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segunda-feira, 28 de novembro de 2011


RIBEIRO, S. Calvinismo e Adventismo: cinco divergências soteriológicas. Kerygma, 4, may. 2011. Disponível em: <http://www.unasp-ec.com/revistas/index.php/kerygma/article/view/93>. Acesso em: 22 Nov. 2011.

Este artigo é uma avaliação metodológica do trabalho de TCC acima. Não entro aqui no mérito das diferenças entre calvinismo e adventismo, tarefa para outro momento, quando e se Deus permitir.

O trabalho define o problema a partir de uma situação hipotética, na qual “uma pessoa que aceitou a Cristo na adolescência e durante toda sua vida procurou viver de acordo com a Bíblia e após morrer é condenada a queimar e gemer eternamente no lago de fogo, não porque ela tenha pecado e não se arrependido, mas simplesmente porque Deus não a escolheu previamente”. A partir dessa situação o autor extrai o seguinte problema a ser resolvido pelo trabalho: “Perdemos mesmo nosso livre arbítrio nas escolhas espirituais?”.

A simples leitura dessa parte demonstra que o problema não tem nada a ver com a contextualização feita. Do ponto de vista do autor, se a pessoa “aceitou a Cristo”, “procurou viver de acordo com a Bíblia” e “se arrependeu de seus pecados”, ela tem livre-arbítrio. E se apesar de tudo isso Deus a condena “porque não a escolheu previamente”, então o problema a ser abordado não é se o homem perdeu ou não seu livre-arbítrio, e sim se a eleição divina é determinante ou não para a salvação de alguém, a despeito dele exercer seu livre-arbítrio.

A inconsistência metodológica se acentua quando a partir desse problema o bacharelando em teologia define o objetivo do trabalho como sendo “propor um contraste entre as principais idéias soteriológicas do Calvinismo e do Adventismo”. Ora, o objetivo de qualquer trabalho acadêmico é oferecer uma resposta à questão formulada como problema. Para que seja coerente, o objetivo deve derivar diretamente do problema, do contrário, alcançado o objetivo, corre-se o risco de ainda se ficar sem a resposta esperada. Como o problema e o objetivo controlam todo o trabalho a ser desenvolvido, uma vez mal definidos, o trabalho como um todo fica comprometido.

Apesar de não explicitado, o trabalho pretende provar a hipótese de que o homem manteve seu livre-arbítrio depois da Queda. Era de se esperar que o autor definisse claramente livre arbítrio, assim como os outros termos teológicos utilizados ao longo do trabalho. Porém resulta vã qualquer busca de um significado preciso para o termo, pelo contrário, o conceito de livre arbítrio varia ao longo do trabalho e às vezes assume significados claramente contraditórios. Por exemplo, num momento ele diz que o livre-arbítrio é “soberano” (p.27), noutro que é “relativo” (p. 31) e ainda noutro que é “limitado” (p.18).

O autor revela descuido também nas referências bibliográficas. No corpo de seu trabalho são citadas algumas obras não listadas nas referências bibliográficas e de uma das referências do final não se encontra uso no trabalho. Esses deslizes não chegam a comprometer o estudo. Porém, realmente grave é a forma com que o autor se utiliza das fontes. Por exemplo, ao dizer que mesmo após a Queda o “adventismo afirma que o homem é chamado por Deus a estabelecer uma direção e mantê-la, não desviando de seu caminho, assim levando-o a salvação, porém, o homem pode exercer sua livre e soberana escolha de aceitar ou não andar”, apela a Derek Kidner, em Gênesis, p.57-8. O problema é que a frase é um comentário de Kidner ao capítulo 2 de Gênesis, portanto, antes da Queda.

E ao contrário do que dá a entender o autor, Kidner diz explicitamente que “desde o momento da Queda, os efeitos mortais do pecado constituem um dos principais temas de Gênesis, mostrando sua imediata força repulsora entre o homem e Deus, seu crescente domínio do homem, culminando na depravação geral” (p.37). Sobre a obra salvadora, Kidner diz que “é Deus, e não o homem, quem busca” (idem).

A conclusão do estudo adventista é que “os ‘Cinco Pontos do Calvinismo’ não tem base bíblica”. Nada surpreendente, uma vez que na metodologia o autor já anunciava: “pretenderemos (sic) mostrar as fragilidades do Tulip calvinista”. E claro, conclui “também que os ‘Cinco Pontos do Adventismo’ têm base bíblica”. Se a conclusão não é de se estranhar, o mesmo não se pode dizer de como o autor chegou a ela. Façamos uma breve análise estatística para percebermos o inusitado da conclusão.

O  autor lista 115 passagens bíblicas que dão ou aparentam dar apoio aos cinco pontos calvinistas. E refere-se a 30 passagens que dão ou aparentam dar apoio aos cinco pontos adventistas, sendo que nenhuma delas traz a expressão livre-arbítrio ou assemelhada. E para mostrar a fragilidade hermenêutica calvinista, trata (se com êxito ou não, análise posterior pode dizer) de 11 passagens “pseudo-calvinistas”. É só fazer as contas: a “dianteira” calvinista é de 85 passagens bíblicas. Mesmo se excluirmos as 11 que ele refutou ou intentou fazer, ainda sobra um considerável peso de evidência bíblica pró-calvinismo.

Soli Deo Gloria

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