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segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
Um amado irmão apresentou o que ele considerou uma incoerência de Deus no tocante à eleição:

"A cruel incoerência é Deus colocar a salvação à disposição de todos, sendo que ELE já salvou e escolheu quem seria salvo."

O que segue é minha resposta a ele. Claro que meu entendimento está sujeito a críticas e correções, as quais serão bem recebidas.

1. A mesma objeção aplica-se à presciência de Deus

Creio que você, como eu, crê que Deus sempre soube quem aceitaria e quem rejeitaria a oferta da salvação. Então, poderíamos perguntar: "como a oferta da salvação pode ser feita sinceramente àqueles que Deus já sabe que a desprezarão e a rejeitarão, especialmente quando a sua culpa e condenação somente aumentarão como resultado da sua recusa?", ou parafraseando você "A cruel incoerência é Deus colocar a salvação à disposição de todos, sendo que ELE já sabe quem aceitaria e quem seria salvo".

A dificuldade, tanto num caso como no outro, é que não compreendemos perfeitamente como Deus cumpre os Seus propósitos, mas em todo o caso, devemos confiar que se Ele faz alguma coisa é porque é correto que Ele o faça. Veremos a seguir, que Ele de fato oferece a salvação a todos, mesmos tendo escolhido alguns (minha posição) ou sabendo que alguns rejeitariam (sua posição).

2. A Bíblia declara que Deus oferta a todos, mesmo sendo certo que apenas alguns aceitarão.

Analisemos rapidamente algumas passagens, de onde podemos concluir a afirmação acima:

"E ouvirão a tua voz; e irás, com os anciãos de Israel, ao rei do Egito e lhe dirás: O Senhor, o Deus dos hebreus, nos encontrou. Agora, pois, deixa-nos ir caminho de três dias para o deserto, a fim de que sacrifiquemos ao Senhor, nosso Deus. Eu sei, porém, que o rei do Egito não vos deixará ir se não for obrigado por mão forte."

Embora Deus já soubesse que Faraó não deixaria o povo sair, ordenou que Moisés e os anciãos fossem até ele e comandassem, em nome do Senhor, que deixasse Seu povo ir embora do Egito.

"A isto ele respondeu: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo." Lc 10:27

É certo que nem todos amarão a Deus, pois todos aqueles que não foram reconciliados por Cristo são inimigos dEle. No entando, Deus ordena a que todos o amem com todo o seu ser. Se esta ordem não for sincera, ninguém pode ser julgado por não amar a Deus.

"Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste." Mt 5:48

Da mesma forma, nós nunca chegaremos a ser perfeito no sentido em que Deus é. No entando, somos comandados à perfeição tendo Deus como padrão.

"Vinde, pois, e arrazoemos, diz o Senhor; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã. Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra." Is 1:18-19

"Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede, vede, mas não percebais. Torna insensível o coração deste povo, endurece-lhe os ouvidos e fecha-lhe os olhos, para que não venha ele a ver com os olhos, a ouvir com os ouvidos e a entender com o coração, e se converta, e seja salvo." Is 6:9-10

Isaias é primeiro comissionado a pregar a todo o povo uma oferta graciosa e depois é informado que sua pregação causa um endurecimento do povo. O fato do povo vir a rejeitar, o que Deus sabia que faria, não torna falsa a oferta da primeira passagem.

"Disse-me ainda: Filho do homem, vai, entra na casa de Israel e dize-lhe as minhas palavras. Porque tu não és enviado a um povo de estranho falar nem de língua difícil, mas à casa de Israel; nem a muitos povos de estranho falar e de língua difícil, cujas palavras não possas entender; se eu aos tais te enviasse, certamente, te dariam ouvidos. Mas a casa de Israel não te dará ouvidos, porque não me quer dar ouvidos a mim; pois toda a casa de Israel é de fronte obstinada e dura de coração." Ez 3:4-7

Ezequiel foi comissionado a pregar a casa de Israel, mas mesmo assim Deus já lhe disse que rejeitariam o alerta para se converterem ao Senhor.

"Serpentes, raça de víboras! Como escapareis da condenação do inferno? Por isso, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas. A uns matareis e crucificareis; a outros açoitareis nas vossas sinagogas e perseguireis de cidade em cidade; para que sobre vós recaia todo o sangue justo derramado sobre a terra, desde o sangue do justo Abel até ao sangue de Zacarias, filho de Baraquias, a quem matastes entre o santuário e o altar. Em verdade vos digo que todas estas coisas hão de vir sobre a presente geração. Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!" Mt 23:33-37

Deus sabia não apenas que Jerusalém rejeitaria o ministério de Seu Filho, mas também que matariam e crucificariam os profetas e sábios que lhe seriam enviados. No entanto, ainda assim Deus enviou e cada conclamação ao arrependimento era sincera, ainda que fosse certo que rejeitariam.

"Todo aquele que o Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora." Jo 6:37

"Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida." Jo 5:40

A oferta de Jesus ("o que vem a mim não lançarei fora") é sincera e por isto é absolutamente certo que todo aquele que for a Ele será salvo. Mas também é certo que o homem, sem a graça de Deus, não irá ao Senhor ("não quereis vir a mim"). Mesmo se um não eleito fosse a Cristo, seria recebido alegremente, tal como o filho pródigo o foi pelo Pai, mas somente os eleitos vão. E não vão por que tem algo em si que os diferencia dos demais, mas porque são levados pelo Pai.

Somos comandados a pregar a todos, a convidar a todos e a instar com todos para que creiam no Evangelho e aceitem a salvação oferecida. Mas sabemos que, independente da escolha ser do homem ou de Deus, nem todos aceitarão. Mesmo assim, a pregação é genuína, a oração pelas almas fervorosa e a oferta sincera.

3. Os homens são sinceros em oferecer algo que sabem que não será aceito.

Em minha região, tomar chimarrão é um hábito fortemente arraigado. Minha esposa toma chimarrão e quando vamos visitar alguns irmãos mais íntimos, eles já sabem que não tomo chimarrão. Mesmo assim, eles me oferecem "uma cuia" a cada rodada, mesmo sabendo que recusarei e que minha recusa se fará acompanhar de uma piadinha infame, do tipo "só tomo chá quando estou com dor de barriga". A oferta deles é sincera? Obviamente que sim, pois se tão somente eu disser "vou experimentar" (nada a ver com comercial de cerveja) eles encherão uma cuia de água quase fervendo e me darão. Mas, aos 36 anos, nunca aceitei o tal "mate amargo". E eles continuam me oferecendo...

Assim também, mesmo sabendo que só os eleitos aceitarão, o Evangelho é oferecido sinceramente a todos e qualquer um que o aceitar recebe todos os benefícios reservado aos eleitos. Mas o fato é que não "ouvirão a voz do pastor e não o seguirão".

4. O porque da chamada geral?

O decreto eletivo de Deus é secreto, assim ninguém pode saber quem são os seus eleitos. E o método que Deus escolheu para chamar os Seus eleitos à salvação é a pregação do Evangelho, feita indistintamente.

"Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos obedeceram ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem acreditou na nossa pregação? E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo." Rm 10:13-17

5. A pregação geral é proveitosa mesmo aos não eleitos

Mesmo que nem todos cheguem à salvação pela chamada geral do Evangelho, este não é vão, pois pode levar as pessoas a não pecarem como poderiam pecar se não estivessem sob influência da mensagem do Evangelho.

Como ressaltado, não pretendo convencê-lo, assim, não me estenderei mais em minha argumentação, pois pouco poderia acrescentar, talvez apenas aprofundando um pouco mais cada argumento, mas não expandindo-o. Mas creio que isto seja suficiente para você entender que a oferta geral do Evangelho não invalida a eleição nem é incoerente com a sinceridade de qualquer oferta divina.

Soli Deo Gloria
(Postado no Fórum Evangelho em 15/12/2003)
domingo, 30 de dezembro de 2007
Este é um esboço de uma aula sobre justificação pela fé ministrada por André Aloísio na I.E.Q. Jardim Von Zubem, nos dias 6, 13 e 20 de agosto de 2006.

“Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo...” (Rm.5:1)

A Lei, o Pecado e a Justiça de Deus

  • A Lei de Deus está revelada na Bíblia e representa a vontade de Deus para todos os homens. Está resumida nos Dez Mandamentos (Ex.20:1-17), que por sua vez se resumem no Grande Mandamento de Cristo (Mt. 22:34-40);
  • A Lei exige do homem completa obediência (Js.1:7; Tg.2:10);
  • A obediência à Lei traz vida (Lv.18:5), mas sua desobediência traz morte (Gl.3:10; Rm.6:23);
  • O pecado é a transgressão da Lei (I Jo.3:4);
  • Adão pecou e como era representante de toda raça humana, o pecado foi imputado a todos os seus descendentes (Rm.5:12);
  • Todos os seres humanos nascem com o pecado original, incapazes de obedecerem à Lei de Deus (Rm.3:9-12), por isso não podem alcançar a vida pela obediência à Lei (Gl.2:16) e estão condenados à morte;
  • Deus é justo e Sua justiça exige que o pecado seja punido. Ele não pode inocentar o culpado (Na.1:3).

A Obediência e Morte de Cristo

  • Deus amou ao mundo espontaneamente e decidiu enviar Seu Filho para salvar os pecadores de sua lamentável situação (Jo.3:16);
  • Cristo obedeceu perfeitamente a Lei de Deus (Hb.4:15) em nosso lugar, sendo totalmente justo, mas apesar disso foi morto como um pecador, levando na cruz os nossos pecados (I Pe.2:24) e morrendo a morte que nós merecíamos.

A Justificação

  • É o ato legal de Deus nos declarar justos baseado na justiça de Cristo (Rm.5:21);
  • É um ato instantâneo e acontece no momento da conversão (Rm.4:3);
  • Ela compreende dois processos: Deus nos perdoa de todos os nossos pecados e imputa a nós a justiça de Cristo, considerando a obediência e morte de Cristo como se fossem nossas (Rm.5:19);
  • É pela graça, não por méritos pessoais (Rm.3:23-24; Ef.2:8-9);
  • É obtida mediante a fé (Rm.3:28);
  • A prova da fé verdadeira são as boas obras (Mt.12:33; Tg.2:17);
  • A justificação não é a regeneração e a santificação;
  • A justificação sempre foi mediante a fé, baseada na justiça de Cristo, mesmo no Velho Testamento; ela nunca foi pela obediência à Lei (Gn.15:6; Hc.2:4).

Bênçãos Decorrentes da Justificação

  • Paz com Deus (Rm.5:1);
  • Adoção e certeza da salvação (Rm.8:15-17);
  • Vida eterna (Jo.5:24; 10:27-29).
Visite o blog do André Aloísio
sábado, 29 de dezembro de 2007
“Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação” 2Ts 2:13

A doutrina da eleição tem suscitado controvérsias que se estende por séculos, e as posições assumidas vão desde a sua negação até a afirmação de que Deus escolhe pessoas para o inferno. No entanto, poucas doutrinas são expostas de forma tão abrangente nas Escrituras como a da eleição. Neste texto, procuraremos esclarecer alguns pontos dessa doutrina, a partir da declaração acima.

O autor da eleição

Algumas pessoas, contrariando o peso esmagador da evidência bíblica, negam que Deus faça escolha de pessoas. Para eles, o homem é quem escolhe e essa escolha humana é determinante para o seu destino eterno. Porém, o texto diz “Deus vos escolheu”, não deixando dúvida alguma que o Eterno é quem elege. A eleição não é “segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça” (2Tm 1:9), por isso somos chamados de “eleitos de Deus” (Rm 8:33; Cl 3:12). Para que não reste dúvida alguma quanto a esse assunto, Jesus afirma “não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (Jo 15:16).

A ocasião da eleição

O texto em apreço diz que a eleição se deu “desde o princípio”. Parece não haver dúvidas que isto signifique na eternidade passada. Em Efésios é dito que Deus “nos escolheu nele antes da fundação do mundo” (Ef 1:4). Em outro lugar a Escritura destaca que a determinação de nos salvar foi tomada “antes dos tempos eternos” (2Tm 1:9). Se, como diz Pedro, fomos eleitos “segundo a presciência de Deus Pai” (1Pe 1:2), então a ocasião dessa escolha deve retroceder a um ponto da eternidade. De fato, a Bíblia declara que “aos que de antemão conheceu, também os predestinou” (Rm 8:29).

