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segunda-feira, 4 de abril de 2011
Lendo o artigo "Livre-arbítrio não existe" do Diego Rios, (re)li sua transcrição do artigo "O livre-arbítrio não existe: a ciência comprova, você é escravo do seu cérebro". Concordo que, como experimento, o que os cientista fizeram esclarece muito pouco sobre a existência de um "livre-arbítrio moral". Mas fazendo uma busca no site da Super, encontrei o artigo "O futuro já aconteceu", este sim bem interessante.
O artigo traz a seguinte declaração de impacto:
Você sabe o que vai fazer hoje à noite? Faz ideia de como vão ser os seus bisnetos? E o dia da sua morte? Para a ciência, tudo isso já foi resolvido. E seu livre-arbítrio não existe.
Para ilustrar a declaração, o articulista propõe o seguinte exercício de imaginação:
Existe um lugar mágico, onde o tempo não passa no mesmo ritmo pra todo mundo. Nenhum relógio marca a mesma hora. E o futebol é um caos. Enquanto um torcedor vê o Ronaldo deles partindo para a grande área com a bola dominada, outro já viu o gol acontecer. Para alguns, o jogo ainda nem começou; para outros, já aconteceu há 50 anos. Um nó. Num mundo desses, o que ainda é futuro para você já estaria gravado na memória de outro. Seu filho pode nem ter nascido. Mas para o vizinho da direita ele já tem seis anos. Para o da esquerda, 20, e acaba de ser contratado pelo Real Madrid. Quer dizer, você pode ainda nem ter resolvido se vai ou não usar um contraceptivo hoje à noite. Mas não tem o que fazer: em 20 anos vai ser pai de um jogador milionário. Se isso já aconteceu para outra pessoa não tem mais como ser mudado. O que é passado já está escrito, certo? Então o futuro também está. E a liberdade de escolha, a sensação de livre-arbítrio, não passa de ilusão nesse lugar de futuro fixo. As pessoas têm tanto poder para determinar seu amanhã quanto uma pedra tem para escolher o dela. Esse mundo, por sinal, foi desvendado em 1905 por um funcionário público alemão, e, nos últimos anos, vem inspirando algumas das teorias científicas mais radicais da história. Coisas que deixam qualquer ficção no chinelo. Ah, mais dois detalhes: o nome do tal descobridor é Albert Einstein. O do lugar mágico, nem precisa dizer: a gente vive nele.
Recomendo que você leia o artigo completo, onde explicações mais detalhadas e com exemplos são fornecidas. O que segue é minha interpretação da leitura que fiz, juntada com alguma coisa que lembro de quando estudei física na faculdade.
Basicamente, a teoria é a seguinte. Quando estamos sentados, como eu estou agora, nós viajamos no espaço à velocidade da luz. Mas se me levanto e vou até a geladeira, a 5km/h, meu movimento seria a velocidade da luz + 5km/h, o que é impossível, pois nada viaja mais rápido do que a luz. Então, a velocidade que eu caminho é subtraída do tempo, ou seja, o tempo passa mais devagar para mim. Mas para os outros, que continuam parados, o tempo continua correndo. Na prática: eu "viajo para o futuro".
Qual a implicação disso para o livre-arbítrio? "Se isso já aconteceu para outra pessoa não tem mais como ser mudado", diz o artigo. Ou seja, o que é conhecido por alguém, se torna fixo e inalterável. Claro que como nós nos movimentamos a velocidades infinitamente pequenas em relação à velocidade da luz, nosso conhecimento do futuro é totalmente desprezível.
Mas pense em alguém posicionado fora da unidade espaço-tempo. Ou seja, que observe do lado de fora do Universo e não seja afetado pelo tempo. Para esse observador, não existiria passado, presente e futuro, mas apenas um eterno presente, e todos os eventos estariam determinados e fixos. Logo, o futuro não poderia ser mudado, e todas as escolhas que os homens viessem a fazer estão fixadas de forma inalterável.
Os cientistas e os editores da Superinteressante não admitem, mas eu você sabemos que existe um Ser que está acima do tempo e do espaço e que conhece exaustivamente todas as coisas: Deus. Onde isso nos leva? Vejamos:
E aí vem o ponto crucial. Se dá para dizer que o nosso futuro já aconteceu. Que poder a gente tem para escolher como vai ser o dia de amanhã? Onde vai parar nosso livre-arbítrio? "Desaparece. O universo de Einstein, o da Teoria da Relatividade, não aceita a liberdade de escolha. O jeito como as nossas vidas se desdobram, do nascimento até a morte, está mesmo escrito. As escolhas que ainda vamos fazer já estão impressas no tecido da realidade. Tão impressas quanto as escolhas que a gente fez no passado” diz o filósofo especializado em física Oliver Pooley, do Centro de Filosofia da Ciência da Universidade Oxford, na Inglaterra.
Como continuar sendo arminiano diante disso? A única alternativa é torcer para que a teoria dos Multiversos seja verdadeira:
A idéia é que a gente vive numa infinidade de universos, cada um com a sua realidade particular. E o conjunto desses cosmos pode ser chamado de “Multiverso”: um lugar onde tudo o que pode acontecer vai acontecer. Tudo mesmo. Se você encontrou alguém atraente numa festa, por exemplo, e não teve coragem de puxar conversa, pode ter certeza que, em algum universo paralelo, uma cópia sua chegou nela. E levou um fora. Num terceiro, a cantada deu certo. Num quarto mundo paralelo, vocês se casaram. E por aí vai: com um sem-número de universos, as possibilidades da vida também seriam infinitas. (...) Uma hipótese, levantada por Greene, é que nós “pularíamos” entre um e outro universo paralelo cada vez que uma decisão fosse tomada. Tipo: se você resolve cantar aquela pessoa da festa, vai parar em um universo onde essa é a realidade já escrita. Se ela dá bola, vocês partem para um cosmos onde os dois ficam juntos.
Considerando que "nem a Relatividade nem qualquer outra teoria em que uma decisão leva a um só resultado são compatíveis com o livre-arbítrio", como diz o físico inglês David Deutsch, resta aos arminianos apelarem para a teoria dos universos paralelos. Boa sorte a eles.
Soli Deo Gloria
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