Popular Posts

Blogger templates

Blogger news

Blogroll

About

Blog Archive

Tecnologia do Blogger.

Seguidores

Pesquisar

quinta-feira, 27 de agosto de 2009
O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos. Ap 3:5

Este artigo é uma continuação de "Quando o Livro da Vida foi escrito?" e ambos pretendem ser um contraponto ao artigo de autoria do Pr. Ciro Zibordi, sobre o mesmo tema. Os textos bíblicos utilizados pelo pastor são Ap 3:5, Ex 32:32-33, Ap 21:27, Lc 10:20, At 1:17,25, Mt 24:13 e Ap 21:7. Nesta análise focalizarei Ap 3:5, mas ao final abordarei as demais passagens, a título de resposta a objeções.

O contexto de Ap 3:5

O texto está inserida na porção do Apocalipse conhecida como "Cartas às Sete Igrejas da Ásia"., assim chamadas porque Jesus orientou a João dizendo "o que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia" (Ap 1:11) e a declaração final em cada carta é "quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas" (Ap 2:7; 2:11; 2:17; 2:29; 3:6; 3:13; 3:22).

Cada uma das cartas segue uma estrutura padrão, na qual Jesus faz uma declaração sobre Sua pessoa ("isto diz o que é santo, o que é verdadeiro", 3:7), elogia ("tendo pouca força, guardaste a minha palavra", 3:8) ou repreende a igreja ("tenho, porém, contra ti", 2:4), faz ameaças aos desobedientes ("vomitar-te-ei da minha boca", 3:16) e promessas aos fiéis ("a quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus", 3:12), geralmente terminando com o apelo para que se ouça o Espírito.

Pois bem, onde se encaixa Ap 3:5 nesse esquema? Não nas ameaças, como seria de se esperar se os que defendem a tese do livro que se apaga estivessem certos, mas na seção de promessa! Especificamente, o Senhor está se referindo ao fato de que numa igreja onde havia gente de quem se diz "tens nome de que vives, e estás morto" (Ap 3:1), também havia "algumas pessoas que não contaminaram suas vestes, e comigo andarão de branco" (3:4). É a essas pessoas que ele promete "o que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida" (3:5). Portanto, interpretar essa promessa gloriosa do Senhor como uma ameaça, vai contra a intenção do Senhor, que era de consolar e incentivar os que estavam passando por provas terríveis e não atemorizá-las com a perda da salvação.

Notemos também que as palavras "de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida" se refere a uma situação futura, após a vitória nesta vida. Isto significa que Jesus sequer está se referindo a não riscar o nome dos crentes enquanto estão no mundo. Mas está dando a eles uma certeza de que seus nomes, escritos que estão no Livro da Vida no presente, lá continuará pela eternidade afora. Isto torna especialmente claro quando notamos que há um paralelo entre os versos 4 (vida presente) e 5 (vida futura). Observe:

No verso 4 Jesus diz "não contaminaram suas vestes" e no verso 5 "será vestido de vestes brancas". No verso 4, "são dignas" e no 5, "confessarei o seu nome diante de meu Pai". E, o mais significativo para a questão ao lume, no verso 4, "tens em Sardes algumas pessoas" e no 5, "de maneira nenhuma riscarei o seu nome". Aqui o paralelo não é aparente, pois nossas Bíblias traduzem "algumas pessoas" onde o original grego diz "tens em Sardes alguns nomes" (εχεις ολιγα ονοματα). O que Jesus está assegurando àquelas pessoas é que a condição atual deles diante de Deus continuará por toda a eternidade, apenas que de forma perfeita.

O que Ap 3:5 diz e o que não diz

É espantoso como alguns deixam seus pressupostos prevalecerem sobre o texto sagrado, fazendo-o dizer o que não diz e até o contrário do que afirma! O uso que arminianos, assumidos ou não, fazem desse texto demonstra bem esse fato.

O texto diz "jamais apagarei o seu nome do Livro da Vida" (NVI). Usar essa passagem para afirmar o contrário do que diz requer argumentos textuais muito fortes ou obstinação em manter preconceitos teológicos. Veremos mais adiante que não se trata do primeiro caso. Diz ainda o texto "será vestido de vestes brancas" e "e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos". Num só versículo temos três promessas maravilhosas, de vestiduras brancas, de eternidade da salvação e de menção do nome diante de Deus e dos anjos e tudo o que algumas pessoas vêem é uma ameaça inexistente!

