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domingo, 1 de abril de 2007
O que segue é uma resposta, por email, a um irmão que enviou um texto adventista que afirmava que o crente "uma vez salvo sempre salvo enquanto permanecesse salvo" (sic):
"Tenho acompanhado as "95 teses" de Morris L. Venden, não com a regularidade devida, pois por força da restrição de tempo, tenho pulado algumas, sempre com a promessa de depois lê-las todas no livro. Às vezes tenho pensando em responder algumas, mas sempre a pressão do tempo me impede. Porém, farei alguns comentários sobre a tese 44.

A começar pelo título, algo enganoso. Pois diz "a Bíblia ensina que..." para depois, já no primeiro parágrafo atribuir a frase a "um pregador da Igreja do Nazareno". Seria mais honesto Venden dizer logo de cara que o ensino é de um pregador de tradição wesleyana e que acredita achar suporte bíblico para ele. Mas ao tornar bíblica a frase dita por um pregador, deixa alguém que leu apenas o título em confusão.

Logo em seguida, mantendo o costume de caricaturizar a fé calvinista, o autor diz que um "vasto segmento do mundo cristão evangélico crê que tudo quanto é necessário para se salvar é acenar com a cabeça olhando para o Céu uma vez na vida". Se alguém ensina a salvação a partir de um aceno de cabeça, um levantar de mão ou um "ir para a frente", esse alguém não é um calvinista, mais provavelmente seja um arminiano inclinado aos métodos finneyanos de fazer apelos. O início e o que torna a salvação segura para todo o sempre é a regeneração, obra secreta e monergística do Espírito Santo no interior do homem. Na mesma linha de má representação da fé calvinista ele diz que ensinamos que "não importa que escolha faça, ou a direção de sua vida após o ponto de decisão inicial por Cristo" no final a pessoa estará salva. Se ele tivesse lido um pouco do autor do qual plagiou o título de seu livro, não afirmaria tal coisa.

O autor adventista lança mão de algumas escrituras na vã tentativa de provar a contradição "por enquanto salvo para sempre". Nenhum teólogo tem licença para ensinar uma doutrina que viole a lei da não contradição, pois a Bíblia não faz isso e não somos melhores nem temos mais liberdade que ela. A lei da não contradição afirma que "A não pode ser não-A". Então uma pessoa que está "salvo para sempre por enquanto" é tão absurdo e contraditório quanto um Deus eterno que morre. Mas vamos aos textos utilizados (Mt 24:12-13; Jo 15:6; Mt 22:13 e 2Tm 4:7-8) para ver se ensinam uma salvação "temporariamente eterna".

No evangelho de Mateus Jesus diz que "por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos" (Mt 24:12). Não podemos afirmar a partir dessa declaração de que os crentes tem uma salvação ambíguamente eterna e efêmera. Fala apenas que o amor "de quase todos" se esfriará, o que nos permite afirmar que o de alguns permanecerá "quente". No verso seguinte Jesus afirma que "aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo" (Mt 24:12). Interessante como muitos fazem uma leitura negativa de uma declaração positiva de Jesus. Ele afirma que os perseverantes serão salvos e se apressam em dizer que há alguns verdadeiros crentes de hoje não perseverarão amanhã. No mínimo, vão além da afirmação do Senhor. O que Jesus declara textualmente nessa passagem é que há alguns que a despeito do recrudescimento da iniquidade não esfriarão em seu amor, pelo contrário, perseverarão até o final. Mas quem são esses? Não precisamos ir longe, aliás, a resposta está no mesmo capítulo. Embora no tempo final "surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos" (Mt 24:24). Os que não esfriarão e perseverarão certamente são agora nominados: os eleitos. Num contexto de enganos e mentiras espirituais, eles não serão enganados. Ora, então os eleitos tem características especiais que faz com que não sejam enganados? Não, a sua segurança não está neles, está no Senhor que os escolheu. Pouco antes o Senhor havia dito "não tivessem aqueles dias sido abreviados, ninguém seria salvo; mas, por causa dos escolhidos, tais dias serão abreviados" (Mt 24:22). O Senhor abreviará os dias para que nenhum que foi uma vez salvo venha a se perder, antes "Ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus" (Mt 24:31). Aleluia!

Eu reconheço a dificuldade de João 15 para a doutrina da preservação eterna da salvação do crente. Mas é uma dificuldade, e não uma impossibilidade. Jesus faz uma analogia de nossa união com Ele através da palavra "Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer" (Jo 15:5). O princípio estabelecido é que a evidência de que se está ligado a Cristo é a produção de frutos. Se alguém não produz fruto, é por uma razão: "como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim" (Jo 15:4). O princípio firmemente estabelecido é: a) Se está em Cristo, produz frutos; b) Se não está em Cristo, não produz frutos. Segue-se que os que são cortados e lançados ao fogo são os que aparentavam, mas de fato não estavam unidos organicamente à videira verdadeira, pois se estivessem apresentariam o frutos resultantes dessa união. Um pouco mais adiante, no mesmo capítulo, o Senhor estabelece que o produzir frutos é resultado da sua escolha soberana ao dizer "não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça" (Jo 15:16). Finalmente, usar essa palavra para atemorizar os crentes com a ameaça da perda da salvação contraria a intenção do Senhor, que disse "tenho-vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós, e o vosso gozo seja completo" (Jo 15:11). Se nossa segurança é tal como a dos anjos no céu, igual deve ser nossa alegria na terra.