O objetivo da eleição

A eleição é “para a salvação”. Dois pontos importantes sobressaem dessa expressão. O primeiro é que eleição não é salvação, mas é para a salvação. Dessa forma, o eleito não nasce salvo e não estará salvo até o momento que creia. Até esse momento os eleitos andam “segundo as inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos” e são “por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef 2:3). O outro ponto é que não fica nenhuma dúvida quanto ao objetivo da eleição: tornar certa a salvação do eleito. A eleição não é para um cargo, incumbência ou função no Corpo de Cristo, embora Ele também escolha pessoas para essas finalidades. Aqui, à pergunta “por que Deus elege?” a resposta bíblica é “para a salvação”. Vemos isto na prática em Atos 13:48, onde Lucas registra que “creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna”. Ser destinado para a vida eterna é o mesmo que ser eleito ou predestinado para a salvação. E foi isto que Deus fez “desde o princípio”.

Conclusão

Do que foi exposto podemos tirar algumas conclusões. Em primeiro lugar, a doutrina da eleição é bíblica e não um ensino inventado por Agostinho ou Calvino. Não é algo imposto ao texto sagrado, mas algo declarado de forma abundante e clara. Em segundo lugar, Deus é o autor e agente da eleição e isto está bem estabelecido na Palavra de Deus. A escolha do homem segue e depende da escolha divina. Terceiro, a eleição foi realizada na eternidade, portanto anterior a qualquer ato do homem que a pudesse determinar. E finalmente, a eleição é para a salvação, o que demonstra que é segundo a boa vontade de Deus para conosco e remove a possibilidade de ser apenas para alguma função ou posição no Corpo de Cristo. Diante destes fatos, ao invés de objetar à doutrina da eleição soberana e graciosa “devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação” (2Ts 2:13).

Soli Deo Gloria
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
Terminologia

O termo decreto pulsa, sem conotações teológicas, por toda a Escritura. Neste aspecto é sinônimo de lei ou edito. O sentido primário é de uma determinação escrita ou ordenação, perfazendo também o sentido de desígnio ou vontade superior.

Pelo menos três vocábulos hebraicos são usados com o sentido primário, referindo-se a alguma lei ou edito emanado de uma autoridade qualquer, senão vejamos...
Leia a íntegra Aqui.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Se Deus já tem tudo determinado por que orar?

"E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve" 1Jo 5:14

A pergunta acima foi feita por uma irmã amada, cristã fiel e sincera para com Deus. É legítima e merece a melhor resposta que puder ser dada, de acordo com o ensino claro das Escrituras Sagradas. Tentarei fazer isso, embora talvez não seja a pessoa mais indicada para a tarefa.

Examinemos em primeiro lugar a premissa. Será que todas as coisas estão previamente determinadas por Deus ou o futuro é uma realidade aberta? Se nem todas as coisas ou coisa nenhuma estiverem eternamente fixadas, então não há problema a ser resolvido quanto ao sentido da oração. Há, porém, duas possibilidades: contigência e certeza. Num universo contingente, os acontecimentos não estão previamente determinados e tudo pode acontecer ou não. No extremo dessa posição estão os modernos neoteístas, que afirmam que o futuro não existe, mas é uma realidade a ser construída e nós somos os arquitetos e construtores. Como o futuro não existe e todas as ações livres podem vir ou não a acontecer, nem Deus pode conhecer o futuro. Porém, a maioria dos arminianos coloca-se numa posição intermediária, advogando uma providência geral, onde nem tudo está determinado, apenas o que Deus decidiu determinar. Os calvinistas, por sua vez, são deterministas. Confessam que "Desde toda eternidade, Deus, pelo muito e sábio conselho da sua própria vontade ordenou livre e inalteravelmente tudo o que acontece..." (CFW, III, 1).

A certeza de todos os eventos é uma implicação lógica da onisciência. Se o conhecimento de Deus é infinito e infalível, então desde toda eternidade Ele sabe tudo o que vai acontecer. Não é mera previsão baseada na suposição do tipo "se tais e tais condições ocorrerem, então tal evento também ocorrerá". O conhecimento de Deus é perfeito e exaustivo. Ora, tal conhecimento obrigatoriamente causa a futurição de todos os eventos. Então, se Deus desde a eternidade sabia qual seria a resposta que daria à oração, essa e somente essa poderá ser a resposta. Porém, embora reconheçam a implicação lógica da onisciência divina, que por si só elimina a possibilidade de um universo contingente, os calvinistas não atribuem a determinação de todas às coisas à presciência divina. Ressaltam que "Ainda que Deus saiba tudo o que pode e há de acontecer em todas as circunstâncias imagináveis, Ele não decreta coisa alguma por have-la previsto como futura..." (CFW, III, 2).