O texto não diz "riscarei o seu nome do Livro da Vida". Nem mesmo diz "se não vencer, riscarei seu nome do Livro da Vida". O raciocínio "se quem vencer não terá seu nome riscado, então aquele que não vencer terá seu nome riscado" é uma inferência falaciosa e não se baseia numa proposição bíblica, mas é trazida para dentro do texto pelo leitor que assim quer enxergar a questão. Se ficarmos apenas com o que o texto diz, então só podemos afirmar que é certo que os vencedores não terão seus nomes apagados do Livro da Vida.

E os outros textos?

O articulista lança mão de outras passagens bíblicas para afirmar que um nome pode ser apagado do Livro da Vida. Jogar com referências bíblicas, sem nem mesmo mencionar o que dizem e sem analisar o que realmente significam é fácil e satisfaz a muitos que se contentam com uma afirmação forte seguida de um endereço bíblico, que não visitarão. Veremos o que as pessoas descobririam se agissem como bereanos.

Baeado em Ap 21:27 ele afirma que os nomes dos que permanecerem desviados e em pecado serão riscados. Porém, o que o versículo diz, de fato, é que na Nova Jerusalém entrarão "só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro" (Ap 21:27). Ora, não diz "os que não tiveram seu nome riscados do Livro da Vida". De onde o pastor tirou a sua conclusão? Do texto sagrado é que não foi.

Baseado em Lc 10:20 e At 1:17,25 o autor sugere que o nome de Judas estava escrito no Livro da Vida e que mesmo assim se desviou, presumindo-se que seu nome foi apagado. Quando Jesus disse "não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus" (Lc 10:20), estava se referindo aos 70, dos quais Judas não fazia parte. A isto acrescentemos que quando Pedro disse "foi contado conosco e alcançou sorte neste ministério" (At 1:17) não estava se referindo ao rol dos salvos no céu, mas à lista do doze apóstolos, o que fica confirmado ao escolherem Matias para seu lugar, orando "para que tome parte neste ministério e apostolado, de que Judas se desviou" (At 1:25). Portanto, somente por vias hermêuticas tortas se conclui que Judas teve seu nome no Livro da Vida apagado. Mais adequado seria pensar que Judas nunca teve seu nome ali inscrito, haja vista que ao se desviar foi "para o seu próprio lugar" (At 1:25).

Outra passagem a que o pastor apela é a que diz "mas aquele que perseverar até ao fim será salvo" (Mt 24:13). Ainda não vi um calvinista que discordasse dessa verdade. Porém, engana-se quem pensa que a perseverança é a causa da salvação final, antes ela é consequência da salvação inicial. No mesmo capítulo Jesus diz "se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias" (Mt 24:22). Deus abreviará os tempos para que nenhum dos que tiveram seus nomes escritos no Livro da Vida venham a se perder.

Seria engraçado, se não fosse trágico demais, as tentativas que se faz para semear a dúvida sobre a fidelidade do Senhor no coração de seus filhos. De que outro modo se poderia considerar o uso de Fp 4:1,3 para defender a tese do mata borrão no Livro da Vida? O texto afirma "portanto, meus amados e mui queridos irmãos, minha alegria e coroa, estai assim firmes no Senhor, amados" (Fp 4:1). Cadê o tom de ameaça aqui? A palavra "portanto" nos remete aos versos anteriores, que dizem "a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas" (Fp 3:20-21). Então, ele faz referência nominal a alguns irmãos e a "os outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da vida" (Fp 4:3). Está o apóstolo infundindo medo nos seus leitores? Não, mas dando motivos para afirmar em seguida "regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos" (Fp 4:4).

A esta altura você deve ter percebido que pulei Ex 32:32-33. Não me esqueci nem me esquivei, apenas que considero, das passagens listadas pelo autor, a mais relevante para esta questão. E creio que ela merece um artigo à parte, que escreverei se Deus me der graça.

Conclusão

Nenhuma das passagens analisadas acima ensinam que algum nome pode ser apagado do Livro da Vida. Pelo contrário, a maioria dos textos utilizados pelo pastor ensinam exatamente o contrário, que a intenção do autor era fortalecer irmãos em meio à luta, e não colocá-los sob risco de terem seus nomes eliminados do rol dos salvos. A impressão que fica é que enquanto Jesus deseja que seus filhos se alegrem por terem seus nomes escritos nos céus, outros se esforçam para que esses mesmos crentes vivam atemorizados ante a idéia de serem excluídos do livro de Deus a qualquer momento. Enquanto Paulo menciona o Livro da Vida e diz em seguida "alegrem-se", outros dizem "tenham medo, outra vez lhes digo, tenham muito medo".

