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terça-feira, 31 de março de 2009
Ora, temos aqui duas interpretações coerentes do evangelho bíblico, que fazem oposição uma à outra. A diferença entre elas não é primariamente uma questão de ênfase, mas de conteúdo.
Uma delas proclama um Deus que salva; a outra alude a um Deus que permite o homem salvar a si mesmo. O primeiro desses pontos de vista apresenta os três grandes atos da Santa Trindade na recuperação da humanidade perdida — eleição por parte do Pai, redenção por parte do Filho, chamada por parte do Espírito Santo — como sendo dirigidos às mesmas pessoas, garantindo infalivelmente a salvação delas. Mas, o outro ponto de vista empresta a cada um desses atos uma referência diferente (o objeto da redenção seria a humanidade inteira, os objetos da chamada seriam aqueles que ouvem o evangelho, e os objetos da eleição seriam aqueles que correspondem a essa chamada), e nega que a salvação de qualquer pessoa seja garantida por qualquer desses atos.
Essas duas teologias, assim sendo, concebem o plano da salvação em termos inteiramente diferentes. Uma delas faz a salvação depender da obra de Deus, e a outra faz a salvação depender da obra do homem. Uma delas considera a fé como parte do dom divino da salvação, mas a outra pensa que a fé é a contribuição do homem para a sua salvação. Uma delas atribui a Deus toda a glória pela salvação dos crentes, mas a outra divide as honras entre Deus, que, por assim dizer, construiu o maquinismo da salvação, e o homem, que põe esse maquinismo em funcionamento quando crê.
J. I. Packer
In: O Antigo Evangelho
Uma delas proclama um Deus que salva; a outra alude a um Deus que permite o homem salvar a si mesmo. O primeiro desses pontos de vista apresenta os três grandes atos da Santa Trindade na recuperação da humanidade perdida — eleição por parte do Pai, redenção por parte do Filho, chamada por parte do Espírito Santo — como sendo dirigidos às mesmas pessoas, garantindo infalivelmente a salvação delas. Mas, o outro ponto de vista empresta a cada um desses atos uma referência diferente (o objeto da redenção seria a humanidade inteira, os objetos da chamada seriam aqueles que ouvem o evangelho, e os objetos da eleição seriam aqueles que correspondem a essa chamada), e nega que a salvação de qualquer pessoa seja garantida por qualquer desses atos.
Essas duas teologias, assim sendo, concebem o plano da salvação em termos inteiramente diferentes. Uma delas faz a salvação depender da obra de Deus, e a outra faz a salvação depender da obra do homem. Uma delas considera a fé como parte do dom divino da salvação, mas a outra pensa que a fé é a contribuição do homem para a sua salvação. Uma delas atribui a Deus toda a glória pela salvação dos crentes, mas a outra divide as honras entre Deus, que, por assim dizer, construiu o maquinismo da salvação, e o homem, que põe esse maquinismo em funcionamento quando crê.
J. I. Packer
In: O Antigo Evangelho
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7 comentários:
Que legal, gostei.
...mas a outra divide as honras entre Deus, que, por assim dizer, construiu o maquinismo da salvação, e o homem, que põe esse maquinismo em funcionamento quando crê.
Lutero golpeia fatalmente quem gosta dessa antropoteologia de Armínio, pra não citar ainda Agostinho, o próprio Calvino, Whitefield, Pink ou o contemporâneo Piper ...
"Os argumentos usados por Paulo são tão claros que é de admirar que alguém possa compreendê-los mal. Diz ele: "... todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer..." Estou admirado do fato de que certas pessoas afirmam: "Algumas pessoas não se extraviaram, não se fizeram inúteis, não são más e nem pecadoras. Há alguma coisa no homem que o inclina para o bem". Ora, Paulo não fez essas declarações em apenas algumas passagens isoladas. Algumas vezes ele as fez em termos positivos, em outras vezes, em termos negativos, usando palavras diretas ou utilizando contrastes. O sentido literal de suas palavras, todo o contexto e escopo de seu argumento, resumem-se neste pensamento: à parte da fé em Cristo nada existe senão pecado e condenaçào. Meus oponentes estão derrotados, ainda que não queiram se render! Porém, não está ao meu alcance convencê-los disto. Deixo isto à operação do Espírito Santo."
"...a outra faz a salvação depender da obra do homem."
Só uma pequena correção (só para fazer justiça), Armínio não diz que a salvação depende da obra do homem.
Caro Josélio.
A meu entender (posso estar equivocado), o Clóvis não se refere a Armínio, o teólogo, mas ao sistema teológico, arminiamismo. Esse "ismo" derivou o seu nome de Tiago Armínio e como John Murray diz "nos estágios iniciais da controvérsia do Remonstrance, o significado e a implicação precisa de alguns dos pontos não se tornaram explícitos; mas, à medida que o conflito precipitado pelos Remonstrantes se desenvolveu, tornou-se evidente que os cinco pontos da Fé Reformada que os Arminianos estavam particularmente insistindo em negar eram: predestinação incondicional, expiação limitada, depravação total, graça irresistível e a perseverança dos santos. Os Calvinistas afirmavam estes e os Arminianos negavam"
Sim, eu sei, Danilo, claro que o Clovis não disse isso, mas mesmo o arminianismo não prega que a salvação é obra do homem.
Não estou defendendo nada só estou dizendo isso: o arminianismo não prega que a salvação é obra do homem.
Josélio e Danilo,
Nem eu e nem o Packer afirmamos que o arminianismo prega que a salvação é obra do homem. O que ele disse e eu concordo, é que o arminianismo "faz a salvação depender da obra do homem", isso como consequencia lógica.
Estou de saída para uma viagem e talvez demore um pouco a responder aos comentários.
Em Cristo,
Clóvis
Boa viagem e boa sorte.
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