Quando a CFW diz que Deus decreta tudo o que acontece, diz que Ele fez isso livremente, de acordo com o conselho de Sua vontade. Portanto, a determinação divina precede o seu conhecimento perfeito, o que é uma questão de lógica. Para que algo seja conhecido, precisa antes existir, se não de fato, pelo menos na mente de quem o antevê. Portanto, a ordem lógica (não cronológica) é a determinação seguida da presciência. Deus vê o que determinou que faria.

Mas essa não é uma doutrina baseada na lógica, pois a Bíblia ensina a determinação divina, afirmando ela é eterna. Deus diz "desde o princípio anuncio o que há de acontecer e desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade; que chamo a ave de rapina desde o Oriente e de uma terra longínqua, o homem do meu conselho. Eu o disse, eu também o cumprirei; tomei este propósito, também o executarei" (Is 46:10-11). A determinação divina é desde "antes dos tempos eternos" (2Tm 1:9), pois "desde os dias antigos o tinha determinado" (Is 37:26); e permanece inalterada através do séculos, conforme declara o salmista: "o conselho do Senhor dura para sempre; os desígnios do seu coração, por todas as gerações" (Sl 33:11). A determinação divina inclui todas os eventos, mesmo os chamados eventos fortuitos. Assim, a Bíblia diz que "a sorte se lança no regaço, mas do Senhor procede toda decisão" (Pv 16:33). Essa verdade ficou bem clara no caso de Jonas (Jn 1:7) e Matias (At 1:24-26). Quando "um homem entesou o arco e, atirando ao acaso, feriu o rei de Israel por entre as juntas da sua armadura" (1Rs 22:34) foi porque Deus havia determinado que a flecha, "casualmente", acertaria o alvo. Estão incluídos na determinação divina cada dia de todas pessoa: "Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda" (Sl 139:16).

Nós tendemos a atribuir a Deus as coisas boas que acontecem, livrando-o do constrangimento pelas coisas más. Porém, o mesmo Senhor diz "Eu formo a luz e crio as trevas; faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas" (Is 45:7). Paulo em Romanos escreve "porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!" (Rm 11:36). Jesus foi "entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus" (At 2:23) para os homens "fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram" (At 4:28). Portanto, quando perguntamos o que está incluído na determinação divina, a resposta bíblica é "todas as coisas" (Rm 8:28; 11:36).

Pelo exposto até agora, sabemos que não podemos negar a certeza de todos os eventos pela determinação divina. Resta então responder a pergunta propriamente dita: por que orar?

Em primeiro lugar, note-se que não há contradição entre determinação e oração. A oração somente estaria em oposição à determinação divina se o objetivo dela fosse alterar os propósitos de Deus. Porém, o conselho do Senhor referente a todas as coisas é infinitamente sábio e bom, portanto jamais necessita ser mudado. Seria atrevimento blasfemo pensar que Deus intenta fazer algo mas nós, por sabermos o que é melhor, o persuadimos através da oração a mudar a executação de sua vontade perfeita. Além disso, o designio do Senhor é eterno e imutável e mesmo que o homem quisesse não poderia impedir ou alterar o que Deus determinou. Sendo assim, não há nenhuma contradição entre a oração confiante e a certeza de que todas as coisas estão preordenadas por Deus. Mesmo assim, por que orar?

Não oramos para informar a Deus de nossas necessidades, Ele já as sabe todas. Tampouco queremos convencê-lo a nos dar a sua bênção, pois isso Ele quer, e quando não recebemos é porque Ele nos abençoou negando o que resultaria em mal para nós. Também não oramos para manipular leis espirituais estabelecidas em nosso favor. Qualquer uma dessas motivações é falsa e antibíblica.