Soli Deo Gloria

13 comentários:

Anônimo disse...

Muito proveitoso este artigo, pois compartilho das doutrinas da graça e procuro difundi-las na congregação pentecostal que faço parte.
Em uma pregação desta mesma para afirmar que os nomes podem ser tirados do livro da vida foi citado Ap 22.19, gostaria que comentasse, pois foi atrelado a por exemplo pastores que começaram bem sua obra e mais tarde se desviaram da verdade pregando doutrinas de homens

Ednaldo disse...

Paz Clóvis,

Agora você me atrapalhou todo, pois estava escrevendo um artigo sobre se Judas foi UM salvo, já que o nobre articulista citado em seu artigo defende esta posição diga-se de passagem usando apenas uma palavra "desviou-se", e um dos "trunfos" era justamente apontar para o verso 25, que PROVA de forma cabal que o lugar dele era outro.

Em Cristo,

Ednaldo.

Renê disse...

Clóvis

Se você quer defender a “perseverança dos santos” frente ao artigo do Pr Ciro, tem que tentar explicar estes versículos também. Não acha?

Ap 3:5 O QUE VENCER será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.

(O que dizer das advertências, abaixo descritas, só para exemplificar)

Lucas 21:36 VIGIAI, pois, a todo tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que têm de suceder e ESTAR EM PÉ na presença do Filho do Homem.

1 Co 15:1 Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual recebestes e no qual AINDA PERSEVERAIS;

1 Co 15:2 por ele também sois salvos, SE RETIVERDES A PALAVRA tal como vo-la preguei, A MENOS que tenhais crido em vão.




Hb 6:4 É IMPOSSÍVEL, POIS, QUE AQUELES QUE UMA VEZ FORAM ILUMINADOS, E PROVARAM O DOM CELESTIAL, E SE TORNARAM PARTICIPANTES DO ESPÍRITO SANTO,

Hb 6:5 E PROVARAM A BOA PALAVRA DE DEUS E OS PODERES DO MUNDO VINDOURO,

Hb 6:6 E CAÍRAM, SIM, É IMPOSSÍVEL OUTRA VEZ RENOVÁ-LOS PARA ARREPENDIMENTO, VISTO QUE, DE NOVO, ESTÃO CRUCIFICANDO PARA SI MESMOS O FILHO DE DEUS E EXPONDO-O À IGNOMÍNIA.


O que é suficiente pra uns, pode não ser pra outros.

Fique na Paz

Renê

Clóvis disse...

Renê,

Paz!

O irmão disse "tem que tentar explicar estes versículos também. Não acha?". Veja como é interessante. O Pr. Ciro não explica os textos que referencia e muito menos aborda algum texto que dos que asseveram a segurança dos salvos. Mas eu tenho procurado expor o que a Bíblia diz, sem ignorar textos tidos como contrários à tese da perseverança final. Alguns não não dá de comentar aqui, pedindo um post à parte. Esses entram numa fila, pois meu tempo é limitado. Mas se me der a honra de acompanhar este blog verá cada um desses textos examinados aqui.

Ap 3:5 já abordei. Aliás, é o verso que encabeça o post objeto de seu comentário.

Lucas 21:36 facilmente se explica quando se leva em consideração que a vigilância é o meio pelo qual o Senhor mantém os seus pequeninos em pé. No mesmo capítulo, Jesus afirma "E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós. E de todos sereis odiados por causa do meu nome. Mas não perecerá um único cabelo da vossa cabeça" Lc 21:36. Jesus garante que mesmo em meio a provas terríveis o seu povo será guardado.

Em 1Co 15:1 Paulo testemunha que os coríntios estavam perseverando. Então ele assegura a salvação pelo evangelho aos que retém a Palavra, desde que não tenham crido em vão. Mas o que significa crer em vão?

Se uma pessoa tem uma fé genuína e assim mesmo perde crê em vão, então a salvação requer algo mais além da fé, o que não é bíblico. Porém, se uma pessoa tem uma fé que não é salvífica, então essa fé é vã para efeito da salvação. É claro então que aquele que crê em vão é porque crê com uma fé não genuína, ou seja, nunca foi um crente verdadeiro.

O que Paulo está afirmando é que a permanência na Palavra é a prova de que tiveram uma fé genuína. E que se alguém não persevera é porque nunca creu em Jesus no sentido bíblico. Ou seja, neste texto Paulo afirma a segurança dos comprados pelo sangue.

