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terça-feira, 10 de maio de 2011
(1) Todos os incrédulos conhecem suficientes verdades acerca de Deus para ficar se escusando, e podem conhecer muitas mais, tantas quantas estão disponíveis ao homem. Não há limite para o número de proposições verdadeiras reveladas acerca de Deus que o incrédulo pode conhecer.
(2) Mas faltam ao incrédulo a obediência a Deus e a comunhão com ele, essenciais ao “conhecimento” no sentido bíblico mais completo – o conhecimento daquele que crê. Contudo, o tempo todo eles estão envolvidos com Deus como inimigo. Assim é que o conhecimento que eles têm de Deus é mais do que meramente proposicional.
(3) A desobediência do incrédulo tem implicações intelectuais. Primeiro, ela é em si uma resposta estulta à
revelação de Deus.
revelação de Deus.
(4) Segundo, a desobediência é uma espécie de mentira. Quando desobedecemos a Deus, testificamos para outros e para nós mesmos que a Palavra de Deus não é verdadeira.
(5) Terceiro, a desobediência envolve combate à verdade – combate à sua disseminação, opor-se à sua aplicação à própria vida, à vida de outros e à sociedade. Os pecadores combatem a verdade de muitas maneiras. Eles (a) simplesmente a negam (Gn 3.4; Jo 5.38; At 19.9), (b) ignoram-na (2Pe 3.5), (c) psicologicamente a reprimem, (d) reconhecem a verdade com os lábios, mas a negam de fato (Mt 23.2s.), (e) colocam a verdade num contexto enganoso (Gn 3.5,12,13; Mt 4.6), e (f) usam a verdade para fazer oposição a Deus. Não devemos cair na armadilha de supor que todos os pecadores sempre usam a mesma estratégia. Nem sempre negam a verdade com palavras ou a reprimem em seu subconsciente.
(6) Quarto, a mentira e a luta contra a verdade envolvem afirmações e falsidades. Não devemos presumir que toda sentença proferida por um incrédulo é falsa; os incrédulos podem combater a verdade de outras maneiras que não a de proferir falsidades. Contudo, a desobediência sempre envolve a aceitação do ateísmo, quer declarado com palavras quer meramente efetuado na vida (não há nenhuma diferença significativa entre negar a existência de Deus e agir como se Deus não existisse).
(7) Quinto, essas falsidades podem ter conflito com as crenças verdadeiras que o pecador sustenta. Nalgum nível, todo incrédulo sustenta crenças conflitantes, por exemplo, Deus é Senhor e Deus não é Senhor.
(8) Sexto, essas falsidades afetam todas as áreas da vida, inclusive a epistemológica. Dessa maneira, o incrédulo tem noções falsas, até sobre como raciocinar – noções que podem entrar em conflito com noções verdadeiras que ele também sustenta.
(9) Sétimo, o crente e o descrente diferem epistemologicamente em que para o crente a verdade domina sobre a mentira, e para o descrente é vice-versa. Nem sempre está claro que ela domina, o que equivale a dizer que não temos conhecimento infalível do coração alheio.
(10) Finalmente, a meta do incrédulo é impossível – destruir inteiramente a verdade, substituir Deus por alguma divindade alternativa. Porque a meta é impossível, a tarefa é autofrustrante (ver Sl 5.10; Pv 18.7; Jr 2.19; Lc 19.22; Rm 8.28; 9.15s.).
O incrédulo é condenado por sua própria boca, pois ele não pode deixar de afirmar a verdade à qual se opõe. E porque as ideias do incrédulo são falsas, até o seu limitado sucesso só é possível porque Deus o permite (ver Jó 1.12; Is 10.5-19). Em acréscimo ao fato de que o incrédulo se frustra a si mesmo, Deus também o frustra, restringindo-o de molde a não realizar os seus propósitos (Gn 11.7) e fazendo uso dele para, em vez disso, realizar os propósitos de Deus (Sl 76.10; Is 45.1s.; Rm 9.17). Assim, os esforços do incrédulo realizam o bem, apesar de si próprio.
John M. Frame
In: A doutrina do conhecimento de Deus
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