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quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
Acabei a leitura de "Santo Agostinho: o problema do mal", Ivan de Oliveira Silva, publicado pela editora Pilares. Trata-se do TCC do autor, para o curso graduação em Filosofia, da Universidade Mackenzie. Confesso que muita coisa me escapou, por minha deficiência em filosofia em geral, mas especialmente quanto alguns conceitos e terminologia.
O livro, como anuncia o título, trata da visão agostiniana sobre o problema do mal. O que segue, não é uma resenha do livro, mas uma síntese do que ele diz, sem entrar no mérito se concordo ou não, pois como disse, falta-me pré-requisitos para isso. Algumas afirmações do autor me pareceram não muito agostinianas.
O tratamento que Agostinho dá ao problema do mal é motivado pela sua rejeição ao maniqueísmo, que ele havia professado no passado. Segundo os seguidores de Mani, o mal coexiste eternamente em oposição ao bem, sendo os dois "poderes" iguais em força. No universo, o bem e o mal estão intermesclados e procuram vencer um ao outro. Pularei as implicações disto.
Em resposta, Agostinho afirma que o mal não existe ontologicamente, sendo mero distanciamento do bem. Não tendo existência real, o mal não foi criado e nenhuma criatura carrega a substância do mal, pois como alguém portaria o nada? E sendo nada, o mal sob o ponto de vista ontológico não pode ser evitado, pois o nada não pode se aproximar do bem.
Por outro lado, em sua relação com o homem, o mal existe como mal moral, que consiste no comportamento humano de afastar-se do Sumo Bem. Neste sentido, o mal é o pecado, sendo este tanto a causa como o efeito do mal. E esse afastar-se do bem se dá em função da vontade caída do homem, do uso que o homem faz de seu livre-arbítrio. Quanto mais se afasta do Criador, mais o homem piora a sua condição moral, o que vem acontecendo desde a queda.
Ao contrário do mal ontológico, o mal moral carece e tem antídoto. O remédio para o mal moral é a graça. Assim como o homem pela sua própria vontade pode somente afastar-se do bem, com o concurso da graça, pode aproximar-se do bem, o que pode ser entendido de Agostinho como sendo a salvação.
A graça não é imprescindível apenas para aproximar-se do bem, mas para a permanência nele também. Como a vontade do homem é tendenciosa ao mal moral, a perseverança no bem, é devida somente à graça. Para Agostinho, eis "que a perseverança final no bem seja um excelente dom de Deus e que sua procedência seja aquele do qual está escrito: 'todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto, descendo do pai das luzes' Tg 1:17".
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