Popular Posts

Blogger templates

Blogger news

Blogroll

About

Blog Archive

Tecnologia do Blogger.

Seguidores

Pesquisar

segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento? Jó 38:2
Silas Malafaia é bem conhecido no meio evangélico e tem opositores e defensores igualmente entusiasmados. Tem certa predileção pela polêmica e diz o que pensa, embora muitas vezes pareça não pensar no que diz. Meu objetivo aqui é analisar o texto em que ele trata da doutrina da predestinação e apontar onde sua interpretação de Ef 1:4-5 e Rm 8:28 é falha.

Ele diz que predestinação “é o ato de destinar antecipadamente” e predestinado significa “eleito de Deus. Destinado de antemão”. Diz também que “fomos escolhidos ou eleitos por Deus nosso Senhor antes da fundação do mundo”, que “não fomos nós que O escolhemos, mas foi o nosso Salvador quem nos escolheu” e finalmente que “Sua eleição não é por nossas obras, mas por Aquele que chama”. Ficasse por aqui e tudo o que eu diria seria um sonoro “Amém!”, talvez com um “Oh, Glória!” bem pentecostal. Mas ele declara “não aceitamos os seguidores da predestinação que fazem com que Deus escolha pessoas, previamente, umas para o céu e outras para o inferno”. Como assim?

Pena que ele não mantém a sua definição. Nas suas palavras: “o que não aceitamos e não encontramos respaldo bíblico é que Deus já tenha determinado o futuro individual de cada ser humano, isto é, o homem quando nasce já está predestinado ao céu ou ao inferno, conforme uma escolha prévia de Deus”. A eleição, então, seria pela presciência e a predestinação não é individual, mas corporativa. Neste ponto ele já negou o que havia dito anteriormente.

Comentando Efésios 1:4-5 ele diz que “Paulo aqui, nessa passagem, está entrando na área da presciência de Deus”. Mas se você ler toda a passagem, em nenhum lugar a presciência é referida ou aludida. Para Malafaia, contudo, a pessoa não é eleita na eternidade, mas torna-se eleita quando crê, sendo que Deus apenas antecipa o conhecimento deste fato, pois “todo aquele que aceita Jesus, está eleito em Cristo”. Aqui, Malafaia faz a eleição depender da aceitação do homem, negando o que disse sobre quem escolhe quem. E mesmo tendo anteriormente dito que nossa eleição se deu antes da fundação do mundo, agora afirma que “aceitar a Cristo é submeter-se a Ele, é obedecê-lo, é segui-lo, é ser fiel até o fim, depois sim; depois que você é eleito a Cristo”.

Sobre Rm 8:29, a coisa se repete: “depois que você aceita a Cristo como seu Salvador, você estará pronto a estar predestinado para o céu. Se você seguir a Cristo aqui na terra, você terá a garantia do céu”. Ele se esquece que a Bíblia diz que somos “predestinados para” e não “predestinado devido a“. A predestinação é o antecedente, o seguir a Cristo é o consequente. Embora aqui Silas fale de indivíduos preparados para serem predestinados ao céu, noutra parte diz que “não encontramos uma palavra no singular dizendo que Deus determinou individualmente pessoas - Ele predestinou um povo - predestinou um grupo”. Volto a este ponto uns parágrafos adiante.

Além das várias inconsistências internas em seu artigo ou pregação, como vimos, Silas Malafaia erra quanto ao momento e à natureza da eleição e predestinação, aos fazê-las depender de decisões do homem e considerá-las como tendo referência a grupo e não indivíduos.

Que a eleição e a predestinação se realizam antes da pessoa crer é ensinado tanto por Efésios como por Romanos, além de outras passagens bíblicas. Na carta aos cristãos de Éfeso diz que “Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo” e “em amor nos predestinou”, isso nos versos 4 e 5 do primeiro capítulo. Somente mais adiante, no verso 13, diz “...depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”. Ou seja, o ser eleito e predestinado vem antes do ouvir e crer no evangelho, que é depois. E em Rm 8:30 está escrito “aos que predestinou a estes também chamou”. A ordem aqui também é inequívoca, primeiro se é predestinado, depois se é chamado.

Quanto aos objetos da predestinação, Silas Malafaia diz que se trata de um grupo e não de indivíduos. Tal afirmação é absurda em se tratando de conhecimento de Deus, pois presume que o Senhor predestinou um grupo sem ter em conta quem eram os indivíduos que compunham esse grupo. Romanos 8:29 diz “aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou”. O pronome “aqueles” deixa bem claro que Deus conheceu indivíduos, os quais também foram predestinados. Quanto ao fato de que eleitos e predestinados estarem no plurar em Efésios, a explicação é simples, quando conhecida. A Gramática Sintática do Grego do Novo Testamento, de Willian Sanford LaSor diz, em sua página 34, que "se o sujeito é coletivo, então se usa a forma singular do verbo para o grupo como um todo. Mas se o grupo é considerado segundo a individualidade dos seus membros, é usado o plural". Portanto, predestinação corporativa não encontra suporte aqui.

Concluímos que a eleição de Deus é soberana e graciosa e que a predestinação aponta para indivíduos e tentar fugir de suas implicações com subterfúgios interpretativos é arrumar confusão, para si e para os ouvintes/leitores.

Soli Deo Gloria

0 comentários: