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segunda-feira, 4 de agosto de 2008
A posição evangélica dominante nos dias de hoje identifica-se com o teólogo holandês Jacó Armínio, pelo que nos debates teológicos é designada como arminianismo. O que muitos não sabem é que Armínio era bem mais "calvinista" que os arminianos atuais imaginam ou gostariam de saber. Se eles soubessem o que ele escreveu a respeito de alguns assuntos importantes no debate sobre a salvação, poderiam não se tornar calvinistas, mas pelo menos seriam arminianos melhores.

Descobririam, por exemplo:

a) Que ele recomendava a leitura da obra de Calvino

"Depois da leitura das Escrituras..., e mais do que qualquer outra coisa,... eu recomendo a leitura dos Comentários de Calvino ... Pois afirmo que na interpretação das Escrituras Calvino é incomparável, e que seus Comentários são mais valiosos do que qualquer coisa que nos tenha sido legada nos escritos dos pais — tanto assim que atribuo a ele um certo espírito de profecia no qual ele se encontra em uma posição distinta acima de outros, acima da maioria, na verdade, acima de todos." (Carta escrita a Sebastian Egbertsz, publicada em P. van Limborch e C. Hartsoeker, Praestantium ac Eruditorum Virorum Epistolae Ecclesiasticae et Theologicae (Amsterdam, 1704), nº 101).

b) Que ele cria na doutrina da providência

"Nesta definição de Providência Divina, eu de forma alguma a privo de qualquer partícula daquelas propriedades que concordam ou pertencem a ela; mas eu declaro que ela preserva, regula, governa e dirige todas as coisas e que nada no mundo acontece acidentalmente ou por acaso. Além disto, eu coloco em sujeição à Providência Divina tanto o livre-arbítrio quanto até mesmo as ações de uma criatura racional, de modo que nada pode ser feito sem a vontade de Deus, nem mesmo as que são feitas em oposição a ela , somente devemos observar uma distinção entre as boas e as más ações, ao dizer, que "Deus tanto deseja e executa boas ações," quanto que "Ele apenas livremente permite as que são más." Além disto ainda, eu muito prontamente admito, que até mesmo todas as ações, sejam quais forem, relativas ao mal, que possam possivelmente ser imaginadas ou criadas, podem ser atribuídas ao Emprego da Divina Providência, tendo apenas um cuidado, "não concluir deste reconhecimento que Deus seja a causa do pecado." (Works, vol 1: The providence of God)

c) Que ele cria nos decretos divinos

"Os decretos de Deus são os atos extrínsecos de Deus, ainda que sejam internos, e, por essa razão, feitos pelo livre-arbítrio de Deus, sem qualquer necessidade absoluta . Todavia um decreto parece exigir a suposição de outro, a bem de uma certa conveniência de igualdade; como o decreto relativo à criação de uma criatura racional, e o decreto relativo à salvação ou condenação [dessa criatura] sob a condição de obediência ou desobediência. A ação da criatura também, quando considerada por Deus desde a eternidade, pode algumas vezes ser a ocasião, e algumas vezes a causa motriz externa de criar algum decreto; e isto de tal forma que sem tal ação [da criatura] o decreto não seria nem poderia ser feito. (...) Embora todos os decretos de Deus foram feitos desde a eternidade, todavia uma certa ordem de prioridade e posterioridade deve ser formulada, de acordo com sua natureza, e a relação mútua entre elas." (Works, vol 2: On decree of God)

d) Que ele cria na predestinação

"O primeiro na ordem dos decretos divinos não é o da predestinação, pela qual Deus preordenou para fins sobrenaturais, e pela qual ele resolveu salvar e condenar, declarar sua misericórdia e sua justiça punitiva, e ilustrar a glória de sua graça salvadora , e de sua sabedoria e poder que concordam com aquela mais livre graça.(...) Os eleitos não são chamados "vasos de misericórdia" na relação de meios para o fim, mas porque a misericórdia é a única causa motriz, pela qual é feito o próprio decreto da predestinação para salvação." (Works, vol 2: On predestination to salvation)

e) Que ele cria na imperdibilidade da salvação

"Embora eu aqui, aberta e sinceramente, afirmo que eu nunca ensinei que um verdadeiro crente pode, total ou finalmente, abandonar a fé, e perecer; todavia não nego que haja passagens da Escritura que me parecem apresentar este aspecto; e as respostas a elas que tive a oportunidade de ver não se mostraram, em minha opinião, convincentes em todos os pontos. Por outro lado, certas passagens são fornecidas para a doutrina contrária [da perseverança incondicional] que merecem especial consideração." (Works, vol 1: The perseverance of the saints).

