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Escrevi três artigos sobre o arianismo dos pioneiros adventistas (comece lendo aqui). Como resultado, perdi alguns leitores adventistas que comentavam ativamente no Cinco Solas, mas que repentinamente perderam interesse pelo debate. O que é uma pena, pois gostaria muito de ler o que acham dos outros artigos a serem publicados, sobre o adventismo histórico e contemporâneo. E como sempre, recorrerei a fontes adventistas acima de suspeita.
Como prometi, vou continuar a escrever sobre a cristologia adventista, mostrando que o antitrinitarianismo de seus fundadores contaminou sua doutrina da pessoa de Cristo, havendo resíduos dela até hoje. Mas antes de abordar a questão de Jesus e Miguel, gostaria de concluir esta primeira parte da série, mostrando que a heresia dos pioneiros não era algo circunstancial e sem importância, visto que com ela o adventismo desonrou a Cristo, ao Espírito Santo e à Bíblia.
Negar a Trindade é negar, automaticamente, a divindade de Jesus. João começa seu evangelho dizendo que “no princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo 1:1). Agora, compare isso com as negativas de J. N. Andrews faz referência à "velha e absurda doutrina trinitariana na qual diz que Jesus é verdadeiramente o Deus eterno" ou de D. W. Hull que escreveu “nós não acreditamos… que Cristo é verdadeiramente o Deus eterno, e ao mesmo tempo homem...". Que os adventistas originais negavam a eternidade de Cristo é fato reconhecido pelo Biblical Research Institute, órgão oficial sabatista: “a visão de Cristo apresentado nesses anos pelos autores adventistas foi que houve um tempo em que Cristo não existia, que sua divindade foi uma divindade delegada e que dessa forma Ele é inferior ao Pai”. Ou seja, negavam diretamente Jo 1:1.
Apesar de antrinitarianismo de Tiago White (marido de Ellen White) levá-lo a negar a divindade eterna do Filho e o mesmo antitrinitarianismo de Willie White (filho de Ellen White) levá-lo à conclusão de que o Espírito Santo não é uma pessoa, não parece que ela tenha reprendido-os por isso, nem que tenha discordado deles. Pelo contrário, o pesquisador adventista Jerry Moon, escrevendo no Journal of the Adventist Theological Society em 2006, diz que quando Tiago White escreveu sua denúncia contra a doutrina da Trindade e negou a eterna divindade do Filho, ela concordou plenamente com ele.
A eternidade e a completa divindade Filho não se baseia num texto bíblico isolado, como Jo 1:1. Em Isaías 9:6 Ele é chamado de “Pai da Eternidade” e Miquéias diz que suas “saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5:2). Ele mesmo afirmava, “antes que Abraão existisse, Eu Sou” (Jo 8:58), e com isso se fez igual a Deus, pelo que seus adversários pegaram em pedras para apedrejá-lo por blasfêmia. A Bíblia inteira atribui a Jesus atributos e prerrogativas exclusivas da Divindade, portanto negar que Ele é Deus, é negar a Palavra de Deus, que diz que “nEle habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Cl 2:9).
Soli Deo Gloria
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