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segunda-feira, 26 de julho de 2010
“Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste…” Jo 17:11

A eterna segurança dos salvos é uma doutrina firmemente estabelecida na Bíblia, sendo a oração do Senhor mais um fundamento na qual está assentada. Considero, porém, este argumento o principal de todos, bastando para nos dar toda confiança necessária a uma vida de alegria e gratidão a Deus.

É reconhecido que Deus responde orações, apesar de que a revelação demonstre e nossa experiência ateste que nem sempre Deus nos atende. Isto porque não sabemos pedir como convém, porque pedirmos sem fé ou, ainda, porque pedimos para gastar em nossas próprias paixões. Mas nenhuma dessas situações se aplica a Jesus, que tendo comunhão íntima com o Pai, conhecia-lhe a vontade e sabia de Seu poder, além de nada desejar para proveito próprio. Por isso, podia dizer
“eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em redor, para que creiam que tu me enviaste” (Jo 11:42).

Seria absurdo pensar que Deus não ouvisse nem respondesse uma oração feita por Seu Filho amado. Se Deus deixou de atender uma só oração de Jesus, que esperança teremos que Ele respondesse às nossas, eivadas que são de imperfeições? Mas não precisamos nos estender neste ponto, consideremos apenas mais o seguinte fato: Jesus introduz sua intercessão pelos crentes pedindo
“glorifica a teu Filho” (Jo 17:1). Afirmando “eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer” (Jo 17:4) podia pedir, com certeza de ser atendido, “agora glorifica-me tu, ó Pai” (Jo 17:5). Assim como o Pai havia sido glorificado pelo que Jesus fez, o Filho seria glorificado pelo que o Pai faria, em resposta à Sua oração.

Por quem Jesus orou?

A cláusula que destacamos indica que os objetos da intercessão do Senhor são
“aqueles que me deste”. Quem são estes? Não se trata de toda a humanidade, pois Jesus declarara anteriormente, na mesma oração, “não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste” (Jo 17:9). A referência é “aos homens que do mundo me deste; eram teus, e tu mos deste” (Jo 17:9). Portanto, aqueles por quem Jesus pede “não são do mundo” (Jo 17:14, 16) e embora estejam nele.

Se não devemos ampliar os que o Pai deu a Cristo para abarcar toda a humanidade, tampouco devemos restringir a ponto de considerar somente os doze apóstolos. Ao dizer
“estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse” (Jo 17:12), a referência é evidentemente aos primeiros discípulos. Porém, Jesus amplia os beneficiários de Sua oração ao orar “e não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim” (Jo 17:20). Isto certamente inclui todos aqueles que em qualquer tempo e em todo lugar crêem no Senhor Jesus Cristo. Se você crê nEle como eu creio, então ambos fomos contemplatados nessa oração.

O que ele pediu?

Seguros de que a oração do Senhor foi ouvida e está sendo atendida pelo Pai, e sabendo que foi feita em nosso favor, vale dizer, aos eleitos e chamados à fé, consideremos o conteúdo dessa oração, o que certamente aumentará nossa confiança e gratidão a Deus.

Já vimos que o núcleo da oração do Senhor por nós foi
“Pai santo, guarda em teu nome”. O nome de alguém é mais do que apenas a forma de chamá-lo. Expressa a personalidade, a essência do seu ser. No caso de Deus, o Nome sintetiza a essência do Seu ser, todas as Suas perfeições e principalmente a Sua fidelidade. Com este pedido, Jesus estava empenhando todo o caráter de Deus no cuidado dos crentes. Deus não pode deixar de guardar um dos que pertencem a Jesus sem negar-se a Si mesmo.

Este ponto é ainda mais acentuado pela expressão
“Pai santo” usada por Jesus. A santidade de Deus expressa sua singularidade e sua suprema separação de toda a Criação, no sentido de ninguém se iguala ou se compara a Ele. Portanto, mesmo que qualque outro ser do Universo viesse a se descuidar de algo sob sua proteção, isso jamais aconteceria com o Deus Inigualável. Portanto, se há alguém capaz de guardar a todos os que pertencem a Jesus, esse alguém é o Pai e uma vez que Ele jure por Seu nome, ninguém em todo o Universo o impedirá de fazer isso isso.

O que está incluído neste cuidado, descobrimos observando o que mais Jesus pede. Pede que enquanto os crentes estiverem neste mundo
“que os livres do mal” (Jo 17:15). Mal, aqui, é melhor traduzido como Maligno, o Diabo. Isto significa que não importa o que Satanás venha engendrar ou tentar realizar contra os eleitos, “fiel é o Senhor, que vos… guardará do maligno” (2Ts 3:3) e portanto “o maligno não lhe toca” (1Jo 5:18).

O cuidado do Senhor não se restringe, porém, a este mundo, pois Jesus pede que os crentes sejam guardados
“para que vejam a minha glória” (Jo 17:24), ou seja, até que sejam introduzidos na presença do Senhor, para que “onde eu estiver, também eles estejam comigo” (Jo 17:24). Este é o desejo de Jesus para cada um dos que o Pai lhe deu e os quais Ele adquiriu na cruz. Contudo, como disse um notável puritano, Deus não levará para o céu ninguém que não tenha santificado na terra. De fato, para que um crente alcance a glória, duas coisas são necessárias no mundo: “segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12:14).

Jesus não iria pedir ao Pai que ignorasse isso, então incluiu unidade e santidade em sua oração. Especificamente, ele roga
“santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17:17). Tal santificação ocorre pela ação do Espírito Santo, ao aplicar a Palavra transformadora à vida de cada crente, em edificação mútua na igreja. E essa comunhão é objeto de petição específica de Jesus, “para que todos sejam um” (Jo 17:21) e “para que eles sejam perfeitos em unidade” (Jo 17:23). Assim, a oração de Jesus por nós é completa, tornando certa a nossa introdução na glória por assegurar tudo o que precisamos nesta vida para chegar até lá.

O que nos resta?

O oração do Senhor deve nos encher de alegria, mas de forma alguma serve para levar à inércia espiritual. Ser guardados do maligno não significa que não precisamos vigiar, pois o estar alerta é o meio que Deus usa para nos preservar em segurança. A unidade como promessa não exclui a unidade como dever, pela prática do perdão e mútua exortação. E a santificação é uma obra de cooperação entre o crente e o Espírito, ainda que imperfeita no que nos cabe é certa pela obra dAquele que é é fiel em nós.

Sendo assim, enquanto louvamos a Deus pela Sua infalível proteção, nos entreguemos, não apenas aos Seus cuidados, mas ao Seu serviço, andando nas boas obras que Ele preparou para que andássemos nelas, até que se cumpra o desejo do coração de Jesus.

Soli Deo Gloria

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