Ficarei te devendo uma explicação de Hb 6:4-6. O texto, pela dificuldade requer um tratamento apropriado. Vai para a fila.

Em Cristo,

Clóvis

Clóvis disse...

Caro Anônimo (o primeiro lá de cima),

Assim que puder, abordarei Apocalipse 22:19.

Em Cristo,

Clóvis

Renê disse...

Clóvis

Obrigado pela atenção, e não fugindo do tema, creio que o ampliando um pouco, me deixa fazer uma colocação. Estou aqui tentando mostrar o meu ponto de vista, usando o que Deus me deu de mais precioso, que é a capacidade de pensar. Não sou um estudioso das doutrinas, e creio que nem quero ser, quero pelo menos entendê-las e fazer as colocações que acho importante dentro daquilo que o Espírito Santo coloca em meu coração. Basicamente aqui eu estarei defendendo o AMOR DE DEUS por todas as suas criaturas, não esquecendo de sua SOBERANIA, mas SOBERANIA em amor e não SOBERANIA em poder.

Rm 1:20 Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;

Uma pequena ilustração

Um senhor estava visitando um hospital do interior, ao passar em frente a um quarto, viu que estavam todos lá dentro comemorando. Gritavam, pulavam e cantavam musica tipo “rei, rei, rei doutor é nosso rei. Rei, rei, rei .... enfim estavam todos muito felizes. Curioso pra saber o que estava acontecendo e vendo o enfermeiro no balcão, foi até lá e perguntou: moço o que houve pra tanta alegria naquele quarto? E o enfermeiro respondendo disse: sabe, é que nessa madrugada houve um acidente de carro e chegaram aqui no hospital, dois jovens muito machucados em conseqüência desse acidente. Os dois chegaram precisando de tratamento caso contrário ambos iriam morrer. Chamaram o médico de plantão para o atendimento, mas alegando ele motivos particulares, disse que só atenderia um paciente. E assim o fez, cuidando dele com muita habilidade e presteza. O outro paciente, como ficou sem tratamento algum, morreu 3 horas depois de dar entrada no hospital. Aquele quarto onde você viu aquela festa toda, é o quarto do paciente que sobreviveu, e aquela gente toda comemorando são seus parentes, amigos e irmãos.

Triste não? Imagine homens agindo desse jeito, mesmo apesar de sua natureza. DEUS agindo assim? Impossível.

Toda ação de Deus que não podemos imitar, ou não é dele, ou é impossível pra natureza humana.

Colossenses 3:5 Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria;

2 Pedro 1:4 pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis co-participantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo,

2 Pedro 1:5 por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento;

2 Pedro 1:6 com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade;

2 Pedro 1:7 com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor.

2 Pedro 1:8 Porque estas coisas, existindo em vós e em vós aumentando, fazem com que não sejais nem inativos, nem infrutuosos no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.

2 Pedro 1:9 Pois aquele a quem estas coisas não estão presentes é cego, vendo só o que está perto, esquecido da purificação dos seus pecados de outrora.

2 Pedro 1:10 POR ISSO, IRMÃOS, PROCURAI, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição; porquanto, procedendo assim, NÃO TROPEÇAREIS EM TEMPO ALGUM.


Em Cristo

Renê

Clóvis disse...

Renê,

Paz seja contigo. Irei pelo método do Jack, por partes.

Quase toda heresia consiste não em negar atributos divinos, mas superenfatizar um em detrimento de outros. Foi assim com a cristologia, na história da igreja. Uns enfatizavam sua divindade, anulando sua humanidade, outros para resguardar sua humanidade negavam sua plena divindade. Assim é também com a doutrina da pessoa de Deus.

Qual é o seu atributo determinante, ao qual todos os outros estão subordinados? A resposta correta é nenhum. Seu amor, santidade e justiça estão em perfeita harmonia. Não há conflito nem sobreposições entre os atributos. Porém, sabemos que a perfeição divina é a totalidade de seus atributos, em cada um dos quais Ele é infinito. Como compreender um Deus assim? Não podemos, podemos apenas ficar com aquilo que Ele nos revela.

Você disse que defende um Deus soberano em amor e não um Deus soberano em poder. Isto significa que o amor de Deus sobrepõe-se ao Seu poder, o que viola o princípio de harmonia entre os atributos e torna a pessoa de Deus imperfeita, posto que há conflitos intrínsecos na divindade. Se for para afirmar alguma coisa nesse sentido, que seja então que Deus é soberano em amor E poder, pois de fato não há contradição alguma em amor e poder. Aliás, Deus não seria Deus se lhe faltasse amor ou poder.

