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quinta-feira, 24 de julho de 2008

O Apocalipse fala daqueles "cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo" (Ap 17:8). Há duas possibilidades aqui, interpretar a expressão como significando que os nomes de todos os salvos estavam registrados no Livro da Vida desde a fundação do mundo ou que o nome de cada pessoa é escrito quando o evangelista ora pelo decidido, pedindo a Deus que escreva o seu nome no livro da vida.

Esta última posição é a defendida pelo Pr. Ciro Sanches Zibordi, numa interessante série sobre o Livro da Vida, escrita sob uma ótica anti-calvinista (já que dizer sob uma ótica arminiana pode soar como zombaria).

Observemos um detalhe, antes da análise em si. A passagem em questão não fala dos que tiveram seus nomes escritos no Livro da Vida e sim dos que não tiveram os seus nomes registrados nesse memorial. A relevância disso terá que ficar para uma análise posterior.

A expressão "desde a fundação do mundo" no grego é "apo kataboles kosmou", composta por uma preposição, seguida de um substantivo e de seu complemento. É uma expressão relativamente comum no Novo Testamento, sendo que exatamente como em Ap 17:8 ocorre mais seis vezes (Mt 13:35; 25:34; Lc 11:50; Hb 4:3; 9:26; Ap 13:8). Uma leitura atenta dessas passagens demonstra que a idéia não é de algo que vem sendo realizado de forma continuada a partir da fundação do mundo, mas de algo considerado consumado desde esse momento, com possível excessão de Lucas 11:50.

Assim, quando o profeta disse "publicarei coisas ocultas desde a criação do mundo" (Mt 13:35) não estava se referido a segredos gradativamente ocultados, mas de algo completamente oculto desde o princípio. Quando Jesus disse que o reino dos benditos do Pai estava "preparado desde a fundação do mundo" (Mt 25:34) não pretendia que os discípulos entendessem que o reino era preparado para cada um deles quando se convertiam, mas que tudo já estava preparado quando esse mundo foi trazido à existência. O mesmo pode ser dito das obras "concluídas desde a fundação do mundo" (Hb 4:3), obras estas necessárias ao descanso dos santos. Deus não toma providências para o destino dos salvos no momento em que crêem, mas desde a fundação do mundo tudo está pronto. Isto inclui a morte de Cristo como provisão para a salvação, que embora se diga que "foi morto desde a fundação do mundo" (Ap 13:8) não singifica que Ele sofreu "muitas vezes desde a fundação do mundo" mas uma única "vez por todas" (Hb 9:26). Vimos que a idéia expressa pela frase "desde a fundação do mundo" enfatiza algo realizado de forma completa quando os fundamentos do mundo foram lançados e não algo que vem sendo feito desde então.

O pastor Ciro faz a sua tese depender da preposição "apo" e não da expressão completa. Porém, a classe de palavra que tem tempo e modo é o verbo, e é para ele que devemos nos voltar se quisermos saber quando e de que forma algo ocorre. Devemos perguntar ao texto "o que [não] ocorreu antes da fundação do mundo?" e a resposta é "nomes [não] foram escritos".

O verbo "gegraptai" está no tempo Perfeito e no modo Indicativo. O modo Indicativo, nos informa o Léxico Grego de Strong "é uma simples afirmação de fato. Se uma ação realmente ocorre ou ocorreu ou ocorrerá, será expressa no modo indicativo". Já o "Perfeito grego corresponde ao Perfeito na língua portuguesa, e descreve uma ação que é vista como tendo sido completada no passado, uma vez por todas, não necessitando ser repetida". Portanto, a passagem não se refere a algo que vem sendo feito a cada oração de pregador por um convertido, mas de algo que foi completado de forma cabal no passado. Se João quisesse enfatizar uma ação iniciada no passado e realizada ao longo do tempo teria usado o verbo no Aoristo, que aliás é o tempo (aspecto) mais comum no grego.

Concluimos que a expressão desde a fundação do mundo não significa "começando lá e continuando até o último convertido". Mas se refere a algo que estava concluíndo quando Deus lançou os fundamentos da terra, antes de criar o primeiro homem.

8 comentários:

Ednaldo disse...

Paz e Graça Clóvis.