Seria uma resposta suficiente para os crentes obedientes dizer que oramos porque Deus nos ordenou a orar. Por que Deus disse "Orai sem cessar" (1Ts 5:17) temos "o dever de orar sempre e nunca esmorecer" (Lc 18:1). Mas podemos acrescentar algo mais a essa resposta. Primeiro que a certeza do decreto divino não tira o significado da oração. Deus disse que faria chover, mesmo assim Elias orou por chuva. Daniel sabia que Deus tinha determinado 70 anos de cativeiro, ao fim dos quais o povo poderia voltar à terra de Israel, mesmo assim orou a respeito. Através de Jeremias Deus disse a Israel que lhes daria o fim que desejavam, e em seguida ordenou que o invocassem. Jesus sabia que Lázaro iria ressuscitar, ainda assim pediu ao Pai. Ele também sabia que nenhum de seus escolhidos se perderia, mas orou para que Deus os guardasse. A certeza é um estímulo e não desencorajamento à oração. Em segundo lugar, é da vontade de Deus que seus propósitos se realizem pelos meios por Ele determinados, e a oração é um deles. Assim, havendo promessa divina, podemos pedí-la com fé, crendo que somos partícipes da realização do plano de Deus na terra. Finalmente, devemos reconhecer que não sabemos orar como convém e que dependemos do Espírito Santo para orar de forma eficaz. Isso porque ao orar não devemos ter a presunção de conformar a ação de Deus à nossa vontade, e sim nos entregarmos ao Espírito Santo para que nossa oração reflita a vontade divina em nossa vida. "Faça-se a Tua vontade" (Mt 6:10; 26:42) foi a oração ensinada e feita por Jesus.

Em conclusão, gostaria ainda de afirmar que a oração tem objetivos que vão além de atender as nossas necessidades neste mundo. Através dela honramos a Deus, adoramos a Ele e reconhecemos a nossa dependência em tudo. Além disso, desfrutamos de uma comunhão e intimidade com Deus que nenhuma bênção recebida neste mundo é comparável. Portanto, afirmemos a soberania de Deus sobre todas as coisas e oremos confiantes de que "todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Rm 8:28).

Soli Deo Gloria
sexta-feira, 7 de dezembro de 2007
Benjamin Warfield
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto*
1. Creio que meu único objetivo na vida e na morte deve ser glorificar a Deus e gozá-lo para sempre; e que Deus me ensina a como glorificá-lo em sua santa Palavra, isto é, a Bíblia, que ele deu pela inspiração infalível do seu Espírito Santo, para que eu pudesse saber com certeza no que crer concernente a ele e quais deveres ele requer de mim.

2. Creio que Deus é um Espírito, infinito, eterno e incomparável em tudo o que ele é; um Deus, mas três pessoas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo; meu Criador, meu Redentor, e meu Santificador; em cujo poder e sabedoria, justiça, bondade e verdade posso depositar minha confiança com segurança.

3. Creio que os céus e a terra, e tudo o que neles há, são obra das mãos de Deus; e que tudo o que ele fez, agora dirige e governa em todas as suas ações; de forma que cumprem o fim para o qual foram criados; e eu, que confio nele, não serei envergonhado, mas posso descansar com segurança na proteção de seu amor todo-poderoso.

4. Creio que Deus criou o homem segundo a sua imagem, em conhecimento, justiça e santidade, e entrou num pacto de vida com ele sobre a condição única de obediência, que era o seu dever: de forma que foi por pecar deliberadamente contra Deus que o homem caiu no pecado e miséria no qual nasci.

5. Creio que, tendo caído em Adão, meu primeiro pai, sou por natureza um filho da ira, sob a condenação de Deus e corrompido no corpo e alma, tendente ao mal e suscetível à morte eterna; de qual estado terrível não posso ser liberto, salvo por meio da graça imerecida de Deus meu Salvador.

6. Creio que Deus não deixou o mundo perecer em seu pecado, mas por causa do grande amor com o qual o amou, desde toda a eternidade escolheu graciosamente para si uma multidão que ninguém pode contar, para livrá-los do seu pecado e miséria, e deles edificar novamente no mundo seu reino de justiça: no qual reino posso estar seguro ter minha parte, se me apego a Cristo o Senhor.

7. Creio que Deus redimiu o seu povo para si através de Jesus Cristo nosso Senhor; que, embora fosse e sempre continua ser o eterno Filho de Deus, todavia nasceu de uma mulher, nascido sob a lei, para que pudesse redimir aqueles que estavam sob a lei: creio que ele suportou a penalidade devida aos meus pecados em seu corpo no madeiro, e cumpriu em sua pessoa a obediência que eu devia à justiça de Deus, e agora me apresenta ao seu Pai como sua possessão comprada, para o louvor da glória de sua graça para sempre: portanto, renunciando todo o mérito meu, coloco toda a minha confiança no sangue e justiça de Jesus Cristo meu redentor.