Agora, utilizar Mateus 22 para infundir dúvida quanto à salvação eterna é o extremo da tentativa de fazer as Escrituras servas de nossos pressupostos. Já no início da parábola a má predisposição do homem para a salvação é declarada nas palavras "enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas; mas estes não quiseram vir" (Mt 22:3), palavras que acoam "não quereis vir a mim para terdes vida" (Jo 5:36). Na passagem paralela de Lucas, a chamada eficaz é declarada de forma cristalina, nas palavras "sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que fique cheia a minha casa" (Lc 14:23). A justificação pela graça somente é evidenciada nas expressões "Entrando, porém, o rei para ver os que estavam à mesa, notou ali um homem que não trazia veste nupcial" (Mt 22:11) e "perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial? E ele emudeceu" (Mt 22:12). O problema do sujeito não era que uma vez tinha sido salvo mas não havia perseverado. O problema dele era não estar vestindo a veste nupcial, que sendo fornecida pelo pai do noivo, representa a justiça de Cristo imputada ao crente quando de sua salvação. A aplicação que Jesus dá a todo o contexto, que vai do convinte geral para as bodas, passa pela rejeição natural dos homens, da introdução "forçada" de bons e maus, da tentativa de infiltração, ou seja, justificação própria e chegando ao juízo do que não estava vestido adequadamente é, mais uma vez, a eleição soberana: "porque muitos são chamados, mas poucos, escolhidos" (Mt 22:14). O sujeito lançado nas trevas exteriores não era um desviado, era um irregenerado. Ele era um dos muitos chamados, e não um dos poucos escolhidos.

Finalmente, a última passagem utilizada diz "Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda" 2Tm 4:7-8. Como tal passagem pode ser utilizada por um adventista para apoiar palavras de um metodista contra a promessa de que o Senhor guardaria seguro os seus é algo que não consigo entender, menos ainda explicar! Se ficássemos nesses dois versiculos apenas, diríamos que a coroa garantida não era apenas a de Paulo, mas a de "todos quantos amam a Sua vinda", ou seja, todos os crentes verdadeiros de todas as épocas! Paulo não se jactava de sua própria perseverança, mas confiava que "o Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém!" (2Tm 4:18). Ele já havia dito na mesma carta que Deus "nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos" (2Tm 1:9). Portanto, Paulo não escorava a sua salvação num esforço próprio para se manter fiel, mas cria que mesmo "se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo" (2Tm 2:13) por isso podia alegrar-se "na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos" (Tt 1:2) aos "eleitos de Deus" (Tt 1:1).

O que dizer dos exemplos citados por Venden (Caim, Saul, Balaão e Judas Iscariotes)? Seriam eles exemplos de crentes verdadeiros? A Escritura diz que Caim "era do maligno" (1Jo 3:12), de Saul que "um espírito maligno o atormentava" (1Sm 16:14), Jesus dizia que Judas "é diabo" (Jo 6:70) e Balaão é visto por Pedro, Judas e João como desencaminhador dos filhos de Deus (2Pe 2:15; Jd 1:11 e Ap 2:14). Será que um que é do maligno, outro que é atormentado por espírito do mal, outro um verdadeiro diabo e ainda um último que é ensinador de idolatria é a idéia que Vanden faz de crentes verdadeiros? Não há na Bíblia exemplos melhores de crentes verdadeiros que pecaram contra Deus, foram restaurados e finalmente salvos por Deus? Há, e de caçambada!

Enfim, Venden conclui sua tese dizendo "ser salvo uma vez é importante. Continuar a aceitar a salvação é igualmente importante". Eu diria, ser salvo uma vez é obra de Deus na vida do crente. Continuar salvo é a continuação da obra de Deus. E ser levando salvo para a glória é a conclusão da obra de Deus. E por isso, com Paulo exclamamos em júbilo: "A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém!" 2Tm 4:18"

3 comentários:

Anônimo disse...

Qual a função do comportamento de encrever estas criticas sobre os escrito de Morris L. Venden. Pessoalmente, não falo pelos outros leitores, mas eu senti que as críticas não foram motivadas amor que Jesus ensinou tão bem, e se o escritos com relação a ele não foi motivado pelo amor, então, quais os reais motivos da existência dos comentários desse tipo? Qual a sua intenção? Aonde quer chegar? O Espírito Santo não está por trás disto!

Anônimo disse...

Qual a função do comportamento de encrever estas criticas sobre os escrito de Morris L. Venden. Pessoalmente, não falo pelos outros leitores, mas eu senti que as críticas não foram motivadas amor que Jesus ensinou tão bem, e se o escritos com relação a ele não foi motivado pelo amor, então, quais os reais motivos da existência dos comentários desse tipo? Qual a sua intenção? Aonde quer chegar? O Espírito Santo não está por trás disto!

Clóvis disse...

Caro Anonimo,

Pena que você gastou dois comentário para questionar minhas intenções e não para concordar ou discordar de minhas idéias. Seria mais proveitosos se você contra-argumentasse ao invés de insinuar que tenho interesses obscuros, falta de amor e do Espírito.

Deixe-me dizer algo sobre mim e isto será tudo o que direi a meu respeito: sou muito, mas muito pior do que você pensa ou sequer possa imaginar. Mas isso não interessa, interessa o que a Bíblia diz sobre a segurança dos santos e disso você deveria tratar neste post.

Quanto à minhas reais intenções, é apenas glorificar a Deus e honrar a Sua Palavra.