Além disso, o que é ser soberano em amor? Vejo duas possibilidades e receio que você opta pela pior delas. Deus pode ser soberano em amor no sentido que não deve amor a ninguém, e se não amasse nenhum não seria menos amoroso do que se amasse a todos. Um amor que carece do objeto amado não é um amor intrínseco, mas um amor provocado. E Deus pode ser soberano em amor se o amor for uma espécie de lei externa à divindade, à qual o Senhor deve se conformar. Se for este o caso, então o soberano não é Deus, mas o amor. Enfim, a única maneira de resguardar a pessoa divina de uma má representação é admitir que Ele ama livremente, e isto implica que amar quem Ele quer. Ou você faz de Deus o soberano do amor ou um escravo do amor.

Para terminar esclarecendo este ponto, preciso dizer ainda que soberania não é um atributo divino. A soberania é a expressão de Sua supremacia, é a soma de todos os Seus atributos. Assim, Ele não é mais soberano em amor do que é soberano em poder (ou vice-versa). Soberania significa que Ele é supremo em todo o Seu domínio, que se extende por toda a Criação.

Tratarei em seguida de sua analogia.

Em Cristo,

Clóvis

Clóvis disse...

Renê,

A primeiro coisa que devemos considerar é que toda analogia manca. Ainda mais quando a usamos para ilustrar realidades divinas. Não podemos nos esquecer, então, que toda analogia é uma arremedo de uma realidade espiritual, a qual não alcançamos compreender adequadamente deste lado do véu.

A maior fraqueza dessa sua analogia é a chamada falácia referencial. Quando comparamos Deus e o homem, não podemos nos esquecer não Deus não é como nós, mas nós é que devemos ser como Ele. Cometer falácia referencial é quando apresentamos uma figura de pai, juiz, médico e dizemos é assim que Deus é. Na verdade, quando a Bíblia nos mostra Deus como Pai, Juiz, Médico, o homem deve concluir devo ser um pai, um juiz, um médico como Deus é.

Além da falha analógica, sua ilustração mostra algumas outras deficiencias. Primeiro, um médico tem o dever de tratar os pacientes, pelo juramento de Hipócrates. Deus não está sob obrigação de salvar ninguém. Se salva um ou a todos, é por pura graça, e sendo por graça, se salva a todos, um ou nenhum, em nada isso lhe diminui.

Finalmente, veja como sua analogia é um tanto quanto calvinista. Para ser arminiana de fato, o médico não deveria tratar os feridos, sem que eles fossem a ele e pedissem para serem tratados. Aliás, para que não tivessem suas vontades violadas, seria bom que assinassem um termo declarando que era de forma livre e sem coação que aceitavam o tratamento.

Levantadas essas questões, ainda fica uma questão a ser respondida: ao não salvar a todos, Deus torna-se menos amoroso? É uma pergunta interessante. Mas antes de tentar respondê-la, pensemos se ela é um ataque ao calvinismo ou ao cristianismo em geral.

Todos os homens são salvos? Creio que todos concordam que não. Então, se nem todos são salvos, o que faltou: amor ou poder? Enquanto responde a isso, vou pensando numa resposta para a questão principal.

Em Cristo,

Clóvis

Renê disse...

Clóvis,

Novamente obrigado pela atenção, estou de acordo quanto a sua definição de soberania. Concordo com o que você escreveu, mas gostaria de acrescentar o meu comentário a respeito. Quando eu disse soberania em amor e poder, não queria dissociar uma da outra achando uma superior a outra por exemplo, porque o problema, ao meu ver, esta justamente aí. Não podemos achar que Deus, por causa do seu Poder Supremo, vá quebrar algum atributo divino pra fazer com que as coisas fiquem do jeito que ele quer, aliás, suponho que isso seja impossível de qualquer maneira. Quando digo que estou mais interessado na soberania em amor de Deus, eu quis dizer que, do meu ponto de vista, a primeira coisa que olho é se o principio de amor esta sendo, de alguma forma, quebrado. Deus é a definição perfeita para AMOR, aliás , a palavra diz: DEUS É AMOR. No caso aqui, questiono a eleição incondicional, aleatória dos que iriam para o inferno, por exemplo. Em minha opinião Deus teria que quebrar vários princípios divinos pra fazer essa suposta eleição, isso sem levar em conta o que determinou essa necessidade dele fazer essa escolha e o sacrifício insuficiente de Cristo para executar a obra de salvação do homem.
Agora quanto à analogia que fiz discordo de você.