De minha parte, ficaria muito feliz se os atuais arminianos firmassem posição com Jacó Armínio. Pois já estaríamos no lucro.

15 comentários:

Vigor disse...

Bom texto. Bem elucidativo. Parabéns.

Rui disse...

Clóvis,

Gostei imensamente de ter encontrado seu blog. Muito bom mesmo. Com farto material de boa qualidade sobre o Calvinismo Histórico.
Esse artigo sobre Armínio achei bastante pertinente e esclarecedor. Pena que muitos pseudo-arminianos não o lerão.
Envio-lhe minhas bênçãos apostólicas em Cristo, Jesus.

Bispo Rui Costa Barbosa
Igreja Anglicana Tradicional do Brasil

Clóvis disse...

Vinícios,

Infelizmente a doutrina hoje é tida em baixa conta. Assim, pouco se dá às pessoas se ela crêem na doutrina correta ou na errada. O importante é amor, comunhão e sentir-se bem.

Quando vemos os teólogos do passado, como Calvino e Armínio, para ficar em dois exemplos, notamos o cuidado que escolhiam as palavras para precisar bem o que criam.

Infelizmente, no debate sobre livre-arbítrio, a primeira vítima é o próprio debate, que empobrece por falta de definições claras.

Concordo que crer numa doutrina errada também é pecado. Aliás, creio que vivemos no meio de umas geração que tem um ídolo chamado Jesus.

Clóvis disse...

Vigor,

Obrigado por sua visita e pelas suas palavras. Se quiser ser informado das atualização do blog, assine a newsletter, fornecendo seu email.

Clóvis disse...

Bispo Rui,

Sinto-me honrado pela sua visita e considerações. Glórias a Deus!

Fico triste ao notar a presunção dos evangélicos atuais, que desprezam a tradição dos antigos, julgando-se mais espirituais e capazes que nossos pais para interpretar as Escrituras.

Devemos ler as confissões antigas com mente crítica. Mas devemos pelo menos ler e termos a humildade de reconhecer a riqueza doutrinária e espiritual que Deus nos legou através deles.

Em Cristo,

Cleber disse...

Clóvis,
de fato Armínio não chegou a romper totalmente com os 5 pontos do calvinismo, mas seus seguidores o fizeram.
Assim como os calvinistas acreditam em muitas coisas que Calvino não concordava.
E assim como os luteranos de hoje divergem do Lutero em muitos pontos.

Eu creio nos 5 pontos "arminianos" por considerá-los bíblicos.

Uso o termo arminiano pq é o termo que a teologia convencionou. Apenas por isso!

Um abração!
Pr Cleber.
http://confraria-pentecostal.blogspot.com/

Clóvis disse...

Irmão Cleber,

Sinto-me abençoado pela sua visita e seus comentários. Tenho profundo respeito por Armínio e embora discorde desse sistema, considero todos os que o aceitam como meus irmãos em Cristo e muitos dos homens mais santos e influentes em minha vida eram arminianos, conscientes ou não.

Se você não concorda com o arminianismo de Armínio, suponho que concorde com o dos Remonstrantes. Estou certo?

Em breve estarei considerando os Cinco Pontos da Remonstrância neste blog e apreciarei deveras que faça uma avaliação de minha análise.

Em Cristo,

Cleber disse...

Ok, a rigor é isso mano.
Mas prefiro dizer que meu compromisso é tão somente com a Bíblia e não com Armínio ou os remonstrantes.

Não curto debater o que eles disseram pq meu crivo é tão somente a Palavra.

Entre o que eles disseram e a Palavra sempre ficarei com ela.

Cleber.

Clóvis disse...

Cleber,

O irmão está certíssimo em ter compromisso apenas com a Bíblia. Lutero, Calvino, Armínio, Wesley interpretaram a Bíblia. Interpretações, todas elas, são falíveis. Só a Bíblia é perfeita.

Em Cristo,

Lailson Castanha disse...

Companheiro Clóvis, saúde.