Boa defesa, infelizmente, o nosso "amigo" gosta de ter o ego massageado, vemos bem isso na moderação dos comentários. Mas não responde aos que se lhe opõem, nem mesmo publicando os comentários contrários, os quais não contém nenhum ataque a sua pessoa mas tão somente a sua "teologia".

Gostei muito, mesmo, do teu artigo.

Fica na Paz,

Ednaldo.

P.S. Se possível, caso já não o tenha feito, visita este blog de um admirador do nosso "amigo". irmaozecarlos.blogspot.com dê especial atenção ao 2º parágrafo.

Clóvis disse...

Ednaldo,

Obrigado pelo seu comentário.

De fato, a cada post meu eu escrevo um comentário no blog do Pr. Ciro, oportunizando a ele o contra-argumento. Mas sou solenemente ignorado.

No último comentário eu perguntei a ele se não deveria ter analisado a expressão completa e o verbo no original. Continuo tendo esperança de que um dia ele o publique.

Quanto ao blog indicado, quando li seu comentário tinha acabado de vir de lá. Deixei um comentário, que já se encontra publicado, apenas convidando-o para considerar o que expus aqui.

Ednaldo disse...

Paz e Graça Clóvis,

Eu perdi a esperança de publicação dos meus poucos comentários no blog dele, pois já vi que ele não é nem arminiano, ele é zibordiano e não gosta de ser contrariado, o que ele gosta é de ouvir "gosto muito dos seus livros", "aprendi muito com o seu blog", "o seu blog é uma benção", esse tipo de coisa.

Tinha uma idéia diferente da pessoa dele quando ingressei na blogosfera, mas depois que ele começou a apagar comentários dele em um debate sobre "ministerio feminino" no blog do Pr. Altair Germano fiquei com o pé atrás.

Mas fazer o que? Não é mesmo.

Em Cristo,

Ednaldo.

(-V-) disse...

Paz Clóvis,

Quão bom foi ler esta resposta. Quão bom.

Como diz Spurgeon:
"Não sei como algumas pessoas, as quais crêem que um cristão pode cair da graça, conseguem ser felizes. Deve ser algo mui recomendável nelas, o ser capaz de viver todo um dia sem desesperação. Se não cresse na doutrina da perseverança final dos santos, penso que seria o mais miserável de todos os homens, porque me faltaria o fundamento para o repouso."

Lucas Marin disse...

"cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida desde a fundação do mundo" não seria o mesmo que dizer que os nomes "nunca estiveram escritos no Livro da Vida"? Isso não caracteriza pessoas que sempre buscaram a maldade?

Quais os requisitos para vencer com Cristo?

"Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com ele, chamados, eleitos e fiéis."(Apocalipse 17.14)

Vencerão os que estiverem com Cristo, sendo chamados, eleitos e fiéis.

2 Timóteo 2:10 Portanto, tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna.

Ser escolhido não é requisito básico para “alcançar salvação”?

Clóvis disse...

Lucas,

Não e nunca são palavras diferentes. Mas no caso, como Deus não escreve a lápis, podem significar a mesma coisa: aqueles cujos nomes não foram encontrados no livro da vida é porque nunca foram escritos ali.

No demais, concordo contigo.

Em Cristo,

Clóvis

prcleilson disse...

Querido Clóvis,

é a 1ª vez q posto no seu blog. Peço-lhe o favor de visitar o blog do Pr. Ciro nesse assunto. Ele postou meu comentário.

Achei incrível como nossa conclusão foi a mesma! Fiz praticamente as mesmas observações que você, lendo o texto no grego e fazendo sua exegese. Dá a impressão de que eu li sua postagem antes de respondê-lo, mas não foi. Fiz pessoalmente a exegese de Ap 17.8 e graças a Deus não cheguei a essa conclusão sozinho. Ainda creio que é isso que o texto quer dizer.

Abçs.

Clóvis disse...

Pr. Cleison,

Talvez eu é que tenha lido seu comentário no blog do Pastor Ciro, rsrs.

Brincadeiras à parte, vou voltar so blog do Ciro e ler seu comentário. Mas não me espanto em que nos aproximemos nas respostas. Quanto mais deixamos a Bíblia falar, mais nossas vozes se aproximam.

Em Cristo,

Clóvis