8. Creio que Jesus Cristo meu redentor, que morreu por minhas ofensas, ressuscitou para a minha justificação, e subiu aos céus, onde se assenta à mão direita do Pai Todo-poderoso, faz contínua intercessão pelo seu povo, e governa o mundo todo como o cabeça sobre todas as coisas para a sua Igreja: de forma que não preciso temer nenhum mal e posso saber com segurança que nada pode me arrebatar das suas mãos, e nada pode me separar do seu amor.

9. Creio que a redenção realizada pelo Senhor Jesus Cristo é eficazmente aplicada a todo o seu povo pelo Espírito Santo, que opera fé em mim e através da qual me uno a Cristo, renova-me no homem completo segundo a imagem de Deus, e me capacita mais e mais a morrer para o pecado e viver para a justiça; até que essa obra graciosa tenha sido completada em mim, e eu seja recebido na glória – na qual grande esperança habita –, devo esforçar-me para aperfeiçoar a santidade no temor de Deus.

10. Creio que Deus requer de mim, sob o evangelho, em primeiro lugar, que, como resultado de um verdadeiro senso do meu pecado e miséria e apreensão da sua misericórdia em Cristo, devo me voltar com tristeza e ódio do pecado, e receber e descansar em Jesus Cristo somente para a salvação; assim, ao ser unido a ele, posso receber perdão para os meus pecados e ser aceito como justo aos olhos de Deus somente pela justiça de Cristo imputada a mim, e recebida pela fé somente; e assim, e somente assim, creio que posso ser recebido no número e ter direito aos privilégios dos filhos de Deus.

11. Creio que, tendo sido perdoado e aceito por causa de Cristo, é adicionalmente requerido de mim que ande no Espírito que ele adquiriu pra mim, e por quem o amor é derramado em meu coração; cumprindo a obediência que devo a Cristo meu Rei; realizando fielmente todos os deveres que me são impostos pela santa lei de Deus, meu Pai celestial; e sempre refletir em minha vida e conduta, o perfeito exemplo que foi estabelecido por Cristo Jesus meu Líder, que morreu por mim e me concedeu o seu Espírito Santo, de forma que eu possa fazer as obras que Deus de antemão preparou para que eu andasse nelas.

12. Creio que Deus estabeleceu a sua Igreja no mundo e concedeu-lhe o ministério da Palavra e as santas ordenanças do Batismo, a Ceia do Senhor e a Oração; para que através desses como meios, as riquezas de sua graça no evangelho possam ser feitas conhecidas ao mundo, e, pela bênção de Cristo e a operação do seu Espírito naqueles que pela fé recebem esses meios, os benefícios da redenção possam ser comunicados ao seu povo: razão pela qual é requerido de mim também que participe desses meios de graça com diligência, preparação e oração, para que por meio deles eu possa ser instruído e fortalecido na fé, e na santidade de vida e em amor; e que eu use meus melhores esforços para comunicar esse evangelho e transmitir esses meios de graça ao mundo todo.

13. Creio que como Jesus Cristo veio uma vez em graça, assim também ele virá uma segunda vez em glória, para julgar o mundo em justiça e designar a cada um sua recompensa eterna: e creio que se eu morro em Cristo, minha alma será na morte aperfeiçoada em santidade e voltará para o Senhor; e quando ele retornar em sua majestade, serei ressuscitado em glória e feito perfeitamente bendito no pleno gozo de Deus por toda a eternidade: encorajado por essa bendita esperança, requer-se de mim tomar alegremente minha parte no duro sofrimento aqui como soldado de Cristo Jesus, estando certo que se morro com ele também viverei com ele, se sofro, também reinarei com ele.
E a Ele, meu Redentor,
com o Pai,
e o Espírito Santo,
Três Pessoas, um Deus,
seja glória eternamente,
para todo o sempre,
Amém, e Amém.
Fonte: Selected Shorter Writings of Benjamin B. Warfield – Volume I, pp. 407-410. John E. Meeter, editor (Nutley, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing Company, 1970).

* E-mail para contato: felipe@monergismo.com. Traduzido em dezembro/2007.