Percebe-se claramente a distância daqueles que são considerados arminianos com as idéias de Jacobus Arminius. Pode então ser eles considerados arminianos? Efetivamente, podemos considerar que “A posição evangélica dominante nos dias de hoje identifica-se com o teólogo holandês Jacó Armínio”, se as mesmas, estão distantes das idéias verdadeiras teses de Arminius?
Seria importante, que, a exemplo de sua “nova percepção ou novo olhar sobre as obras de Arminius”, fosse dado um nova valor sobre suas idéias e conduta como fez o próprio Teodoro Beza, sucessor de Calvino. Segundo Beza Arminius tinha: “inteligência sagaz tanto com respeito à percepção quanto à discriminação das coisas”.(1) Também afirmou: “Esta é a nossa opinião de Arminius – um jovem homem, inquestionavelmente, tanto quanto nos é possível julgar, muitíssimo digno de sua benevolência e liberalidade.”(2)

______

(1)Theodore Beza, citado em Bangs, Arminius: A Study, p. 74.

(2) ibdem

Clóvis disse...

Lailson,

Paz.

Obrigado pela sua contribuição. Como Beza, também admiro Jacó Armínio e ficaria feliz se os Arinianos de hoje se alinhassem às suas idéias. Além de um homem de Deus e uma mente brilhante, Armínio tratava seus oponentes com amor e respeito e se preocupava que seus estudantes priorizassem o estudo da Bíblia e não questões teológicas.

Os arminianos de hoje estão quase tão longe de Armínio como estão de Calvino.

Em Cristo,

Clóvis

Lailson Castanha disse...

Saúde Clóvis.

Defendo a tese de que poucos crentes chamados arminianos são efetivamente arminianos. O motivo é simples: não conhecem ou nunca leram as “Obras de Arminius”, e, o pouco que conhecem são idéias deturpadas de sua teologia.
Poucos são também os calvinistas críticos de Arminius que conhecem a teologia defendida por sua pena, tanto que, numa simples investigação as críticas feitas por alguns deles em relação a teologia arminiana, vemos que criticam idéias tidas como arminianas que na verdade nunca forma defendida pelo teólogo holandês, e, pelo contrários, muitas vezes, idéias rejeitadas por Arminius, são apresentadas como suas.
A nomenclatura “arminiano” colocada sobre muitos não-calvinitas, nem sempre é apropriada, pelo motiva já exposto. Um arminiano deve ao menos, estar em sintonia com suas principais idéias – se não for o caso, não é um dos tais.
O mesmo erro ocorreria se colocarmos o epíteto de “calvinista” sobre os crentes da “Congregação do Brasil” simplesmente porque afirmam “uma vez salvo, salvo para sempre”. Se a análise é feita de forma franca, não podemos considerá-los calvinistas, pelo simples, mas, fundamental motivo, de ignorarem as pressuposições de Calvin, ou o próprio Calvin. Outrossim, a aproximação de um aspecto isolado de um sistema teológico ou filosófico, não implica necessariamente em adoção de todo um sistema. É o que ocorre com a maioria dos crentes e denominações tidas como arminianas, pois, se aproximam apenas de algumas idéias, mais ignoram o complemento de seu ideário.

Paz

Clóvis disse...

Lailson,

Concordo com você, que a maior parte dos chamados arminianos não estão alinhados com as idéias do professor de Lyden. Porém, o termos arminiano é assumido pelos tais e na falta de outro melhor (remonstrantes também não é exato e causaria mais oposição ainda), é o que se usa.

Sempre que possível, eu procuro distinguir a posição dos não calvinistas atuais da assumida por Jacó Armínio, chamando-os de "arminianos modernos" ou "arminianismo popular". Mas nem sempre lembro.

Alguém já propôs uma distinção entre arminianos e arministas, sendo que um termos se aplicaria aos que são não calvinistas e outro aos que adotam as idéias do Armínio. Mas nem sei direito qual termo se aplica a qual grupo.

O que eu gostaria mesmo é que os arminianos atuais fossem tais qual Armínio. Seria um avanço e tanto para o protestantismo brasileiro.

Em Cristo,

Clóvis

Anônimo disse...

Olá sou Luiz estutante de teologia, gostaria muito que vc expressase sua visão em relação a postura escatológica de calvino... grato.

Clóvis disse...

Anônimo,

Acho que não sou a pessoa mais indicada para isso. Por duas razões, não tenho convicções escatológicas muito firmes e Calvino, pós ou amilenista, discordaria de mim, que sou pré-milenista.

Mas vejamos o que os irmãos podem agregar sob este tema.

Em Cristo,

Clóvis