo se voltara para a idolatria (Ex 32.7-9). A seguir, Ele disse a Moisés: “Agora, pois, deixa-me, que o meu furor se acenda contra eles, e os consuma; e eu farei de ti uma grande nação” (Êx 32.10). Contudo, Moisés intercedeu pelo povo e apelou para a misericórdia de Deus em favor deles. Paulo encontrou na resposta de Deus para Moisés, a resposta para a questão da eleição: “Terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem me compadecer” (Ex 33.19; Rm 9.15).

A descrição de Paulo em relação a sociedade humana no capítulo 1 de Romanos, faz paralelo com o comportamento de Israel descrito em Êxodo. Em ambos os casos, as pessoas rejeitam a verdade de Deus e se voltam para a idolatria (Rm 1.18-23), e, nos dois casos, isso quer dizer que eles se põem na situação de pessoas condenadas de forma justa: “Eles fiquem inescusáveis” (v. 20). A solução de Paulo para essa situação desesperadora é a intervenção de Deus na salvação. Em outras palavras, da perspectiva de Paulo, a justiça é feita se todos forem condenados. No entanto, há misericórdia e graça na intervenção de Deus para salvar os pecadores.

Roy B. Zuck
IN: Teologia do Novo Testamento

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