Rm 1:20 Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;

Não podemos nos comparar com Deus, isso não preciso nem colocar aqui, né! Mas ele é a nossa maior referência. Toda ação de Deus que não podemos imitar, ou não é dele, ou é impossível pra natureza humana.

Mateus 5:48 Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste

Colossenses 1:28 o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo;

Finalizando, vamos ver a questão que você deixou em aberto:

Todos os homens são salvos? Creio que todos concordam que não. Então, se nem todos são salvos, o que faltou: amor ou poder?

Deus “NÂO DETERMINOU que todos seriam salvos com o sacrifício de Cristo? Acho que não, né! Não faltou nem amor, nem poder. Mas continuemos...

Deus “DETERMINOU:
Jo3:16 Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Continua

Renê disse...

continuação

Agora o homem, vendo que isso era muito bom, pensou: o que tenho que fazer pra tomar posse da salvação? Na palavra esta escrito que tenho que ter fé no sacrifício de Cristo, me arrepender dos meus pecados, me batizar e seguir os passos de Jesus.

Outro homem, por outro lado, indagou: isso parece bom, mas impossível de ser feito já que depende do próprio homem. O homem esta separado de Deus e seu estado é de total incapacidade pra tomar qualquer decisão para o seu bem. (Ps: mesmo depois do sacrifício de Cristo). O que poderia ser feito então? Estudando as escrituras, surgiu uma saída que muitos levam como a mais próxima do que esta nas Escrituras Sagradas, que é a seguinte: Já que homem é incapaz de fazer suas escolhas, Deus escolhe os homens que se salvarão e fará tudo por eles, vai colocar no homem a fé pra acreditar, o arrependimento pelos pecados e vai também mandar o Espírito Santo dirigir a vida do escolhido. Pronto, perfeito, basta ao homem ser um dos escolhidos, não precisa fazer nada. Deus faz tudo por ele, melhor ainda que o primeiro plano, não? Bonzinho este nosso Deus, não? Pelo menos pras uns sim, né!
Pergunta: porque o sacrifício de Cristo não foi suficiente pra salvar o pecador? Sim já que o pecador não é salvo e sim o pecador escolhido. Porque o pecador ficou incapacitado de ter um relacionamento com Deus, mesmo Cristo tendo feito um sacrifício perfeito e agradável ao Senhor. Me responda essa pergunta por favor.
Acho que essa teoria do plano de salvação de Deus pro homem é na verdade muito mais anti-homens (por causa da depravação) do que a favor da supremacia de Deus (soberania), já que o homem não presta que queime todos no inferno. Mas me arrume um lugarzinho pra mim junto a ti Senhor, por sua infinita bondade. Proclamam os que acreditam nela.

Espero que você entenda a minha forma de expressar e não me considere um herege por estar me manifestando dessa forma. Estou tentando ser o mais natural possível e lembrando que aqui estamos apenas mostrando nossas idéias, a respeito de como os homens pensam ser o agir e o efetuar do nosso Soberano e Magnífico Deus.

Em Cristo

Renê

Elizeu Rodrigues dos Santos disse...

Querido irmão Clóvis

Deveras estou muito feliz em ter as dúvidas relacionadas a certos pontos bíblicos em questão analizadas (dissecadas) passa-a-passo. Que bom que sempre fosse assim ao colocarmos nossa dúvida em apreço de mestres.

Com relação a Judas, o próprio Jesus disse: "Pai santo ...dos que me deste nenhum perdi, a não ser o filho da perdição, para que se cumprisse as escrituras (João 17.11,12)".

Jesus, sabendo que alguém era filho da perdição conforme as escrituras, não poderia tê-lo moldado segundo moldou os demais?

Muito bom seu debate com o querido Rene. Eu penso quase na visão que ele se põe. Tenho umas perguntas que não me forneceram respostas lógicas. Nem o ICP, CACP, pr Ciro. Ninguém. Amado, entre em contato comigo, e me ajude em algumas questões cristológicas.

diacers@yahoo.com.br

No mesmo amor de Deus,

Elizeu

Clóvis disse...

Elizeu,

Não sei se consigo responder suas dúvidas. Mas posso tentar, com a graça de Deus.

Te enviei um email.

Clóvis

Lucas Marin disse...

Apocalipse 3:5 O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.